EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

A CGU E AS FALHAS DO PRONATEC




O Estado de S.Paulo 21 Outubro 2014 | 02h 05


OPINIÃO



Entre 2013 e 2014, o governo federal transferiu mais de R$ 4,5 bilhões para as instituições de ensino que oferecem cursos vinculados ao Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), sem exigir que elas prestassem contas ao Ministério da Educação (MEC). O problema foi detectado no Bolsa Formação - o braço do Pronatec que financia cursos de ensino técnico e de qualificação profissional - pelos auditores da Controladoria-Geral da União (CGU).

Eles também informaram que o MEC deixou de cumprir 11 recomendações feitas pelo órgão ao Pronatec, das quais 8 afetam diretamente o Bolsa Formação. Apontaram falhas na execução do programa, chamando a atenção para a falta de controle mais rigoroso da aplicação dos recursos pelas instituições de ensino. Afirmaram que os critérios para o cálculo do custo dos cursos por elas estabelecidos são "inconsistentes" e que os contratos de financiamento não contêm cláusulas que detalhem metas, prazos e garantias, exigindo apenas termo de adesão ou de colaboração. Disseram que o governo não adotou mecanismos que permitam avaliar a qualidade dos cursos, que têm duração média de dois anos. E ainda observaram que o sistema de gestão do Pronatec não é capaz de aferir o número de alunos matriculados que se formaram efetivamente, o que acaba permitindo pagamentos indevidos às instituições de ensino.

O relatório da CGU foi concluído em agosto - ou seja, um mês depois de a presidente Dilma Rousseff, alertada por assessores de marketing político da necessidade de bandeiras fortes na área da educação, na campanha eleitoral, ter anunciado uma nova versão para o programa, chamando-o de Pronatec 2.0. Isso revela que as críticas da CGU já eram suficientemente conhecidas pelo MEC, quando o Pronatec 2.0 foi lançado em julho, com o indisfarçável objetivo de atrair o eleitorado jovem.

Por isso, as metas do Pronatec 2.0 são ambiciosas. Elas preveem a abertura de 12 milhões de novas vagas em 220 cursos técnicos e em 646 cursos de qualificação, entre 2015 e 2018, a um custo estimado de R$ 14 bilhões. Entre 2011 - quando foi lançado - e 2014, o Pronatec realizou, a um custo de R$ 6,2 bilhões, 7,4 milhões de matrículas em institutos federais, escolas técnicas vinculadas a universidades federais, a redes públicas estaduais e a centros de formação administrados por entidades empresariais. Nesses quatro anos, essa rede de institutos e de escolas técnicas cresceu de forma desordenada, sem professores em número suficiente e, em vários Estados, sem condições mínimas de funcionamento.

Como, no início da campanha eleitoral, o candidato Aécio Neves prometeu dar prioridade ao ensino técnico, o governo "repaginou" às pressas o Pronatec, enfatizando, na publicidade, o caráter "emancipatório" do ensino profissionalizante e da educação tecnológica de nível médio.

Por isso, independentemente dos dividendos eleitorais que vier a propiciar à candidata Dilma Rousseff, que o cita recorrentemente em seus discursos, o Pronatec 2.0 foi mal recebido. Além das advertências da CGU às falhas estruturais do programa, especialistas em ensino profissionalizante apontaram outros graves problemas. Eles consideraram irrealista a promessa de 12 milhões de matrículas. Reclamaram da falta de cálculos precisos da demanda de vagas com base no perfil socioeconômico do público a ser alcançado. E lembraram que o MEC, ao elaborar a nova versão do Pronatec, não levou em conta uma avaliação rigorosa das necessidades do mercado de trabalho.

Fundamental para a formação de mão de obra especializada, o ensino técnico é uma alternativa para profissionalizar os jovens que o ensino médio não consegue reter. Contudo, a exemplo do que aconteceu com outros programas do governo na área educacional, o Pronatec não foi concebido a partir de critérios técnicos, mas eleitorais. E isso é evidenciado pelo relatório da CGU, por mais que seus auditores tenham tido o cuidado de afirmar que não apontaram "irregularidades", apenas "falhas".

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

O GRANDE VILÃO: ENSINO MÉDIO OU FUNDAMENTAL?



ZH 17 de outubro de 2014 | N° 17955


MARIA CELESTE LEITZKE*



Não há nada que me incomode mais nos debates e nas propagandas políticas do que quando o assunto é a baixa qualidade do Ensino Médio no Brasil. Justifico:

O real problema do Ensino Médio tem origem na base da pirâmide educacional, que é o Ensino Fundamental. Os alunos estão saindo, há anos, do Ensino Fundamental sem saber ler, escrever e interpretar.

As crianças sempre foram alfabetizadas na primeira série do Ensino Básico. Quando não conseguiam, os pais eram chamados, conscientizados, e a maioria sempre concordava com a escola. Se alguns reclamavam, eram em número infinitamente menor dos que hoje reclamam que seus filhos continuam “passando” de ano, sem saberem nada, inclusive... lógico, ler e escrever.

Faço um trabalho voluntário num local em Porto Alegre que atende crianças até os 16 anos. No Dia do Voluntário, recebi inúmeras cartinhas que queriam expressar o carinho, o afeto e a gratidão que sentiam pelo meu trabalho. Pois bem, apesar de ter sido alfabetizadora por tantos anos, não consegui decifrar a maioria das coisas que queriam me dizer. Alunos de 5ª, 6ª e 7ª séries...

Podem reduzir, no Ensino Médio, número de disciplinas, conteúdos, seja lá o que for, porque se os alunos continuarem entrando nessa etapa sem a fórmula, que não é mágica mas é básica para se aprender seja lá o que for, que é ser plena e devidamente alfabetizado, nada vai mudar. Podem até se formar, mas serão profissionais medíocres.

Foram criadas escolas técnicas para que os jovens consigam ingressar mais rápido no mercado de trabalho. Que tipo de trabalho? Com pouca ou nenhuma instrução, quase semianalfabetos, irão passar a vida toda apertando parafusos ou empilhando tábuas... Para essa função, realmente não há necessidade de saberem ler e escrever. Mas os jovens brasileiros merecem mais do que isso!

Temos de investir muito mais em educação, mas numa educação de qualidade, e ela tem seu primeiro degrau no Ensino Fundamental.

Vejam o que não estão querendo ver... O Ensino Médio é ruim porque o Ensino Básico está péssimo!

Pedagoga, psicopedagoga

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

ENSINO PRIVADO MAIS CARO

ZERO HORA 15 de outubro de 2014 | N° 17953


SUAS CONTAS. Mensalidades escolares devem ter alta de 9,11%



REAJUSTE MÉDIO APURADO pelo sindicato das escolas particulares do Estado é o maior aplicado desde 2009 e está acima da inflação prevista. Acostumados às correções anuais nas mensalidades escolares, os pais devem se preparar para um ajuste mais salgado em 2015. O Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinepe-RS) divulgou previsão de reajuste para o próximo ano em escolas de nível básico: 9,11%. Trata-se do maior aumento desde 2009, quando a pesquisa que prevê os novos valores passou a ser feita regularmente.

– O cenário econômico influencia boa parte das decisões das escolas. Não se sabe para que lado vai a inflação no próximo ano. Se subir muito, as instituições só poderão recuperar em 2016 – avalia o presidente do Sinepe-RS, Bruno Eizerik.

Além disso, pesam sobre o índice os investimentos feitos em quadras esportivas e laboratórios, reajustes salariais para os professores e custos de manutenção, afirma Eizerik:

– Não é apenas a população que sente a inflação. As escolas também estão enfrentando correções elevadas com luz e aluguel, por exemplo.

A correção supera em quase três pontos percentuais a inflação oficial prevista para este ano, que está em 6,45%, conforme o Banco Central. A pesquisa do Sinepe foi feita com 115 instituições no Estado, e mostra uma média geral. A maior parte das grandes instituições não divulgam seus índices. ZH tentou contato com 10 das maiores escolas, mas todas afirmaram que ainda não definiram percentuais.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

ERA UMA VEZ UMA ESCOLA INCLUSIVA...,


 


ZERO HORA 10 de outubro de 2014 | N° 17948


SÍLVIA SPERLING CANABARRO*



A inserção da criança com transtorno global do desenvolvimento na escola regular ainda é uma questão polêmica, e o autista com prejuízo intelectual é um desafio maior para o sistema educacional, pois necessita da implementação de alternativas curriculares que incluem não só a presença de um assistente individual, mas a participação efetiva do professor. O que ocorre, em muitas situações, é a falsa inclusão.

As escolas, na maioria das vezes, abrem somente a porta da sala de aula para a criança com deficiência e, assim, ela depende da sorte e boa vontade do professor. Nesta inconstância, há anos em que o docente se engaja com o assistente e cria estratégias para envolver o aluno nas atividades pedagógicas e culturais, aproximando-o dos demais colegas. E há infelizes anos em que a criança depara com um professor desinteressado e sem iniciativa para incluí-la no grupo, recaindo toda a responsabilidade de cuidado e transmissão de conteúdos sobre o assistente.

A aula segue moldada aos métodos convencionais, e o aluno com deficiência segue sendo o espectador desse teatro.

Então, por que impor uma lei de inclusão para os gestores de escolas regulares, se na prática temos um atendimento muitas vezes superficial e artificial? Sejamos francos! Se a escola não está apta a trabalhar com uma criança com deficiência intelectual, que a encaminhe para outra instituição de ensino. Se o caso da criança mostra-se severo ou sua limitação cognitiva implica baixo aproveitamento de conteúdos, então, que seja sugerida à família a opção da escola especial.

Mas deixemos o “faz de conta” restrito às brincadeiras infantis. Já somos obrigados a enfrentar desafios diários com nossos filhos diferentes e não merecemos ter que agradecer a mísera oportunidade de um espaço físico que os acolha. Exigimos mãos que façam, mentes que criem e olhares que guiem.

*Nutricionista