EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

A PEDAGOGIA DA MARQUETAGEM


ELIO GASPARI, CORREIO DO POVO, 28/12/2011

A compra de 300 mil tabuletas (equipamento também conhecido como tablet) para estudantes da rede de ensino público nacional poderá ser a última encrenca da gestão do ministro Fernando Haddad, ou a primeira de Aloizio Mercadante. O repórter Luciano Máximo informa que falta pouco para que o governo federal ponha na rua o edital de licitação para essa encomenda. Governos que pagam mal aos professores, que não têm programas sérios de capacitação dos mestres, onde escolas estão caindo aos pedaços, descobriram que a compra de equipamentos eletrônicos é um bálsamo da pedagogia da marquetagem. Cria-se a impressão de que se chegou ao futuro sem sair do passado.

O governo de Pernambuco licitou a compra de 170 mil tabuletas, num investimento global de R$ 17 milhões. A Prefeitura do Rio anunciou em outubro que tem um projeto para distribuir outras 25 mil. A de São Paulo contratou o aluguel de 10 mil ao preço de R$ 139 milhões. Felizmente, o negócio foi abatido em voo.

A rede pública de Nova Iorque, com 1,1 milhão de estudantes, investiu apenas US$ 1,3 milhão, numa experiência que colocou 2 mil iPads nas mãos de professores e de alunos de algumas escolas. Já a cidade mineira de Itabira (12 mil jovens na rede pública) comprou 3 mil laptops, num investimento de US$ 573 mil.

Na Índia, onde se fabricam tabuletas simples por US$ 35, existe um projeto piloto, para 100 mil alunos, num universo de 300 milhões de estudantes. Se tudo der certo, algum dia distribuirão 10 milhões de unidades. Na Coreia, o governo planeja colocar tabuletas nas mãos de todas as crianças do ensino fundamental. Lá, a garotada tem jornadas de estudo de 12 horas diárias. O projeto de Pindorama parece mais com o do Cazaquistão do companheiro Borat, onde se prevê a compra de 83 mil tabuletas até 2020.

Encomendas milionárias de computadores ou tabuletas para a rede pública são apenas compras milionárias, com tudo o que isso significa. Se a doutora Dilma quiser, pode pedir as avaliações técnicas que porventura existam do programa federal. Um Computador por Aluno. Com quatro anos de existência, o UCA tem muitos padrinhos e fornecedores (150 mil máquinas entregues e 450 mil encomendadas por estados e municípios). Nele, algumas coisas deram certo. Outras deram errado, ora por falta de treinamento dos professores, ora pela compra de equipamentos condenados à obsolescência.

Uma boa ideia não precisa desembocar em contratos megalomaníacos que terminam em escândalos. Se um cidadão que cuida do seu orçamento não sabe qual tabuleta deve comprar, o governo, que cuida da Bolsa da Viúva, deve ter a humildade de reconhecer que não se deve encomendar 300 mil tabuletas, atendendo a fabricantes que não conseguem produzir máquinas baratas como as indianas ou versáteis como as americanas, japonesas e coreanas.

Se esses equipamentos só desembarcarem em cidades e escolas onde houver banda larga e professores devidamente capacitados, tudo bem. Se o que se busca é propaganda, basta comprar 20 tabuletas, chamar a equipe de marqueteiros que faz filmes para as campanhas eleitorais e rodar o vídeo. Consegue-se o efeito e economiza-se uma montanha de dinheiro.

A PEDAGOGIA DA MARQUETAGEM

ELIO GASPARI, CORREIO DO POVO, 28/12/2011

A compra de 300 mil tabuletas (equipamento também conhecido como tablet) para estudantes da rede de ensino público nacional poderá ser a última encrenca da gestão do ministro Fernando Haddad, ou a primeira de Aloizio Mercadante. O repórter Luciano Máximo informa que falta pouco para que o governo federal ponha na rua o edital de licitação para essa encomenda. Governos que pagam mal aos professores, que não têm programas sérios de capacitação dos mestres, onde escolas estão caindo aos pedaços, descobriram que a compra de equipamentos eletrônicos é um bálsamo da pedagogia da marquetagem. Cria-se a impressão de que se chegou ao futuro sem sair do passado.

O governo de Pernambuco licitou a compra de 170 mil tabuletas, num investimento global de R$ 17 milhões. A Prefeitura do Rio anunciou em outubro que tem um projeto para distribuir outras 25 mil. A de São Paulo contratou o aluguel de 10 mil ao preço de R$ 139 milhões. Felizmente, o negócio foi abatido em voo.

A rede pública de Nova Iorque, com 1,1 milhão de estudantes, investiu apenas US$ 1,3 milhão, numa experiência que colocou 2 mil iPads nas mãos de professores e de alunos de algumas escolas. Já a cidade mineira de Itabira (12 mil jovens na rede pública) comprou 3 mil laptops, num investimento de US$ 573 mil.

Na Índia, onde se fabricam tabuletas simples por US$ 35, existe um projeto piloto, para 100 mil alunos, num universo de 300 milhões de estudantes. Se tudo der certo, algum dia distribuirão 10 milhões de unidades. Na Coreia, o governo planeja colocar tabuletas nas mãos de todas as crianças do ensino fundamental. Lá, a garotada tem jornadas de estudo de 12 horas diárias. O projeto de Pindorama parece mais com o do Cazaquistão do companheiro Borat, onde se prevê a compra de 83 mil tabuletas até 2020.

Encomendas milionárias de computadores ou tabuletas para a rede pública são apenas compras milionárias, com tudo o que isso significa. Se a doutora Dilma quiser, pode pedir as avaliações técnicas que porventura existam do programa federal. Um Computador por Aluno. Com quatro anos de existência, o UCA tem muitos padrinhos e fornecedores (150 mil máquinas entregues e 450 mil encomendadas por estados e municípios). Nele, algumas coisas deram certo. Outras deram errado, ora por falta de treinamento dos professores, ora pela compra de equipamentos condenados à obsolescência.

Uma boa ideia não precisa desembocar em contratos megalomaníacos que terminam em escândalos. Se um cidadão que cuida do seu orçamento não sabe qual tabuleta deve comprar, o governo, que cuida da Bolsa da Viúva, deve ter a humildade de reconhecer que não se deve encomendar 300 mil tabuletas, atendendo a fabricantes que não conseguem produzir máquinas baratas como as indianas ou versáteis como as americanas, japonesas e coreanas.

Se esses equipamentos só desembarcarem em cidades e escolas onde houver banda larga e professores devidamente capacitados, tudo bem. Se o que se busca é propaganda, basta comprar 20 tabuletas, chamar a equipe de marqueteiros que faz filmes para as campanhas eleitorais e rodar o vídeo. Consegue-se o efeito e economiza-se uma montanha de dinheiro.

domingo, 18 de dezembro de 2011

O DILEMA DA EDUCAÇÃO

EDITORIAL INTERATIVO ZERO HORA 18/12/2011

O Brasil ficou diante de um falso dilema com a divulgação de estudos recentes sobre a situação da educação. A partir de uma conclusão do Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea), de que o país precisa de mais dinheiro para melhorar o ensino público, ampliou-se o debate entre os que apoiam o apelo por mais verbas e os que entendem que a prioridade é a melhoria da gestão, com racionalização na utilização dos recursos, da formação dos professores e da atualização de currículos e da assimilação pelas escolas dos avanços da tecnologia. Os dois lados estão certos quando, ao discordarem no detalhe, convergem para a grande prioridade nacional: chegou o momento de investir com determinação na qualificação do ensino básico, desde a pré-escola, para recuperar o tempo perdido em décadas de omissão.

Pelos estudos do Ipea, o Brasil deveria aumentar os investimentos em educação de 5% para 7% do PIB. A dotação ideal provoca discussões intermináveis. Argumenta-se, por exemplo, que países desenvolvidos aplicam menos e conseguem melhores resultados. Contrapõe-se a esse raciocínio o de que nações ricas consolidaram suas estruturas de ensino, enquanto a educação pública brasileira ainda é precária. O debate avança então na direção das causas, para além da carência de verbas, e os diagnósticos e as soluções não têm como se desviar do fortalecimento do ensino para crianças e adolescentes. O próprio Ipea admite que esse é o caminho a seguir e tem o reforço de estudos como o realizado pelo Centro de Microeconomia Aplicada da Fundação Getulio Vargas, que analisou a importância dos primeiros anos de escola.

Segundo o Centro, o Brasil descuidado com a educação na pré-escola faz com que sejam subtraídos de muitas crianças mais de três anos de escolaridade. O estudo comprova que crianças em atividade pré-escolar a partir dos três anos terão, mais adiante, maior desenvoltura para aprender e são as menos vulneráveis à repetência e à evasão. Junte-se a esse estudo outras conclusões sobre o descaso também com os ensinos Fundamental e Médio e chegaremos ao consenso. A educação pode de fato precisar, em muitas áreas, de mais investimentos, mas necessita ao mesmo tempo de melhorias de gestão, para se dedicar a prioridades inadiáveis. E a prioridade número 1 agora, depois de anos de dedicação ao Ensino Superior, deve ser a educação básica.

Um dado do Banco Mundial denuncia nosso atraso: em países desenvolvidos, com modelos de ensino consolidados, as despesas com um estudante universitário é duas vezes superior às destinadas a um aluno do ciclo fundamental. No Brasil, a relação cresce para seis por um. Essa é a desigualdade a ser corrigida. Nos últimos anos, o país ampliou, com programas públicos, o acesso ao ensino universitário, enquanto a educação fundamental e média não acompanha o mesmo ritmo. Calcula-se que dois em cada 10 jovens de 15 a 17 anos estão fora da escola. É preciso melhorar as formas de acesso, atualizar currículos, conter evasões e valorizar o magistério, sempre com o foco no estudante e sem as dispersões provocadas por debates corporativos. O Plano Nacional de Educação, em debate no Congresso, com metas ambiciosas para até 2020, acena com a correção de rumos, mas somente será efetivo se não se transformar em apenas mais um documento de intenções. Depois da atenção ao ensino universitário, é inadiável a prioridade à educação básica, com foco no aluno, melhor gestão de recursos e sem os debates dispersivos das pressões corporativas.


A questão proposta aos leitores foi a seguinte: Você concorda com o editorial que defende prioridade ao ensino básico em relação à educação universitária?

O leitor concorda

Concordo, porque já está provado que, sem uma base sólida, o aluno se forma na universidade e estaciona; considera-se aí a grande quantidade de cursos sem qualidade no país, principalmente, ensino à distância. Há deficiências no Ensino Fundamental que os alunos levam para o resto da vida, principalmente nos aspectos relativos à aquisição da linguagem; isso ocorre por falta de valorização dos professores e por um sistema de ensino que não exige e não reprova os alunos. Dirnei Bandeira Livramento (RS)

O nome já diz tudo: o ensino básico é básico. Básico significa aquilo que está na base, significa fundamento. Básico é o que dá sustentação àquilo que for construído por cima. Investir no Ensino Superior com um ensino básico pífio e jogado às traças é desperdício, é fazer uma construção que, cedo ou tarde, vai ruir. A situação que se vê hoje demonstra isso claramente: a educação básica é ignorada ao ponto de professores serem hostilizados por alunos. Não existe respeito e, muito menos, valorização do ensino. Qual a dúvida de que, apesar do grande aumento no número de vagas no Ensino Superior, os graduandos sejam cada vez menos preparados? Educação só demonstra resultado quando apresenta constância; é uma realidade que, se iniciada hoje, apresentará seus resultados daqui a 15, 20 anos. O fato é que educação não rende votos, quanto mais se fale em educação básica. Mesmo porque é essa mesma educação básica que ensina um povo a pensar e deixar de ser explorado. Renan Espinoza Porto Alegre (RS)

Concordo. Falta base aos estudantes em geral, o que acaba afetando o desempenho daqueles que chegam à universidade mais tarde. E sabemos que nem todos chegarão lá. Não é mais correto que o ensino básico, que é obrigatório a todos, tenha então todo o apoio? Beatriz Villanova Porto Alegre (RS)

Com certeza a prioridade ao ensino básico mudaria toda a estrutura da sociedade. Principalmente em exercer sua cidadania, onde muitos, por desconhecerem o que é ser cidadão, fazem parte dos excluídos sociais de hoje. A mudança de paradigma se faz necessária e urgente, para diminuirmos o caos que se encontra na sociedade. A educação básica é a salvação para um futuro melhor para o Brasil. Claudia Guiel Porto Alegre (RS)

Concordo, pois o Ensino Médio, se cursado com seriedade e principalmente se for profissionalizante, prepara o estudante para ser um bom profissional, que poderá depois cursar uma universidade com grande conhecimento, além de poder pagá-la e comprar os livros técnicos requeridos, não lendo apenas cópias xerox de alguns capítulos, exigidos pelos professores. Eloi Laufer

O leitor discorda

Com certeza é importantíssimo investir na educação básica. Mas não se pode sacrificar a educação universitária, que pode gerar inovação, indispensável para podermos crescer como nação. Devemos, sim, aumentar os investimentos na educação em todos os níveis, realocando os recursos que atualmente são distribuídos para apadrinhados políticos em todas as esferas e destinando-os para quem realmente precisa e, por lei, tem direito. Guilherme Napp – Porto Alegre (RS)

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

GASTOS INSUFICIENTES


Gastos do Brasil com educação não são suficientes para atingir metas, diz Ipea. Relatório divulgado nesta quarta dá sustentação a protestos por mais investimento na área - O ESTADO DE SÃO PAULO, 14 de dezembro de 2011 | 9h 24


Apesar da ampliação dos últimos anos, os gastos do Brasil com educação (menos de 5% do PIB) não são suficientes para ampliar o acesso ou a qualidade, metas do novo Plano Nacional de Educação (PNE). A conclusão está em estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômia Aplicada) divulgado na manhã desta quarta-feira. "Este valor é distante daquele indispensável ao financiamento das necessidades", diz o comunicado Financiamento da educação: necessidades e possibilidades.

O estudo é divulgado no mesmo dia para o qual a Campanha Nacional pelo Direito à Educação, que coordena o movimento “PNE pra VALER!”, está convocando internautas para fazer um tuitaço, destinado a deputados federais, em favor da destinação de 10% do PIB para o ensino público no novo Plano Nacional de Educação, cujo relatório prevê 8%. Na semana passada, manifestantes começaram o 'Ocupe Brasília' com a mesma meta.

Pelos números do Ipea, houve uma ampliação real do gasto em educação realizado pelas três esferas de governo no período de 1995 a 2009, saindo de R$ 73,5 bilhões para R$ 161,2 bilhões - um crescimento real de 119,4% em 15 anos, equivalente a 5,9% ao ano. Também houve aumento dos gastos em comparação com o PIB, saindo de 4% para cerca de 5% no mesmo período.

Ainda asim, para alcançar as metas do PNE, será necessário buscar outras fontes de financiamento, afirma o Ipea. O estudo apresenta cinco possibilidades: incremento no financiamento tributário; usar recursos do pré-sal; usar a folga orçamentária proveniente da redução de despesas com juros; captar recursos; e a melhoria e recomposição do gasto público em educação.

Para o Ipea, a política de financiamento deveria ser precedida pelo planejamento de ações envolvendo a vasta comunidade engajada com educação. "O número escolas disponíveis no sistema chega próximo a 180 mil. Além disso, na educação básica estão empregados cerca de dois milhões de professores – dos quais 1,6 milhão na rede pública", diz o texto. "No ensino superior, são quase 340 mil docentes – 120 mil em instituições públicas. Este aparato físico e humano se faz acompanhar da distribuição de alimentos e refeições, livros e materiais didáticos, de serviços de transporte escolar e do acesso aos meios digitais de aprendizagem e à internet para alunos da rede pública da educação básica".

O estudo foi apresentado pelo presidente do Instituto, Marcio Pochmann, durante a abertura do seminário "Financiamento da educação pública no Plano Nacional de Educação (2011-2020)", que ocorre hoje em Brasília.

BULLYING - ORIGEM EM CASA


Pesquisa liga bullying à relação com os pais. Estudo da Unisinos mostra que conduta no ambiente escolar está vinculado ao tratamento no lar. FRANCISCO AMORIM, ZERO HORA 14/12/2011

Ao investigar o bullying na pré-adolescência, pesquisadoras da Unisinos descobriram uma relação entre a violência no ambiente escolar e o comportamento dos pais. O estudo apontou que há mais chances de uma criança ou adolescente ser vítima ou agressora quando seus pais são autoritários, punitivos ou distantes dos filhos.

Apesquisa foi feita com 221 crianças e adolescentes entre nove e 14 anos, estudantes de duas escolas da rede municipal de ensino de Novo Hamburgo, ao longo deste ano. Conforme a doutora em Psicologia Carolina Lisboa, orientadora do estudo apresentado na dissertação de mestrado da psicóloga Bruna Land, a investigação acadêmica revelou que a forma com que os pais educam seus filhos em casa tem relação com o envolvimento das crianças em casos de bullying.

– Adaptamos dois tipos de questionários que nos permitiram avaliar como os alunos viam seus colegas, pois o autorretrato é sempre mais difícil. Depois, qual era a percepção dessas crianças em relação aos seus pais – explica Carolina, à frente de um grupo de pesquisa sobre o tema, na Unisinos.

Defendida no dia 25 outubro, a dissertação aponta que crianças que percebem seus pais como pessoas não autoritárias, que negociam e têm bom diálogo com filhos, mostraram-se mais sociáveis do que as crianças que percebem seus pais com estilo negativo. E mais: crianças cujos pais não são autoritários tampouco permissivos são aquelas que têm menos chances de serem vítimas de bullying.

Pesquisa revelou meninas mais agressivas

A pesquisadora alerta poder se tratar de uma via dupla de causa e consequência. Ou seja, por não terem problemas com bullying, as crianças trazem menos problemas para casa. O que as leva a ter um mais comportamento tranquilo em relação à autoridade dos pais.

– A partir dessa pesquisa, pode-se promover ações contra o bullying que levem em consideração esses aspectos familiares – pontua a pesquisadora da Unisinos.

Para Carolina, a pesquisa ainda traz um dado surpreendente: médias mais altas de agressividade nas meninas do que nos meninos.

Conforme a pesquisadora, no entanto, não foi possível aferir se as meninas estão mais agressivas (em relação ao diagnóstico feito em outros estudos) ou se as técnicas usadas na pesquisa foram mais sensíveis às formas sutis de violência (indiretas) que são, em geral, atribuídas a meninas, como fofocas e intrigas.

– Os estudos nacionais e internacionais sempre evidenciavam os meninos como mais agressivos – comenta ela.

A pesquisa ainda revela que as meninas entrevistadas apresentaram uma tendência maior de se isolar do que os meninos. Segundo Carolina, não há teorias ou outros estudos que sinalizem os motivos. As meninas podem ser mais tímidas ou mais excluídas dos grupos.

– Pode-se pensar que por questões culturais, as meninas possam se sentir com menos liberdade de expressão. Ou então este dado pode ser explicado pela fase da vida (pré-adolescência) na qual é natural certo retraimento, por vezes até saudável – avalia ela.


Conclusões do estudo

O agressor - Percebem seus pais como pessoas autoritárias, que não dão atenção ou carinho e que as punem fisicamente. O fato da criança ser agressora também pode influenciar no comportamento dos pais que, sentindo-se impotentes, afastam-se. Outra conclusão é que crianças agressivas têm maior chance de se tornar vítimas de bullying em outra oportunidade.

A vítima - Negligência dos pais é a percepção mais forte das crianças vítimas de bullying, mas também há vítimas que percebem os pais como agressores. As demais conclusões são semelhantes às obtidas sobre crianças agressoras: ao perceberem o filho como vítima, os pais podem se afastar. A vítima de hoje também pode se tornar a agressora de amanhã.

O sociável - Um relacionamento saudável com os pais se reflete no ambiente escolar. Crianças que percebem seus pais como pessoas não autoritárias mostraram-se mais sociáveis com os colegas.

As crianças que não veem os pais como muito autoritários nem muito permissivos são aquelas que têm menos chances de serem vitimizadas.

Menina x Meninos - As meninas mostraram médias mais altas de agressividade do que os meninos. Frente ao bullying, as meninas apresentaram maior tendência a um comportamento de isolamento do que os meninos.

O estudo. Veja como funcionou a pesquisa da Unisinos:

- A pesquisa, realizada em duas escolas de Novo Hamburgo, fez parte da dissertação de mestrado da psicóloga Bruna Land.

- As 221 crianças e adolescentes entre nove e 14 anos foram entrevistadas sobre os seus colegas. Quem eles consideravam agressores ou vítimas de bullying, e também quem se relacionava bem com a turma.

- A partir dos tipos identificados, essas crianças responderam a um questionário sobre o comportamento dos seus pais.

- O cruzamento destas informações mostrou que há relação entre o ambiente familiar e o escolar. As pesquisadores ressaltam, no entanto, que o segundo também pode influenciar o primeiro, no sentido de que as crianças levam seus problemas para casa.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

MANOBRAS COM A EDUCAÇÃO


EDITORIAL ZERO HORA 12/12/2011

Repete-se no Congresso, agora com a educação, o que ocorreu na última semana com a saúde pública. Os parlamentares debatem, sob pressão de entidades de defesa do ensino público, o Plano Nacional de Educação, que definirá quanto o país investirá na área a partir do próximo ano. A intenção de elevar para o equivalente a 7% do Produto Interno Bruto (PIB) os recursos para a aprendizagem, defendida pelo governo, ou de 8%, pretendida pelo relator da proposta na Câmara, eleva significativamente o atual percentual, estimado em 5,7%. Só haverá ensino de qualidade, porém, se além das verbas necessárias, o setor contar com um projeto coerente e com metas claramente definidas num horizonte de médio e longo prazos.

Mais uma vez, como ocorreu no caso da saúde, debate-se a falta de clareza na destinação dos recursos. O projeto em discussão inclui entre as despesas verbas para entidades privadas, bolsas de estudo e até mesmo contribuições sociais de aposentadoria de trabalhadores da área. É mais uma versão dos truques contábeis, condenados pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação, entidade que articula a mobilização em defesa dos recursos.

Se governo e congressistas são capazes de estimular ou se omitir diante de manobras orçamentárias que envolvem a educação, é possível esperar comportamento adequado em relação a outras questões? Certamente, não, o que reforça a importância de um olhar atento e permanente por parte de instituições da área de ensino.

Entidades representativas da sociedade precisam continuar atentas à necessidade de fiscalização e de discussão do Plano Nacional de Educação. Não se pode permitir que se perpetuem na educação os mesmos erros de manipulação de recursos cometidos com a saúde pública.

ENTREVISTA. “O professor pode dar mais atenção aos alunos atrasados”. Jane Squires, uma das autoras do método de avaliação ASQ-3

Convidada pelo Planalto para apresentar no Brasil seu método de avaliação da primeira infância a educadores e agentes públicos, a professora da Universidade do Oregon (EUA) Jane Squires ouviu críticas dos especialistas brasileiros. A americana conversou com Zero Hora sobre a polêmica em torno de sua técnica.

Zero Hora – Como funciona seu método de avaliação?

Jane Squires – O método observa a criança e a cultura em que ela está inserida. Em uma sala de aula, por exemplo, é possível identificar as crianças que não conseguem recortar e escrever no mesmo ritmo dos colegas. Com esse mapa, o professor pode dar mais atenção aos alunos mais atrasados. Também podemos adaptar o currículo escolar para que as crianças exercitem suas deficiências.

ZH – Qual a vantagem da ferramenta?

Jane – É uma técnica naturalista. Você analisa a criança em seu ambiente, em meio às atividades do dia a dia. Você a avalia dentro do seu contexto, sem tirá-la da zona de conforto.

ZH – É viável adaptar esse método à realidade educacional brasileira?

Jane – Claro. Já adaptamos esse instrumento em vários países. Só é preciso conduzir o processo com cuidado e com muita reflexão. No Brasil, haverá um estudo para verificar como irá funcionar, qual deve ser o ponto de partida e quais são seus resultados para uma determinada população.

ZH – Como a senhora encara as críticas contra seu instrumento de avaliação?

Jane – É uma questão política em que, felizmente, não preciso me envolver. As discussões são boas, pois a utilização desse método deve ser feita com bastante consideração e cuidado.

ENTREVISTA. “Não dá para generalizar a evolução da primeira infância”. Carmem Maria Craidy, professora de Educação Infantil da UFRGS

Especialista em Educação Infantil, a professora da UFRGS Carmem Maria Craidy é cética sobre os supostos benefícios do método americano de avaliação da primeira infância. Para ela, os testes propostos pelo governo federal podem ser altamente prejudiciais para as crianças. A seguir, a síntese da entrevista:

Zero Hora – A aplicação desta técnica pode ajudar no desenvolvimento infantil?

Carmem Maria Craidy – O fundamento desta proposta de testar crianças está totalmente superado pelas teorias contemporâneas de desenvolvimento infantil. Essa visão já era criticada lá na década de 1950 e, atualmente, não é mais considerada com seriedade. Uma criança pode se desenvolver mais durante uma fase da vida e menos em outra. Não dá para generalizar a evolução da primeira infância.

ZH – Há risco de prejuízos à primeira infância?

Carmem – Sem dúvida. Essa técnica traz o risco da estigmatização. Os testes serão aplicados por pessoas sem nenhuma qualificação técnica. Além do mais, se a criança não apresenta um desempenho idêntico aos resultados do questionário, ela já é considerada problemática. Esses diagnósticos podem gerar preconceito, levando a criança a ser discriminada.

ZH – Somente o meio acadêmico tem restrições a esse método?

Carmem – Não vi ninguém do MEC no encontro que discutiu o tema com a autora do ASQ-3. Na mesma reunião, o Ministério da Saúde afirmou que recém está tomando conhecimento da ferramenta. Se os ministérios da Educação e da Saúde não estão alinhados com essa metodologia, me pergunto: de quem é essa proposta? Por que os órgãos responsáveis pela educação no país não estão envolvidos?

sábado, 10 de dezembro de 2011

A FAÍCA DO RADICALISMO


EDITORIAL ZERO HORA 10/12/2011


A decisão de um grupo de representantes do Cpers de queimar na rua cartilhas elaboradas pela Secretaria de Educação (SEC) destinadas a esclarecer mudanças pretendidas no Ensino Médio resultou, na prática, numa inaceitável aula de intolerância protagonizada justamente por parte de quem deveria dar bons exemplos. A iniciativa só pode ser vista com estupefação, mesmo partindo de um sindicato que não hesitou em deflagrar uma greve inconveniente e destinada ao fracasso, na reta final do ano letivo. De alguma forma, esse tipo de radicalismo guarda algum paralelo com outra intenção equivocada: a pretensão de vereadores do PSOL de alterar a denominação para Avenida da Legalidade da atual Castelo Branco, buscando retirar dessa importante via pública qualquer vínculo com regimes de exceção.

No que diz respeito à mudança de denominação de logradouro, as consequências são menos graves. Mesmo na hipótese de a troca vir a ser aprovada pela Câmara, a alteração dificilmente teria qualquer impacto no cotidiano da população, que resiste em aceitar imposições desse tipo. Mas a sociedade tem razões de sobra para questionar se a tentativa é realmente uma questão prioritária para quem vive ou transita numa capital com tantos problemas, como é o caso de Porto Alegre.

O que impressiona no caso da fogueira de material impresso é o fato de a iniciativa partir justamente de quem tem a missão de formar crianças e jovens. O desafio inclui a transmissão de conhecimento, mas também o exercício corriqueiro de ensinar o enfrentamento de debates polêmicos, como é o caso das pretendidas mudanças no ensino, com a contraposição de argumentos, não com atitudes marcadas pelo radicalismo.

Queimar impressos e tentar apagar a história lembram atitudes totalitárias pretéritas, incompatíveis com a democracia. Não é esse, certamente, o tipo de atitude que se espera ver ensinado, dentro e fora da sala de aula, a cidadãos em fase de aprendizagem.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

A BANDEIRA DA EDUCAÇÃO

Ensino superior privado, desigualdade e homicídios. Luiz Flávio Gomes. Revista Consultor Jurídico, 24 de novembro de 2011


O Censo da Educação Superior 2010 divulgou recentemente o aumento significativo no número de matrículas em cursos de graduação de 2001 a 2010, uma expressiva taxa de crescimento de 110,1%.

Este aumento deveu-se principalmente às matrículas em universidades privadas, já que enquanto seu crescimento entre 2001 e 2010 foi de 126%, o percentual para as instituições públicas, durante a mesma década, foi de 74% (evolução calculada pelo Instituto de Pesquisa e Cultura Luiz Flavio Gomes – IPC-LFG).

Se analisarmos o número de matrículas isoladamente para cada ano, temos que em 2001 o ensino superior privado detinha 68,9% do total das matrículas (ou seja, 2.091.529); já em 2010, com 4.736.001 matrículas, representou 74,2%. Em contrapartida, o ensino superior público, que registrava 944.584 de matrículas em 2001 (representando 31,1%), passou a 1.643.298, em 2010, um percentual de 25,8% do total.

O ensino privado é ainda o principal responsável pelo aumento no número de matrículas no país, seja pela maior facilidade de acesso quando comparado às universidades públicas, seja pela difusão dos cursos a distância que representaram 14,6% do total de matrículas em 2010.

Se existe uma bandeira que deveria merecer a mobilização de toda população nacional, ela reside na área da educação. Uma melhor educação contribui ativamente para a diminuição da violência (diferentemente do que pensa a maioria da população entrevistada no CNI-IBOPE 2011, que a coloca em 5º lugar nesta contribuição), combate a alienação, a manipulação e o conformismo. Diminui os conflitos litigiosos desnecessários e favorece o crescimento do país.

Quanto mais se investe em educação menos desigualdade existe. E quanto menos desigualdade menos homicídios (como demonstraremos num estudo que estamos preparando, com base em números da ONU). Com mais educação o Brasil não teria sido, em 2009, o campeão mundial em assassinatos (intencionais), totalizando 51 mil mortes



Luiz Flávio Gomes é doutor em Direito penal pela Universidade Complutense de Madri e mestre em Direito Penal pela USP. Foi Promotor de Justiça (1980 a 1983), juiz de Direito (1983 a 1998) e advogado (1999 a 2001). É autor do Blog do Professor Luiz Flávio Gomes.

*Com a colaboração de Mariana Cury Bunduky, advogada e pesquisadora do Instituto de Pesquisa e Cultura Luiz Flávio Gomes

GARANTINDO O FUTURO DO RS

RICARDO FELIZZOLA, EMPRESÁRIO, PRESIDENTE DO CONSELHO DIRETOR DO PGQP - ZERO HORA 09/12/2011

ORio Grande do Sul vive um momento importante: as contas públicas são um desafio permanente, a competição e as oportunidades batem à porta e o Brasil se desenvolve a passos largos em outras regiões. Que futuro está reservado para nós, gaúchos? Como estaremos daqui a 20 anos?

Uma grande oportunidade no mundo moderno é saber competir. E poder ganhar! Está ganhando quem é capaz de inovar, de usar o conhecimento para criar mais valor em seus produtos, seus serviços e nos processos de produção. Esses povos estão ficando ricos. A base para o conhecimento é o capital humano, em outras palavras, o cidadão educado. Os coreanos nos ensinam repetindo: “... ao fim da guerra, tínhamos somente nossas pessoas...”. Hoje, eles são um país rico, desenvolvido. Tudo baseado na educação, no processo de ensinar seu povo. Lá, as famílias têm paixão pela educação dos filhos, pois sabem que é ela que vai determinar o futuro de todos.

O maior responsável pela educação dos gaúchos é o Estado. Para isto, conta com uma das maiores organizações aqui existentes, que é Secretaria de Educação. Ali, a escola é planejada e através dela o ensino chega à criança. O agente é o professor, nobre cidadão funcionário do Estado. Lamentavelmente, há o desentendimento continuado entre a organização e os professores e para discutir isto, que é um problema do presente, fruto de um passado de pouca solução, compromete-se o futuro de todos nós através de greves.

Está comprovado que o dia perdido por uma criança sem nada aprender nunca mais pode ser recuperado... Cada hora de aprendizado perdida é definitiva e compromete o futuro daquele cidadão e o de nossa sociedade. Enquanto paramos, nossos competidores em outros países continuam, cada vez aprendendo mais, melhorando continuamente.

Assim sendo, precisamos entender que a discussão do investimento obrigatório e prioritário na educação não pode ser pautada pela simples necessidade corporativa, que quase sempre passa a ser a prioridade de curto prazo e compromete a discussão estratégica do assunto. Nossas crianças merecem muito mais. Nós, gaúchos, merecemos muito mais! Ninguém é dono da educação. Devemos ser todos comprometidos com ela. É questão de sobrevivência.

O processo público de educação precisa de melhor gestão e de liderança inconteste. Precisa atingir metas para os problemas de capacitação dos docentes, no seu reconhecimento e remuneração. Atingir metas para o aproveitamento dos alunos, para o controle da evasão e para o uso dos recursos aplicados na formação completa de cidadãos de futuro.

A agenda 2020 aponta alguns caminhos há algum tempo para a discussão estratégica. As lideranças corporativas, sempre convidadas a participar, nunca foram capazes de se apresentar. O mundo sabe que o professor é muito mais do que um nobre trabalhador, ele tem de ser reconhecido como mestre e não precisa de ações violentas para buscar seus interesses. Os professores são heróis em toda parte onde se entende de competição, inovação e conhecimento. Assim devem ser no Brasil e em nossa terra.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

INSEGURANÇA - COLÉGIO DE CANOAS ADOTA IDENTIFICAÇÃO POR DIGITAIS



SEGURANÇA NA PONTA DO DEDO. Além de barrar acesso de estranhos, mecanismo comunicará pais de faltas e atrasos dos estudantes - MARCELO GONZATTO, zero hora 08/12/2011

A partir de hoje, estudantes de um colégio particular de Canoas, na Região Metropolitana, vão usar o dedo para entrar na escola. A implantação de um sistema biométrico de identificação, que libera catracas de acesso ao reconhecer a impressão digital, ilustra o avanço da tecnologia de segurança nos colégios privados e a preocupação de pais e diretores com o fantasma da violência.

OColégio Espírito Santo, localizado no bairro Nossa Senhora das Graças, vai colocar em teste o sistema composto por quatro catracas com leitores ópticos conectadas. Quando um dos mais de mil alunos repousar o polegar sobre o leitor, o mecanismo vai varrer um banco de dados informatizado para conferir se uma marca idêntica está cadastrada. Só então a catraca é liberada.

Conforme a diretora, irmã Maria Sônia Müller, a medida atende a um anseio dos pais por maior segurança e controle de acesso. A tecnologia deverá servir ainda para propósitos pedagógicos. Quando um aluno acumular atrasos ou faltas, verificados pelo porteiro digital, automaticamente será disparado um e-mail para os pais. Para a mãe de dois alunos Salete Dequi Malabarba, 50 anos, o controle tecnológico é um alívio a mais:

– A gente sempre tem medo de que entre alguém que não deve. Isso nos dá uma tranquilidade maior.

A escola conta ainda com 36 câmeras de vídeo que registram a movimentação em corredores, pátio e até em metade das salas de aula – o que também ajuda a inibir brigas ou atos de vandalismo.

Pedagoga e mestre em Educação, Denise Arina Francisco recomenda bom senso no uso destas ferramentas de vigilância.

– A criança e o adolescente precisam aprender a ter um comportamento adequado, mas não só porque estão sendo monitorados. É importante deixar claro que é um compromisso ético e moral – sustenta.

Como funciona

- Nos últimos meses, professores e alunos cadastraram no sistema informatizado as suas impressões digitais;

- Para entrar na escola, o polegar será colocado sobre o leitor óptico instalado em cada catraca;

- O leitor identificará a impressão digital e irá compará-la com aquelas cadastradas previamente no banco de dados digital;

- Se a impressão digital for reconhecida, a catraca será automaticamente liberada. Se não for encontrada equivalente no sistema, a entrada permanecerá bloqueada;

- O sistema vale para alunos e funcionários da escola. Os pais devem se apresentar à recepção;

- Além do equipamento, a escola vai manter um funcionário controlando a movimentação de alunos, pais e visitantes;

- Acúmulos de atrasos ou faltas serão detectados pelo sistema, que poderá enviar e-mails aos pais alertando para o problema.