EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

CARÊNCIAS NA EDUCAÇÃO

EDITORIAL DIARIO CATARINENSE - 29/06/2011

Longe de registrar um padrão de qualidade compatível com as necessidades do país, a educação brasileira está mais distante ainda de garantir os recursos necessários para financiar esse objetivo. O ministro da Educação, Fernando Haddad, insiste no fato de que a elevação gradativa dos recursos para o ensino do equivalente a 5% para 7% do Produto Interno Bruto (PIB) é suficiente para custear as 20 metas do Plano Nacional de Educação (PNE), em exame pela Câmara. Responsáveis pela educação infantil e pelo ensino fundamental, porém, os municípios alegam não ter como cumprir as metas de sua competência com recursos próprios. Como não há previsão de dinheiro extra para esse objetivo no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), o risco é de que um avanço tão necessário para o país fique apenas no plano das intenções.

Enviado ao Congresso no final do ano passado, o PNE define uma série de objetivos a serem alcançados até 2020. Entre eles, incluem-se a universalização do ensino em diferentes níveis a partir de quatro anos de idade, a alfabetização de todas as crianças até os oitos anos de idade, a duplicação nas matrículas da educação profissional técnica de nível médio e a valorização profissional dos educadores. O que mais preocupa os prefeitos, como ressalta documento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), é que, apenas para o cumprimento de três metas de sua competência, haveria necessidade de R$ 17,6 bilhões por ano – montante que as prefeituras não dispõem hoje.

Embora a União arrecade mais, os municípios e os estados bancam, hoje, mais de 80% do gasto público com educação. Neste ano, por exemplo, a estimativa da CNM é de que os estados destinem R$ 59,2 bilhões para o Fundeb, e os municípios, R$ 28,8 bilhões. Os recursos federais alcançariam apenas R$ 8,8 bilhões. É difícil aceitar que, diante da oportunidade de definir soluções de longo prazo para uma área tão decisiva num país em desenvolvimento, o Brasil se perca com o excesso de metas – ainda que algumas se mostrem pouco ousadas para as necessidades – e com a insuficiência de recursos.

O país precisa dotar o ensino público de projetos viáveis, não apenas de propostas que acenam com mais possibilidades, como parece ser o caso do Plano Nacional de Educação. Como a educação brasileira é descentralizada, só é possível alcançar eficiência e garantir mais qualidade no ensino se o governo federal, o dos estados e o dos municípios atuarem num regime de estreita colaboração, sem querer transferir responsabilidades para uma ou outra instância da federação. É inadmissível que tantas crianças mal assistidas sob o ponto de vista da aprendizagem continuem a pagar pela omissão de adultos aos quais foi confiada a missão de resolver os crônicos problemas nesta área.

terça-feira, 28 de junho de 2011

IMOBILIDADE EDUCACIONAL

Magno de Aguiar Maranhão, educador - diário catarinense, 28/06/2011

A universalização da educação é fenômeno relativamente recente, que veio ganhando espaço no mundo. Isso, porém, não cabe como justificativa para que o Brasil comporte, hoje, em plena era da informação, mais de 15 milhões de analfabetos absolutos. Embora a erradicação do analfabetismo até o ano 2000 tenha sido prevista na Constituição de 1988, a diminuição da parcela de brasileiros que não sabem ler ou escrever tem sido de tal forma lenta que contemplamos, dentro do nosso, um outro país que sequer sabe assinar o seu nome.

A situação é ainda mais inaceitável num tempo em que os avanços tecnológicos, superando todas as expectativas, conectam o planeta numa grande rede de comunicação e expansão do conhecimento. Sequer podemos prever o quanto a tecnologia terá evoluído e transformado nossas vidas daqui a duas décadas, mas já sabemos que o Brasil analfabeto chegará até lá, caso a democratização do acesso ao ensino fundamental não seja acompanhada por um amplo projeto de educação para adultos e jovens que, com mais de 15 anos, nunca entraram em sala de aula.

O analfabetismo é contagioso. Quem vive numa comunidade de analfabetos tende a se acomodar com a ignorância; filhos de famílias analfabetas, ou com baixa escolaridade, costumam abandonar cedo os estudos e engordar a lista de outro tipo de analfabetos, os funcionais, como são chamados os que não passaram da quarta série do ensino fundamental. Nessa categoria, estão alguns milhões de brasileiros que, ou terminarão a vida desempregados ou ganhando não mais do que um “mísero” salário mínimo.

Impossível calcular o prejuízo ao crescimento de um país quando milhões têm seu crescimento individual prejudicado. Neste bolo incluem-se os analfabetos funcionais, que, embora capazes de ler, não conseguem apreender o sentido de um texto, o que os torna inaptos até para trabalhos simples na indústria, pois dificilmente entendem um manual. Mais cruel, porém, é o fato de tantos passarem a vida sem acesso a informações, sem meios de defender seus direitos, já que a pior consequência do analfabetismo é a imobilidade.

sábado, 25 de junho de 2011

O QUANTO É POSSÍVEL INVESTIR EM EDUCAÇÃO?

A educação é uma política pública essencial para a Presidente Dilma e, imagina-se, que para a sociedade também. Uma, das diversas unidades de comparação, é o quanto de investimento público se realiza em relação com toda a riqueza produzida por uma sociedade (PIB – Produto Interno Bruto), por exemplo, no Brasil, atualmente, tem-se invertido 5% do PIB.

Desde o final do ano passado está em discussão no Congresso Nacional o PNE (Plano Nacional de Educação), enviado pelo governo Lula, é uma legislação com 20 metas e 11 estratégias que será o pilar das políticas educacionais brasileiras nos próximos 10 anos, para se realizar, os investimentos públicos deverão chegar a proporção de 7% do PIB, o que custará aos cofres públicos um aporte adicional de aproximadamente R$ 60 bilhões ao ano.

A primeira pergunta que vem a cabeça é; como se financiará esses investimentos? O governo federal já sinalizou que tem possibilidades concretas em assumir este aumento de investimento, haja vista, que a maior parte das receitas dos impostos são de origem federal, entretanto, responde somente por 20% das despesas educacionais, enquanto que o restante fica a cargo dos municípios e estados.

Devido o PNE estar em debate com a sociedade civil, algumas entidades e deputados federais estão reivindicando investimentos públicos da ordem de 10% do PIB. Há condições para tal volume? Se imaginarmos o futuro sim. Pois poder-se-ia considerar os recursos do pré-sal, neste sentido, é mais do que urgente aumentar a participação da divisão dos royalties para a educação, mas esses recursos poderiam ser concretizados somente a partir de 2015 quando a exploração de petróleo dessa camada se concretizaria.

Mas um dos entraves do aumento do oferecimento de políticas públicas universais, além é claro da educação, conforme reza a Constituição, é o dito cujo superavit primário. O superavit primário é utilizado para conter o endividamento do setor público e, consequentemente, para remunerar não totalmente, mas parte dos juros da dívida pública interna brasileira.

Para se ter uma ideia o componente primário das contas públicas (isto é, o resultado exclusive os juros) registrou significativos superavits: em 2009 foi de R$ 65 bilhões, em 2010 de R$ 102 bilhões e há uma projeção para 2011 de R$ 118 bilhões, um feito considerável para uma economia que pretende ser desenvolvida. Se a taxa de juros caísse para patamares civilizados, o deficit público não seria tão alarmante e, por conseqüência, tenderia a aumentar a oferta de políticas públicas.

Portanto, a discussão de aumentar o investimento em educação passa necessariamente pelo debate da política econômica brasileira que impera nos últimos 17 anos, é o famoso tripé macroeconômico; taxas de câmbio flutuante com livre mobilidade de capitais para ajustar as contas externas, taxa de juro real elevada, para garantir o cumprimento das metas de inflação, superavit primário para procurar tentar estancar a dívida pública.

A questão de quanto se deve investir em educação é política com um fundo econômico, é fato que a emissão de títulos públicos remunerados a uma determinada taxa de juros (SELIC) é, também, para o financiamento das políticas públicas e rolagem da dívida, ou seja, financiamento do Estado brasileiro.

Neste sentido, resta saber se parte da sociedade brasileira, que direta e/ou indiretamente aplica em variados fundos de renda fixa lastreados em títulos do governo federal oferecidos pelo mercado financeiro estaria disposta a manter suas aplicações, mas com redução de suas remunerações em benefício da coletividade? Está aí uma oportunidade de se observar o quão solidários(as) alguns(mas) brasileiros(as) são…


Paulo Daniel, economista, mestre em economia política pela PUC-SP, professor de economia e editor do Blog Além de economia. CARTA CAPITAL, 25 de junho de 2011 às 10:32h

METAS DE EDUCAÇÃO - MUNICÍPIOS PRECISAM DE R$ 16 BILHÕES



Municípios precisam de R$16 bi para cumprir metas de educação, afirma CNM. Segundo a Confederação Nacional dos Municípios, as prefeituras brasileiras não têm condições de arcar com os custos do PNE, em discussão no Congresso. Redação Época - 24/06/2011 - 17:03

O Plano Nacional de Educação (PNE), em discussão no Congresso, cria novas metas a serem cumpridas para melhorar a educação no país, como o aumento do número de estabelecimentos em ensino integral e a elevação para 7% do PIB dos municípios em gastos com educação. Entretanto, segundo a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), as cidades brasileiras não têm condições de cumprir as novas metas.

Em um levantamento que será divulgado na próxima semana, a CMN calculou a quanto é preciso investir para cumpri-las: R$ 50,6 bilhões. O problema, diz a confederação, é que o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) não cobre todas as despesas, e por isso os municípios precisam arcar com um investimento adicional de R$ 16,6 bilhões.

Uma das metas do PNE é oferecer ensino em tempo integral em 50% das escolas municipais de educação básica do país – cerca de 63 mil estabelecimentos. Atualmente, apenas 8 mil escolas cumprem a medida, o que significa que 54,4 mil escolas precisariam se adaptar. Essas escolas atendem, hoje, a um total de 9,1 milhões de alunos.

O investimento adicional preocupa os prefeitos, que temem não conseguir arcar com as despesas. Em nota, a confederação informou que é necessário debater com a sociedade o financiamento dessas metas, pois "não há como conciliar as novas responsabilidades com os recursos recebidos do Fundeb".

O estudo completo será divulgado na segunda-feira (27). Além da questão da educação, o presidente da CNM Paulo Ziulkoski, vai se posicionar sobre as votações do veto dos royalties da exploração de petróleo pelo Congresso e da regulamentação da Emenda 29 da Saúde.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

A IMOBILIDADE EDUCACIONAL

A universalização da educação é fenômeno relativamente recente, que veio ganhando espaço no mundo. Isso, porém, não cabe como justificativa para que o Brasil comporte, hoje, em plena era da informação, mais de 15 milhões de analfabetos absolutos. Embora a erradicação do analfabetismo até o ano 2000 tenha sido prevista na Constituição de 1988, a diminuição da parcela de brasileiros que não sabem ler ou escrever tem sido de tal forma lenta que contemplamos, dentro do nosso, outro país que sequer sabe assinar seu nome.

A situação é ainda mais inaceitável num tempo em que os avanços tecnológicos, superando todas as nossas expectativas, conectam o planeta numa grande rede de comunicação e expansão do conhecimento. Sequer podemos prever o quanto a tecnologia terá evoluído e transformado nossas vidas daqui a duas décadas, mas já sabemos que o Brasil analfabeto chegará até lá, caso a democratização do acesso ao ensino fundamental, não seja acompanhada por um amplo projeto de educação para adultos e jovens que, com mais de 15 anos de idade, nunca entraram em sala de aula. E caso a morosidade e a ineficácia continuem caracterizando os programas de alfabetização.

O analfabetismo é contagioso. Quem vive numa comunidade de analfabetos tende a se acomodar com a ignorância; filhos de famílias analfabetas, ou com baixa escolaridade, costumam abandonar cedo os estudos e engordar a lista de outro tipo de analfabetos, os funcionais, como são chamados os que não passaram da quarta série do ensino fundamental. Nessa categoria, estão alguns milhões de brasileiros que, ou terminarão a vida desempregados ou ganhando não mais que um mísero salário mínimo.

Impossível calcular o prejuízo causado ao crescimento de um país quando milhões de pessoas têm seu crescimento individual prejudicado. Neste bolo incluem-se os analfabetos funcionais que, embora capazes de ler, não conseguem apreender o sentido de um texto, o que os torna inaptos até para trabalhos simples na indústria, pois dificilmente entendem um manual de operações. Mais cruel, porém, é o fato de tantos indivíduos passarem a vida sem acesso a informações, sem uma compreensão global do mundo e sem meios de defender seus direitos, já que a pior consequência do analfabetismo é a imobilidade.


Magno de Aguiar Maranhão é Membro do Conselho Estadual de Educação do Rio de Janeiro - o globo, 21/06/2011 às 17h11m

sábado, 18 de junho de 2011

COLÉGIOS AUTORITÁRIOS


Colégios autoritários. Ao ameaçar, fazer vista grossa para agressões em seus pátios e expulsar alunos que tentam reparação judicial, três escolas de elite do Rio dão aula de falta de cidadania e de civilidade - Francisco Alves Filho, REVISTA ISTO É, N° Edição: 2171, 18.Jun.11 - 13:41

Conhecidas pelo excelente nível de ensino, três escolas do Rio de Janeiro preferidas pela elite deram nas últimas semanas verdadeiras aulas de desrespeito às regras mais básicas de cidadania. Denúncias feitas por alunos de agressões ou constrangimentos graves foram tratadas por esses estabelecimentos de forma arbitrária e só fez aumentar o sofrimento das vítimas e seus pais. No tradicionalíssimo Colégio São Bento, recordista de aprovação no Enem, um aluno de 6 anos foi agredido por um adolescente de 14, a direção da escola escondeu o fato dos responsáveis e se mostrou mais preocupada com o agressor. Na Escola Alemã Corcovado, depois de levar empurrão de um professor, um aluno de 12 anos, seu irmão e seus pais foram excluídos do estabelecimento. No pH, a adolescente Jannah Nebbeling, 15 anos, acusa coordenadoras de ameaçá-la por conta de uma comunidade virtual na qual discutia conteúdos curriculares. “Iniciei uma ação contra o colégio por coação, constrangimento e ameaça, além de danos morais”, diz Andréa Coelho, mãe de Janna. Os outros dois casos também foram parar nos tribunais. Para piorar, diretores criticaram direta ou indiretamente os pais que foram à Justiça, como se nos limites da escola vigorasse uma lei diferente da do restante do País.

O imbróglio mais comentado foi a abordagem dada pelo São Bento, escola com 153 anos de existência, a uma sequência de agressões sofrida pelo aluno de 6 anos. Ele apanhou de outro, de 14 anos, no dia 26 de maio. Para justificar aos pais os ferimentos na cabeça e na testa do menino, a diretoria da escola informou que tudo não passara de um “acidente” causado por simples brincadeira. A verdade logo veio à tona, mas a posição do colégio continuou inadequada. O agressor foi punido com apenas um dia de suspensão. “Eu e meu marido reivindicamos a expulsão dele, até para garantir que meu filho tivesse segurança para ir à escola. Isso não aconteceu e resolvemos procurar a polícia para denunciar o colégio”, explica a advogada Viviane de Azevedo, mãe da vítima. A reação do estabelecimento de ensino foi equivocada. “Estão querendo transformar um acidente educacional em um fato criminal”, reclamou Mário Silveira, supervisor administrativo do São Bento, que tem mensalidades em torno de R$ 2 mil. Silveira ainda se referiu ao agressor como alguém que estaria “sendo mais punido do que o acidentado”. “Num contato com a direção, ouvi que aquela era a maneira de agir do São Bento e quem não estivesse satisfeito estaria livre para sair”, recorda Viviane. “Entendi o recado e tirei meu filho de lá.”

Na Escola Alemã Corcovado – onde, para ingressar, os pais têm que desembolsar R$ 8 mil, além das mensalidades de R$ 2 mil –, a agressão teria partido de um mestre. Um estudante de 12 anos reclama que, durante uma aula realizada no ano passado, foi empurrado pelo professor alemão Jens Wiemer, que berrava palavrões. O menino caiu e bateu com a cabeça e as costas no chão. Os pais do garoto só souberam da agressão um mês depois. Foram à polícia e ao Ministério Público. O professor foi suspenso e voltou para a Alemanha. Algum tempo depois, os pais da vítima passaram a notar que o menino era avaliado na escola “com rigor exagerado e diferenciado em relação aos colegas de sala”, segundo relata a ação. Depois de novo protesto, veio a decisão mais surpreendente: tanto o aluno denunciante quanto seu irmão e seus pais souberam há três meses que foram excluídos da escola. “Essa decisão decorreu exclusivamente das várias violações aos estatutos cometidas pela família”, relata nota da escola à ISTOÉ. “Não decorreu do exercício legal e regular da família de seu direito de denunciar o que achasse devido às autoridades competentes.” Sob qualquer aspecto, uma total inversão de valores.

No caso do curso pH, o diretor de ensino Rui Alves argumenta que não houve ameaça à menina e, segundo ele, a comunidade virtual que distribuiria uma “cola” associava o colégio a palavrões. “A mãe tem todo o direito de ir à Justiça, mas isso é um assunto pedagógico”, diz Alves. Doutor em pedagogia, o professor Henrique Sobreira critica as escolas: “São atitudes de quem promete uma educação para a cidadania e faz algo bem diferente”, diz ele. A lição é a pior possível. “Quando escolas se acham acima da lei, é compreensível que os alunos também passem a pensar da mesma forma”, avalia o especialista.

TRAFICANTE AGIA PRÓXIMA À ESCOLA

Homem é preso por tráfico próximo a escola em Passo Fundo. Suspeito foi flagrado no bairro José Alexandre Zachia - Acácio Silva / Correio do Povo, 18/06/2011

Um homem de 42 anos foi preso em flagrante, na noite desta sexta-feira, por suspeita de venda de drogas próximo à Escola Municipal Guaraci Barroso Marinho, no bairro José Alexandre Zachia, em Passo Fundo, no Norte do Estado. Ele foi detido por soldados do 3º Batalhão de Operações Especiais (BOE) da Brigada Militar, após uma denúncia de que estaria vendendo crack, inclusive para estudantes.

Policiais flagraram a venda do entorpecente em frente a uma casa. O comprador da droga fugiu e o suspeito foi detido com 11 pedras de crack. Na residência, havia mais porções da droga, além de maconha e outros objetos possivelmente roubados.
O suspeito foi conduzido à Delegacia de Pronto Atendimento da Policia Civil, onde foi autuado por tráfico de drogas e recolhido ao Presídio Regional de Passo Fundo.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

A OPOSIÇÃO DOS PROFESSORES AO PACOTARSO


A oposição ao pacote - EDITORIAL ZERO HORA, 16/06/2011

Apesar do aparente fracasso do dia de paralisação do magistério, que reuniu um reduzido número de participantes e alterou a rotina de uma pequena parcela das instituições estaduais, o Cpers deixa evidente a intenção de firmar-se como um dos principais focos de oposição ao pacote de medidas destinadas a assegurar a sustentabilidade do Estado, proposto pelo governador Tarso Genro.

O curioso é que, com esse tipo de posicionamento, a entidade representativa dos professores – incluídos entre os servidores de menores vencimentos – une-se justamente a corporações representativas dos detentores dos maiores ganhos, com tendência, por isso, a serem mais afetados pelas mudanças. É justo que os educadores se mobilizem por um piso salarial mais condizente com a função. Ainda assim, faltam razões para justificar a suspensão de aulas como alternativa de pressão e de oposição às medidas propostas pelo Executivo.

Por meio de sua entidade de classe, os professores têm todo o direito de se manifestar e de se opor ao que julgarem contrário aos interesses da categoria. Ainda assim, fica cada vez mais evidente que, no caso atual, trata-se de uma oposição desarrazoada. Todas as projeções feitas até agora indicam que as alterações previstas representarão ônus para uma minoria e tendem a trazer benefícios a longo prazo para a maior parte dos representados pelo próprio sindicato dos educadores.

Em princípio, todas as projeções são de que quem ganha mais vai arcar com uma alíquota previdenciária maior, caso o conjunto de medidas venha a ser aprovado pela Assembleia, apesar da mobilização contrária. Se, no futuro, ao conquistarem finalmente um piso salarial mais do que merecido, os professores passarem a descontar mais para a previdência, essa será apenas uma consequência dos avanços, não uma perda de direitos.

Antes de simplesmente declararem guerra a qualquer possibilidade de mudança, categorias mais organizadas deveriam avaliar, com objetividade, até que ponto as reformas podem ou não contribuir para a redução de iniquidades no setor público. Se podem, esta seria a hora de colocá-las em prática, concentrando-se no que ocorre hoje e não no que poderá ocorrer no futuro.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - O editor de Zero Hora se equivoca na sua análise sobre o pacotarso. Todos os servidores, inclusive os que ganham menos, irão ser prejudicados com o confisco de salários promovido pelo Governo Tarso. Hoje, eles podem não se enquadrar no confisco, mas amanhã diante de promoções e reajustes salariais irão fatalmente se enquadrar, entrando neste confisco demagógico e cruel proposto pelo Governo do RS.

MÉRITO EM DEBATE E POR DECRETO NO RS

MÉRITO EM DEBATE. Decretos vão mudar regras de promoção do magistério - PAULO GERMANO, ZERO HORA 16/06/2011

Sem mexer no plano de carreira, sagrado para o Cpers, Piratini estuda novas formas de avaliação.

É por meio de decreto que o governo Tarso Genro pretende alterar os critérios de promoção dos professores. Entre as modificações, está a valorização salarial de docentes de escolas que atingirem bom desempenho no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Também serão beneficiados aqueles que fizerem cursos, como pós-graduação, definidos pelo Piratini.

Segundo o secretário da Educação, Jose Clovis de Azevedo, as novas regras para avaliar o mérito dos professores estão previstas para 2012. Até lá, o Cpers e os demais representantes do magistério serão convocados para discutir as propostas.

Jose Clovis argumenta que, para fazer essas alterações, não é necessário mexer no plano de carreira – a própria legislação que rege o plano, segundo ele, prevê que novos critérios sejam incluídos por decreto. Portanto, não haverá espaço para pressões na Assembleia – porque as mudanças não passarão pelo crivo dos deputados. Não deixa de ser uma forma de driblar a tradicional resistência do Cpers a qualquer mudança do modelo atual. A oposição costuma ser maior quando há flerte com a meritocracia.

– Não vamos mexer no plano de carreira. Vamos mexer nos critérios de avaliação, que estão desatualizados e não fazem parte da lei do plano – diz Jose Clovis.

O governador Tarso Genro recebeu na terça-feira, das mãos do prefeito Jairo Jorge (PT), um documento explicando o novo plano de carreira dos professores de Canoas. Parte do modelo canoense já serve de inspiração para um estudo em andamento no Piratini. Tarso se empolgou com o plano de Jairo, mas Jose Clovis demonstra algumas discordâncias.

Há pelo menos uma medida inédita em gestação: professores, pais, alunos e funcionários farão uma avaliação anual da escola que frequentam. Cada um desses quatro grupos se reunirá para analisar 16 pontos, desdobrados em 55 indicadores. Por exemplo: a prática pedagógica será um ponto, com indicadores para avaliar professores como dinâmica em sala de aula e aplicação de métodos inovadores.

– O processo nos permitirá perceber as falhas pedagógicas e por que a escola está mal no Ideb – diz o secretário.

MUDANÇAS DE GESTAÇÃO

PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRA - ZERO HORA 16/06/2011


Se quer melhorar a qualidade da educação oferecida aos gaúchos, o governador Tarso Genro não pode se limitar à pauta do Cpers, que gira em torno dos direitos dos professores e funcionários de escolas. Como prometeu na campanha e depois de eleito, o governador terá de discutir com os professores a pauta da sociedade e compatibilizar as duas. Educação de qualidade foi a promessa do candidato. A mudança nos critérios para promoção dos professores, que no plano de carreira são imprecisos, pode ser um bom começo para este debate que em geral não sai do lugar.

O secretário da Educação, Jose Clovis Azevedo, antecipou ao repórter Paulo Germano que essas mudanças deverão ser feitas por decreto, porque não significam alteração na lei que instituiu o plano de carreira. E contou que o governo deve incorporar princípios adotados pelo prefeito Jairo Jorge em Canoas. No município, o mérito é valorizado, os professores têm metas a cumprir e o benefício vem sob a forma de pontos que apressam as promoções.

Mesmo que Tarso não aproveite tudo o que está no plano de carreira dos professores de Canoas, está dada a largada para aprimorar o sistema de progressão na carreira dos professores, hoje centrado na formação e no tempo de serviço. Esses dois elementos devem estar presentes em qualquer cesta de critérios para a promoção, mas há outros tão ou mais relevantes que precisam ser levados em conta, a começar pelo desempenho dos alunos em avaliações nacionais, como o Ideb, e pela formação com foco nos resultados. Sabe-se que o projeto de Tarso para a educação é bem mais ambicioso, mas só será discutido depois da votação do pacote que está na Assembleia.

Antes de conhecer o que o governo vai fazer, a vice-presidente do Cpers, Neiva Lazzarotto, soltou o verbo para criticar as prováveis mudanças:

– Ou é uma manobra para tirar o foco do pacote ou é um duplo ataque para desmoralizar esta gestão do Cpers no momento em que estamos também com eleições. É uma gestão que atua com autonomia e não se curva ao governo.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

PACOTARSO - PROFESSORES SE MOBILIZAM PELO PISO NACIONAL E CONTRA O PACOTE

Cpers anuncia paralisação de professores para amanhã em todo o Estado. Mobilização é contra o pacote do governo Tarso e pelo piso nacional - ZERO HORA ONLINE, 13/06/2011 | 18h36min

O Cpers-Sindicato anunciou nesta segunda-feira que os educadores realizarão um dia de paralisação amanhã em todo o Rio Grande do Sul para pressionar o governo contra o pacote de projetos protocolado na Assembleia Legislativa no mês passado e pelo cumprimento da lei do piso nacional. A categoria exige a retirada das proposta.

De acordo com o Sindicato, a terça terá manifestações regionais. Em Porto Alegre, uma vigília preparada por núcleos de Porto Alegre, Gravataí e São Leopoldo marca a mobilização. A concentração será das 10h às 17h, na Praça da Matriz.

Em nota, o Cpers informa que os "educadores não concordam com alterações na previdência estadual e no pagamento das Requisições de Pequeno Valor, as RPVs". Também são contra a criação de fundos de capitalização para os novos servidores. "Ao separar os servidores em duas categorias (atuais e novos), o governo acaba com o princípio da solidariedade", informa.

No próximo dia 22, a categoria marcou uma assembleia geral, a partir das 13h30, no Gigantinho, para deliberar sobre a paralisação da categoria nos dias em que os projetos de Tarso forem à votação no Legislativo. Neste mesmo dia, às 10h, na Praça da Matriz, será realizado um ato público contra o pacote.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

RONDA ESCOLAR

RIO GRANDE DO SUL - Santa Rosa implanta a ronda escolar - zero hora 10/06/2011

A prefeitura de Santa Rosa implantou a Ronda Escolar.

Dois vigilantes estão trabalhando na prevenção da segurança nas escolas de Ensino Fundamental do município.

A iniciativa foi aprovada pelos pais dos alunos.

A prefeitura pretende aumentar o efetivo nos próximos meses para aumentar a abrangência da vigilância.

domingo, 5 de junho de 2011

OS DONOS DA EDUCAÇÃO

Percival Puggina, ESCRITOR, ZERO HORA 05/06/2011

Li, recentemente, artigo criticando os que se aventuram a opinar sobre educação sem o preparo acadêmico específico. Educação, a exemplo de outras ciências, segundo aquele texto, somente poderia ser abordada, com propriedade, por profissionais da área. Traduzindo: cada macaco no seu galho.

Como também eu, cá no meu canto do arvoredo, tenho dado pitacos, posso explicar perfeitamente o que leva tantos primatas a se imiscuírem nessa sofisticadíssima pauta: estamos todos apavorados com o que vemos acontecer na educação nacional. Não é que as coisas vão mal. Não, as coisas vão de mal a pior, numa decadência acelerada que acende sinais de alerta em todas as direções quando se pensa na sustentabilidade do nosso desenvolvimento através da maior riqueza de qualquer nação – o povo que a constitui. Se estivéssemos em guerra, gente de todas as áreas de conhecimento estaria escrevendo a respeito. E o fato inegável é que os generais da educação conduziram o Brasil para a vitória de uma pedagogia que derrota a nação.

O que era perfeitamente previsível quando comecei a escrever sobre isso há quase 30 anos passou a ser constatado e medido. Os indicadores da educação nacional nos arrastam para constrangedoras companhias no ranking mundial. E só os profissionais da área, os mestres dos educadores em primeiríssimo plano, continuam acreditando nas teorias que deram causa ao desastre em curso. São professores que se veem como trabalhadores em educação, fazedores de cabeça, intelectuais orgânicos com a tarefa essencial de promover a “formação para a cidadania”. Seguem teses segundo as quais não existe saber maior nem menor, mas tão somente saberes diferentes, de tal forma que alunos e professores bebem-se uns aos outros na fonte equivalente dos respectivos conteúdos! Contrastando com esses e em meio a imensas dificuldades, alguns professores ainda preparam seus alunos – sem distinção de classe – para as competências que lhes abrirão oportunidades ao longo da vida. Sabem que Lula é um case. Jamais um modelo.

O manuseio da educação para fins políticos e ideológicos passou a ocupar o centro da reflexão acadêmica. Alunos dos cursos de formação para o magistério contam-me que é difícil encontrar, para seus estudos, literatura não marxista. Não sugiro, aqui, que ela não circule. Trato, diferentemente, de apontar o produto visível das ideias dominantes. Eis por que, leitor, não passa ano sem que seja inutilmente denunciada a manipulação ideológica dos livros didáticos. Eis por que o MEC aprovou um livro de história com elogios ao governo Lula e críticas ao governo FHC (imagine-se o resto da história). Eis por que as provas do Enem contêm perguntas com a mesma orientação. Eis por que o tal kit gay foi contratado pelo MEC junto a uma ONG de homossexuais para distribuição nas escolas e só foi barrado (se é que de fato foi) porque virou moeda de troca no kit blindagem do ministro Palocci. Vergonha? Vergonha é para quem tem.

Escrevo sobre inevitáveis relações de causa e efeito. Escrevia quando era previsível e agora escrevo sobre o constatado. A educação no Brasil, com a malícia de alguns e a dócil ingenuidade de quase todos, deu uma banana para as expectativas sociais, para as necessidades nacionais, para o direito dos jovens e das famílias, para o futuro da pátria, e passou a fazer o que seus donos desejam. O livro do MEC que denuncia a gramática como instrumento de dominação cultural tem tudo a ver com isso.

MEC - ERROS DE MATEMÁTICA

SEM REVISÃO. Ministério distribui livros com erro de matemática - ZERO HORA 05/06/2011

O Ministério da Educação (MEC) distribuiu, no ano passado a 37 mil escolas rurais um material didático com erros de matemática e diagramação. Nele se aprende, por exemplo, que 10-7=4 e que 16-8=6. Há ainda exercícios que remetem à página errada e frases incompletas. Um dos exemplos é a frase: “Invente mais três apelidos para a Mônica e explique o”.

Acoleção na qual os erros foram detectados tem obras sobre matemática, língua portuguesa, ciências, geografia e história. Ela foi elaborada por 10 autoras que, de acordo com o MEC, fazem material para as escolas rurais desde 1998. Somente na versão distribuída no ano passado, no entanto, é que foram detectados problemas. O ministério pagou no total R$ 14 milhões pela coleção, incluindo impressão e distribuição.

Os livros da coleção foram enviados a escolas rurais com turmas multisseriadas do 1º ao 5º ano, em que uma professora dá aula para alunos de mais de uma série. O total de estudantes prejudicados, de acordo com o MEC, é de cerca de 300 mil, menos de 1% do ensino público.

Os erros foram detectados por professores de universidades federais, segundo o secretário-executivo do MEC, José Henrique Paim Fernandes, em uma revisão feita a pedido da pasta.

Após a constatação, o ministério enviou aos coordenadores do programa de educação no campo uma orientação para que o uso do material seja suspenso. Também foi pedida à Controladoria-geral da União uma sindicância para apurar responsabilidades pelos erros e pela falta de revisão.

sábado, 4 de junho de 2011

UMA LIÇÃO DE FELIZ PARA O BRASIL

DESTAQUE EM EDUCAÇÃO - Município gaúcho tem menor índice de analfabetismo conforme Censo, que mostra ainda bom desempenho de cidades do RS - JULIANA BUBLITZ, ZERO HORA 04/06/2011

Protagonista de uma tendência que se desenha há pelo menos duas décadas, o Rio Grande do Sul avança no século 21 como um exemplo na luta pela alfabetização. Dados do Censo 2010, compilados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que, dos 10 municípios brasileiros com os menores índices de analfabetismo, seis são gaúchos – incluindo o primeiro colocado no ranking, a cidade de Feliz.

Localizado a 65 quilômetros de Porto Alegre, Feliz, com 12 mil habitantes, é o símbolo dessa hegemonia. Lá, apenas 0,95% da população adulta não sabe ler nem escrever. Esmiuçada em números absolutos, a taxa surpreende: são somente 97 pessoas com 15 anos ou mais vivendo nessa situação (veja ao lado como a cidade do Vale do Caí investe na área da educação).

Em segundo lugar, aparece o município de Morro Reuter, no Vale do Sinos, com apenas 1,04% de iletrados. Para se ter uma ideia do que isso representa, Alagoinha do Piauí (PI), que amarga a última colocação, tem nada menos do que 44% de analfabetos.

Os bons indicadores do Rio Grande do Sul, avalia a professora Clarice Salete Traversini, da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), têm explicação em um conjunto de fatores, históricos e culturais. Como a educadora Carla Chamorro, da Unisinos, Clarice destaca algumas características no grupo das campeãs em alfabetização.

Duas delas, em particular, chamam a atenção das especialistas. Primeiro, a constatação de que a maior parte dos núcleos em destaque são de pequeno porte. Em segundo lugar, a existência de uma trajetória comum, baseada na colonização europeia, alemã e italiana.

– Nessas comunidades, historicamente, há uma valorização muito grande da educação, especialmente da leitura e da escrita, o que sem dúvida contribuiu para esses índices. Além disso, por se tratar de cidades pequenas, moradores e poder público estão mais próximos. Isso facilita as coisas – argumenta Clarice.

Embora concorde, o economista Gustavo Ioschpe, especializado em Economia da Educação, avalia com cautela o êxito nas estatísticas. Apesar de positivos, os números podem levar, segundo ele, a uma falsa sensação de que vai tudo bem no ensino gaúcho. Ainda que a quantidade de analfabetos seja menor no Sul e que isso seja motivo de comemoração, a qualidade da educação atual, ressalta Ioschpe, merece atenção.

– O Rio Grande do Sul tem uma educação relativamente boa, mas já foi melhor. É preciso olhar para frente.

Conheça a receita para estar no topo da lista

No município com o menor índice de analfabetismo do Brasil, os investimentos em educação são prioridade. Ao todo, segundo o prefeito Cesar Luiz Assmann, o aporte de recursos na área ultrapassa 25% do orçamento de Feliz, no Vale do Caí.

A notícia de que a cidade alcançou o topo do ranking pegou de surpresa o líder do Executivo e seus subordinados. Com 33 anos de magistério, a secretária municipal da Educação, Beatriz Edelweis Steiner Assmann, desatou a chorar ao telefone, quando era entrevistada por ZH, ontem.

– É uma vitória muito grande. Mostra que estamos no caminho certo. Isso vai nos dar mais força ainda – comemorou.

As ações adotadas em Feliz começam pela Educação Infantil, onde as antigas “tias” deram lugar a professoras formadas, passam pelo Ensino Fundamental, com escolas equipadas com computadores, e seguem até a Educação de Jovens e Adultos (EJA). Com mais de 600 alunos, a EJA é um sucesso no município. Para estimular as matrículas e evitar a evasão, o modelo é não-presencial. Os alunos estudam em casa e têm professores à disposição todas as noites para que possam tirar dúvidas. Ao final de cada curso, as cerimônias de formatura são uma tradição – e um motivo de orgulho e de estímulo. Não raro, unem netos e avôs.

Outro mérito de Feliz é que os educadores também são valorizados, e a formação continuada é uma preocupação constante. Pelo menos uma vez por mês, sempre aos sábados, os professores da Educação Infantil se reúnem para assistir a palestras, participar de oficinas e discutir temas de interesse. Para os mestres do Ensino Fundamental, os meses de julho e fevereiro são destinados ao mesmo fim.

– Entendemos que a capacitação é muito importante e não pode ser deixada de lado. Faz toda a diferença da educação oferecida as nossas crianças. Também é importante destacar a qualidade da nossa rede estadual e privada – ressalta o prefeito.

O RANKING NO BRASIL - Os municípios com os menores índices (%) de analfabetismo entre a população adulta:

1º) Feliz (RS) 0,95
2º) Morro Reuter (RS) 1,04 e São João do Oeste (SC) 1,04
3º) São Vendelino (RS) 1,17
4º) Quatro Pontes (PR) 1,24
5º) Imigrante (RS) 1,32
6º) São José do Hortêncio (RS) 1,37
7º) Águas de São Pedro (SP) 1,45
8º) Balneário Camboriú (SC) 1,5
9º) São Caetano do Sul (SP) 1,55
10º) Pareci Novo (RS) 1,66
11º) Pomerode (SC) 1,68
12º) Bom Princípio (RS) 1,71
13º) Blumenau (SC) 1,77
14º) Jaraguá do Sul (SC) 1,78
15º) Tupandi (RS) 1,8
16º) Timbó (SC) 1,82
17º) Bom Sucesso do Sul (PR) 1,86
18º) Salvador das Missões (RS) 1,87 e Arroio do Meio (RS) 1,87
19º) Chuí (RS) 1,88, Ivoti (RS) 1,88 e Boa Vista do Buricá (RS) 1,88
20º) Santa Maria do Herval (RS) 1,91

sexta-feira, 3 de junho de 2011

ALTERNATIVA DE QUALIDADE

Nos últimos anos, a educação à distância passou a fazer parte do cotidiano dos brasileiros. Muitas pessoas têm tido nessa modalidade de ensino a possibilidade de concretização de um sonho que parecia impossível: fazer um curso superior.

É comum se falar sobre as temeridades inerentes a essa modalidade, que, de fato, são inerentes a qualquer processo educativo. No entanto, cabe aqui chamar a atenção para a contribuição que a educação à distância tem dado para o desenvolvimento da educação brasileira, particularmente na formação de professores. Nesse sentido, é mister ressaltar o papel que as universidades públicas têm exercido, através de sua parceria com o Ministério da Educação e com as redes de ensino estaduais e municipais.

O caso da formação de professores em exercício traz à tona um desafio quase intransponível sem que os recursos da educação à distância sejam utilizados, a saber, a pulverização geográfica. Recentemente, o Fórum de Apoio à Formação Docente do Rio Grande do Sul fez o levantamento da necessidade de formação de professores no Estado. Ainda que estejamos em uma condição até que privilegiada, no cenário nacional, em números absolutos, temos um grande desafio. É preciso formar em nível superior mais de 30 mil professores, espalhados pelos 496 municípios gaúchos. Na maioria deles, não há instituição de educação superior, nem sequer em municípios próximos. Ademais, não podem, esses professores, interromper suas atividades profissionais para se qualificar. Aí, entra a modalidade da educação à distância, a fim de poderem estudar em locais e horários adequados a suas realidades profissionais.

Instituições de educação superior gaúchas têm demonstrado que é possível fazer educação à distância de qualidade, o que, aliás, ficou patente nas cerimônias de formatura dos primeiros cursos de graduação à distância da UFRGS. Ademais, tais experiências têm repercutido no próprio ensino presencial e têm ajudado a solidificar uma nova prática em que não se cogita a substituição da presencialidade pelas situações à distância, mas a decisão pela educação à distância sempre que isso se mostrar vantajoso pedagogicamente. Ou seja, quando há ganhos na aprendizagem.

Com isso, pode-se vislumbrar um futuro (não muito longínquo) em que não se discuta mais quais cursos podem ser à distância, mas o que pode (e deve) ser à distância em cada curso.

SÉRGIO ROBERTO KIELING FRANCO, PROFESSOR, SECRETÁRIO DE ENSINO À DISTÂNCIA – UFRGS - ZERO HORA 03/06/2011

quinta-feira, 2 de junho de 2011

HONRA AO MÉRITO

Marcelo L. dos Santos, professor de História - Zero Hora 02/05/2011

Meritocracia na educação! Ouve-se sempre. Alguém sempre tem uma fórmula mágica que resolverá todos os problemas. Nota-se que o problema da educação são os professores. São eles os responsáveis pela incompetência dos alunos. Eles que não dão conta das 15, 20 turmas com as quais trabalham. Eles que não conseguem corrigir 150 provas no final dos trimestres, avaliando aluno por aluno, anotando alguns erros, arriscando, de certa forma, uma pseudotentativa de corrigi-los. São eles, também, que não preenchem os cadernos de chamada com todos os pontinhos, anotações e observações sobre os mais de 400 alunos.

Sim! Os professores são os culpados. Eles devem tentar outra carreira, psicologia talvez. Psicologia é um bom caminho, já que de vez em quando precisam ponderar alguns comportamentos mais fugazes, através de uma “arte do diálogo” de dar inveja a qualquer discípulo de Freud, diga-se de passagem. São os professores que se esforçam para ensinar sobre desenvolvimento sustentável, por exemplo, e admitir que nada podem fazer a respeito da aprovação do novo Código Florestal. Ou então, que o Brasil é uma República democrática, mesmo sabendo que o seu voto agora defende interesses de um pequeno grupo.

Como ensinar isso aos alunos? O conteúdo pedagógico não estimula. O sistema em si não permite, sufoca o pensamento crítico, pois a burocracia se preocupa em fazer com que os professores tentem em tempo recorde: passar todo o conteúdo, fechar todas as notas, anotar todos os maus comportamentos, conversar sobre os alunos em todos os conselhos de classe etc.

Sobra tempo para o pensamento crítico? Mas, agora, temos uma luz no fim do túnel, a lei será cumprida: em quatro anos (!) teremos nossos contracheques “iguais” à maioria dos professores do país. Nosso mérito está aí, ninguém vê! Somos beneficiados pela lei, coisa rara hoje em dia. E com pouca barganha! Só tivemos que negociar durante algum (longo) tempo para que o governo faça valer o nosso direito.

Há de se relevar que o governo venceu-nos pelo cansaço, qualquer professor já prefere os 10,91% de aumento do que qualquer outro negócio, apesar de a paciência ser uma característica intrínseca do docente e o cansaço uma palavra típica. Se pudesse, destacaria mais algumas justificativas ao mérito do educador, mas preciso corrigir algumas provas, terminou o trimestre e não deu tempo.

MERITOCRACIA - QUEM ESTÁ COMPROMETIDO COM O POVO?

Meritocracia, por Carlos Alberto Cardoso Dias - Médico, Zero Hora 02/06/2011

Procurei a palavra em epígrafe no dicionário da língua portuguesa Barsa e no dicionário de língua portuguesa do professor Celso Pedro Luft e não a encontrei. Encontrei as palavras mérito e meritório. Em ambos, o significado das palavras refere-se a: digno de prêmio, merecedor, valor moral ou intelectual. O que torna uma pessoa, obra ou ação digna de elogio, estima ou recompensa. Consegui encontrar no dicionário online de português a seguinte informação: s.f. sistema (por exemplo, educacional ou administrativo) em que os mais dotados ou aptos são escolhidos e promovidos conforme seus progressos e consecuções. Sistema onde o mérito pessoal determina a hierarquia.

Tenho acompanhado os debates acerca da intenção, em primeiro lugar do governo Yeda Crusius e recentemente do governo federal (sic) de implantar a meritocracia para valorizar o trabalho de funcionários públicos conforme seu desempenho, interesse e dedicação. A imprensa tem veiculado posição contrária a esta proposta dos vários sindicatos ligados a essas categorias, especialmente o magistério.

Qual o motivo?

Os funcionários pagos com os tributos do povo brasileiro não querem ser avaliados e pagos conforme seu desempenho? Esta é uma postura ética? De que maneira podemos saber a opinião da população, que em última análise se beneficia ou se prejudica quando recebe serviços públicos de má qualidade, especialmente quanto ao ensino?

Minha manifestação escrita tem algum valor? Talvez seja de bom alvitre que os sindicatos, usando as polpudas verbas que recebem do governo (leia-se povo), procurassem ouvir o que pensam os usuários de seu serviço. Uma amostragem por domicílio daria um retorno didático.

Penso que todo sistema de avaliação é válido, no mínimo como retorno do serviço que prestamos. Praticamente todas as classes profissionais são avaliadas regularmente, em especial empresários, profissionais liberais e empregados dos mais variados setores são avaliados e remunerados conforme suas qualidades, formação, desempenho etc.

Não vejo motivos para a meritocracia não ser implantada imediatamente no serviço público nacional. Um governo sério, comprometido com a população, não protelaria esta decisão. Aqui talvez resida o grande porém. Quem está comprometido com o povo?