EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

NOVO FIASCO DE ENEM


Novo fiasco do Enem - 09 de novembro de 2010 - O Estado de S.Paulo

Se havia alguma dúvida sobre a capacidade do Ministério da Educação (MEC) de recuperar a imagem do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e evitar que sua desmoralização comprometesse todo o sistema de avaliação escolar, ela foi desfeita nesse fim de semana com a prova aplicada a cerca de 3,4 milhões de estudantes. Além de avaliar a qualidade do ensino médio, o Enem é usado como processo seletivo para muitas instituições públicas de ensino superior - principalmente as universidades federais.

Dessa vez os problemas decorreram de falhas de montagem de um dos cadernos da prova, o que levou os estudantes a se deparar com textos repetitivos e falta de questões. Além disso, os cartões de resposta foram impressos de forma invertida - fato que não foi comunicado à maioria dos candidatos. No sábado, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), o mesmo que fracassou na organização do Enem de 2009, divulgou que quem foi induzido a erro, no preenchimento do cartão, poderá solicitar que a prova seja corrigida "ao contrário". Isso dá a medida da inépcia administrativa do MEC.

Por um balanço extraoficial, os problemas ocorridos com o Enem envolveram 20 mil provas. Mas, segundo o reitor da Universidade de Brasília, José Geraldo de Souza Jr., o número de provas impressas com falhas seria de 30 mil. A instituição foi encarregada, juntamente com a Fundação Cesgranrio, de preparar as questões.

Embora as autoridades educacionais tenham afirmado que nenhum aluno será prejudicado, nem o Inep nem o MEC sabem ainda qual é a extensão das falhas ocorridas e de que modo elas poderão ser corrigidas. A aplicação da prova foi classificada como um "desastre" pela OAB. O Ministério Público Federal anunciou que poderá ingressar com ação judicial pedindo a anulação do exame. A Defensoria Pública da União anunciou que tomará iniciativa semelhante. No Ceará, a Justiça Federal concedeu liminar determinando a suspensão imediata do Enem. E a Associação Nacional das Instituições Federais de Ensino Superior reconheceu que a insegurança jurídica acarretará para as universidades problemas ainda mais graves do que os criados pelo Enem de 2009.

No ano passado, os problemas começaram quando se constatou que o MEC não dispunha de infraestrutura adequada para fazer inscrições pela internet. Em seguida, o Inep determinou que vários estudantes deveriam prestar o exame em colégios situados a mais de 300 quilômetros das escolas em que estavam matriculados. Depois, a prova vazou dois dias antes de sua realização, deixando claro que as autoridades educacionais não haviam tomado as medidas de segurança necessárias. Isso as obrigou a preparar um novo teste às pressas, a um custo superior a R$ 30 milhões, e aplicá-lo dois meses após a data prevista, o que desorganizou o calendário das universidades. Na sequência de confusões, constatou-se que várias questões da nova prova tinham viés ideológico. E, no dia em que ela foi aplicada, o MEC divulgou o gabarito errado.

Em 2010, as dificuldades começaram com falhas de logística e amadorismo no planejamento, o que levou à substituição do presidente do Inep. Em seguida, descobriu-se que os dados pessoais dos candidatos às três últimas edições do Enem tinham vazado. Com isso, informações que deveriam ser mantidas em sigilo foram expostas no site do Inep com acesso livre. Depois o MEC se atrapalhou na escolha dos órgãos responsáveis pela formulação das questões, o que acabou criando problemas para a licitação da gráfica e atrasando a contratação de cerca de 300 mil pessoas, entre coordenadores, aplicadores e profissionais encarregados da correção.

Esse é o quadro, descrito com o máximo de objetividade, da desmoralização do Enem. Mas o principal responsável por ele não parece preocupado. Muito pelo contrário. De fato, o presidente do Inep, José Joaquim Soares Neto, dizendo-se "orgulhoso" pela aplicação do Enem, considera que "não houve problemas graves".

Apreciação sobre a qual os alunos prejudicados teriam muito a opinar...

EVASÃO ESCOLAR - PREOCUPAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO


Projeto do MP combate evasão. Escola-Luz regionaliza ações em 43 municípios com índices preocupantes no Ensino Fundamental - JULIANA BUBLITZ, Colaborou Sancler Ebert - Zero Hora, 09/11/2010


Dispostos a melhorar a qualidade do Ensino Fundamental na rede pública, promotores de Justiça lideram uma ofensiva comunitária no Estado. Desencadeada com o lançamento do projeto Escola-Luz, a mobilização comandada pelo Ministério Público (MP) tem como foco a diminuição dos índices de reprovação e de evasão escolar registrados em municípios gaúchos.

A ideia, segundo o coordenador do Gabinete de Articulação e Gestão Integrada do órgão, Nilson de Oliveira Rodrigues Filho, surgiu a partir de uma meta estabelecida pelo MP: garantir o direito a uma boa educação. Para isso, o primeiro passo foi traçar um diagnóstico da situação do Estado a partir de dois indicadores de 2008, que compõem o último censo do Ministério da Educação. Os dados revelaram um quadro preocupante.

Naquele ano, conforme a procuradora de Justiça Maria Ignez Franco Santos, coordenadora do Centro de Apoio Operacional da Infância e da Juventude do MP, 24,8 mil alunos deixaram de lado os cadernos e cerca de 224,8 mil repetiram de ano no Estado, só no Ensino Fundamental. Ao olhar as estatísticas de perto, Maria Ignez percebeu que dezenas de cidades apresentavam índices superiores à média do Estado – de 1,5% para a evasão e 14,4% para a reprovação.

Lançado em 2009, o esforço surgiu para mobilizar as comunidades em torno da causa. Ao todo, 40 comarcas, responsáveis por 43 municípios, foram escolhidas como prioritárias pelo MP. Desde então, pelo menos 15 promotores começaram um trabalho que Maria Ignez chama de “sensibilização,” que ainda está no início.

Com as estatísticas em mãos, eles passaram a promover reuniões com as comunidades – incluindo pais, alunos, professores, diretores e gestores. Desses encontros, surgiram ideias simples, mas efetivas. Como em Faxinal do Soturno, em que uma ação de integração entre estudantes solucionou um problema grave (ver quadro abaixo). A Região Central, que abrange a cidade, é uma da mais problemáticas do Estado, com nove dos 40 municípios na lista do MP. Dona Francisca, por exemplo, contabiliza aproximadamente um em cada três estudantes reprovados no Ensino Fundamental.

Por depender da participação comunitária e da capacidade de envolvimento, o Escola-Luz segue em evolução, sem prazo para terminar. A intenção, segundo Maria Ignez, é expandi-lo para todo o Estado.

– A espera é que se crie, em cima dos fundamentos dessa experiência, Promotorias Regionais de Educação, que já existem em outros Estados, mas ainda não no Rio Grande do Sul – assinala o José Olavo Bueno dos Passos, promotor da Infância e Juventude de Pelotas, onde o programa foi inaugurado em abril.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Boa iniciativa do MP. Porém, o Ministério Público deveria se voltar mais para a fiscalização do dever paterno na educação de seus filhos. É sabido que a política educacional focada apenas no conhecimento científico não motiva e nem estimula as habilidades potenciais das crianças, assim como há um distanciamento enorme da justiça com os setores educacionais do Poder Executivo que impede a ação coativa para punir os responsáveis pela evasão escolar.

O MP e o Judiciário poderiam requisitar do Poder Executivo políticas educacionais mais inclusivas e implementar ações coativas junto aos responsáveis pelo pátrio poder, aplicando punições alternativas de trabalho comunitário. É a melhor forma de retomar o controle, reduzir a evasão escolar e evitar que crianças e adolescentes fiquem nas ruas ou em trabalho forçado.

domingo, 7 de novembro de 2010

INSEGURANÇA - Adolescente é morto dentro de escola

Adolescente é morto dentro de escola em Olinda, Pernambuco - O Globo, 07/11/2010 às 10h47m; pe360graus.com

RECIFE - Um adolescente de 17 anos foi morto a tiros dentro de uma escola em Olinda, no Grande Recife. Por volta das 15h de sexta-feira, um homem, ainda não identificado, entrou na escola Argentina Castelo Branco no bairro de Ouro Preto, e foi até a quadra onde um grupo jogava futebol. No local, ele fez vários disparos contra Isaac Luis Lima da Silva, de 17 anos.

A vítima foi levada para o Hospital da Restauração, no Derby, área central do Recife, mas não resistiu aos ferimentos e morreu ao dar entrada na emergência. Outro jovem, de 20 anos, também ficou ferido no tiroteio e foi socorrido para um hospital no Recife. Ele passou por cirurgia e está na sala de recuperação. O estado de saúde dele é estável.

Para o delegado João Brito, o motivo do homicídio pode ter sido uma dívida de drogas. Isaac Silva já cumpriu medida sócio-educativa na Funase.

- Existe uma linha investigativa que aponta que traficantes da região tivessem interesse na morte dele por conta de uma dívida com o tráfico de drogas - disse.

A polícia ainda investiga qual é a relação da vítima com o jovem que ficou ferido.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

VÍTIMA DE BULLYING. Menino de 11 anos era alvo de agressões

VÍTIMA DE BULLYING. Menino de 11 anos era alvo de agressões - ZERO HORA, 04/11/2010

A mãe de um menino de 11 anos procurou a Polícia Civil para registrar que o filho estaria sofrendo agressões constantes na escola e seria vítima de bullying, em Santa Maria, há pelo menos quatro meses. Ela informou que descobriu as agressões na segunda-feira.

– Descobri que ele estava sendo agredido ao ouvir uma conversa dele com uma colega. Ele não falava por medo. Quando eu e o pai dele indagamos, ele admitiu. Sinto uma revolta muito grande – disse a mãe, em entrevista à RBS TV.

Segundo a mãe, desde o segundo trimestre do ano letivo, o filho estaria levando socos, chutes, tapas no rosto e seria derrubado no chão e esganado por dois colegas – um de 14 anos e outro de 17 anos. Além disso, os agressores obrigariam a vítima a fazer as tarefas deles e a levar jogos de computador para eles. Os garotos também ameaçariam o garoto, dizendo que se ele contasse algo aos pais ou a diretoria sairia da escola em um caixão.

Conforme a mãe, os dois adolescentes teriam sido expulsos da escola. A reportagem entrou em contato com da instituição, mas a diretora, única que fala sobre o caso, não foi localizada.

O caso está sendo investigado pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA).

– Vamos ouvir a mãe do garoto. Ele sofreria ameaças e perseguições reiteradas – disse o delegado Márcio Schneider.

O QUE É BULLYING - É a perseguição continuada a um aluno, por um ou mais colegas, por meio de intimidação psicológica ou agressão física sem motivo. Não é briga ou discussão ocasional, mas uma violência sistemática

OS TIPOS DE BULLYING

- Agressão física
- Ameaça de agressão
- Xingamento
- Ironia sobre características físicas ou maneira de vestir
- Exclusão do grupo e das brincadeiras
- Disseminação de mentiras
- Exigência de dinheiro, peças de roupa etc.
- Cyberbullying: utilização de sites e blogs, mensagens de celular ou outras ferramentas para humilhar ou intimidar

EDUCAÇÃO OU BUSINESS?

Educação ou business? - NIVAL NUNES DE ALMEIDA e LINCOLN TAVARES SILVA são membros do Conselho Estadual de Cultura do Rio. O Globo, 04/11/2010

O novo titular na Secretaria estadual de Educação assumiu influenciado pelos resultados educacionais aqui obtidos. Repete-se a fórmula em busca da solução: mudar o gestor, mudar o discurso, acenar para a sociedade a substituição do velho pelo novo.

Gerir a complexidade do sistema de ensino não é tarefa de responsabilidade de um único dirigente. Em duas décadas, vimos mais de quinze novos secretários. E as políticas públicas para a educação, mudaram? Espera-se dos gestores o entendimento de que qualidade e excelência requerem planejamento a curto, médio e longo prazo, além de ações transformadoras para as comunidades a que servem. Os índices não dependem simplesmente das técnicas de gestão, mas fundamentalmente das políticas.

Diferem os discursos de posse dos dirigentes educacionais e o cotidiano vivenciado ao fim de seus exercícios. Quando conseguem constituir uma boa equipe, notam que anos de sucateamento não são debelados somente com "novas" ideias e uma boa equipe. A descontinuidade de gestores piora os problemas. Propor melhor educação requer vontade política que explicite qual educação se deseja oferecer a população. Exige investimentos superiores aos atuais: salários, carreiras e dedicação exclusiva dignos, com formação (inicial e continuada) e ambientes nos quais as condições de trabalho e estudo resgatem sua importância social. Nas instâncias da rede é preciso, além do novo ânimo, acreditar e investir nas possibilidades de mudança, e isso não pode ser esperado de quem ouve novos discursos a cada ano.

No Brasil, presenciamos tentativas de transformar os sistemas e as instituições escolares em organizações-empresas. Este "caminho do sucesso" prolifera por meio de consultorias privadas e propostas de reformas gerenciais das redes. Visa à eficiência e à produtividade no setor. Associa-se à educação por evidências, priorizando testes, avaliações e mecanismos meritórios. Não amplia a cidadania, a sociabilidade e o entendimento contextualizado dos conhecimentos sistematizados, emperrando aspectos fundamentais ao desenvolvimento dos estudantes da escola básica. Reduz a formação das pessoas à competição e ao alcance de índices. Sua lógica de execução-produto debilita a democracia. O professor vira mero executor de tarefas e cumpridor de metas gerenciais. Os beneficiários viram elementos do fluxo. Felizmente, sua incompatibilidade, inclusive em países centrais do capitalismo, já é questionada por muitos.

Sem que se definam os insumos necessários à qualidade do ensino é estranho avaliar sua eficiência. Há que se delinear o custo-aluno-qualidade como parâmetro de financiamento e estabelecer seus moldes em cada etapa e modalidade da educação. Aqulio que produz, pela ação pública, impactos sociais positivos é o que a população reconhece como tendo qualidade efetiva. A imposição da eficiência (otimizando recursos) e da eficácia (restrita aos objetivos organizacionais) pode causar a redução da efetividade.

No país, almejamos o investimento educacional de 10% do PIB até 2014. No Rio de Janeiro, há leis que tratam do Plano Estadual de Educação e da Reponsabilidade Educacional. Seus objetivos e metas representam uma discussão a ser ampliada, garantindo a educação como direito. Para efetivá-la necessitamos de financiamentos que viabilizem oportunidades de pluralidade e inclusão educacional para todas as comunidades, como escolas de tempo integral, com projetos político-pedagógicos respeitados pelos gestores.

Nada surtirá efeito sem a valorização dos profissionais da educação. Isso já ocorre para os profissionais de outras carreiras equivalentes. Os que têm implantado as reformas centradas em aspectos gerenciais costumam ser altamente valorizados (financeira e profissionalmente). Suas condições de trabalho dão inveja aos educadores que efetivamente atuam na sala de aula.

Mudemos o cenário, se vamos dar importância à educação. Não será diferenciando escolas, profissionais e comunidades escolares com sistemas de avaliação por premiação/punição que propiciaremos o desenvolvimento com liberdade e a qualidade social na educação. Atenção para não seguirmos caminhos imprecisos ou equivocados que outros países vêm abandonando!

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Estão corretíssimos os autores deste artigo. Valorizar o professor é prioridade. É preciso motivar e dar segurança financeira aos mestres para que os aprendizes possam agregar conhecimento, sabedoria e práticas positivas. A boa política educacional deve começar pelo professor e finalizar na descoberta do potencial do aluno.

EDUCAÇÃO DE QUALIDADE OU ALUNO DE QUALIDADE?

Educação de qualidade ou aluno de qualidade? - José Aerton Rodrigues da Silva - O Globo, 04/11/2010 às 17h52m; Artigo do leitor

Na recente campanha eleitoral, como outros temas igualmente importantes, a questão da educação também foi discutida, mas não na intensidade e profundidade que se exige de um tema como esse. Entretanto, a simples citação e lembrança faz com que saibamos que ao menos não foi esquecido, que por ideologia ou pressão popular, falar e pensar a melhoria do ensino secular faz parte da agenda de alguns políticos.

Entretanto, o problema parece, e é, maior do que as autoridades podem enxergar. Nos debates entre os candidatos majoritários ouvimos um e outro falarem em aumentar o número de escolas e promover instituições de qualidade. O problema começa onde deveria ser a solução. O que é uma escola de qualidade? Parece fácil a resposta, mas não é. A teia que envolve o processo de ensino e aprendizagem é complexa e, quando gerida superficialmente, enrola-se na mesma, onde não se consegue sair facilmente. É isso o que tem acontecido com os gestores da educação no Brasil. Sem conhecimento suficiente da realidade em sala de aula e com políticas que dêem resultados a curto prazo, ficam presos à teia educacional levando todo o sistema consigo.

Uma dessas ações de curto prazo é a implantação de escolas técnicas, vedete tanto do candidato tucano José Serra (PSDB) quanto da candidata eleita Dilma Rousseff (PT). Essas instituições apontadas como modelo foram usadas largamente pelos dois segmentos. A verdade é que essas são apenas mais uma maquiagem. Elas escondem os milhares de alunos das escolas públicas que não têm acesso aos seus quadros, pois não conseguem ser aprovados no processo seletivo de acesso. Não passam por não estarem preparados, em sua maioria, para tal. Muitos sequer poderiam acompanhar o ritmo de ensino lá desenvolvido.

Essa não é uma visão preconceituosa em relação àqueles que frequentam instituições mantidas pelo governo. Há bons alunos ali, eu mesmo leciono para alguns. A questão é que nós, professores, temos a sensação de que não importa o que se faça em sala de aula, o desinteresse, e a descrença no ensino secular e na capacidade do conhecimento transformar a realidade do indivíduo fazem com que esse seja avesso a tudo o que diz respeito ao aprendizado.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Eu defendo um ensino técnico e integrado sistematizando o conhecimento técnico, científico, desportivo e artístico focado na descoberta de potenciais para a autonomia do indivíduo e sobrevivência no mercado de trabalho. Neste sistema, o professor busca descobrir o potencial do aluno e prepará-lo para as escolhas futuras. A educação brasileira de hoje está focada apenas no conhecimento científico, refletindo em escolhas erradas para uma universidade, no estresse em obter sucesso numa área de trabalho e na incapacidade curricular e prática em obter vagas no mercado. Sem uma base e conhecimento da profissão, fica difícil para o jovem saido do ensino médio escolher a universidade certa que lhe dará a pretendida autonomia e condições de enfrentar o mercado de trabalho.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

OS MUROS DA EDUCAÇÃO NO RS


OS MUROS DA EDUCAÇÃO - EDITORIAL ZERO HORA, 04/11/2010

A resistência de líderes de partidos políticos, num primeiro momento, em indicar nomes para o cargo de secretário de Educação no futuro governo estadual tem a ver com a consciência de que o desafio nessa área é enorme e que quem quer que venha a assumi-lo corre o risco de sair desgastado, como costuma ocorrer na maioria dos casos. Ainda assim, a característica tem o mérito de chamar a atenção para a importância da missão de quem for designado para ocupar essa área. O relacionamento do poder público com o magistério é decisivo para garantir educadores motivados, com boa formação e bem remunerados, precondições para que ajudem a formar futuros profissionais com padrões de conhecimento adequados às necessidades do país.

Uma das barreiras educacionais que precisam ser enfrentadas é a do engessamento orçamentário. Dos recursos disponíveis para o ensino público, sobram apenas 8% para gastos com manutenção e compra de materiais, por exemplo. O restante é consumido integralmente com salários. E, deste total, nada menos de 56% é destinado a aposentados e pensionistas. O agravante é que, mesmo com esse volume de dispêndios, os professores têm razões para se mostrarem insatisfeitos, o que reforça a urgência na mudança de paradigmas.

Quem quer venha a assumir a Secretaria de Educação, portanto, precisará ter a coragem de derrubar os muros que vêm travando o avanço do ensino. Entraves desse tipo só servem para prejudicar a qualidade do ensino e para ampliar cada vez mais o número de professores, alunos e pais insatisfeitos.

O Rio Grande do Sul, que já se destacou pela excelência de seu ensino público, não pode abrir mão desta vantagem competitiva. Por isso, precisa agir rápido, começando de preferência pela remoção de entraves que, muitas vezes sob tentativas não assumidas de manutenção de privilégios, impedem a continuidade dos avanços.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

AS PALAVRAS E OS ATOS



As palavras e os atos. Denise Goulart, Professora da rede pública estadual/RS - Jornal do Comercio, 28/10/2010.

Fui motivada a escrever após ler um artigo sobre o sofrimento das professoras que tratava da dura realidade vivida por nós, educadores, dentro e fora da escola pública. O fato narrado, em que uma diretora de escola foi violentamente agredida por uma mãe de aluno no Rio de Janeiro, permite termos a dimensão do quadro de pressão e de sofrimento a que estamos submetidos diariamente. Entretanto, das autoridades ouve-se outra coisa. Todos dizem defender a educação. Não poupam palavras para dizer que educação é prioridade. Infelizmente, há um fosso entre as palavras e os atos. O fato é que a escola pública está sucateada. Sobrevivemos com salários aviltantes e ameaçados, permanentemente, com perda de direitos. Alheio a tudo isso está o poder público, omisso às suas responsabilidades. Mas de onde vem a violência contra as professoras? Há décadas o Estado vem oferecendo um serviço público precário. E isso não é “privilégio” da área de educação.

O sucateamento dos serviços do Estado chegou a tal ponto que, nos dias de hoje, para grande parte da população, a escola é o único acesso que se tem a algo que seja público. Essa é a razão pela qual inúmeros problemas sociais estourem na escola que se transformou num para-raios da sociedade. Assim, são despejados todos os tipos de problemas sociais sobre os educadores. Problemas que, muitas vezes, temos pouca ou nenhuma condição de resolver. Corrigir tudo isso passa, evidentemente, por atender a população com a dignidade que merece em todas as áreas. Queremos escolas decentes, com profissionais que possam viver dignamente. Mas isso não basta. Precisamos de serviço público de qualidade, em todos os segmentos e níveis, principalmente para a classe trabalhadora, que é quem mais necessita e não tem recursos para pagar. É dever do poder público garantir educação, saúde e segurança aos cidadãos. Urge que as autoridades voltem as atenções para a escola, sob pena de todos sermos sucumbidos pelo vandalismo e barbáries existentes na sociedade e que na escola se refletem diretamente. Não dá mais para continuarmos assim. É preciso passar das palavras para ações concretas.