EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

OS ALUNOS ESQUECIDOS



ZERO HORA 28 de agosto de 2015 | N° 18277


EDITORIAIS



Diante do clamor de uma mãe em busca de alternativa para a filha que está sem aulas desde o início do ano por falta de professor em uma turma da Escola Japão, em Porto Alegre, o secretário estadual de Educação, Vieira da Cunha, fez o que deveria se constituir norma nesses casos: pediu desculpas e se comprometeu com solução imediata. Educação infantil é responsabilidade do município, a escola com falta de professor é estadual, mas crianças sem aula nada têm a ver com essas questões, que se prestam apenas para explicações burocráticas. O inadmissível é que um caso desses precise vir a público pela imprensa para o direito das crianças, finalmente, ser atendido.

Como relatou uma das mães, a filha de cinco anos só conta com promessas desde o início do ano, e não aulas. Nove dos 19 alunos conseguiram vagas em outras instituições, mas os demais vão chegar à primeira série sem ter frequentado uma pré-escola ao longo do ano, ficando, portanto, em desvantagem em relação aos demais. O conteúdo não ministrado no devido tempo dificilmente tem condições de ser recuperado a toque de caixa.

Esse prejuízo irrecuperável tem razões conhecidas, que vão da falta de recursos financeiros à de gestão e à de boa vontade, sempre acompanhada de burocracia. Mas é inadmissível que pequenos cidadãos fiquem tanto tempo sem conseguir sequer usar seu material escolar em sala de aula porque os agentes políticos não lhe asseguram professor. Que esse caso sirva de lição para o poder público, de uma vez por todas.

VIOLÊNCIA QUE CERCA AS ESCOLAS



ZERO HORA 28 de agosto de 2015 | N° 18277


VANESSA KANNENBERG


SEGURANÇA. ENSINO COMPROMETIDO


Como faz todos os dias, na manhã de 5 de agosto, o programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, provocou os ouvintes a enviar por WhatsApp histórias sobre um tema que os apresentadores tratariam. Naquele dia, a pauta era o mau desempenho das escolas gaúchas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Entre as centenas de mensagens, um assunto se sobressaiu: a violência.

Professor espancado por familiares de aluno

O professor de Geografia Carlos Geovani Ramos Machado havia planejado, para aquele dia, uma atividade no cinema. A ideia era mostrar outra realidade para os alunos do 7º ano da Escola Municipal Presidente Vargas, em Porto Alegre. Na telona, o filme brasileiro Colegas, sobre sonhos vividos por garotos com síndrome de Down.

Um contratempo após a atividade fez com que aquele passeio tivesse um desfecho trágico. Depois de discutir com um aluno que teria participado do furto do lanche de colegas menores e de levar uma joelhada do estudante, o professor Geovani foi recebido pelos familiares do menino na escola, que o acusavam de ter batido no adolescente. Acabou espancado e humilhado pelos parentes do garoto. Teve os dentes quebrados.

– Achei que tudo estava resolvido. Eles me encheram de desaforo, tentei argumentar. Enquanto explicava, veio um tio do aluno e me deu um soco com um tijolo no rosto. Eu caí, sem reação alguma – conta Machado.


DEPRESSÃO E DIFICULDADE PARA REAGIR EM SALA


Antes de entrar na ambulância, o professor lembra ter acordado e ouvido alunos e pais gritando:

– Tem que bater, linchar.

Aquelas palavras doeram mais que as agressões físicas. Ao recordá-las, não segura as lágrimas.

– Foi muito chocante. É como se a violência não fosse suficiente.

O episódio completou um ano na última quarta-feira. Ainda hoje, o professor tem dentes provisórios, um deles apenas “colado”, visivelmente à frente dos demais.

Geovani não tem dinheiro para corrigi-lo – custaria mais R$ 7 mil. Foram seis dentes danificados. A Secretaria Municipal de Educação (Smed) informa que aprovou o orçamento de R$ 31 mil para a reconstrução da arcada dentária, já que o caso se enquadra em acidente de trabalho. A liberação depende da procuradoria-geral do município, sem previsão. O atendimento psicológico também teve de ser interrompido. Mesmo após ter trocado de escola e voltado a lecionar depois de seis meses, as crises de depressão são frequentes. Geovani conta que perdeu o poder de mediar problemas em sala de aula.

– Se alguém começa uma briga, paro tudo e chamo a direção. Simplesmente, não tenho reação – desabafa o professor, que, dividido entre o amor à profissão e o trauma, estuda para concurso.

Só no último ano, a Smed contabiliza cinco casos considerados graves de violência envolvendo professores. Em todos eles, os agressores não eram alunos, mas familiares ou amigos.

Novo colégio depois de ser esfaqueado

A sensação de insegurança não é apenas dos professores. O sentimento é compartilhado pelos alunos. E o desamparo está dentro e fora dos muros da escola. A 600 metros do Palácio da Polícia, na Avenida Ipiranga, um crime chocou Porto Alegre no mês passado e deixou marcas em Dener Schavinski Stefanello, 18 anos. Ele foi esfaqueado em 8 de julho, a uma quadra do Colégio Protásio Alves.

Dener não quer mais falar sobre o caso. Recuperado do golpe próximo ao coração e de uma hemorragia, voltou à sala de aula só nesta semana. A mãe demorou a encontrar uma escola para a qual ele quisesse voltar. O rapaz se recusava a retornar ao Protásio Alves.

– Todas as opções que apareciam, ele reclamava que são perigosas, que têm violência – conta a mãe do rapaz, Lisiane Schavinski.

O suspeito do crime permanece preso, segundo o delegado Cesar Carrion – outras vítimas também o reconheceram. Um deles é um estudante de Direito, que também foi golpeado com uma faca, mas cuja perfuração parou na jaqueta.

– São casos difíceis de resolver, porque há poucos registros policiais. E quando resolvemos, os criminosos não ficam presos – critica o delegado.

A diretora do Protásio Alves, Ana Maria de Souza, diz que seus alunos, na maioria das vezes, vão até a polícia. Segundo a escola, cerca de 50 estudantes teriam sido atacados no último ano na região. Mobilizados pelo ataque, os estudantes organizaram protestos. Um policial passou a ficar fixo na escola. Mas assaltos seguem frequentes.

– Um PM plantado aqui não resolve, é o reforço de efetivo, a inteligência, a ronda que podem fazer a diferença – afirma a diretora.

NA FALTA DE POLICIAIS, DIRETORA PRECISA AGIR


Em outras escolas, o quadro não é diferente. Na Alcebíades Azeredo dos Santos, com quatro hectares em Viamão, quase no limite com a Capital, não é diferente.

– Não tem um dia em que não entre um aluno e diga: “fui roubado” – diz a diretora da escola, Naira Allem da Veiga.

Com 36 anos de docência pública, na falta de policiamento, ela faz às vezes de policial. Já separou brigas, tirou droga da mão de aluno e expulsou invasor. Os banheiros passaram a ser trancados e para usá-los é preciso pegar a chave na direção. O videomonitoramento serve para verificar suspeitas e também intimidar.

Mesmo assim, Naira se vê impotente. Baleado em um assalto no qual era um dos autores, um aluno, hoje com 15 anos, ficou tetraplégico. Voltou à Alcebíades neste ano para reencontrar a diretora.

– Ele só queria um abraço – recorda Naira.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

CURSOS DE MEDICINA SEM ESTRUTURA

 
G1 FANTÁSTICO Edição do dia 23/08/2015


Cursos de medicina sem estrutura crescem e chegam a custar R$ 7 mil.


Dados do Conselho Federal de Medicina mostram que nenhuma faculdade de medicina do país tirou a nota máxima na última avaliação do Inep.

Que médicos estão sendo formados pelas faculdades de medicina? Um levantamento inédito do Conselho Federal de Medicina mostrou que elas viraram um balcão de negócios. A qualidade do ensino fica em segundo plano. O Fantástico percorreu o país e encontrou escolas sem nenhuma estrutura para formar um médico. E até estudantes atendendo pacientes sozinhos, sem a supervisão de professores.

Não é Natal, nem réveillon. Mas a rodoviária da pequena Mineiros, no interior de Goiás, está lotada. É fim de julho e quem chega com as malas são todos jovens, com uma mesma expectativa. O objetivo é um só: fazer vestibular para medicina.

Mais de três mil alunos vieram de longe pro vestibular da faculdade particular Fama.

Há dois anos, Marcela tenta entrar em medicina. Já encarou mais de vinte vestibulares.
E quando soube de um curso novo em Goiás, ficou animada e viajou 1.200 quilômetros. O vestibular é só o primeiro passo de uma longa carreira. Mas o que esses estudantes podem encontrar pela frente está longe de ser um sonho.

Um estudo inédito do Conselho Federal de Medicina fez uma radiografia do ensino médico no Brasil. E expôs uma realidade preocupante: o número de faculdades disparou nos últimos anos. São instituições em sua maioria particulares, com mensalidades muito altas, que chegam a R$ 11 mil. Só que preço nem sempre quer dizer qualidade.

“Lamentavelmente hoje virou um balcão de negócios a abertura de cursos médicos. Isso é triste. A medicina brasileira está em decadência”, afirma José Hiram Gallo, conselheiro do Conselho Federal de Medicina.

Na nova faculdade de Mineiros, as salas de aula e os laboratórios já estão prontos. Os bonecos de plástico estão no lugar. Mas falta o espaço para a formação prática. Os últimos dois anos do curso de medicina são dedicados ao estágio, chamado de internato.

“Fundamentalmente a medicina precisa de campo de prática, os alunos precisam ser levados para as enfermarias”, Carlos Vital, presidente do Conselho Federal de Medicina.

Internato é diferente de residência, que vem depois da formatura, como especialização.

O MEC exige que, para cada vaga do curso de medicina, deve haver um mínimo de cinco leitos do SUS, ou conveniados, para o internato.

A Fama abriu 200 vagas. Portanto seriam necessários mil leitos. Mas no lugar do futuro hospital universitário, por enquanto, só tem mato. No lugar onde serão os consultórios, também. E onde será construído um campus exclusivo pra faculdade de medicina, só se vê terra.

A rede pública da região também não comportaria os alunos. Só tem 379 leitos. Faltariam mais de 600 leitos para cumprir a exigência do MEC.

O diretor da faculdade garante que fez convênios para ter todos os mil leitos. Para atingir a cota, a faculdade promete vagas de estágio em Goiânia, a mais de 400 quilômetros de distância.

Alessandro Rezende, diretor da Faculdade Mineirense - Fama: A gente tem 1050 leitos conveniados em Goiás.
Fantástico: E são quais hospitais?
Alessandro Rezende: São três em Mineiros, 14 hospitais no interior de Goiás e são mais três grandes hospitais aqui de Goiânia.

“Não precisa ser uma pessoa que viva na área da saúde para saber que essa distância é absolutamente incompatível com esse processo de ensino de aprendizado”, observa Carlos Vital.

Além disso, a Secretaria Estadual de Saúde de Goiás diz que o convênio não existe. “Não foi feito nenhum contato conosco, até o momento, dessa faculdade para a busca de nenhuma possibilidade de nenhuma oferta de campo de estágio”, afirma Nelson Bezerra, da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás.

Por causa da falta de leitos para o estágio, o MEC não autorizou a abertura do curso. Mas a faculdade conseguiu uma liminar na Justiça para funcionar. Os alunos que passaram no vestibular começam as aulas nesta segunda (24), pagando R$ 7 mil por mês.

Fantástico: O aluno que vai estudar lá pode sair mal formado?
Maria do Socorro de Souza, presidente do Conselho Nacional de Saúde: Pode. Pode sair mal formado sim. E é lamentável porque é um custo caro pra família, é um custo caro para a sociedade porque muitos deles podem dispor do crédito educativo.

Só nos últimos cinco anos, foram abertas 81 escolas médicas. Quase a metade do total de faculdades de medicina criadas em mais de 200 anos. O governo federal diz que a abertura de novas faculdades é necessária porque faltam médicos no Brasil.

“Nós estamos ainda muito abaixo do que se espera para que nós possamos atender a nossa população com o número de médicos que queremos”, diz Luiz Cláudio Costa, secretário executivo do Ministério da Educação.

Atualmente, o Brasil tem 1,8 médico por mil habitantes. A média das Américas, incluindo Estados Unidos, é de 2,2. E a da Europa é 3,3.

“O Brasil está muito abaixo ainda do desejável no mundo, até dos nossos países vizinhos”, afirma Luiz Cláudio Costa.

Um especialista em educação médica estudou o surgimento recente de escolas de medicina. E afirma que o número de faculdades existentes hoje já seria suficiente para ultrapassar até os padrões europeus.

“Não há mais necessidade de nenhum curso de medicina novo no Brasil. O Brasil tem falta de médicos, com certeza, mas já houve uma expansão tão grande no número de cursos de medicina que essa falta de médicos vai ser resolvida com os cursos de medicina que já existem. O que o Brasil precisa é de médicos com formação de qualidade”, informa professor titular de Faculdade de Medicina da USP Milton de Arruda Martins.

E qual será a qualidade dos médicos que o Brasil está formando? Uma das respostas pode estar nos estágios que as faculdades oferecem.

Em Porto Velho, existem três faculdades de medicina. Nenhuma tem um local próprio para estágio.

O estudante João Otavio Salles Braga está quase se formando pela Universidade Federal de Rondônia. Ele faz estágio no Hospital Estadual João Paulo II, que está abarrotado de estudantes. “Tem um excesso de alunos, às vezes sete, oito ali para dez leitos”, conta.

Segundo João, os pacientes às vezes se sentem incomodados com tantos alunos: “Imagina, sete, oito pessoas apalparem aquele mesmo lugar. Eu tive paciente que falou: ‘Não, não, não aperta mais não. Já tá doendo, eu sei que tá doendo’. É um ambiente relativamente pequeno para acomodar todos os pacientes ali, mas os médicos, se você bota mais acadêmicos ali dentro, fica mais sobrecarregado", afirma.

Um funcionário diz que os alunos ficam a maior parte do tempo sem supervisão.

Funcionário: Foi um corte que ele teve na face, então foi feita a sutura de forma inadequada.
Fantástico: Mas o estudante fez a sutura sozinho?
Funcionário: Sozinho.

Um professor alerta.

Professor: As pessoas que estão se formando ali vão atender seres humanos daqui a pouco e isso é muito desagradável, pois vão dar um mau atendimento.
Fantástico: Qual pode ser a consequência disso?
Professor: A morte do doente.

O Fantástico visitou o Hospital Infantil Cosme e Damião, também em Porto Velho. Durante duas horas, nossa equipe flagrou vários estudantes, como uma jovem examinando uma criança na emergência, sem nenhum professor acompanhando. Outra aluna atendia uma criança que passava mal.

Mostramos as imagens para o representante de Rondônia no Conselho Federal de Medicina.

“Apalpou, auscultou, fez tudo que não era da competência dela. E sim do médico. Ela poderia até fazê-lo, mas do lado do médico professor”, avalia José Hiram Gallo.

E o segundo caso? “Essa criança precisava de um atendimento médico que estivesse um médico próximo, essa criança poderá ter até a morte por falta de um atendimento”, alerta José Hiram Gallo.

“Se esse tipo de denúncia chega pra gente, a primeira coisa que se faria, se houvesse, era demitir o professor preceptor”, afirma Nina Lee Magalhães, coordenadora acadêmica da Faculdades Integradas Aparício Carvalho.

“Eu vou apurar e será... Esse supervisor será desligado do serviço”, garante Maria Eliza de Aguiar, diretora da Faculdade São Lucas.

O coordenador de estágio da Universidade Federal de Rondônia diz que a presença do professor é indispensável.

“Se ele realizar alguma conduta isso é absolutamente ilegal porque ele não é médico, ele é um aprendiz e está ali pra aprender uma profissão”, diz José Ferrari.

Condições precárias de estágio são apenas uma das deficiências de escolas médicas brasileiras. Dados inéditos do Conselho Federal de Medicina mostram que nenhuma faculdade de medicina do país tirou a nota máxima na última avaliação do Inep, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. Numa escala de um a cinco, mais da metade teve nota menor ou igual a três.

Além das notas baixas, o estudo chama atenção para a abertura de escolas em cidades pequenas, que não têm estrutura para estágio. Nos últimos dois anos, foram 20 casos assim.

“A interiorização dos cursos de medicina com condições de fixação é que nos vão garantir que esses médicos não vão ser atraídos somente para trabalhar nas capitais”, afirma Luiz Cláudio Costa.

O professor da Faculdade de Medicina da USP Mário Scheffer analisou médicos formados no interior, nos últimos 30 anos. E concluiu: apenas um em cada cinco permanece na cidade onde se formou.

“A interiorização dos cursos de medicina é totalmente insuficiente para fixar médicos no lugar. Os médicos formados nesses pequenos municípios migram para os grandes centros em busca de empregos e condições de trabalho e remuneração mais atraentes”, diz Mário Scheffer.

O estado de São Paulo concentra o maior número de escolas médicas do país: 44. O Conselho Regional de Medicina do estado é o único que aplica uma prova para recém-formados. Nos últimos três anos, o desempenho das particulares foi bem pior que o das públicas.

No ano passado, 67% dos alunos da rede pública foram aprovados na avaliação. Na rede privada, apenas 35% passaram.

Da universidade Camilo Castelo Branco, em Fernandópolis, onde a mensalidade custa cerca de R$ 6 mil, só 23% dos alunos passaram na prova. O curso está entre os três piores do estado.

“O risco de um médico mal formado são 43 anos, é a média que um médico depois de formado exerce a profissão, fazendo uma medicina de má qualidade”, diz Bráulio Luna Filho, presidente do Conselho Regional de Medicina de São Paulo.

O número de denúncias de erros médicos no Conselho Regional de Medicina de São Paulo cresceu de 5 para 18 por dia, nos últimos 20 anos. O presidente do conselho atribui o aumento à má formação dos profissionais.

“Antigamente eram denunciados médicos com mais de 15, 20 anos de formado. Agora, não. São médicos com três, quatro, cinco anos de formado. Foi o que nos levou a fazer o exame do conselho”, diz Bráulio Luna Filho.

Pelas leis atuais, aprovados ou reprovados, todos os formados podem exercer a medicina. Mas o Cremesp propõe que só possam trabalhar como médicos os que forem aprovados no exame do conselho.

Em Cuiabá, num dia de festa tão simbólico, essa ideia divide opiniões.

“O bom aluno que estudou, que dedicou, ele não vai ter medo dessa prova, dessa avaliação, visando o bem comum, que é a melhora da medicina e consequentemente da qualidade de vida das pessoas”, opina Pedro Vitor Magalhães, formando em medicina.

“Depois da nossa faculdade, muitos fazem a residência, e pra você passar na residência é necessário passar por um novo processo seletivo, uma nova prova. Então acho que seria desnecessário”, comenta a formanda Camila Leite Teixeira.

Para esses recém-formados, existem duas certezas: o caminho até aqui não foi fácil. E o futuro é cheio de sonhos.

E a Marcela, aquela estudante do começo da reportagem, ainda não passou no vestibular de Mineiros, em Goiás. Já houve seis listas, e ela ainda não foi chamada.