EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

ENSINO MÉDIO COM TEMPO INTEGRAL E FOCO PROFISSIONAL

Ensino Médio com tempo integral - MAICON BOCK, Zero Hora 06/01/2011

A proposta do ministro da Educação de acoplar o Ensino Técnico ao Ensino Médio, como forma de ampliar o tempo em sala de aula e oferecer uma profissão a quem não chega à faculdade, foi aplaudida por especialistas. O desafio maior, no entanto, é dotar a rede de ensino de mais professores e equipar as escolas para transformar o projeto em realidade

Ao anunciar a meta de implantar o Ensino Médio em tempo integral aliado ao Ensino Técnico, o Ministério da Educação agradou especialistas, mas causou expectativa pela complexidade de aplicação da proposta.

A ideia de o aluno cursar o Ensino Médio em um turno e fazer o técnico em outro requer formação de professores, parcerias com governos e prefeituras e altos investimentos em infraestrutura nas escolas.

Mantido no cargo, o ministro Fernando Haddad afirmou ontem, em entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, que apresentou o projeto à presidente Dilma Rousseff e que ela deu sinal verde para o encaminhamento da proposta à equipe econômica. Na avaliação do ministro, apesar da ampliação do número de escolas técnicas federais no governo Lula, houve no período pequeno avanço na integração do Ensino Médio com o Técnico:

– O Ensino Médio precisa de uma injeção de ânimo muito forte – afirmou à Rádio Gaúcha.

Não há definição de custo estimado nem como seria a aplicação da medida. Haddad disse que, além das 354 escolas técnicas federais, poderiam participar do projeto 500 escolas do Sistema S (Senac, Senai, Sesc etc) e 500 do programa Brasil Profissionalizado (200 a serem criadas). A carga horária complementar seria composta por disciplinas relacionadas ao curso escolhido mais atividades de esporte e cultura.

O Ensino Técnico é restrito no país devido à falta de vagas para todos os interessados. Enquanto 8,3 milhões cursam o Ensino Médio, apenas 861 mil (10,3%) fazem o profissionalizante. Dos que estão no nível técnico, 60% só começaram depois de terminar o Ensino Médio.

O governo terá um grande desafio pela frente. Atualmente, em média, cada escola federal oferece 1,2 mil vagas, número que é insuficiente. Em algumas unidades, a concorrência é tão acirrada para alguns cursos como para vestibulares federais.

Os principais obstáculos apontados por especialistas e autoridades são a formação dos docentes e os investimentos necessários para dotar as escolas com laboratórios, equipamentos e computadores. Especialista em educação, a professora Helena Sporleder Côrtes, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), destaca a ideia, mas antevê dificuldades de implementação:

– Melhorar a formação do quadro técnico e ampliar o conhecimento humanístico é uma ideia positiva, mas é preciso um estudo de viabilidade. Definir algo por meio de legislação é fácil, mas quem seriam os professores e quais escolas ofereceriam e onde?

Fernando Becker, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e pesquisador da área de educação, faz os mesmos questionamentos sobre a implementação da proposta, mas avalia que, se vingar, ela pode representar uma alternativa a quem tem dificuldade para entrar na universidade. Além disso, o estudante teria a chance de tomar gosto pelos estudos ao partir, desde o início do Ensino Médio, para um curso técnico na área que pretende atuar.

– Dois turnos no Ensino Médio podem representar um aumento da evasão, porque os que trabalham por necessidade teriam de dedicar mais tempo aos estudos. Por outro lado, a proposta garantiria uma profissionalização precoce, que pode ajudar a conquistar emprego. Para evitar a evasão, o governo poderia trabalhar massivamente com bolsas. É plenamente aceitável, e se justifica pela falta de gente com formação – analisa Becker.

O PROJETO

- O MEC quer implantar o Ensino Médio em tempo integral;
- A ideia é que o aluno curse o Ensino Médio em um turno e faça o curso técnico em outro;
- As duas modalidades poderiam ser cursadas na mesma escola ou em duas instituições;
- Além das escolas técnicas federais, poderiam participar 500 escolas do Sistema S (Senac, Senai, Sesc etc) e 500 do programa Brasil Profissionalizado (200 a serem criadas);
- O Brasil tem 354 escolas técnicas federais, com 348 mil matrículas. A meta é inaugurar mais 46 até o fim do ano;
- Até o fim do ano que vem, o número de matrículas deve saltar para 600 mil.

COMO É HOJE

- O Ensino Técnico é restrito. Enquanto 8,3 milhões cursam o Ensino Médio, apenas 861 mil fazem o profissionalizante, o equivalente a 10,3%;
- Nos últimos oito anos, no governo Lula, foram investidos R$ 979 milhões na expansão da rede de Ensino Técnico, o que resultou no aumento de 140 para 354 escolas técnicas;
- Quando consegue chegar a essa modalidade de ensino, a maioria dos alunos só faz o curso técnico após concluir o Ensino Médio;
- Do total de 861 mil alunos do Ensino Profissionalizante, 60% só começaram depois de terminar o Ensino Médio;
- Nas escolas particulares, a medida proposta pelo MEC já é aplicada. Os alunos podem fazer o Ensino Médio em um turno e o Técnico em outro, se optarem por essa possibilidade.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Parabéns. Há muito tempo venho defendendo a estratégia educacional de promover o ensino voltado ao futuro profissional do jovem cidadão, preparando-o para a sobrevivência no mercado de trabalho com autonomia. É na escola que se deve identificar as habilidades, o talento e a vocação do jovem para que ele possa fazer as escolhas certas. Ao transmitir conhecimentos científico, técnico, artístico e desportivo, a política educacional estará criando oportunidades de despertar e motivar o jovem, hoje desinteressado em seguir os estudos, estressado diante das pressões, incapacitados pela má formação e perdidos nas dúvidas sobre o rumo futuro a seguir na busca da tão sonhada autonomia pessoal e profissional.

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