EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

VALORIZAR O PROFESSOR


Para valorizar o professor - GUSTAVO AZEVEDO E LÍVIA MEIMES, Zero Hora 11/01/2011

Nas 50 linhas de redação da UFRGS, realizada ontem, os 30 mil candidatos tiveram de dissertar sobre a crise na profissão daqueles que os prepararam para a prova. A qualificação do professor é hoje um gargalo para o desenvolvimento do país.

ZH convidou especialistas a se unir aos vestibulandos nesse debate.

Cerca de 30 mil candidatos do vestibular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) tiveram de refletir ontem sobre o futuro do país. Na prova de redação, eles não tiveram, porém, que tratar das conquistas da economia, dos desafios da primeira mulher eleita presidente ou das expectativas para a Copa do Mundo e da Olimpíada.

Nas 50 linhas, os estudantes tiveram de dissertar sobre a valorização dos professores, um dos principais desafios que o Brasil precisa enfrentar para qualificar a educação e alcançar os tão almejados patamares das nações desenvolvidas.

O teste se baseou, entre outros elementos, em uma reportagem da Zero Hora sobre o pouco interesse dos jovens em se tornar professores e de dados de vestibulares da própria universidade, apontando a baixa procura por cursos que preparam educadores. Cursos noturnos de licenciatura como Física e Matemática chegaram quase ao fundo do poço. De cinco candidatos por vaga em 2005, hoje atraem respectivamente 1,71 e 1,84 candidatos por vaga.

A missão era explicar esse desprestígio e indicar sugestões para revalorizar a profissão. Os vestibulandos opinaram em um debate em que três décadas de governos, especialistas e a própria categoria batem cabeça.

– Tivemos avanços importantes nos últimos anos, com a universalização do ensino e o criação de sistemas de avaliação do alunos. Mas agora é preciso abrir o caixa e investir pesado no professor e na escola. Estamos numa encruzilhada. Para que o país avance, é preciso qualificar a educação – sustenta Regina Scarpa, coordenadora pedagógica da Fundação Victor Civita.

Regina afirma que para voltar a atrair, a profissão precisa ser melhor remunerada e ter no horizonte um futuro promissor, com planos de carreiras sólidos e formações continuadas.

– Para atrair os melhores entres os melhores é necessário incentivo, do contrário vamos continuar com professores sem preparo e ensino cada vez pior – aponta.

A chance de mudança está na esteira do crescimento econômico do país, segundo o professor Cesar Callegari, membro do Conselho do Movimento Educação para Todos.

– Haverá uma demanda crescente de professores com qualidade, preparados para darem conta de uma nova era. Acho que vamos experimentar uma grande transformação, com mercado em ascensão e o hiperdesenvolvimento na qualificação – acredita.

Um professor melhor do que a escola - ÂNGELA RAVAZZOLO | EDITORA DE EDUCAÇÃO

Como valorizar a profissão de professor? A UFRGS propôs este tema, ontem, a milhares de vestibulandos – questionamento que provoca especialistas do mundo todo há décadas.

Um relatório da consultoria internacional McKinsey & Company, com o título Como os Sistemas Escolares de Melhor Desempenho do Mundo Chegaram ao Topo, reúne países que implantaram projetos e avaliações para transformar a vida de professores e alunos.

A “Lição 1” do estudo aponta para a centralidade do professor: “A qualidade de um sistema educacional não pode ser maior do que a qualidade de seus professores.” Tarefa que o governo da Coreia do Sul tomou para si: aperfeiçoou os cursos de Pedagogia, deixando-os mais instrumentais, unindo teoria e prática, como salienta Regina Scarpa, coordenadora pedagógica da Fundação Victor Civita.

Na Finlândia, foram implantados sistemas de alto desempenho que dificultam o ingresso na carreira de magistério, exigindo que os candidatos estejam entre os 10% melhores de sua faixa etária, tenham alto grau de conhecimento de finlandês e de matemática e enfrentem entrevistas para que seja comprovada a aptidão. Quem não alcança o padrão é afastado do curso.

Nos Estados Unidos, foram comparados dois alunos com desempenho semelhante (50), e aquele que foi acompanhado por um professor de alta qualidade alcançou 90, enquanto o segundo, com um professor de baixo desempenho, ficou com 37, comprovando que a qualidade dos professores afetou os estudantes mais do que qualquer outro fator.

São exemplos que precisam inspirar o Brasil e evitar que a decisão (ou o sonho) de ser professor se transforme em tormento. À procura de estudantes interessados na carreira de magistério, deparei, na semana passada, com um relato que evidencia esse descaso. Uma aluna de um curso pré-vestibular, candidata convicta a uma vaga de Pedagogia na UFRGS, obteve nota 22 (o máximo era 25) em uma redação que simulava o vestibular. O comentário das amigas que concorrem a Medicina indignou a estudante:

– Elas me disseram que era um desperdício eu me sair tão bem. Afinal, 22 era uma nota para concorrer em cursos como Medicina.

Este tipo de discurso mostra que a baixa autoestima da profissão de professor mina a empolgação até de quem está começando a pensar na carreira.

Se o Brasil seguir alguns exemplos, com mudanças de fato, quem sabe os bons e dedicados candidatos possam se inscrever em Pedagogia sem o medo de estar desperdiçando tempo e estudo.

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