EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

15 MILHÕES DE ALUNOS SEM BIBLIOTECA E 75% DAS ESCOLAS SEM LABORATÓRIO

Quinze milhões de alunos estudam em escolas sem biblioteca no país - o globo, 29/01/2011 às 21h09m - Demétrio Weber

BRASÍLIA - Na volta às aulas, milhões de alunos de todo o país vão estudar este ano em escolas onde não há laboratório de ciências, biblioteca, laboratório de informática ou quadra de esportes. O Censo Escolar do Ministério da Educação (MEC) mostra que, no ano passado, 27 milhões de estudantes de ensino fundamental e médio (70% do total) frequentavam estabelecimentos sem laboratório de ciências. A inexistência de bibliotecas era realidade para 15 milhões (39%), enquanto 9,5 milhões (24%) estavam matriculados em escolas sem laboratório de informática, e 14 milhões (35%), em unidades sem quadra esportiva.

Os dados foram divulgados pelo MEC em dezembro e consideram tanto a rede pública quanto a privada. No ensino médio, menos da metade das escolas tinha laboratório de ciências. Nas séries finais do ensino fundamental, a situação era mais grave: só 23% delas estavam equipadas. Nas séries iniciais do fundamental, apenas 7% dos estabelecimentos tinham laboratório de ciências.

"Os alunos possivelmente terão prejuízo na formação"

Falando em nome do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), a secretária de Mato Grosso, Rosa Neide Sandes de Almeida, diz que as deficiências na infraestrutura prejudicam a aprendizagem. Ela culpa a falta de investimentos em governos anteriores, tanto em nível federal quanto estadual e municipal, mas ressalva que a situação começou a mudar na última década:

- Os alunos possivelmente terão um prejuízo significativo na sua formação. Isso com certeza tem consequências para o nível de escolaridade que a gente oferece à nossa população. O Brasil ainda está fazendo o dever de casa em aspectos primários da escola - diz Rosa Neide.

A falta de infraestrutura preocupa a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). O coordenador do Grupo de Trabalho de Educação da SBPC, Isaac Roitman, considera a situação vergonhosa e defende o lançamento de um Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) específico para recuperar escolas e formar professores. Até hoje, nenhum brasileiro foi agraciado com o prêmio Nobel.

- Deveria ser prioridade para quem pensa no futuro do Brasil - disse Roitman, por e-mail.

O consultor do movimento Todos pela Educação e membro do Conselho Nacional de Educação (CNE), Mozart Neves Ramos, critica a falta de padrões mínimos para o funcionamento de escolas. Segundo ele, o poder público deveria estabelecer critérios e fazer a certificação das escolas.

Em maio, o CNE aprovou parecer definindo padrões de qualidade para a rede pública, o que exigiria aumentar investimentos em educação. O parecer só vale se for homologado pelo ministro Fernando Haddad, o que ainda não ocorreu. Segundo o MEC, o texto permanece em análise.

- A gente não pode oferecer escola de qualquer jeito. É preciso dizer quais são os insumos que se espera que uma escola tenha - diz Mozart.

Ele chama a atenção para outro ponto: não basta ter laboratórios e bibliotecas, é preciso que professores e alunos utilizem os recursos:

- O pior de tudo é que, mesmo nas escolas que têm laboratórios, eles são pouco usados - diz Mozart.

Em escola no DF, computadores sem uso

O Distrito Federal, unidade da Federação que lidera rankings de avaliação do MEC, não foge à realidade revelada pelo censo. O Centro de Ensino Fundamental Fercal, na cidade-satélite de Sobradinho, não tem biblioteca nem laboratório de informática. A escola recebeu 20 computadores do MEC no ano passado, mas dez máquinas permanecem nas caixas, e as demais não são usadas.

O vice-diretor Samuel Wvilde diz que a rede elétrica não suporta o funcionamento simultâneo dos computadores. Há um projeto de reconstrução da escola. Os livros de literatura ficam guardados junto com o material esportivo. O resto do acervo foi transferido para outra escola, onde está sem uso. O centro atende a 1,1 mil alunos de ensino médio e dos anos finais do fundamental.

A Escola Classe Engenho Velho, com 420 alunos, não tem biblioteca nem laboratório de informática. A vice-diretora Susan Fernandes conta que o MEC já ofereceu computadores três vezes, mas a doação foi recusada porque o prédio não tem sala disponível. Os livros de literatura ficam guardados em caixas, que são levadas pelos professores para as salas de aulas.

O MEC informa que investiu R$ 774 milhões na compra e distribuição de computadores capazes de beneficiar 30 milhões de alunos, entre 2004 e 2010.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

ALÉM DA FALTA DE DINHEIRO

PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRA - Além da falta de dinheiro - 28/01/2011

Quando os números desafiam a lógica, é preciso rever a própria lógica. Essa parece ser a primeira lição do descompasso observado entre o investimento em educação em Porto Alegre e os resultados medíocres dos alunos da rede municipal no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Alarmados pelas notas obtidas pelos estudantes, professores, pais e gestores buscam entender a contradição: como explicar que a rede que paga salários três vezes maiores para professores do que o Estado e oferece estrutura adequada esteja entre as piores do país no índice?

A rede municipal da Capital está em 15º lugar entre 26 redes municipais de capitais nos anos iniciais do Ensino Fundamental e em 12º entre 24 capitais nos anos finais (Rio Branco e Boa Vista não oferecem matrículas nesta etapa do ensino obrigatório). Já a rede estadual do Rio Grande do Sul ficou em oitavo lugar no Ensino Médio, entre as 27 unidades da federação, e o Ensino Fundamental, em terceiro.

Na busca por explicações, os especialistas se dividem. Professora aposentada com vasta experiência, Elva Verlang Kramer coloca a culpa do equívoco no gerenciamento do ensino por ciclos, com aprovação automática e sem o reforço adequado para os alunos com dificuldades. Um outro fator seria a perda de autoridade por parte dos professores. Sem o medo da reprovação, alunos rebeldes se tornaram incontroláveis.

Já a professora Isabel Letícia Pedroso de Medeiros, doutora em educação e diretora-geral da Associação dos Trabalhadores em Educação do Município de Porto Alegre (Atempa), questiona os próprios sistemas de avaliação, que passariam uma “régua cega” sobre populações com diferenças culturais e sociais. E lembra que a rede municipal atende à população mais vulnerável: apesar de ter 20% do total de matrículas na cidade, ela atende 50% dos alunos com necessidades especiais.

Diante de um cenário tão complexo, só há uma certeza: as respostas não podem ser simplistas.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

OS PROBLEMAS DA ESCOLA ESTÃO FORA DA ESCOLA

Os problemas da escola estão fora da escola, por Eliezer Pacheco, professor e secretario de educação profissional do MEC. Zero Hora 26/01/2011

Ultimamente, tem sido enfatizada a valorização do professor como forma de melhorar a educação brasileira. Isto é absolutamente correto. Sem educadores motivados, é impossível uma educação de qualidade. Da mesma forma, há a necessidade de escolas bem estruturadas. Entretanto, os principais problemas se originam do lado de fora das instituições educacionais. A escola precisa se ocupar das questões sociais que a atingem direta ou indiretamente. Tais problemas não têm sido tratados como questões concernentes à educação, quando, de fato, o são.

É difícil ocorrer uma aprendizagem adequada com famílias desagregadas, pais com baixa ou nenhuma escolaridade e inexistência de ambientes favoráveis ao estudo. Os entraves cruciais da educação têm de ser enfrentados com políticas de emprego, salário, distribuição de renda, habitação, saneamento, transporte etc. Nosso país, a partir do governo Lula, vem enfrentando estas questões e adotando importantes iniciativas na área educacional, cujos resultados, a médio e longo prazos, acontecerão. Estes, contudo, demandam uma geração inteira para se fazerem sentir. Devem os educadores e a sociedade apenas aguardar as consequências dessas iniciativas? Parece-nos que não.

As escolas públicas, além da parte pedagógica, deveriam ter uma coordenação de políticas sociais, responsável pela articulação entre os membros da comunidade escolar e as políticas públicas de saúde, habitação, saneamento etc. A comunidade escolar deve ser vista como um todo. As escolas devem compreender a educação dos pais de seus alunos como parte de suas tarefas, encaminhando-os para a alfabetização, escolarização e profissionalização. É necessário ter conhecimento da situação de cada família e tomar medidas no sentido de prover soluções aos problemas socioeconômicos que impedem o educando de ter um bom desempenho.

A presidenta Dilma tem apontado o combate à miséria como sua prioridade. Desta forma, nenhuma instituição pública pode se omitir, especialmente a escola, do papel que desempenha. É necessário resgatar a dimensão política do fazer docente.

O debate político entre os educadores foi substituído pelo debate sindical, importante para a categoria, mas insuficiente para responder aos grandes desafios da educação. A escola é a instituição pública de maior capilaridade em todo o país e, portanto, a que tem melhores condições de articular uma grande mobilização nacional em defesa do conhecimento e da emancipação.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Conheço pessoalmente o professor Eliezer e ele está certo em propor o encaminhamento do alunos para a alfabetização, escolarização e profissionalização. Só que até agora este encaminhamento não passou de retórica e promessas nunca cumpridas.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

FALTA DE QUALIFICAÇÃO

Falta de qualificação impede entrada de trabalhador no mercado, diz Ipea. Jornal do Comercio/RS. Agência O Globo - 19/01/2011 - 17h19min

No país do emprego e da renda em alta, a falta de qualificação ainda breca a entrada de boa parte de pessoas no mercado de trabalho. A conclusão faz parte de pesquisa realizada pelo Ipea sobre a percepção dos trabalhadores em relação à sua própria condição.

O estudo aponta, por exemplo, que a falta de capacitação teórica foi a principal dificuldade apontada por quem estava desempregado (23,7%), acima de dificuldades como baixo salário, concorrência, discriminação, distância de casa ou jornada excessiva de trabalho.

Entre os inativos, a falta de qualificação parece ser um fator importante para 37,7% dos inativos não terem procurado trabalho na última semana (ou mesmo nunca terem procurado trabalho ao longo de sua vida).

"Em outras palavras, mais de um terço dos inativos explicam seu próprio afastamento da atividade laboral por meio da ausência de qualificação ocupacional", informa a pesquisa.

Entre os inativos que estão nesta condição há menos tempo (até 35,99 meses), 49,7% atribuem grande relevância à falta de qualificação. Ademais, em meio aos inativos que aceitariam uma proposta de trabalho (caso ela surgisse), 51,6% consideram que a ausência de qualificação é um fator explicativo muito importante para a sua inatividade.

Já para os trabalhadores por conta própria e pequenos empregadores, parcela significativa afirma ter pouco controle sobre a duração de seu trabalho, que lhes parece claramente excessivo e prejudicial à sua vida cotidiana.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - A origem desta falta de qualificação está na educação precária que não identifica potencial, habilidades e talentos, fundamentais para orientar o jovem na sua futura qualificação profissional. Os jovens saem dos bancos escolares sem rumo, estressados e sem perspectivas para enfrentar o mercado de trabalho.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

A POSTURA DO PROFESSOR

Artigo abre debate sobre postura dos professores - ÂNGELA RAVAZZOLO, Zero Hora, 14/01/2011

Em texto, advogado e jornalista critica suposto comodismo em sala de aula
Vítima ou protagonista? O papel do professor em sala de aula provoca debate entre educadores e pesquisadores. Artigo publicado ontem na página 19 de Zero Hora despertou a discussão em torno da postura daqueles que reclamam demais e muitas vezes se acomodam diante dos percalços do cotidiano escolar.

No texto, o advogado e jornalista Cleber Benvegnú critica o comportamento daqueles professores que reclamam muito das agruras da profissão, mas pouco fazem para se aperfeiçoar, não leem, estão desatualizados com as novas tecnologias e transformam o cotidiano “numa lamúria permanente”. Especialistas reconhecem que a figura do reclamão, nunca contente e na posição de vítima, povoa salas de aula. Fernando Becker, professor titular de Psicologia da Educação da UFRGS, diz que essa cultura é bastante comum no magistério:

– Os sindicatos de professores exploram isso, cria-se uma mentalidade de que o professor é uma vítima. É difícil dizer: por que dois professores, nas mesmas condições adversas, um continua se atualizando e o outro se atira nas cordas?

Cecília Farias, diretora do Sindicato dos Professores (Sinpro/RS), reconhece esse comportamento, mas critica o enfoque do artigo.

– Essa manifestação não ajuda porque centraliza o problema no professor, em um tipo específico de professor – argumenta Cecília.

Para melhorar a autoestima, ela sugere uma formação continuada e uma remuneração que garanta acesso a cultura, lazer e novas tecnologias.

– Esse tipo de professor existe, mas é preciso dar condições a ele para que possa mudar. Disputamos a atenção dos alunos com todas as coisas interessantes do lado de fora da escola.

Para a 2ª vice-presidente do Cpers, Neiva Lazzarotto, a tese de vitimização é equivocada:

– Com seu salário, o professor não consegue comprar livros, jornais. Há problemas estruturais graves, não é falta de vontade do professor.

Orian Kubaski, vice-presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-RS), argumenta que a “cultura do coitadismo” não ajuda ninguém a melhorar a vida profissional:

– O ranço de reclamar faz parte da cultura latino-americana. Também temos dificuldade em pensar sobre nossas deficiências e como melhorar. A carreira não é responsabilidade do empregador, é da pessoa.

EDUCAÇÃO PEDE URGÊNCIAS

Educação pede urgências, por Victor José Faccioni, Conselheiro do TCERS - Zero Hora 13/01/2011

Todos proclamam a importância e necessidade da educação, cuja carência nacional relega considerável multidão, senão a maioria dos jovens cidadãos, a verdadeiros párias na atualidade e graves incertezas no porvir. Mas nem sempre é lembrado que só haverá a universalização e valorização da educação, com a escalada de novos níveis, com a valorização e motivação do professor e quanto mais qualificado possível.

ZH publicou em setembro último interessante e oportuna pesquisa sobre o desinteresse da juventude estudantil brasileira, por exemplo, em se formar e seguir a carreira do magistério, de professor para lecionar. Começa o alerta com a manchete: “Profissão em baixa – Jovens evitam ser professor”. E prossegue: “Pesquisa aponta que só 2% dos estudantes pretendem seguir a carreira docente no Brasil”. Isto não significa desimportância da missão do educador. Ao contrário, diz aquele noticiário, ao informar que “os jovens, principalmente de escola pública, admiram a figura do professor. Mas seguir a mesma carreira dos mestres não está nos seus planos”.

Trata-se de estudo realizado pela Fundação Carlos Chagas, encomendado pela Fundação Victor Civita, sobre a atividade da carreira docente no Brasil. “Em vez de se tornarem pedagogos – ou apostar em cursos de licenciatura – eles sonham em ser advogados, administradores e engenheiros”.

Daí a oportuna advertência da diretora executiva da Fundação Victor Civita, Ângela Dannemann, ao alertar que “são dados bastante assustadores. Isso é muito grave, por que vai haver problema de reposição de vagas no futuro”. E, acrescentaria eu, como todos sabemos, o futuro já está sendo construído hoje. Daí que, se ainda hoje não estivermos tratando de uma campanha de valorização e promoção da importância e necessidade vital do magistério, para que aconteça a educação, deixaríamos de assegurar a construção de um futuro melhor para nosso Brasil.

Neste sentido, cresce de importância a discussão, possível aperfeiçoamento e votação do projeto de lei que cria o Plano Nacional de Educação, enviado ao Congresso Nacional em 15/12 último, no qual estabelece que Estados, municípios e o Distrito Federal elaborem planos correspondentes, ou façam adequações nos que já existem, com metas a executar no período deste ano a 2020. Mais que na hora, pois, de discussão e votação de tão importante matéria, com a “Educação pedindo urgências”, para assegurá-la a todos os brasileiros.

QUANDO A CULPA TAMBÉM É DO PROFESSOR

Quando a culpa também é do professor, por Cleber Benvegnú, advogado e jornalista - Zero Hora, 13/01/2011

Vi meu pai, em idos tempos, ser convidado à mesa de autoridades simplesmente porque ostentava, no pequeno lugarejo em que morávamos, o título de professor. E, naquela época, tal qual hoje, o salário não era algo que enricasse alguém. Longe disso. O que lhe garantia essa condição, a mesma que tantos mestres de outrora ostentavam, era tão somente uma postura de quem respeitava e se dava por respeitar. De quem conhecia, moderava e ponderava. De quem tinha consciência da profissão que escolheu e, apesar das agruras, a ela se dedicava de corpo e alma.

Sim, esta é minha pauta: o magistério. Ocorre, porém, que não vou reproduzir odes às virtudes e à importância social da categoria – isso já fazem às pampas. Quero é reclamar do professor, mesmo sabendo que necessariamente desagradarei. Como desagrada o que foge ao politicamente correto e ao coro das multidões. Como desagrada o que contraria imexíveis zonas de conforto e grandes grupos de interesse – principalmente se escorados em influentes sindicatos.

Não importa. É hora de colocar na berlinda também os professores, pessoas físicas com nome e sobrenome. Não todos, por óbvio, mas aqueles que se encaixam num estereótipo decadente que tenho visto aumentar nos últimos anos. Aqueles que têm parcela significativa de culpa no cartório dos maus resultados da educação, apesar de quase sempre se esconderem nas supostas injustiças do sistema.

Reclamo do professor que só reclama, a ponto de transformar seu cotidiano numa lamúria permanente. Um chororô insuportável. Um fardo para si e para os outros – para os alunos, especialmente. Reclamo do professor que perdeu o charme, que não lê sequer o jornal do dia, não entra em biblioteca, vai dar aula com roupa de ginástica e só entende de novela. Daquele que jamais prepara uma aula e nunca tentou sequer ligar um computador. Daquele que não gosta do que faz e, por isso mesmo, não cria, não se valoriza. Só se lamuria, só choraminga. É triste e entristece.

Reclamo daquele que a tudo culpa o baixo salário. Explica sua muita preguiça na pouca cifra que recebe, como se isso justificasse a incompetência latente. Como se o magistério fosse a vítima escolhida para todos os males possíveis. A fila anda, ora bolas. Tem gente querendo esse lugar. E o dinheiro do povo é que paga essa conta, inclusive os interessantes dois meses de férias por ano. É preciso honrar o concurso por que passou. Fazer jus ao emprego público que escolheu – até porque já sabia das condições antes de nele entrar. Amar a profissão, apesar dos pesares. Ou dela desistir.

Não, não proponho parar de lutar ou abdicar da consciência crítica. Lutem por seus direitos, tudo bem. Protestem. Mas o professor tem de recuperar o autoconceito para além dos vencimentos. Para além do clichê sindicalista, que nada inova, nada propõe, nada desafia. Falo em fazer o que está ao seu alcance para melhorar a jornada, sem culpar os outros durante todo o tempo. Falo em superar essa cultura do coitadismo que se instalou em muitos corações e mentes. Afastar o baixo-astral. Falo, enfim, em vontade própria, em autoestima e, principalmente, em autocrítica – virtude indispensável a qualquer profissional.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Concordo em parte com este artigo. Antigamente, no tempo do pai do autor do artigo, o professor tinha um ganho considerável e era visto como uma autoridade municipal valorizado pela comunidade e respeitado pelos pais e alunos. Juízes, professores, Oficiais e graduados da Brigada Militar, outros servidores públicos e profissionais liberais ficavam honrados quando recebiam o convite para ministrar aulas. Professores como este eu até hoje lembro, pelo ensinamento de vida e pela qualidade do conteúdo e forma que ministravam.

Ocorre que hoje, o professor concursado passou a ser desvalorizado perdendo a auto-estima, a autoridade e o respeito de pais e alunos diante de um sociedade que afrouxou a disciplina, esqueceu as normas educacionais, desprezou as condições de trabalho e se limitou a ministrar conteúdo ao invés de ensinamentos e lições para o futuro.

A cultura do coitadismo não pode ser aplicado ao professor. Se isto fosse verdade, o Brasil não teria professores.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

DESCASO COM A EDUCAÇÃO

Editorial de Zero Hora 11/01/2011

A qualidade do ensino não será garantida apenas pela destinação adequada de recursos para a educação, mas este certamente é um indicador claro de prioridades. Estados que fazem previsões orçamentárias aquém das necessidades de suas redes públicas estão, de forma explícita, manifestando descaso com a formação básica dos estudantes e afrontando um dever constitucional. Esse descaso está sendo denunciado por mais um estudo do Ministério da Educação, que aponta a omissão de 22 Estados em relação ao cumprimento de normas previstas no Custo Aluno Qualidade Inicial (CAQi), considerado um avanço como parâmetro de aplicação mínima de recursos por aluno.

Aprovado no ano passado, o conjunto de normas é até agora, pela conclusão do levantamento do MEC, uma mera sigla ignorada pelas autoridades de 22 Estados. As previsões orçamentárias estão abaixo do mínimo recomendado em todos os níveis do ensino sob atribuição das unidades federativas. É lamentável constatar que apenas cinco Estados se disponham a aplicar verbas acima do mínimo nas séries iniciais do ensino, entre os quais Amapá, Espírito Santo e Roraima. Mais lamentável ainda é perceber que Estados com economias fortes não adotam as recomendações do índice aprovado pelo Conselho Nacional de Educação, repetindo nesse caso o mesmo comportamento adotado em relação a outras normas e sugestões tratadas com igual desprezo.

São condutas inexplicáveis e invariavelmente contraditórias quando confrontadas com a retórica de campanhas eleitorais. Os índices definidos no CAQi são considerados decisivos para que, a partir dos recursos aplicados, o ensino persiga não só o atendimento de demandas em termos de quantidade, mas principalmente de qualidade. Se um Estado não destina o mínimo necessário à educação, as ações essenciais para qualificar um serviço público essencial serão comprometidas, com deficiências de equipamentos e material didático, baixos salários pagos aos professores, instalações precárias. É um desleixo que se traduz em desestímulo para docentes e alunos e, como consequência, em baixos rendimentos e formação insuficiente.

Além da desobediência a todas as referências para a melhoria do ensino no que se refere à aplicação de verbas, os Estados são relapsos também ao desconsiderarem outros instrumentos disponíveis, aplicados com êxito em situações de exceção. Há resistência quase generalizada à avaliação permanente dos professores. Por que os docentes, que submetem seus alunos a testes de aprendizado, se sentem no direito de recusar exames de competência que os beneficiariam com mais atualização e qualificação?

São conhecidos os mecanismos que acionam essa recusa. Trata-se da defesa equivocada de interesses corporativos, os mesmos que atacam a meritocracia em detrimento de qualquer iniciativa em defesa do aperfeiçoamento do ensino e do interesse público. O desrespeito aos índices mínimos de aplicação no ensino é apenas mais um exemplo de como governos pouco responsáveis, muitas vezes condescendentes com as posições de categorias intransigentes, conspiram contra a formação dos jovens e o país.

VALORIZAR O PROFESSOR


Para valorizar o professor - GUSTAVO AZEVEDO E LÍVIA MEIMES, Zero Hora 11/01/2011

Nas 50 linhas de redação da UFRGS, realizada ontem, os 30 mil candidatos tiveram de dissertar sobre a crise na profissão daqueles que os prepararam para a prova. A qualificação do professor é hoje um gargalo para o desenvolvimento do país.

ZH convidou especialistas a se unir aos vestibulandos nesse debate.

Cerca de 30 mil candidatos do vestibular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) tiveram de refletir ontem sobre o futuro do país. Na prova de redação, eles não tiveram, porém, que tratar das conquistas da economia, dos desafios da primeira mulher eleita presidente ou das expectativas para a Copa do Mundo e da Olimpíada.

Nas 50 linhas, os estudantes tiveram de dissertar sobre a valorização dos professores, um dos principais desafios que o Brasil precisa enfrentar para qualificar a educação e alcançar os tão almejados patamares das nações desenvolvidas.

O teste se baseou, entre outros elementos, em uma reportagem da Zero Hora sobre o pouco interesse dos jovens em se tornar professores e de dados de vestibulares da própria universidade, apontando a baixa procura por cursos que preparam educadores. Cursos noturnos de licenciatura como Física e Matemática chegaram quase ao fundo do poço. De cinco candidatos por vaga em 2005, hoje atraem respectivamente 1,71 e 1,84 candidatos por vaga.

A missão era explicar esse desprestígio e indicar sugestões para revalorizar a profissão. Os vestibulandos opinaram em um debate em que três décadas de governos, especialistas e a própria categoria batem cabeça.

– Tivemos avanços importantes nos últimos anos, com a universalização do ensino e o criação de sistemas de avaliação do alunos. Mas agora é preciso abrir o caixa e investir pesado no professor e na escola. Estamos numa encruzilhada. Para que o país avance, é preciso qualificar a educação – sustenta Regina Scarpa, coordenadora pedagógica da Fundação Victor Civita.

Regina afirma que para voltar a atrair, a profissão precisa ser melhor remunerada e ter no horizonte um futuro promissor, com planos de carreiras sólidos e formações continuadas.

– Para atrair os melhores entres os melhores é necessário incentivo, do contrário vamos continuar com professores sem preparo e ensino cada vez pior – aponta.

A chance de mudança está na esteira do crescimento econômico do país, segundo o professor Cesar Callegari, membro do Conselho do Movimento Educação para Todos.

– Haverá uma demanda crescente de professores com qualidade, preparados para darem conta de uma nova era. Acho que vamos experimentar uma grande transformação, com mercado em ascensão e o hiperdesenvolvimento na qualificação – acredita.

Um professor melhor do que a escola - ÂNGELA RAVAZZOLO | EDITORA DE EDUCAÇÃO

Como valorizar a profissão de professor? A UFRGS propôs este tema, ontem, a milhares de vestibulandos – questionamento que provoca especialistas do mundo todo há décadas.

Um relatório da consultoria internacional McKinsey & Company, com o título Como os Sistemas Escolares de Melhor Desempenho do Mundo Chegaram ao Topo, reúne países que implantaram projetos e avaliações para transformar a vida de professores e alunos.

A “Lição 1” do estudo aponta para a centralidade do professor: “A qualidade de um sistema educacional não pode ser maior do que a qualidade de seus professores.” Tarefa que o governo da Coreia do Sul tomou para si: aperfeiçoou os cursos de Pedagogia, deixando-os mais instrumentais, unindo teoria e prática, como salienta Regina Scarpa, coordenadora pedagógica da Fundação Victor Civita.

Na Finlândia, foram implantados sistemas de alto desempenho que dificultam o ingresso na carreira de magistério, exigindo que os candidatos estejam entre os 10% melhores de sua faixa etária, tenham alto grau de conhecimento de finlandês e de matemática e enfrentem entrevistas para que seja comprovada a aptidão. Quem não alcança o padrão é afastado do curso.

Nos Estados Unidos, foram comparados dois alunos com desempenho semelhante (50), e aquele que foi acompanhado por um professor de alta qualidade alcançou 90, enquanto o segundo, com um professor de baixo desempenho, ficou com 37, comprovando que a qualidade dos professores afetou os estudantes mais do que qualquer outro fator.

São exemplos que precisam inspirar o Brasil e evitar que a decisão (ou o sonho) de ser professor se transforme em tormento. À procura de estudantes interessados na carreira de magistério, deparei, na semana passada, com um relato que evidencia esse descaso. Uma aluna de um curso pré-vestibular, candidata convicta a uma vaga de Pedagogia na UFRGS, obteve nota 22 (o máximo era 25) em uma redação que simulava o vestibular. O comentário das amigas que concorrem a Medicina indignou a estudante:

– Elas me disseram que era um desperdício eu me sair tão bem. Afinal, 22 era uma nota para concorrer em cursos como Medicina.

Este tipo de discurso mostra que a baixa autoestima da profissão de professor mina a empolgação até de quem está começando a pensar na carreira.

Se o Brasil seguir alguns exemplos, com mudanças de fato, quem sabe os bons e dedicados candidatos possam se inscrever em Pedagogia sem o medo de estar desperdiçando tempo e estudo.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

O SUCESSO DA SEGURANÇA DEPENDE DA EDUCAÇÃO

O sucesso da segurança depende da educação - Jornal do Brasil, Editorial de 05/01/2011


No discurso de posse, o governador reeleito Sérgio Cabral comprometeu-se a resolver o problema da educação no estado. Isso significa, segundo o plano oficial, tirar o Rio de Janeiro da penúltima colocação no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Se o problema for dinheiro, temos um bom indicativo, já que a educação ocupa o primeiro lugar no próximo orçamento estadual – R$ 7 bilhões.

Mas não é só com dinheiro que se resolvem os problemas. O grande sucesso que o governo Cabral conseguiu, nos primeiros quatro anos, na área de segurança pública – culminando com a ocupação do Complexo do Alemão – deu-se com a combinação dos recursos com estudo, planejamento, eficiência.

Para a educação chegar a 2014 festejando o mesmo êxito, deve repetir a fórmula. As perspectivas são boas – se saírem do discurso e do papel para a prática. A secretaria estadual de Educação anuncia um trabalho em cinco frentes: a pedagógica, o remanejamento de gastos, a rede física, o cuidado com o aluno e o diagnóstico dos problemas.

É importante também que os especialistas do governo sejam flexíveis para ouvir o principal suporte de toda essa cadeia: o professor – a quem também se promete um plano de metas que, se atingidas, dar-lhe-ão uma bonificação anual que pode chegar a dois salários.

Vai ajudar ainda se os idealizadores da política pública estadual entenderem que é o sucesso da educação o que vai garantir, a longo prazo, a manutenção da segurança.

INOVAÇÕES NO ENSINO

Inovações no ensino - Editorial Zero Hora 06/01/2011

Criticado por especialistas por ter tratado apenas o Ensino Superior como prioridade durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Educação anuncia correções importantes nas políticas para o setor. Mantido no cargo pela presidente Dilma Rousseff, o senhor Fernando Haddad já antecipou duas iniciativas que merecem acolhida. A primeira se refere à ampliação da oferta de vagas no ensino em tempo integral, com uma ideia inovadora. Pelo projeto que pretende apresentar ao Congresso, o governo prevê que estudantes poderão frequentar o Ensino Médio regular e, ao mesmo tempo, se possível na mesma escola, o ensino profissionalizante, o que possibilitaria a permanência em tempo integral.

É elogiosa a motivação básica do projeto, que estimula a sincronia entre educação regular e profissionalizante, hoje ainda incipiente, e poderia, conforme meta do ministério, beneficiar todos os estudantes do país. O grande mérito da iniciativa é o de acenar, em especial para estudantes de famílias de baixa renda, com a possibilidade de concluir um curso e sair da escola com uma profissão. Tem igual relevância o fato de que o aluno ficará mais tempo dentro da escola. A ideia, que depende apenas de aprovação da presidente da República, somente será exitosa se contar com o apoio de Estados e municípios.

Outro projeto que define as prioridades do novo governo trata da formação dos professores, uma deficiência reconhecida pelo próprio ministro. Admite o senhor Fernando Haddad que um conjunto de fatores, a começar pela dessintonia entre currículo e necessidades das escolas e dos estudantes, precariza a formação de docentes no Brasil. A esses, agregam-se outros motivos, como a baixa remuneração e a lamentável perda de prestígio do professor nas comunidades. O projeto espera atacar pelo menos parte desses obstáculos, com incentivos à formação de docentes em universidades públicas e privadas.

A combinação da valorização do professor do ensino básico com a permanência do estudante em dois turnos pode representar o primeiro passo para que o Brasil deixe de figurar em posições vergonhosas nos rankings mundiais de educação. Espera-se que a definição do ministro a sua gestão, de que haverá continuidade com inovação, seja traduzida concretamente por condutas muito mais inovadoras do que continuístas.

ENSINO MÉDIO COM TEMPO INTEGRAL E FOCO PROFISSIONAL

Ensino Médio com tempo integral - MAICON BOCK, Zero Hora 06/01/2011

A proposta do ministro da Educação de acoplar o Ensino Técnico ao Ensino Médio, como forma de ampliar o tempo em sala de aula e oferecer uma profissão a quem não chega à faculdade, foi aplaudida por especialistas. O desafio maior, no entanto, é dotar a rede de ensino de mais professores e equipar as escolas para transformar o projeto em realidade

Ao anunciar a meta de implantar o Ensino Médio em tempo integral aliado ao Ensino Técnico, o Ministério da Educação agradou especialistas, mas causou expectativa pela complexidade de aplicação da proposta.

A ideia de o aluno cursar o Ensino Médio em um turno e fazer o técnico em outro requer formação de professores, parcerias com governos e prefeituras e altos investimentos em infraestrutura nas escolas.

Mantido no cargo, o ministro Fernando Haddad afirmou ontem, em entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, que apresentou o projeto à presidente Dilma Rousseff e que ela deu sinal verde para o encaminhamento da proposta à equipe econômica. Na avaliação do ministro, apesar da ampliação do número de escolas técnicas federais no governo Lula, houve no período pequeno avanço na integração do Ensino Médio com o Técnico:

– O Ensino Médio precisa de uma injeção de ânimo muito forte – afirmou à Rádio Gaúcha.

Não há definição de custo estimado nem como seria a aplicação da medida. Haddad disse que, além das 354 escolas técnicas federais, poderiam participar do projeto 500 escolas do Sistema S (Senac, Senai, Sesc etc) e 500 do programa Brasil Profissionalizado (200 a serem criadas). A carga horária complementar seria composta por disciplinas relacionadas ao curso escolhido mais atividades de esporte e cultura.

O Ensino Técnico é restrito no país devido à falta de vagas para todos os interessados. Enquanto 8,3 milhões cursam o Ensino Médio, apenas 861 mil (10,3%) fazem o profissionalizante. Dos que estão no nível técnico, 60% só começaram depois de terminar o Ensino Médio.

O governo terá um grande desafio pela frente. Atualmente, em média, cada escola federal oferece 1,2 mil vagas, número que é insuficiente. Em algumas unidades, a concorrência é tão acirrada para alguns cursos como para vestibulares federais.

Os principais obstáculos apontados por especialistas e autoridades são a formação dos docentes e os investimentos necessários para dotar as escolas com laboratórios, equipamentos e computadores. Especialista em educação, a professora Helena Sporleder Côrtes, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), destaca a ideia, mas antevê dificuldades de implementação:

– Melhorar a formação do quadro técnico e ampliar o conhecimento humanístico é uma ideia positiva, mas é preciso um estudo de viabilidade. Definir algo por meio de legislação é fácil, mas quem seriam os professores e quais escolas ofereceriam e onde?

Fernando Becker, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e pesquisador da área de educação, faz os mesmos questionamentos sobre a implementação da proposta, mas avalia que, se vingar, ela pode representar uma alternativa a quem tem dificuldade para entrar na universidade. Além disso, o estudante teria a chance de tomar gosto pelos estudos ao partir, desde o início do Ensino Médio, para um curso técnico na área que pretende atuar.

– Dois turnos no Ensino Médio podem representar um aumento da evasão, porque os que trabalham por necessidade teriam de dedicar mais tempo aos estudos. Por outro lado, a proposta garantiria uma profissionalização precoce, que pode ajudar a conquistar emprego. Para evitar a evasão, o governo poderia trabalhar massivamente com bolsas. É plenamente aceitável, e se justifica pela falta de gente com formação – analisa Becker.

O PROJETO

- O MEC quer implantar o Ensino Médio em tempo integral;
- A ideia é que o aluno curse o Ensino Médio em um turno e faça o curso técnico em outro;
- As duas modalidades poderiam ser cursadas na mesma escola ou em duas instituições;
- Além das escolas técnicas federais, poderiam participar 500 escolas do Sistema S (Senac, Senai, Sesc etc) e 500 do programa Brasil Profissionalizado (200 a serem criadas);
- O Brasil tem 354 escolas técnicas federais, com 348 mil matrículas. A meta é inaugurar mais 46 até o fim do ano;
- Até o fim do ano que vem, o número de matrículas deve saltar para 600 mil.

COMO É HOJE

- O Ensino Técnico é restrito. Enquanto 8,3 milhões cursam o Ensino Médio, apenas 861 mil fazem o profissionalizante, o equivalente a 10,3%;
- Nos últimos oito anos, no governo Lula, foram investidos R$ 979 milhões na expansão da rede de Ensino Técnico, o que resultou no aumento de 140 para 354 escolas técnicas;
- Quando consegue chegar a essa modalidade de ensino, a maioria dos alunos só faz o curso técnico após concluir o Ensino Médio;
- Do total de 861 mil alunos do Ensino Profissionalizante, 60% só começaram depois de terminar o Ensino Médio;
- Nas escolas particulares, a medida proposta pelo MEC já é aplicada. Os alunos podem fazer o Ensino Médio em um turno e o Técnico em outro, se optarem por essa possibilidade.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Parabéns. Há muito tempo venho defendendo a estratégia educacional de promover o ensino voltado ao futuro profissional do jovem cidadão, preparando-o para a sobrevivência no mercado de trabalho com autonomia. É na escola que se deve identificar as habilidades, o talento e a vocação do jovem para que ele possa fazer as escolhas certas. Ao transmitir conhecimentos científico, técnico, artístico e desportivo, a política educacional estará criando oportunidades de despertar e motivar o jovem, hoje desinteressado em seguir os estudos, estressado diante das pressões, incapacitados pela má formação e perdidos nas dúvidas sobre o rumo futuro a seguir na busca da tão sonhada autonomia pessoal e profissional.