ZERO HORA 10 de outubro de 2014 | N° 17948
SÍLVIA SPERLING CANABARRO*
A inserção da criança com transtorno global do desenvolvimento na escola regular ainda é uma questão polêmica, e o autista com prejuízo intelectual é um desafio maior para o sistema educacional, pois necessita da implementação de alternativas curriculares que incluem não só a presença de um assistente individual, mas a participação efetiva do professor. O que ocorre, em muitas situações, é a falsa inclusão.
As escolas, na maioria das vezes, abrem somente a porta da sala de aula para a criança com deficiência e, assim, ela depende da sorte e boa vontade do professor. Nesta inconstância, há anos em que o docente se engaja com o assistente e cria estratégias para envolver o aluno nas atividades pedagógicas e culturais, aproximando-o dos demais colegas. E há infelizes anos em que a criança depara com um professor desinteressado e sem iniciativa para incluí-la no grupo, recaindo toda a responsabilidade de cuidado e transmissão de conteúdos sobre o assistente.
A aula segue moldada aos métodos convencionais, e o aluno com deficiência segue sendo o espectador desse teatro.
Então, por que impor uma lei de inclusão para os gestores de escolas regulares, se na prática temos um atendimento muitas vezes superficial e artificial? Sejamos francos! Se a escola não está apta a trabalhar com uma criança com deficiência intelectual, que a encaminhe para outra instituição de ensino. Se o caso da criança mostra-se severo ou sua limitação cognitiva implica baixo aproveitamento de conteúdos, então, que seja sugerida à família a opção da escola especial.
Mas deixemos o “faz de conta” restrito às brincadeiras infantis. Já somos obrigados a enfrentar desafios diários com nossos filhos diferentes e não merecemos ter que agradecer a mísera oportunidade de um espaço físico que os acolha. Exigimos mãos que façam, mentes que criem e olhares que guiem.
*Nutricionista
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