EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

O GARGALO DA MÃO DE OBRA


ZERO HORA 21 de janeiro de 2013 | N° 17319

EDITORIAIS


No momento em que o país atinge as menores taxas de desemprego dos últimos 10 anos, a escassez de mão de obra especializada evidencia-se como uma barreira para a competitividade e para o desenvolvimento. E o mais desafiador é que não faltam apenas profissionais para áreas estratégicas, como ciência e tecnologia. Também há uma carência crescente de trabalhadores domésticos, que estão encontrando colocação e vantagens trabalhistas em empresas que optam por treinar colaboradores pouco qualificados.

O lado bom desta realidade é o pleno emprego, com a abertura de oportunidades para pessoas sem formação profissional. O lado ruim – e preocupante – é a ausência de mão de obra qualificada para assegurar o salto de desenvolvimento que o país pode e precisa dar. Recente seminário sobre Inovação e Desenvolvimento Econômico, promovido pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e pelo jornal Valor Econômico, alinhou a escassez de mão de obra especializada ao lado da inexistência de marco regulatório em alguns setores da economia e de deficiências de infraestrutura como principais entraves à competitividade nacional.

Embora falte uma política governamental mais agressiva de formação profissional e de qualificação da educação, essa responsabilidade também precisa ser compartilhada pelos setores empresariais interessados na contratação de trabalhadores qualificados. Mesmo considerando-se que os empresários contribuem para o Sistema S (Sesi, Senai, Senac, Sesc e Senar), que é o maior formador de profissionais através de seus cursos regulares, a disponibilidade de vagas é insuficiente diante da demanda. E isso que o crescimento do país está represado.

Pesquisa recente da Confederação Nacional da Indústria indica que a falta de mão de obra qualificada afeta 69% das empresas. Muitas mantêm cursos internos de capacitação, mas não conseguem formar trabalhadores na velocidade necessária, até mesmo porque a maioria tem deficiências de formação básica. Por isso, também, é indispensável a melhora de qualidade do ensino – e essa é uma atribuição do poder público.

Num cenário de crise mundial, o Brasil tem potencial para se tornar um fornecedor de produtos e serviços para muitos países, pois dispõe de matéria-prima, energia e alimentos em abundância. Mas, para transformar esses serviços em riqueza, necessita de cientistas, técnicos e profissionais com especialização. E não há como fazer isso de um dia para o outro, pois o preparo de um bom profissional exige conhecimento, treinamento e prática. Difícil. O Brasil está entre os países que mais têm dificuldade em encontrar profissionais para vagas especializadas, conforme levantamento da empresa Manpower, que atua na área de recursos humanos. Superar este gargalo do desenvolvimento é um desafio que precisa ser assumido por todos os setores da sociedade.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Cresce no Brasil a mão de obra desqualificada que, sem conhecimento e sem prática para sobreviver no mercado de trabalho, passam a viver na informalidade e na vadiagem. A origem desta "desqualificação" está na educação precária oferecida pelo Estado onde só se aprende conhecimento científico sem serem apresentadas e estimuladas às práticas em áreas reconhecidas pela vocação identificada no talento que possuem. O reflexo está aí no imenso número de vagas sem serem preenchidas por pura falta de mão obra qualificada, obrigando as empresas buscarem especialistas em outros países.

sábado, 19 de janeiro de 2013

O "CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS"

O Estado de S.Paulo
19 de janeiro de 2013 | 2h 03

OPINIÃO


Alegando que o governo tem o direito de estabelecer prioridades em matéria de financiamento ao ensino e à pesquisa, o Tribunal Regional Federal (TRF) da 5.ª Região cassou a liminar concedida pela Justiça Federal do Ceará que determinava a inclusão de 20 cursos da área de ciências sociais no programa Ciência sem Fronteiras, beneficiando com isso estudantes de letras, sociologia, artes, publicidade e comunicação. Segundo o relator do processo no TRF, desembargador Manoel Erhardt, ao ampliar a abrangência desse programa - que concentra suas bolsas nas ciências exatas e biológicas, áreas nas quais o Brasil tem um grande déficit de profissionais qualificados -, a Justiça Federal cearense "comprometeu a filosofia" do Ciência sem Fronteiras".

A liminar suspensa pelo TRF da 5.ª Região havia sido concedida em dezembro a pedido do Ministério Público Federal, que acolheu uma reivindicação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Em sua 64.ª reunião, realizada em julho de 2012, a entidade reivindicou a concessão de bolsas para pesquisadores de ciências humanas, sob a justificativa de "aprimorar a área e fortalecer a política nacional de pós-graduação".

Em resposta, os ministros de Ciência e Tecnologia e de Educação alegaram que o déficit de engenheiros, médicos, biólogos, químicos e tecnólogos é um obstáculo para o desenvolvimento do País. "O problema não está na área de ciências sociais, mas, principalmente, nas de engenharias. Nas humanidades, o Brasil já tem uma expressão bastante grande", disse o ministro Aloizio Mercadante.

Embates judiciais e pressões corporativas têm sido um dos principais entraves para a modernização do sistema educacional e do sistema de fomento à pesquisa e qualificação do pessoal do ensino superior. Lançado há um ano, o Ciência sem Fronteiras prevê a concessão de 101 mil bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado no exterior.

As primeiras bolsas se destinaram a estudos nos Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, França e Itália, nas áreas de matemática, física, química e biologia. Os editais seguintes deram prioridade às engenharias e às ciências aplicadas, como nanotecnologia, biotecnologia, computação, tecnologia de comunicação, tecnologia mineral, petróleo, gás e carvão mineral.

O programa tem sido elogiado pela iniciativa privada, que há muito tempo reivindica mão de obra qualificada. O crescimento da economia, ainda que modesto no ano passado, agravou o problema do déficit de profissionais preparados no mercado de trabalho. Na área financeira, a escassez de engenheiros chegou a tal ponto que os bancos, as seguradoras e os fundos passaram a contratar profissionais recém-formados em matemática, física e ciências atuariais para trabalhar em atividades que normalmente são exercidas por especialistas em engenharia financeira, como análise de risco, modelagem, precificação e uso de plataformas de investimentos com base em algoritmos.

A comunidade acadêmica também recebeu bem o Ciência sem Fronteiras, apesar das reivindicações da área de ciências humanas e sociais para ser agraciada com bolsas de estudo no exterior. Por causa dessas pressões, as autoridades educacionais assumiram uma posição ambígua. Apesar de o TRF da 5.ª Região ter cassado a liminar que permitia a participação de universitários da área de ciências humanas e sociais no Ciência sem Fronteiras, as duas agências de fomento responsáveis pelo programa - a Capes e o CNPq - mantiveram as inscrições desses alunos. No entanto, não deixaram claro se, ao final do processo de avaliação dos currículos e dos projetos de pesquisa, eles receberão bolsas - o que pode levar a novos recursos nos tribunais.

O governo acertou ao lançar um programa que reduz a distância entre as universidades brasileiras e as estrangeiras mais conceituadas nas áreas de conhecimento estratégicas para o desenvolvimento do País. Contudo, pressões corporativas e a incerteza causada por decisões judiciais que alteram as regras do jogo podem comprometer o sucesso desse programa.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

A FALTA DE MÃO DE OBRA QUE ASSUSTA O PAÍS

FOLHA.COM 18/01/2013 - 03h30

Fábio Gandour

Se antes a riqueza do país era produzida com métodos simples, hoje toda a produção é mais complexa. A exploração do pré-sal ilustra bem essa complexidade, que vai da física em águas profundas à economia da distribuição dos royalties. Nesse cenário, o mercado se assusta com a falta mão de obra!

Essa constatação tem sido tão recorrente que adquiriu um caráter meio paralisante. Parece que sempre vai faltar profissional para qualquer coisa que se queira fazer. Se a falta é preocupante, mais assustadora ainda é a hipótese de que o suprimento dessa mão de obra só pode ser feito pela educação tradicional, um processo demorado e sem garantia de resultados.

Outro agravante do mesmo cenário é explicado pela diferença entre o que as empresas querem e o que o mercado oferece. A necessidade é de gente com conhecimentos de ciências mais "duras", como matemática, física, química e biologia, por exemplo, e a oferta que predomina no mercado é de graduados em áreas menos "duras", como economia, administração, direito e ciências sociais.

Apesar de tudo, essa escassez pode ter uma solução possível, quase milagrosa! Vamos começar notando que a carência predominante não é de doutores e profissionais altamente especializados. Recursos humanos com credencial acadêmica elevada podem ser até pontualmente úteis, mas a maior demanda é de um profissional que saiba ouvir, entender e se comunicar em linguagem técnica, seja ele engenheiro, advogado, economista ou, até, padre!

A aquisição desse tipo de aptidão pode ser feita através do treinamento em uma matéria escolar incomum no Brasil, chamada "Technical Writing". Acredito que a tradução para o português é tão literal quanto imperfeita: Redação Técnica. "Technical Writing" é uma disciplina que, em certos países desenvolvidos, começa a ser ensinada muito cedo, já no segundo grau.

A matéria não ensina apenas a escrever coisas técnicas. Ela ensina expressão técnica, oral e escrita. Quem adquire esta capacidade de expressão, de fato, aprende o que observar no mundo ao seu redor e, principalmente, como este mundo deve ser observado.
Veridiana Scarpelli/Folhapress



Isso é coisa séria. Tão séria que se você fizer uma busca com as palavras "Technical Writing" em qualquer internet da vida, vai levar um susto com o resultado! Há sites, blogs, cursos, empresas e livros, tudo dedicado ao assunto.

Ao aprender a observar alguma coisa e a descrevê-la para que seja razoavelmente compreendida por outra pessoa, o estudante adquire a habilidade verbal e escrita de comunicar o que viu e entendeu. Do feijãozinho brotando ao teorema de Pitágoras, passando pela diferença entre sunitas e xiitas.

Agora, se alguém imaginou que Redação Técnica, a qual é melhor chamar de Expressão Técnica Oral e Escrita, serve para escrever manuais pouco úteis como estes que tentam ensinar o uso do novo modelo de celular, bom saber que não é nada disso. A disciplina tem requerimentos próprios. De precisão, de síntese, de clareza e de sintaxe.

O que os meios de produção precisam com urgência no Brasil é de um monte de gente mais operacional que, mesmo graduada em áreas de ciências menos duras, possa se submeter a um treinamento de Expressão Técnica Oral e Escrita (com letras maiúsculas, como convém ao nome de um curso). E a duração será proporcional à profundidade do conhecimento técnico necessário.

Com algum esforço, para a criação rápida de docentes dessa nova matéria, ela pode ser oferecida por instituições de ensino já existentes, como universidades, escolas técnicas e o sistema S, os operadores do "quase milagre" necessário.

FÁBIO GANDOUR, 60, formado em medicina e ciências da computação, é cientista-chefe da IBM Brasil

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

MOCHILAS BLINDADAS


FOLHA.COM. 14/01/2013

Editorial


As seguidas tragédias provocadas por atiradores ensandecidos nos Estados Unidos elevaram a procura por um item ainda pouco conhecido no Brasil: as mochilas escolares a prova de balas.

Uma loja de armas de Salt Lake City que comercializa o produto relata ter recebido 200 pedidos em apenas um dia logo após o massacre de Newtown, em dezembro, que resultou na morte de 20 crianças e seis funcionários da escola primária Sandy Hook.

O acessório já existe há alguns anos. A Backpackshield ("mochila-escudo"), do Texas, começou a vender mochilas blindadas "a pais protetores e preocupados" em 2007, após a morte de 32 pessoas na Universidade Virginia Tech.

O preço é alto, mas não chega a ser proibitivo. A BulletBlocker ("bloqueadora de balas"), de Massachusetts, oferece versões entre US$ 209 (R$ 424) e US$ 469 (R$ 952), incluindo um modelo com camuflagem militar. "A segurança de seu filho: ter sua mente em paz é o nosso negócio", diz o slogan.

De fato, é difícil ficar tranquilo. Após o último massacre, encorpou nos EUA o debate sobre restrições à compra de fuzis. Como consequência, a procura por armas aumentou --muita gente quer garantir a sua enquanto há tempo. Só em dezembro, 2,8 milhões de pessoas solicitaram antecedentes criminais --um termômetro da venda de armas.

O comércio aquecido sugere a força do lobby armamentista e aponta para os problemas que o presidente Barack Obama terá para aprovar medidas restritivas. Seria ingenuidade, contudo, supor que apenas nos EUA o mercado da segurança privada se alimenta da insegurança pública.

Segundo dados oficiais, existem no Brasil 1.500 empresas que atuam no setor e 540 mil vigilantes. Um estudo da Organização dos Estados Americanos, porém, estima números maiores: 2.904 empresas e 1.675.415 profissionais --contra somente 330.940 policiais.

Mau sinal. Sempre que o Estado falha em regular os relacionamentos humanos, ressurge o fantasma da guerra de todos contra todos e a tentativa de converter cada canto em uma fortaleza.

No Brasil, a demanda por mochilas blindadas é pequena, já que episódios como o da escola do Realengo, em 2011, são raros. Mas arrastões, em condomínios ou restaurantes, fazem parte do cotidiano de muitas cidades brasileiras.

Parcelas crescentes da população buscam saída em couraças particulares, mas cabe ao Estado oferecer uma solução coletiva a esse problema da vida pública.

sábado, 12 de janeiro de 2013

TALENTOS DESPERDIÇADOS

REVISTA ISTO É N° Edição: 2252, 12.Jan.13 - 18:34

Cerca de 5% das crianças e dos adolescentes brasileiros são superdotados. Por que o País tem tanta dificuldade para identificar e desenvolver esses pequenos gênios, que acabam indo para o Exterior

Rachel Costa e Natália Martino


MENINO PRODÍGIO
Matheus Camacho conquistou o ouro na Olimpíada Internacional
e Ciencias, superando estudantes mais velhos, e chamou
a atencao do júri, ao conquistar a nota máxima


Matheus Camacho é brasileiro, estudante do nono ano e medalha de ouro na etapa experimental da Olimpíada Internacional de Ciências, uma das competições científicas estudantis mais difíceis do mundo. A sua conquista só foi revelada publicamente na semana passada. Do alto de seus 14 anos recém-completados, o tímido aluno que ainda nem terminou o ensino fundamental foi ao Irã no mês passado. Enfrentou adversários do mundo inteiro, a grande maioria garotos mais velhos do ensino médio, e voltou para casa com uma conquista inédita para o País: o primeiro lugar em uma das etapas mais difíceis da Olimpíada. Na competição que venceu, ele e seus dois companheiros tiveram de resolver problemas práticos de biologia, física e química, disciplinas que ele viu pela primeira vez no ano passado, em aulas especiais no contraturno, já que elas não constam na grade do ensino fundamental. Além do pódio, a equipe de Matheus conseguiu outro feito: tirou nota máxima na prova, chamando a atenção até mesmo do júri. Habituado a encontrar indianos, chineses e russos, mas não brasileiros, entre os primeiros lugares, o locutor não se conteve ao anunciar o título: “Olha, o Brasil não é bom só no futebol”, brincou. A surpresa se justifica. Apesar de querer ser grande, falta ao País uma política sólida para a valorização de talentos – coisa que outros emergentes como China e Índia, com seus tropeços e acertos, têm se empenhado mais em desenvolver. É certo que o grande desafio nacional dos últimos 15 anos foi universalizar a educação, esforço inegavelmente necessário, mas que teve como ônus desnecessário a negligência com os alunos com altas habilidades.



Entre nossas crianças e nossos adolescentes, se usada a base de cálculo sugerida pelo americano Joseph Renzulli, uma sumidade nas pesquisas de superdotação, teríamos cerca de 3,15 milhões de brasileiros com altas habilidades. O número equivale a 5% da população infanto-juvenil. “Essa é a percentagem mais usada, embora haja outros sistemas de identificação possíveis que levam a outros percentuais”, afirma o pesquisador, diretor do Centro Nacional de Pesquisa em Superdotados e Talentosos da Universidade de Connecticut, nos Estados Unidos. Mas, se pela régua de Renzulli estamos falando em milhões, nos dados do Ministério da Educação (MEC) o número de superdotados nas escolas não passa de 11 mil, de acordo com o Censo de 2011. Onde estariam, então, nossas crianças e nossos adolescentes com altas habilidades? “Na própria escola, mas não há quem as identifique”, diz Susana Barrera Pérez, presidente do Conselho Brasileiro para a Superdotação e uma das poucas referências sobre o tema no País. “Não há uma só linha de pesquisa sobre o assunto nas universidades brasileiras e o tema passa batido para os alunos de graduação, que serão os futuros educadores. Sem formação adequada, como eles vão saber identificar esses alunos?” No ensino superior, a única instituição a oferecer uma cadeira sobre superdotação a seus futuros educadores é a Universidade de Brasília (UnB) e, em todo o País, há apenas 13 doutores dedicados ao assunto, incluindo Susana. Nos Estados Unidos, país com maior número de prêmios Nobel, são 29 Estados com programas de mestrado e, em pelo menos 21 Estados há linhas de pesquisa no doutorado voltadas para a superdotação, segundo o último relatório da Associação Americana para Crianças Superdotadas.





Sem conhecimento adequado, proliferam mitos e preconceitos sobre as crianças com altas habilidades dentro das escolas brasileiras. Um deles é o de que esses meninos e meninas são casos raríssimos de prodígios ou gênios com grande conhecimento acadêmico – o que não é necessariamente verdade (leia quadro à pag. 45). Nas quase duas décadas em que trabalha com o tema, Susana se acostumou a ouvir em suas palestras professores dizendo que não possuíam alunos com altas habilidades. “Trabalho na periferia, isso é coisa de escola particular”, costumam bradar os educadores. “Com duas horas de palestra, porém, eles já mudam de opinião e conseguem se lembrar de estudantes com altas habilidades.” Para tentar corrigir esse problema, o MEC iniciou em 2008 um tímido projeto de criação dos Núcleos de Atividades de Altas Habilidades (NAAHs), que deveriam servir como centros para reunir e desenvolver nossos pequenos talentos. Cinco anos depois, porém, além de poucos (são apenas 27 centros, restritos às capitais), vários desses núcleos não estão nem em funcionamento, como atestou Susana ao fazer um estudo sobre os NAAHs. “E a dificuldade para capturar os talentos não é exclusiva à rede pública. Ocorre também na rede privada.” Para ser brilhante no Brasil, mais que ter altas habilidades, é preciso ter sorte.
Simone Camacho, mãe de Matheus, reconhece que se seu filho hoje está satisfeito com suas conquistas foi por uma feliz conjunção de fatores. Uma professora mais dedicada na infância, a sorte de encontrar uma psicóloga especializada em altas habilidades quando suspeitou que o menino estava deprimido, um vizinho que também tinha altas habilidades e um professor que passou a atuar como guia de Matheus nos estudos. Nem todos, porém, contam com essa sorte e por isso é preciso existir uma política pública nacional para encontrar esses jovens talentos. “Talvez, os alunos que estejam em situação mais desconfortável na escola hoje sejam os talentosos, em especial na rede pública”, diz Ricardo Madeira, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (USP). “Sem estímulo, eles se sentem perdidos”, afirma Madeira, que no último ano divulgou um estudo mostrando que só de mudar esses pequenos talentos de escola – dando-lhes a oportunidade de estudar em instituições de melhor qualidade – o potencial de aprendizagem deslancha.



O professor da USP comparou estudantes do sétimo ano da rede pública “fisgados” pelo Instituto Social para Motivar, Apoiar e Reconhecer Talentos (Ismart) com seus pares. Enquanto os primeiros foram para colégios melhores, os demais seguiram nas mesmas instituições. Após dois anos, a média daqueles que haviam mudado estava muito maior. Marco Antônio Pedroso, 21 anos, foi para o programa em 2005, após conquistar um ouro na Olimpíada Paulista de Matemática. A oportunidade representou uma guinada para o menino, que, em um colégio melhor, se sentiu desafiado. “Antes eu só tirava 10, mas estava acomodado”, afirma. A dose de ânimo fez Pedroso ganhar outros prêmios olímpicos e criar, ele próprio, com a ajuda do irmão mais novo, um projeto para formar outros medalhistas em sua cidade natal, Santa Isabel, a 60 quilômetros de São Paulo. “Queria que os alunos soubessem das olimpíadas para que elas os ajudassem da mesma forma como me ajudaram”, diz. Desde junho de 2010, Pedroso acompanha de longe o projeto que criou. Nos Estados Unidos o jovem agora dedica seu tempo às aulas do Massachusetts Institute of Technology (MIT).



“A educação inclusiva está falhando ao excluir esses alunos com altas habilidades”, diz Ângela Virgolim, referência brasileira quando o assunto é superdotação e professora do departamento de psicologia escolar e desenvolvimento da UnB. Do mesmo modo que as crianças com déficit, as altamente talentosas estão incluídas no capítulo da educação especial do sistema educativo brasileiro. A razão é porque nos dois extremos deve-se ter atenção extra para ajudar os estudantes a se desenvolver de forma saudável. O que ocorre na realidade das escolas, porém, passa longe do previsto. “Ao contrário da deficiência, na alta habilidade não existe uma marca física, o que torna mais difícil definir quem são esses estudantes”, diz Susana. Somem-se a isso os mitos que acompanham os alunos com altas habilidades. “O pior deles é aquele que diz que o superdotado não precisa de ajuda porque vai cumprir tudo por sua conta”, disse à ISTOÉ Ella Cosmovici, autora de “Nossas Crianças Superdotadas” (2011) e professora da Universidade de Stavanger, na Noruega. Abandonado pelo sistema, é comum esse aluno não saber que caminho percorrer, como aconteceu com Leonardo Florentino, 14 anos. “Eu não gostava da aula porque era tudo muito básico. Aí os professores me mandavam ir estudar sozinho na biblioteca”, diz. O conflito com a escola só terminou no terceiro ano, quando ele conseguiu uma bolsa em outra instituição, repleta de aulas extras na grade curricular, e começou a acumular troféus em campeonatos de conhecimento. Em casa, coleciona medalhas de matemática, física, química, astronomia, robótica e redação.
Em muitos casos, a reclamação da aula enfadonha poderia ser resolvida com uma atitude simples: avançar a criança para o ano seguinte. “No Brasil, porém, a aceleração ainda é um tema bastante polêmico, embora em outros países seja muito claro que a criança deve ser acelerada quando necessário”, afirma a professora Ângela, da UnB. A advogada Cláudia Hakim, 41 anos, conhece bem de perto esse drama. Seus dois filhos, uma menina de 11 anos e um menino de 8, têm superdotação e a sugestão para que fossem avançados de turma foi feita por um psicopedagogo que os avaliou após a coordenadora pedagógica do colégio perceber o desenvolvimento acelerado das crianças. A dificuldade, porém, veio de cima, da diretoria de ensino, órgão ligado à Secretaria Estadual de Educação de São Paulo. No caso da menina, a batalha já está resolvida e a matrícula legalizada. Já o menino se mantém na turma avançada por uma liminar judicial. Os problemas consecutivos tornaram a mãe uma militante da causa. Só no último ano, Cláudia advogou para 15 famílias em situação semelhante. “É direito nosso e temos de lutar por ele”, diz. O nó quando se fala em aceleração não está na lei, mas sim no sistema educacional. “Nossas escolas não contam com a figura do psicológo educacional, que é o profissional que vai comparar o desempenho acadêmico com a maturidade emocional e dar o parecer sobre a possibilidade de a criança acompanhar as aulas com alunos mais velhos”, diz a professora Ângela.




Negligenciar o desenvolvimento desses talentos não é prejudicial apenas para eles. Ao agir dessa forma, o País perde, no mínimo, boas oportunidades. “Crianças com altas habilidades são um precioso recurso nacional que precisa ser protegido, nutrido e desenvolvido”, disse à ISTOÉ Steven Pffeifer, professor da Universidade Estadual da Flórida e autor do “Manual para Superdotação em Crianças” (2009). Pffeifer é autor de um teste para identificar superdotados, bem popular entre colégios americanos. Sem investir em programas para altas habilidades, esse recurso se esvai. “Perdem-se líderes, invenções, profissionais com potencial para se tornar nomes de destaque em diversas áreas do conhecimento”, afirma o brasileiro Nielsen Pereira, docente da Universidade de Kentucky, nos Estados Unidos, ele próprio um pesquisador que saiu do País para desenvolver suas pesquisas.





O resultado é que seja no futebol, seja na academia ou nas artes, os brasileiros com altas habilidades geralmente têm o mesmo destino: o Exterior. Só na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, o número de estudantes do País subiu 20% entre 2007 e 2011. Um deles é Gabriel Guimarães, 19 anos, recém-admitido pela instituição. A decisão de buscar formação fora foi tomada há quatro anos e veio depois de seguidas frustrações no sistema de ensino brasileiro. O primeiro contato com a universidade americana foi por meio de um de seus cursos online, no fim do ensino médio. Enquanto a maior parte dos alunos levou quatro meses para assistir a todas as aulas virtuais, Guimarães viu tudo em três semanas. Quando fez a aplicação para Harvard, não deu outra: foi selecionado. A aplicação é apenas uma das formas que essas instituições mantêm para conseguir as melhores cabeças. “Nas olimpíadas acadêmicas internacionais sempre há ‘olheiros’ das grandes universidades. Quando o aluno desce do pódio, eles já entregam o cartão convidando-o a conhecer a instituição”, diz o professor de física Ronaldo Fogo, responsável pelas turmas olímpicas de física do Colégio Objetivo de São Paulo. Fogo foi quem ajudou Matheus Camacho a se encontrar no universo das ciências. Acostumado a lidar com alunos olímpicos, o professor sabe que o futuro que espera Matheus, assim como tantos outros de seus alunos, está nas universidades internacionais. “O Brasil está perdendo o bonde da história por essa dificuldade de identificar, desenvolver e reter nossos talentos.”

POR QUE O PISO É UMA MIRAGEM

 
ZERO HORA 12 de janeiro de 2013 | N° 17310

PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRA



Quando se toma isoladamente o valor do piso salarial de 2013, fixado em R$ 1.567, parece absurdo dizer que é impagável em um Estado como o Rio Grande do Sul. Quem conhece a situação das contas públicas, o plano de carreira do magistério e suas ramificações, entende por que o governo de Yeda Crusius não pagou o piso, seu sucessor, Tarso Genro, não pagará e dificilmente o próximo conseguirá cumprir essa obrigação legal.

Não se trata do pagamento de R$ 1.567 por 40 horas semanais de trabalho. Esse é um valor irrisório e nenhum professor receberá menos do que isso na rede estadual, porque o governo paga um complemento para alcançar o piso. Em dezembro, 32.806 professores receberam esse adicional porque ganhavam menos do que o piso. Em janeiro, serão 34.920. Em fevereiro, quando entra em vigor o reajuste de 6%, o número dos que continuarão abaixo do piso cairá para 32.762 e esses receberão a parcela extra para chegar a R$ 1.567.

O problema para o caixa do Estado é que, em se tratando de magistério, tudo é superlativo. São 159.329 professores, dos quais 82.634 inativos. Mais de 80% estão nos níveis 5 e 6, os últimos de uma carreira com subdivisões que vão de A a F. Como o piso é o básico sobre o qual incidem as vantagens de tempo de serviço e adicionais como o difícil acesso e gratificações, a conta cresce exponencialmente. O piso em si teve um acréscimo de R$ 116 de 2012 para 2013, mas o impacto global a Secretaria da Fazenda ainda não conseguiu fazer porque não se trata de aplicar 7,9% na folha de pagamento. O cálculo é individual e cada professor tem uma situação particular.

O discurso do governo Tarso Genro é de que, com os aumentos dados aos professores, até 2014 ele estará pagando, com correção pelo INPC, o piso que nasceu valendo R$ 950. Pelos cálculos da Secretaria da Fazenda, o piso corrigido pelo INPC seria de R$ 1.250,91 no final de 2014. Com os reajustes oferecidos, o Estado estará pagando R$ 1.260,19. Só que não é isso o que diz a lei considerada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Mesmo que o critério de reajuste venha a ser alterado, o que vale hoje é a correção pelo Fundeb. Em janeiro do próximo ano, o piso terá outro aumento e a distância que separa o valor oficial do que se paga no Rio Grande do Sul será ainda maior no início do próximo governo.


ALIÁS


Há dois anos, o governo calculava que a implementação plena do piso teria um impacto superior a R$ 2 bilhões anuais. Depois disso, o piso teve o aumento de 22,22% em 2012 e o de 7,9% aprovado para este ano.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - O problema não é de caixa do Estado, pois se assim fosse não serão aprovados  reajustes para os já altos salários do Judiciário, do MP e do Legislativo que vêm aí em cascata diante do aumento dado ao STF. O problema está na desvalorização de direitos sociais vitais para o povo que o Estado trata com descaso e argumentos demagógicos e falaciosos. Os professores prestam um serviço público essencial e importante para a sociedade. Chega de valorizar a política e desprezar a educação, a saúde e a segurança.

Aliás, piso salarial não é uma "miragem", é lei e lei deve ser cumprida sob pena de responsabilidade. Entretanto, como no Brasil, não há justiça para punir o poder público que descumpre a lei...

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

AUMENTA O ABISMO SALARIAL DOS PROFESSORES DO RS


 
ZERO HORA 10/01/2013 | 21h58

Reajuste de 7,97%

Novo piso nacional do magistério aumenta defasagem do salário de professores gaúchos. Ministério da Educação anuncia salário de R$ 1.567 a contar de janeiro, enquanto no Estado salário base fica em R$ 977,05 a partir de fevereiro


Guilherme Mazui e Taís Seibt *

O governo federal anunciou um aumento de R$ 116 no salário mínimo dos professores da rede pública. Divulgado nesta quinta-feira, em Brasília, pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante, o reajuste anual do piso nacional do magistério ficou em 7,97% — passou de R$ 1.451 para R$ 1.567 a partir dos vencimentos referentes a janeiro de 2013.

Enquanto isso, o governo do Estado prevê um vencimento básico de R$ 977,05 para os professores gaúchos em fevereiro, referente à jornada de trabalho de 40 horas semanais.

O secretário estadual da Educação Jose Clovis de Azevedo argumenta que a diferença de R$ 589,95 para o piso nacional é compensada por meio de pagamentos complementares.

— Nenhum professor no Estado recebe menos do que o piso nacional, a diferença é que para chegar a esse valor nós pagamos completivos sobre o salário inicial — explica Azevedo.

A projeção do governo gaúcho é equiparar o vencimento básico do magistério estadual com o piso nacional até 2014, totalizando cerca de 76,6% de aumento, conforme o secretário. Porém, ele destaca que o modo como o reajuste é calculado pelo Ministério da Educação (MEC) gera insegurança para os cofres de Estados e municípios.

— As taxas variam muito de ano para ano, o que dificulta o planejamento financeiro. Nós defendemos que o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) é a referência e os aumentos que nós estamos dando até 2014 estão próximos do INPC — diz o secretário.

Salário é calculado com base no Fundeb

Desde que foi estabelecido, o mínimo nacional dos professores é revisado ano a ano, com base no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). Após anunciar 22% de aumento em 2012, o MEC trouxe números mais brandos para 2013.

Mercadante admite que o reajuste anterior foi pesado e defendeu o atual, ao apontar que o crescimento dos vencimentos precisa ser "progressivo e sustentável", encaixando nos orçamentos de municípios e Estados.

— É uma lei que tem que ser cumprida por todos os entes federados. Nós partimos de um patamar muito baixo para os salários dos professores no Brasil. Só o aumento progressivo do piso vai atrair professores competentes para a educação — sustenta o ministro.

A presidente do CPERS/Sindicato, Rejane de Oliveira, no entanto, critica a proposta salarial apresentada pelo MEC. Na interpretação dela, o governo burlou o método de referência para o cálculo. Pela legislação, o reajuste deve considerar o custo por aluno, publicado em portaria sempre no mês de novembro do ano anterior. Em 2012, esse valor aumentou 20,95%.

— A educação está sofrendo um golpe, que afeta não só o salário do magistério, mas também rebaixa o repasse do governo para a educação pública — avalia Rejane.

Cálculos extraoficiais indicam que os 7,97% de reajuste no salário do magistério terão um impacto de cerca de R$ 2,1 bilhões nas contas dos municípios brasileiros.


Secretário de Educação afirma que novo piso nacional não altera salário de professores no Estado. Conforme o ministro Aloizio Mercadante, Estados e municípios precisam respeitar o valor

O reajuste de 7,97% para o piso nacional dos professores, anunciado pelo ministério da Educação nesta quinta-feira, não altera o salário do magistério no Rio Grande do Sul, segundo o secretário estadual de Educação, Jose Clovis de Azevedo.

— Nós continuamos tendo essa tese de que o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) é a referência e os aumentos que nós estamos dando até 2014 estão próximos do INPC — diz Azevedo.

O ministro Aloizio Mercadante afirmou que os Estados e municípios precisam respeitar o valor, mesmo com a queda de receita. Mercadante reconhece que há dificuldades para pagar o piso, mas defende que o reajuste é necessário para garantir uma educação de qualidade.

O novo piso nacional do magistério, no valor de R$ 1.567, já vale para os vencimentos relativos a janeiro deste ano.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

BULLYING: PROVOCAÇÕES SEM LIMITES

BLOG ESSAS E OUTRAS, 7, agosto, 2011

RECOMENDO A DIVULGAÇÃO DESTE FILME NAS COMUNIDADES ESCOLARES (PAIS, MESTRES E ALUNOS) PARA QUE ASSISTAM E DEBATAM ESTA VIOLÊNCIA QUE ASSOLA AS ESCOLAS EM TODO O MUNDO. 

SUGIRO ESTE DEBATE ENTRE A DIREÇÃO, OS GRÊMIOS E AS COMISSÃO DE SEGURANÇA DA ESCOLA PARA ADOTAREM MEDIDAS PREVENTIVAS, EDUCACIONAIS E DE MONITORAMENTO PARA EVITAR E CONTER ESTE TIPO DE AGRESSÃO QUE SE OCULTA NA SÍNDROME DO MEDO.

Resenha do filme:

O filme conta a história de Jodi, um garoto alegre, carinhoso e apaixonado por basquete que vive com sua mãe, uma enfermeira que sofre de depressão e faz tratamento psiquiátrico. Os dois se mudam por causa do tratamento da mãe e Jodi entra em uma nova escola.

Magro e desengonçado o novato vira alvo de piadas e brincadeiras de mal gosto por parte de um grupo de alunos da sua sala. É muito comum novos alunos terem dificuldade de adaptação e sofrerem desse tipo de agressão. Justamente por se sentir deslocado com a mudança Jodi vira um alvo fácil para Nacho, o “valentão do colégio”.

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Nacho agride Jodi fisicamente e psicológicamente

.O filme mostra superficialmente que Nacho tem um histórico de violencia doméstica, outra característica bastante comum dos agressores. Sarcástico e violento o jovem não tem limites e manipula sua vitima da maneira mais cruel possível. No começo ele aparece como colega de Jodi como se quisesse fazer amizade com o garoto. Aos poucos ele começa com brincadeiras e piadinhas que tomam porporções insuportáveis e que fazem da vida da vitima um inferno.

Dentre as agressões de Nacho estão humilhação, perseguição e violencia fisica. Para piorar a situação o jovem é visinho de Jodi, o que permite que ele continue com o Bullying fora do ambiente escolar. Sem perceber a vitima vai se envolvendo cada vez mais no jogo psicológico do agressor até se ver impossibilitado de pedir ajuda ou reagir.


Muitos colegas mesmo não concordando com as agressões são coniventes.

.Essa abordagem do filme condiz com a realidade já que segundo especialistas quem sofre Bullying costuma se isolar e esconder o problema de seus amigos e familiares. É como se ela se sentisse culpada pela situação e merecedora das agressões. No caso de Jodi podemos ver que esse comportamento é agravado pelo fato de sua mãe passar por problemas psicológicos. A fim de protegê-la, o garoto esconde o problema e até mesmo mente quando a origem de seus hematomas são questionadas.

A posição da escola no filme também é retratada de maneira bem próxima da realidade. Mesmo sendo avisada a diretora custa a acreditar que na “sua escola” exista um caso grave de agressão e sua negligência piora a situação. Os colegas de Jodi também se omitem por medo do bando de Nacho e perdem a oportunidade de salvar o jovem contribuindo indiretamente com o Bullying.


As agressões muitas vezes começam com piadinhas e brincadeiras de mal gosto.

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Ao tentar ajudar o rapaz um vizinho que presencia o Bullying dá uma lição em Nacho mas acaba piorando a situação de Jodi. O agressor ameaça matar o jovem se ele contar a alguém, o que o inibi ainda mais. Até mesmo quando ocorre uma palestra sobre o tema em sua escola ele não tem coragem de denunciar os abusos.

A saída que Jodi encontra é buscar na internet pessoas que sofram violência na escola. Assim ele conhece uma jovem imigrante que é agredida psicologicamente e fisicamente. Os dois começam a namorar e o jovem conta a ela que também passa por essa situação. Com a ajuda dela ele se sente mais forte mas como ambos não fazem nada para evitar, um dia a moça acaba sendo brutalmente espancada pelas colegas e é internada em estado grave. A imagem dela no hospital meche demais com a já perturbada mente de Jodi.


A vítima não conta que sofre Bullying o que dificulta ou torna nula a busca por ajuda.


A saída que ele encontra é infelizmente uma das mais comuns entre as vítimas de Bullying: o suicídio. Em meio a situação insustentável e sem perspectiva de mudança ele prefere tirar a própria vida acreditando que assim pouparia sofrimentos à mãe e daria um fim a tanto sofrimento  A reação dos colegas diante da morte prematura que poderia ser evitada é de choque e indignação.

O filme não dá uma atenção especial ao que acontece com os agressores, o que torna a “moral da história” um pouco vaga. Ainda assim ele mostra de maneira clara e chocante a realidade dos que sofrem Bullying e a importância de se denunciar essa prática!

FICHA TÉCNICA: Origem: Wikipédia,

Bullying (filme de 2009)

Produção: é um filme de drama espanhol dirigido por Josetxo San Mateo. O filme estreou no Festival de Málaga de Cine Español em abril de 2009 e chegou aos cinemas espanhois em 23 de outubro de 2009.

Elenco
Albert Carbó (Jodi)
Laura Conejero (Julia)
Carlos Fuentes (Bruno)
Joan Carles Suau (Nacho)
e outros
Sinopse - O filme conta a vida de um menino chamado Jordi, que sofre bullying por ser esperto e quieto. Ele e sua mãe se mudam para um novo prédio para começar uma vida nova, graças à morte de seu pai. No começo parece tudo ser perfeito, até Jodi entra na nova escola e conhecer Nacho, que transforma sua vida em um inferno.

BULLYING

BLOG VIDA ALHEIA, 22 de novembro de 2010


A pior coisa que um adolescente pode sofrer é o BULLYING, ele é terrível  pois a partir do ponto que um adolescente ou ate mesmo uma criança começa a passar por isso ele muda totalmente sua forma de ser perante a família, a amigos...

O BULLYING divide-se em duas categorias: 

1- BULLYING direto;
2- BULLYING indireto, também conhecido como agressão social

O BULLYING direto é a forma mais comum entre os agressores masculinos. A agressão social ou BULLYING indireto é a forma mais comum do sexo feminino e crianças pequenas, e é caracterizada por forçar a vítima ao isolamento social. Este isolamento é obtido através de uma vasta variedade de técnicas, que incluem:

- espalhar comentários;
- recusa em se socializar com a vítima
- intimidar outras pessoas que desejam se socializar com a vítima
- criticar o modo de vestir ou outros aspectos socialmente significativos (incluindo a etnia da vítima, religião, incapacidades etc). 

 A vida de quem sofre Bullying se muda totalmente a partir de quando as agressões tanto físicas quanto verbais começam, a criança, adolescente ou ate mesmo adulto, se isola do mundo e de todos, ele logo adquiri doenças que podem ser psicológicas quanto físicas que iram complicar sua vida mais do que está.

Muitas vezes a pessoa agredida acha quem a culpa do constrangimento é causado por ele mesmo, mas é algo totalmente errado de se pensar, pois ninguém procura uma ser xingado...

A depressão é o primeiro sintoma da pessoa que sofre esse tipo de agressão, ela fica triste, ele se isola, é uma realidade muito cruel que muios sofrem todos os dia de sua vida.

Eu mesmo sofro Bullying até hoje e nunca consegui intender por que ele fazem isso comigo nunca fui uma pessoa encrenqueira, nunca maltratei ninguém  então é algo muito surreal que gostaria que acabasse mas até hoje nunca consegui fazer com que parassem.Em consequência da violência psicológica que sofro desenvolvi  TOC (transtorno obsessivo compulsivo), e sofro muito com isso , pois esse transtorno agride não só o meu psicológico ma o meu físico também, pois eu limpo a casa em que vivo todo dia , e isso acaba prejudicando meus estudos , pois fico a maior parte do meu dia preocupado com limpeza do lugar onde me encontro, eu sou muito isolado quase não tenho amigos, fui obrigado a procurar tratamento psicológico mas não deu resultado pois o estagio do transtorno que eu me encontrava já estava muito avançado, tive de aprender a me controlar, mas ate hoje nunca consegui voltar a ser um adolescente normal.

Sofro de Bullying desde meus 10 anos de idade e nunca contei isso pra ninguém mas agora tudo mudou em minha vida depois que vi um Filme que me abriu os olhos do que me pode acontecer se eu guardar isso comigo.

O filme tem como personagem principal um adolescente que sofre agressões verbais e físicas na escola por colegas de sala que o repreendem a todo momento.

O adolescente chega a um ponto de abandonar a escola e se matar pois ele ja naum aguentava mas o que estava acontecendo.

Esse filme ai que me abriu os olhos assistam se for possível mesmo quem não sofre desse mal, para vocês verem o terror que é o Bullying, vocês vão se surpreender....


Depois que vi esse filme fiquei com medo de que isso acontecesse comigo por esse motivo resolvi criar um blog que não falasse apenas do Bullying, mas de assuntos no geral sobre a adolescência..

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

BOLSA DE R$ 400 A COTISTAS

ZERO HORA 09 de janeiro de 2013 | N° 17307

ENSINO SUPERIOR

MEC vai dar bolsa de R$ 400 a cotistas. Valor será pago a estudantes que ingressarem em universidades federais



Estudantes de baixa renda que ingressarem em universidades federais por meio do sistema de cotas terão direito a uma bolsa mensal de R$ 400, informou ontem o ministro da Educação, Aloizio Mercadante. A Lei de Cotas determina que as instituições federais reservem no mínimo 12,5% de suas vagas no vestibular para estudantes que tenham cursado integralmente o Ensino Médio em escolas públicas.

A proporção deverá chegar a 50% das vagas para esses estudantes dentro de quatro anos. De acordo com Mercadante, a bolsa será concedida para os alunos de renda igual ou inferior a 1,5 salário mínimo que forem matriculados em cursos com mais de cinco horas de jornada por dia.

– Terão direito a uma bolsa de R$ 400 por mês assim que entrarem na universidade durante todo o curso – disse o ministro.

Em novembro, Mercadante havia anunciado uma ajuda financeira para os cotistas, nos moldes do programa Bolsa-Família, mas não havia confirmado o valor.

A Lei das Cotas estabelece que 50% das vagas reservadas para alunos de escolas públicas serão dadas a estudantes de famílias com renda per capita igual ou inferior a 1,5 salário mínimo. As vagas dos cotistas serão preenchidas por autodeclarados pretos, pardos e indígenas, em proporção no mínimo igual à verificada no Estado da instituição, segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Mais de 1,2 milhão de inscrições no Sisu

O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, também apresentou dados sobre o Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Um balanço fechado às 17h de ontem contabilizou mais de 1,2 milhão de inscritos nos dois primeiros dias do programa, mais do que no ano passado. Mercadante reforçou que os estudantes devem analisar com calma as opções de cursos.

Uma vez por dia, o Sisu divulga a nota de corte para cada curso e turno. O monitoramento da nota de corte e a classificação parcial funcionam como referência para ajudar o candidato a acompanhar a inscrição e aumentar as chances de conseguir a vaga. Até o último dia de inscrições, na próxima sexta-feira, o candidato pode mudar as opções quantas vezes achar necessário. O sistema reconhecerá a última inscrição confirmada pelo candidato.

Entre as instituições mais procuradas estão as universidades federais do Ceará, do Rio de Janeiro, Fluminense e Rural de Pernambuco. O curso com maior concorrência é o de Medicina da Universidade Federal do Ceará. Ao todo, 101 instituições públicas de Ensino Superior selecionam estudantes por meio do Sisu neste primeiro semestre.


“Sem colher de chá”, diz ministro

O Ministério da Educação divulgou ontem uma relação de 38 cursos de 21 instituições de Ensino Superior do país que, devido ao desempenho ruim em avaliação de 2011, não poderão expandir suas vagas neste ano. A lista não tem nenhuma instituição gaúcha. Conforme Aloizio Mercadante, os cursos com qualidade insatisfatória punidos pela pasta não terão “colher de chá”.

– Se o plano de melhorias (da instituição) não for muito bem elaborado, não há a menor possibilidade de abertura de vestibular – afirmou o ministro sobre os 200 cursos divulgados ano passado que obtiveram desempenho ruim no Conceito Preliminar de Curso (CPC) em 2008 e 2011.

O CPC avalia o rendimento dos alunos, a infraestrutura e o corpo docente e define notas entre 1 e 5 – os conceitos 1 e 2 são considerados insatisfatórios. Essa foi a primeira vez que esses 38 cursos tiveram desempenho ruim, e o número de vagas deles não pode ser ampliado enquanto não houver na avaliação. No mês passado, o MEC anunciou a suspensão do vestibular de outros 200 cursos.Fique atento. Confira abaixo as datas relativas ao Sisu

- As inscrições podem ser feitas até as 23h59 de sexta-feira, no site sisu.mec.gov.br

- Podem concorrer às vagas os estudantes que participaram do Enem em 2012 e obtiveram nota maior que zero.

- O candidato pode fazer até duas opções de curso que deverão ser especificados pela ordem de preferência. Ao longo do período de inscrições, o estudante pode alterar ou cancelar as opções feitas.

- A primeira chamada de selecionados está prevista para 14 de janeiro.

- Os convocados devem providenciar a matrícula na instituição escolhida nos dias 18, 21 e 22.

- A segunda chamada será divulgada no dia 28 deste mês, com matrícula nos dias 1, 4 e 5 de fevereiro.

A EDUCAÇÃO NA AGENDA DOS PREFEITOS

ZERO HORA 09 de janeiro de 2013 | N° 17307 ARTIGOS

Ricardo Russowsky*


O ano que se inicia, para a educação, chega cheio de novidades. Uma delas traz a força da lei e entra com firmeza nas agendas dos novos prefeitos que recém assumiram: eles vão ter que criar 14 milhões de vagas para crianças de quatro a cinco anos. Trata-se da universalização da pré-escola, o que, para nossas crianças, é uma grande notícia. Os pequenos brasileiros se transformaram em protagonistas de um capítulo virtuoso da história da educação, pois tornam-se missão de gestores municipais hoje responsáveis por quase 75% das matrículas da pré-escola, que terão prazo para cumprir a lei até 2016.

Não é essencial dar valor a este investimento diante do potencial retorno que ele sugere. Ainda que a proposta carregue consigo toda a infraestrutura necessária, como construção de prédios e treinamento de professores, por exemplo. Mas não tenho dúvida de que o investimento vale cada centavo com retornos futuros grandiosos para o país.

A educação é crucial para o avanço de uma nação. Quanto mais cedo uma criança for educada, melhor. Quem recebeu atenção na educação infantil, apontam as estatísticas, multiplica o efeito da educação, mostra melhor desempenho ao longo da jornada acadêmica e no comportamento social e baixa tendência à criminalidade. Sem falar no retorno do investimento, porque tentar ensinar anos depois o que deve ter sido aprendido na infância certamente custará muito mais caro.

É preciso deixar claro também que não basta apenas criar vagas. A missão dos prefeitos é ainda maior e ganha amplitude fantástica porque é preciso planejar um ensino de qualidade tal qual o dos países que já iniciaram este processo, como o Canadá e a Finlândia, que investem com professores dessa faixa etária mais do que com os demais.

Educação é um assunto que toca a todos nós desde sempre, mas neste início de ano vamos apostar no futuro. Sempre é tempo de renovar os votos de que o círculo virtuoso deste processo é imensurável para o cidadão e para a economia. Temos uma das menores médias de anos de escolaridade entre os países emergentes. Apenas 7,2 anos, enquanto nossos vizinhos argentinos chegam a 9,3 anos e os americanos a12,4 anos. Nossas posições nos rankings mundiais são pífias e os investimentos em educação nos Estados mostram que o Rio Grande do Sul foi o que menos investiu com recursos próprios.

Sabemos onde terminam estes dados. Menor produtividade, menos inovação, mais criminalidade e um país com fracos pilares de desenvolvimento. Aproveitando a legislação e programas de planejamento dos novos prefeitos que precisarão ser cumpridos com a universalização da pré-escola, proponho uma reflexão: vamos pensar em como participar deste processo e contribuir para o seu cumprimento.

A Federasul, através da parceria com o Tribunal de Contas do Estado, têm instrumentos relevantes para acompanhar este tema em todos os municípios. Suas filiadas, as Associações Comerciais, Industriais e de Serviços, desde o ano passado, estão recebendo treinamento específico para fiscalizar as contas e os projetos públicos. Nosso país agradece e todos agradecemos também.

*PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES COMERCIAIS E DE SERVIÇOS DO RIO GRANDE DO SUL (FEDERASUL)

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

A EDUCAÇÃO, NO RS, ESTÁ REPROVADA

JORNAL DO COMERCIO, 31/12/2012

Ana Paula Goulart


Precisamos conscientizar que, sem o conhecimento, nada pode mudar. Já não se constrói um grande profissional com resultados do Ideb se atingisse média 6,0 na educação, mas o governo federal comemorou avanços. Tem que urgentemente haver uma demanda social e assim exigir rapidamente as mudanças do senhor Tarso Genro. 

A Secretaria de Educação pouco fiscaliza e não monitora as escolas, não conseguimos, e a demanda não comporta. Atendimento pessoal nota 10, pequenas ações feitas, mas resultados nota zero. 

A Escola Estadual Santa Luzia somente foi conhecida em abril através de incansáveis e-mails, telefonemas e reuniões nas quais precisei informar o que estava acontecendo. Não tive acesso aos projetos pedagógicos. 

Plano de ação e gestão escolar democrática inclusiva só no papel. Espaços mediadores de aprendizagem fechados, como a biblioteca com livros nas caixas mofados, acervo desatualizado, sem mobília e espaços para pesquisas. Sala digital em desuso, não tem área coberta como ginásio de esportes, brinquedoteca só o espaço, sem brinquedos e estrutura. 

Resultado de 2012: o boletim de acompanhamento do 1º ano tem todos os pontos atingidos, e a criança não consegue ler “bo+la”. Resposta da escola: não é obrigatório alfabetizar neste ano, são muito imaturos, temos até o 3º ano para se concretizar o ciclo. O que tem nesta escola? Professor, giz e merenda. 

Minha luta continuará, vou informar o governador e o MP. O que mais precisam saber para mudar esta educação falida?

Técnica administrativa

EDUCAÇÃO: PRIORIDADE ABSOLUTA


ZERO HORA 03 de janeiro de 2013 | N° 17301. ARTIGOS

Juarez Freitas*


Educação é, antes de tudo, o processo de gerar bons hábitos ou de substituir hábitos nocivos por outros melhores. Por certo, os hábitos nos movem, mas resta o livre-arbítrio para escolhê-los. É deles que precisamos vitalmente, em nossas escolas e em toda parte: a partir de novas pré-compreen- sões, fomentar, ao mesmo tempo, as habilidades cognitivas e não-cognitivas, como preconiza, com propriedade, James Heckman, Nobel de Economia. Nessa lógica, a sala de aula passa a ser o palco vibrante da performance conjunta do intelecto e dos valores, sob pena de persistirem os indicadores vexatórios.

De fato, se é certo que a escola não deve perder tempo – e perde demasiado – com demagogices ideológicas inúteis, negligenciar o seu papel na formação de hábitos é omissão insanável e põe a perder os investimentos no setor, por maiores que sejam. Claro que a gestão profissional é chave. Se houver lucidez nas políticas públicas, os diretores das escolas terão de ser escolhidos por meio de rigorosos parâmetros técnicos e monitorados segundo metas objetivas, aptas a incorporar a qualidade de vida como horizonte de excelência.

Também é certo o que as pesquisas apontam: sem inovação tecnológica e sem educação para aumentar a produtividade, o crescimento não se sustenta. O fundamental é intervir, com sabedoria e ciência, desde cedo, no intuito de assegurar que as nossas crianças (absoluta prioridade, consoante o artigo 227 da Carta) tenham real domínio na arte de legislar sobre o próprio futuro.

Educação abrangente deve ser, pois, o foco inquestionável das políticas públicas. A “absoluta prioridade” não permite a costumeira protelação inconstitucional, tampouco ignorar as robustas provas de que investir, desde cedo, à vista da maleabilidade dos cérebros infantis, é mais equitativo e econômico (custa 60% menos do que remediar na adolescência). Se finalmente tomar ciência desse fato, a sociedade engajada exigirá que nossas crianças floresçam em conhecimento e, principalmente, pressionará para que aprendam a escolher hábitos saudáveis, condição básica para o sucesso.

O urgente é universalizar uma educação qualificada pela empatia e pelo fortalecimento das vocações positivas, descobertas e enaltecidas, em tempo útil. Temos, pois, de fixar as recompensas certas para gerar novos padrões. Não é com a nostalgia ingênua da velha escola pública. O resto, o povo brasileiro, contanto que não o subestimem, saberá fazer com originalidade, talento e graça.

*Professor de Direito da PUCRS e da UFRGS, presidente do Instituto Brasileiro de Altos Estudos de Direito Público