EDITORIAL ZERO HORA 29/05/2011
Estudo divulgado esta semana pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês) revela que as salas de aula brasileiras são mais indisciplinadas do que a média de 66 países avaliados. O levantamento baseou-se em dados colhidos em 2009 pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) a partir de entrevistas com os próprios estudantes. No Brasil, 67% dos alunos entrevistados disseram que seus professores “nunca ou quase nunca” têm que esperar um longo período até que a classe se acalme para dar prosseguimento à aula. Nos demais países, o percentual médio é de 72%. O estudo foi feito com alunos na faixa de 15 anos e mostrou que algumas nações asiáticas – reconhecidas pela cultura da disciplina – têm percentuais de satisfação entre 89% e 93%. Não surpreende, portanto, que países como o Japão e a China apareçam também na frente nas avaliações internacionais de estudantes.
Segundo o estudo, a desordem em sala de aula tem efeito direto sobre o rendimento das turmas. O relatório da OCDE indica claramente que salas de aula e escolas com mais problemas de disciplina levam a menos aprendizado, pois os professores têm de gastar mais tempo criando um ambiente ordeiro antes que os ensinamentos possam começar. A pesquisa também comprova que os estudantes com aulas constantemente interrompidas têm pior performance do que os frequentadores de aulas com menos interrupções.
A chamada bagunça em sala de aula continua sendo um desafio para os professores e para as escolas. Por motivos diversos, que vão da permissividade do ambiente escolar à falta de respaldo para os mestres, passando por deformações na educação familiar, a indisciplina pode ser apontada como um fator importante do fracasso e do mau desempenho dos estudantes brasileiros. Embora as causas sejam diversas e difusas, elas podem ser atacadas, pois a criação de um ambiente positivo para o aprendizado depende fundamentalmente da relação estabelecida entre alunos e professores. O próprio estudo da OCDE indica que, quando os alunos são levados a sério pelos mestres, eles tendem a aprender mais e a ter uma conduta melhor. Por isso, cabe ao professor, ao organizar suas atividades, combinar regras e normas que estabeleçam limites para todos. Fica muito mas fácil pedir silêncio quando a plateia entende que está infringindo um acordo.
De outra parte, quando uma regra é imposta de forma autoritária, os alunos não se sentem obrigados a cumpri-la. É diferente quando eles têm a oportunidade de conhecer as razões que deram origem à normatização. Mas adolescentes em formação precisam de normas que lhes indiquem limites, sem tolher-lhes a oportunidade de manifestar suas ideias e opiniões.
Mesmo num ambiente liberal e democrático, a autoridade do professor continua sendo indispensável para garantir a todos o direito de aprender. A liberdade e a descontração costumam ser estímulos poderosos para a criatividade, mas não podem ser confundidas com a bagunça tolerada, porque esta atrapalha, desagrega e atrasa.
Este blog mostrará as deficiências, o sucateamento, o descaso, a indisciplina, a ausência de autoridade, os baixos salários, o bullying, a insegurança e a violência que contaminam o ensino, a educação, a cultura, o civismo, a cidadania, a formação, a profissionalização e o futuro do jovem brasileiro.
EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR
Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.
domingo, 29 de maio de 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário