EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

IMPROVISO NA EDUCAÇÃO


 

ZERO HORA 25 de junho de 2015 | N° 18205


EDITORIAIS



A decisão da imensa maioria de Estados e municípios de deixarem para a última hora o encaminhamento de seus planos locais para o ensino diz muito sobre a pouca importância destinada à Educação no país. Ainda que os gestores insistam em explicações, como dificuldades técnicas e de planejamento, além de pouco prazo para a definição de metas e estratégias para a área nos próximos 10 anos, o fato concreto é que, de maneira geral, houve um excesso de despreocupação com o assunto. Em consequência, muitos textos acabarão se restringindo a reproduzir o plano nacional, sem avançar nas especificidades locais.

No Rio Grande do Sul, assim como na maioria dos municípios gaúchos, a situação não foi muito diferente. E, como ocorreu em grande parte do país, a ênfase nas divergências em relação à discussão de gênero em sala de aula fez com que o tema se impusesse sobre outros, que acabaram muitas vezes colocados de lado. É o caso, por exemplo, do número de alunos por sala de aula e de aspectos relacionados à valorização dos professores.

É lamentável que uma matéria de tamanha relevância para a sociedade e para o futuro do Estado, que precisa avançar na área educacional para melhorar economicamente e não perder importância relativa, tenha sido encaminhada a toque de caixa. Políticas de ensino não podem ficar na dependência de quem está temporariamente no poder. Educação de qualidade é um objetivo que precisa ser perseguido permanentemente, com metas definidas num prazo mais longo.

domingo, 21 de junho de 2015

A FINLÂNDIA TEM MUITO A ENSINAR


Sem alarde, como é de seu estilo, o país nórdico, símbolo da excelência no ensino, lidera o movimento global para revolucionar a sala de aula e criar as bases da escola para o nosso tempo

Por: Monica Weinberg, de Helsinque
VEJA ONLINE Atualizado em 19/06/2015 às 22:51


ALTA AMBIÇÃO - Escola finlandesa: a ousada reforma no currículo busca manter o país no topo(Gilberto Tadday/VEJA)

Na década de 70, a Finlândia decidiu promover uma virada crucial no ensino. Era um tempo em que metade da população ainda vivia na zona rural e a economia dependia das flutuações do preço da madeira - passado que soa remoto diante do atual desempenho do país na corrida global: a chamada "terra dos 1 000 lagos" (exatamente 187 000) e dos 2 milhões de saunas (uma para cada 2,7 habitantes) desponta entre os cinco primeiros nos rankings mundiais de competitividade, inovação e transparência. Sua capital lidera o mais recente teste de honestidade da revista Reader's Digest, baseado em quantas de doze carteiras com 50 dólares deixadas em lugares-chave pela revista foram entregues de volta a seus donos ou à polícia. Em Helsinque, onze das doze carteiras foram devolvidas - no Rio de Janeiro, quatro, o mesmo número de Zurique.
(VEJA.com/VEJA)

Não espere encontrar na Finlândia a rigidez típica de outros campeões do ensino, como Coreia do Sul ou China. Enquanto a palavra de ordem na Ásia é estudar noite e dia, nessas bandas da Escandinávia a rotina escolar é mais suave, com jornadas de cinco horas e lição na medida certa para sobrar tempo para "relaxar" - esse é o verbo de que os finlandeses gostam. Que não se confunda isso com indisciplina ou pouca ambição. Foi só a Finlândia perder posições no ranking da OCDE (ficou em sexto lugar no último) e o exame nacional mostrar certa queda para soar o alerta e o rumo ser corrigido. Os novos tempos são de construção do conhecimento em rede, uns colaborando com os outros, como nas rodas acadêmicas. Também é visível a mudança na condução da aula pelo professor, que às vezes nem mesa tem; a ideia é que ele palestre menos e guie mais o voo dos estudantes. Os mestres não são coadjuvantes, como em muitas experiências que se autointitulam inovadoras, mas o centro de uma reviravolta sustentada em delicado equilíbrio. "O segredo está em não achar que flexibilidade é o mesmo que anarquia", pondera a doutora em educação Kristiina Kumpulainen, da Universidade de Helsinque.

A tarefa de saber qual conteúdo deve sobreviver à afiada peneira deste século não é simples, mas vem sendo testada com sinais de sucesso, e não só na Finlândia. Também na vanguarda do ensino, o distrito de Colúmbia Britânica, no Canadá, encontra-se em pleno processo de separar o descartável do essencial. "Com uma grade de matérias tão pesada, as crianças não estavam aprendendo a pensar", reconhece Rod Allen, envolvido na missão de reescrever o currículo. Os canadenses continuarão a estudar os fundamentos da democracia grega e por que todos os caminhos levavam a Roma, mas não precisarão mais "sobrevoar", como diz Allen, todas as civilizações da Antiguidade. "No lugar de cinquenta tópicos mal absorvidos, vamos agrupá-los em dez ou doze grandes áreas, enfatizando os conceitos realmente valiosos", explica ele, que ainda esclarece: datas, pessoas e eventos importantes seguem firmes na cartilha. O Japão percorre trilha semelhante. Enxugou em 30% seu currículo para ceder espaço às habilidades tão em voga. Não há nada de modismo aí. Os japoneses perceberam que os postos de trabalho que envolvem atividades rotineiras e baseadas em um único tipo de conhecimento estão sendo varridos por aqueles movidos a desafios mais imprevisíveis e complexos, que exigem flexibilidade de pensamento e de postura. Mas em um ponto ninguém mexe: ler um livro por semana foi, é e sempre será sagrado.

terça-feira, 9 de junho de 2015

ESCOLA MILITAR DEVERIA INSPIRAR ORGANIZAÇÃO SOCIAL NA EDUCAÇÃO



JORNAL OPÇÃO Edição 2082, 09/06/2015


Goiás. Mestre da UFG diz que escola militar deveria inspirar a implantação de organização social na educação



Raquel Teixeira: secretária não resiste à implantação de OSs na educação de Goiás | Foto: Mônica Salvador

O governo de Goiás busca inspiração em escolas americanas para implantar o sistema de organizações sociais na rede pública do Estado. Um professor da UFG disse ao Jornal Opção: “O modelo americano é eficiente, não há dúvida. Mas há um modelo de menor custo e com ótimos resultados: o das escolas militares. Elas funcionam bem e garantem alta aprovação em vestibulares”.

O doutor da Universidade de Goiás, que prefere não se identificar para não ser patrulhado pelos colegas, sublinha que, na prática, as escolas militares — “que deveriam ser estudadas sem preconceito pelas faculdades de Educação do país” — são geridas praticamente no sistema das organizações sociais, “e com alta eficiência”.

O professor sugere que a qualidade das escolas militares tem a ver com a disciplina “implantada” pelos militares. “No caso, disciplina significa rigor com professores e alunos. Nas escolas públicas sem a presença da Polícia Militar há registro de absenteísmo de professores. Já nas escolas militares, que são menos militares do que parecem, exceto na questão da disciplina, os professores raramente faltam. Os alunos têm aulas todos os dias, os professores são respeitados e há incentivo crescente aos melhores alunos.”

Para os alunos, sublinha o professor, as OSs na educação serão positivas. “Eles terão aulas todos os dias e com a qualidade monitorada.”

O sistema da OSs deverá ser implantado em 2016, ainda que de maneira gradual, com espécies de pilotos. O doutor aposta que, no meio do processo, todas as escolas vão clamar pelo sistema das OSs, como hoje os municípios de Goiás “brigam” pelas escolas militares. “Há quem diga que a professora Raquel Teixeira é contrária à instalação de OSs na educação. Não acredito que seja assim. O que ela quer é que o sistema seja implantado de maneira competente e que os professores sejam persuadidos de que as OSs significam mais qualidade no sistema educacional, e não falta de autonomia em sala de aula. Se há resistência não é por parte de Raquel Teixeira, e sim dos setores corporativos, que são sempre refratários àquilo que é novo, às vezes apresentado como medida ‘autoritária’ — numa certa confusão entre ‘autoridade’ e ‘autoritarismo’, e nem se trata de má-fé.”