EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

quarta-feira, 30 de março de 2011

EDUCAÇÃO INTEGRAL

PEDAGOGIA EM DEBATE. Especialistas defendem em SP educação integral - ROSANE TREMEA, SÃO PAULO. A repórter viajou a convite da Fundação Itaú Social - zero hora 30/03/2011

Em encontro com educadores, Itaú e Unicef lançaram 9ª edição de prêmio
Professores e especialistas em educação de todo o país e do Exterior debatem até hoje, em São Paulo, não apenas a escola de tempo integral, mas a educação integral. A diferença no conceito é esclarecida desde a abertura do evento por Maria Alice Coutinho, presidente do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec).

Educação integral, explica ela a um auditório de 670 pessoas, extrapola a ideia de ampliar a jornada escolar, uma necessidade por si só complexa. É pensar a educação de crianças, adolescente e jovens em todos os aspectos (físicos, psíquicos, cognitivos, sociais) e envolvendo toda a comunidade.

Dito isso, caiu como uma luva a fala do palestrante principal do primeiro dia de debates, o professor César Muñoz Jiménez, da Universidad Ramón Llull, de Barcelona, que defende a pedagogia da vida cotidiana, uma união entre o espaço do dia a dia e a reflexão.

São os pequenos atos diários, discursa, que devem ser considerados no processo ensino-aprendizagem.

– Seria bom, mas não dá para ter um filho por dia, uma paixão por dia, uma viagem por dia. Por isso, a paixão tem de estar nas pequenas coisas diárias – filosofa o professor.

A educação, diz Muñoz, é um sério jogo de sedução, paixão e amor. A pedagogia do cotidiano, observa, deve valorizar mais a atitude e o sentimento do que a palavra, num processo contínuo, nunca acabado.

Na sala de aula e fora dela, o professor deve trabalhar “desde” o aluno e não só “com” ele, considerando seus desejos, o que ele quer aprender. Não é uma tarefa fácil, reconhece, já que quando as crianças, os adolescentes, os jovens se põem a participar de verdade e dizer o que querem, há sempre uma reação negativa.

No encerramento dos debates, a Fundação Itaú Social e o Unicef, promotores do seminário, lançaram a 9ª edição do Prêmio Itaú-Unicef, que estimula experiências de educação integral no país por organizações não-governamentais. O mote do prêmio deste ano é “Experiências que transformam”.

As inscrições vão até 31 de maio, e a avaliação dos projetos será realizada por região. Os finalistas regionais receberão prêmio de R$ 20 mil. Os quatro finalistas regionais, prêmios de R$ 80 mil e o grande vencedor, R$ 180 mil.

terça-feira, 29 de março de 2011

ALUNOS SEM AULA POR CAUSA DA VIOLÊNCIA JUVENIL


VIOLÊNCIA JUVENIL. Alunos sem aula após invasão de colégio. Dois adolescentes perseguiram e agrediram um estudante na sexta-feira - LETÍCIA BARBIERI | SÃO LEOPOLDO, ZERO HORA 29/03/2011

Invadida na sexta-feira por dois adolescentes que buscavam acertar contas com um aluno, a Escola Municipal Padre Orestes João Stragliotto, em São Leopoldo, no Vale do Sinos, amanheceu ontem com as portas fechadas. Os 950 estudantes foram dispensados para que professores e diretores, atordoados com a violência do episódio, pudessem reivindicar melhoria na segurança aos órgãos municipais. As aulas serão retomadas hoje.

Localizada entre duas vilas, no bairro Santos Dumont, a escola sofre os reflexos da disputa por território. Professores relatam que cenas de violência são testemunhadas diariamente dentro e fora do colégio, mas na sexta passou dos limites.

O caso aconteceu às 17h30min, quando os alunos deixavam a escola. Cercado na rua, um aluno da 6ª série correu para dentro da escola em busca de proteção, mas os agressores o seguiram. Pelo caminho, empurraram crianças, adolescentes e professores até encontrar o alvo, a quem agrediram com chutes e pontapés na frente de todos.

Ao apartar a briga e expulsar os agressores, o diretor e a supervisora foram ameaçados. Intimidados, professores e a direção da escola decidiram suspender as aulas por um dia para discutir com representantes das secretarias municipal de Educação e Segurança quais medidas poderão ser tomadas. A primeira delas foi atendida: um guarda municipal armado passou a fazer a segurança da escola.

– Pedimos um olhar diferenciado para esta região, um trabalho em rede, com assistência social, integração entre as comunidades – diz Daniele Eissmann, vice-diretora da escola.

Tijolos foram jogados dentro da escola uma semana antes

Nenhum cartaz precisou ser colocado no portão anunciando a suspensão das aulas. A comunidade parecia saber exatamente o que se passava. Os alunos não apareceram.

– É uma comunidade acostumada a pressões. Os pais deveriam estar aqui pedindo por segurança, mas não estão. É um problema social – diz a professora Patricia Schneider.

Uma semana antes da agressão na escola, tijolos arremessados do lado de fora quebraram cinco vidraças de uma sala de aula. Ninguém se machucou. Em 2009, uma professora foi agredida com pedaços de tijolo na cabeça.

– Em 2009, fizemos um abaixo-assinado pedindo ajuda, mas nada foi feito – lamenta Ingrid Stürmer, a professora agredida na ocasião.

Autoridades prometem providências

Além de um guarda municipal que reforçará a segurança da escola por um período ainda indeterminado e de uma reunião marcada com os pais, amanhã, para aproximá-los da escola, as secretárias de Educação, Leocádia Schoffen, e de Segurança, Eliene Amorim, de São Leopoldo prometem estudar novas medidas para a região. Ontem, elas estiveram reunidas com professores e direção da escola, além de representantes da Brigada Militar.

– Vamos aprofundar essas ações estabelecendo um cronograma de diálogos com os alunos e atuando em diferentes áreas, não só nessa situação pontual da escola como da região, com ações mais amplas. Se há violência na sociedade, ela invade o espaço escolar. Se diminui na sociedade, diminui na escola. E precisa diminuir para que o papel da escola, o da aprendizagem, possa ser desenvolvido – destaca Leocádia.

quarta-feira, 23 de março de 2011

BULLYING - O QUE FAZER E COMO IDENTIFICAR


SEU FILHO PODE SER VÍTIMA DE BULLYING SE...

- ... com frequência, apresenta desculpas para faltar às aulas ou apresenta sintomas como dores de cabeça, de estômago, diarreia, vômitos e febre, antecedendo o horário de ir à aula

- ... pede para mudar de sala ou de escola ou mostra interesse em abandonar os estudos, sem apresentar motivos convincentes

- ... apresenta desmotivação com os estudos ou dificuldades de concentração e de aprendizagem

- ... regressa da escola irritado ou triste, machucado, com as roupas ou ainda com materiais escolares sujos ou danificados

- ... tem dificuldade de se relacionar com os colegas e de fazer amizades

COMO EVITAR

- Não há um método perfeito. Uma educação em que impera o uso de violência e explosões emocionais, o excesso ou a falta de limites, as atitudes de intolerância, agressividade, preconceito, manipulação e humilhação colabora para a reprodução desses comportamentos.

- Os pais devem comunicar a direção da escola e exigir que tomem providências. Não é recomendado tomar decisões precipitadas nem incentivar o filho a revidar.

- A escola deve desenvolver programas antibullying que envolvam a comunidade escolar, em parceria com segmentos sociais como Conselho Tutelar, Secretaria da Saúde e Secretaria da Segurança.

ZERO HORA 23/03/2011

BULLYING - REAÇÃO CONTRA AS HUMILHAÇÕES


REAÇÃO NA ESCOLA. Vídeo torna famosa vítima de bullying. Australiano de 16 anos relatou que sofria humilhações quase diárias - ZERO HORA 23/03/2011

Um vídeo assustador e impressionante de Casey Heynes, um adolescente australiano de 16 anos, que reage às agressões verbais e físicas de Ritchard Gale, um colega de 12 anos, se transformou em um sucesso da internet. Casey foi alçado à condição de herói, como a vítima que reagiu ao bullying.

As imagens, feitas por celular, mostram Ritchard, um menino franzino, batendo várias em vezes em Casey, que depois de alguns golpes, o levanta e o joga contra o chão. A maioria dos espectadores do vídeo reagiu com mensagens de apoio a Casey. Em entrevistas separadas, Ritchard e Casey disseram ter sido vítimas de bullying com fre- quência na escola, e Ritchard, o “bully”, se desculpou parcialmente pelo que fez, dizendo que fez a Casey o mesmo que outros fizeram com ele – “bully” é o termo que se usa para quem comete agressões e humilhações contra outra pessoa. Seus atos são o bullying, uma violência que pode conter agressões físicas, psicológicas e, principalmente, provocar a exclusão.

– Ele veio do nada e me deu um soco na cara. Eu estourei, agarrei ele, peguei ele do chão e joguei contra o chão, em autodefesa. Eu não estava realmente pensando. Só vinha na minha cabeça que aquilo tinha finalmente acabado. Eu estava assustado – disse Casey, em entrevista à televisão australiana.

O estudante disse que era vítima de humilhações quase diárias na escola, e chegou a pensar em suicídio, há um ano, quando as intimidações aumentaram.

– Eu comecei a ficar para baixo e toda aquela baboseira continuava aumentando. Foi então que pensei em suicídio.

Já Ritchard dá outra versão. Diz que as imagens não mostram, mas Casey o teria agredido antes.

Doutora em psicologia do Desenvolvimento pela UFRGS, a psicóloga Lisiane Machado de Oliveira Menegotto ressalta que a solução encontrada por Casey foi extrema, e que é importante que se identifique a situação antes de ela chegar à agressão física:

– A violência não é uma solução. O bullying é um fenômeno que ocorre sempre em episódios que se repetem, e sempre com testemunhas.

Quem deve ajudar as crianças a sair dessa situação são os adultos. Por isso, a escola e os pais têm de estar sempre atentos:

– Nós, os adultos, precisamos mediar estas situações.

TROTES SEM SENTIDO

No trajeto que faço a pé até o hospital onde trabalho, fui abordado por novos estudantes universitários, todos com tintas pelo corpo, pedindo dinheiro às pessoas que passavam. Isto sempre me impressionou. Pessoas jovens, cheias de romantismo, todos vitoriosos, pedindo esmolas, algo que é inclusive contrário à orientação que recebemos: “não dar esmolas em sinaleiras”.

Fiquei indignado quando uma menina pintada pediu dinheiro a um funcionário, segurança de uma escola. Ele ficou perplexo. Educadamente não deu.

Quem sabe poderiam pensar em trotes mais educativos, por exemplo, trabalho voluntário em ONGs ligadas aos cursos em que foram aprovados? Outra coisa, quem controla o destino do dinheiro achacado? Confesso que parece algo sem limites das instituições de ensino. Somente aparecem quando algum calouro é agredido, ou ocorre denúncia de aluno maltratado. Acredito que é muito pouco como modelo profissional.

Carlos Zaslavsky - Médico – Porto Alegre - DO LEITOR, ZERO HORA 23/03/2011

TROTE - BRINCADEIRA PERIGOSA

Brincadeira perigosa. Internação hospitalar de um bixo da UFRGS reacende a polêmica em torno dos limites do trote - LÍVIA MEIMES, zero hora 23/03/2011

Um episódio recente envolvendo um jovem calouro da UFRGS, que entrou em coma depois de beber álcool durante um trote universitário, reacendeu a polêmica em torno da prática.

Se por um lado existem recepções com cuidado e criatividade, como os chamados trotes solidários, outras ainda insistem em passar dos limites e causar danos físicos e psicológicos a quem está iniciando a vida acadêmica.

O professor Fernando Becker, de Psicologia da Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), acredita que trotes abusivos representam um atraso nos processos civilizatórios da humanidade. Conforme ele, essa espécie de jogo que envolve integração entre calouros e veteranos é perverso.

– Se pegarmos o ritual de iniciação dos jovens índios, veremos que ele funciona para prepará-los para a dura vida da caça. Já um um ritual de iniciação como o trote, em que a pessoa é obrigada a beber, por exemplo, não leva a nada, só gera violência pela violência – compara o professor, ressaltando que este atraso está ligado a uma série de fatores, como a vontade de extravasar, ao modelo repressivo de educação, a pedagogias arcaicas e à família, que não exerce seu papel de educadora.

O que, então, leva jovens recém-chegados à universidade a se submeterem a esse legado que passa de geração para geração e não raro envolve situações humilhantes? O aluno que ingressa em um curso superior, geralmente, deseja fazer parte do grupo e faz de tudo para ser aceito, permitindo, inclusive, que a situação extrapole e o acidente aconteça.

– É um momento que reúne euforia, celebração. Mas, se o jovem tem uma autoestima baixa, ele pode acabar deixando de lado o senso crítico e ficar mais suscetível a riscos – justifica o psicólogo clínico Jones A. dos Santos.

Furg contatou bares próximos ao campus - GUILHERME MAZUI | RIO GRANDE/CASA ZERO HORA

No sul do Estado, a Universidade Federal do Rio Grande (Furg) intensifica as ações de combate ao trote. Vetou a prática dentro e fora da instituição, além de ofertar prêmios para os cursos que recepcionarem seus calouros com atividades de caráter social, como doação de alimentos e sangue.

Em 2010, a Furg teve problemas no trote do curso de Engenharia de Computação. Em um bar próximo ao Campus Carreiros, os bixos competiam para ver quem bebia mais. O ritual terminou com dois alunos em coma alcoólico. Os inquéritos administrativos abertos continuam tramitando, conforme a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Prae).

Com os trotes proibidos dentro do campus desde 2004, por meio de uma resolução interna, a Furg aumentou o rigor da norma. No final de 2010, instituiu o Programa de Acolhida Cidadã Solidária (Pacs). A medida vetou também fora da universidade práticas como cortes de cabelo de calouros, pinturas de roupas, cobranças de pedágios. No recente retorno às aulas, a Furg dialogou com bares do seu entorno, a fim de coibir a venda de bebidas alcoólicas.

O Pacs também fez diretores de unidades acadêmicas, coordenadores de cursos e veteranos criarem cronogramas de acolhida, com atividades sociais. O plano é aprovado pela Prae, que oferta premiações. A turma com a melhor iniciativa receberá R$ 2 mil em uma viagem coletiva. A segunda leva R$ 1 mil em outra viagem, e a terceira ganhará R$ 500 em livros. O resultado sai em abril, durante palestra do jornalista Marcos Rolim, que tratará sobre trote e violência.

– Precisamos mudar a cultura do trote. É um trabalho de educação para coibir excessos e mudar a forma do ritual – frisa a pró-reitora de Assuntos Estudantis, Darlene Pereira.

terça-feira, 22 de março de 2011

ENSINO FUNDAMENTAL - UMA EM CADA 4 CRIANÇAS TERMINA 2º ANO SEM LER E ESCREVER


Em SP, 23% acabam 2º ano sem ler e escrever. Prova São Paulo mostra que 11 mil dos 48 mil avaliados não estavam alfabetizados - 22 de março de 2011 - Ocimara Balmant - O Estado de S.Paulo

Uma em cada quatro crianças das escolas municipais da cidade deSão Paulo termina o 2.º ano do ensino fundamental sem saber ler e escrever. Isso significa que, dos 48 mil avaliados no 2.º ano do ciclo 1, mais de 11 mil ainda não estavam alfabetizados.

Os números são da Prova São Paulo, que avaliou 288 mil estudantes em novembro do ano passado. Apesar de mostrar um avanço em relação aos mesmos resultados de 2007 - quando a prova foi aplicada pela primeira vez e indicou que 39% dos alunos do 2.º ano do ciclo 1 não estavam alfabetizados -, o índice ainda é considerado ruim.

Como todos os estudantes avaliados integram o modelo antigo de ensino fundamental (de oito anos e não nove), essas crianças do 2.º ano ainda não alfabetizadas já tinham 8 anos. Uma das metas do Plano Nacional de Educação (PNE) estabelece que, até 2022, toda criança terá de estar alfabetizada até 8 anos.

"Toda escola de São Paulo quer alfabetizar todos os alunos. Não temos uma data estipulada, mas queremos atingir a meta antes do prazo estipulado pelo Ministério da Educação. O resultado da Prova São Paulo mostra que estamos indo bem: em três anos, avançamos 25%", afirmou o secretário municipal da Educação, Alexandre Schneider, se referindo aos resultados de 2007.

Fraco. Para os especialistas, apesar da melhora, o índice atual ainda é muito ruim. "Se calibrarmos o nosso senso crítico, veremos que os números não são bons", diz Priscila Cruz, diretora executiva da ONG Todos pela Educação. "Estar alfabetizada é o direito de todas as crianças. Para esses estudantes que não foram incluídos, o tempo passou. Eles deixaram de aprender. Temos de ter total intolerância à desigualdade."

Segundo o professor Ocimar Munhoz Alavarse, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), os números são mais sérios quando se considera o patamar de São Paulo.

"Não dá para achar bom um número que mostra que, na cidade mais rica do País, uma em cada quatro crianças termina o 2.º ano sem estar alfabetizada. Essa pesquisa mostra que há crianças que depois de três anos na escola ainda não sabem ler e escrever", afirma o educador.

A prova. A avaliação com testes de língua portuguesa e matemática e uma questão de produção de textos foi aplicada a todos os alunos do ensino fundamental, exceto os do 1.º ano, e realizados por amostragem para os estudantes do 3.º, 5.º e 7.º anos.

Todas as escolas receberam o resultado com o desempenho individual do aluno, o rendimento da classe e da turma, da própria escola, da Diretoria Regional de Educação onde o colégio está inserido e de toda a rede municipal de educação.

Para a diretora executiva da ONG Todos Pela Educação, a divulgação dos resultados é positiva. "É muito bom que exista esse retorno para a comunidade escolar. Obter, mesmo em uma avaliação de larga escala, os dados relativos a cada aluno facilita no momento de traçar uma estratégia. A escola age sabendo exatamente onde está acertando e em quais pontos precisa implementar mudanças."

Para Alavarse, o importante é que essas crianças sejam acompanhas. "Não é um trabalho fácil, porque a cidade tem muitas escolas e esses estudantes estão espalhados. Mas é preciso fazer um monitoramento sério para conhecer os casos mapeados e, por outro lado, evitar que isso ocorra com quem entra na rede agora."

Quanto à questão de produção de texto, o professor defende que a avaliação seja feita com oficinas individuais aplicadas pelos professores caso a caso. "O problema quando se avalia produção textual é estabelecer um critério e, pior ainda, manter esse critério com o tempo."

PARA LEMBRAR

Na semana passada, resultados de outra avaliação revelaram o desempenho dos estudantes, desta vez do Estado de São Paulo. Dados do Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) indicaram que 1.474 escolas - 29,1% da rede - não atingiram as metas da pasta e, portanto, ficarão sem o bônus por resultado. Em comparação com 2010, o índice de escolas que falharam triplicou. O Saresp é uma prova anual que avalia todas as escolas da rede estadual nos 3.º, 5.º, 7.º e 9.º anos do ensino fundamental e também no 3.º ano do ensino médio.

O PRIMITIVISMO DO TROTE

A manutenção da prática do trote, que associa violência à comemoração, é uma aberração do meio universitário, mas sua compreensão vai muito além do reduto acadêmico. O que aconteceu com um calouro do curso de Ciência da Computação da UFRGS, encontrado em estado de coma no Parque da Redenção, na semana passada, em Porto Alegre, repete-se todos os anos, em outras circunstâncias e com outras feições, tendo sempre a mesma marca da perversidade. O que agrava esse caso em especial é o fato de que o rapaz de 18 anos participou do que teria sido um evento de recepção a novos universitários, com colegas e veteranos, e depois foi abandonado no parque. A ação dos autores do trote não se limitou, ao que tudo indica, ao consumo exagerado de bebidas. O trote só foi considerado completo com o abandono da vítima, socorrido por familiares e levado a um hospital.

Faz bem a direção da universidade, ao anunciar que irá investigar o incidente, mesmo que o fato tenha ocorrido fora da instituição. Mas uma sindicância mais ampla deveria incluir também outros aspectos, não necessariamente ligados ao meio universitário. Acadêmicos e futuros frequentadores de um curso superior, que se envolvem em práticas como essa, devem ter a vigilância da escola que os acolheu e principalmente dos familiares. O trote é revelador de algo bem mais grave do que a adesão eventual a comemorações exageradas. É uma manifestação primitiva, condenável sob todos os aspectos, que certamente tem relação com o comportamento de seus praticantes no convívio cotidiano em sociedade.

Não há desculpas para a sobrevivência de tais atitudes, quando se sabe que muitas instituições, em alguns casos por iniciativa dos próprios estudantes, estimulam formas de recepção a calouros que privilegiam ações em favor da comunidade. Também não há argumento que sustente até hoje o trote como forma consagrada de receber calouros. O trote contumaz caracteriza desvio de conduta, e seus patrocinadores exigem acompanhamento, não só nos períodos que antecedem o início do ano letivo.

EDITORIAL ZERO HORA 22/03/2011

TU NÃO PRESTASTE ATENÇÃO NO QUE EU DISSE?

A atividade de ensino é uma das mais desafiadoras do século 21. Dentre as principais diferenças do ensino que tínhamos até o ano 2000, podemos citar o impacto das novas tecnologias, que abriram as portas da sala de aula para o mundo, e as mudanças no comportamento, estímulos, hábitos e no processo de aprendizagem.

Embora isso possa parecer trivial, é impressionante como nossos professores reforçam modelos mentais velhos e ultrapassados, que já não faziam sentido no mundo analógico (não digital), e que atualmente se configuram em um fator de desestímulo ao aprendizado e ao estudo.

Recentemente um grande amigo foi impactado por um desses modelos mentais. A turma de sua filha recebeu a tarefa de desenvolver um trabalho que deveria apresentar três conceitos: o que é comportamento, atitude e respeito. Na minha percepção, uma atividade excelente. O tema de casa foi feito com grande prazer e os dois conseguiram perceber as diferentes relações em sala de aula. Na segunda-feira, ela levou o trabalho e, para sua surpresa, a resposta foi: “Tu não prestaste atenção no que eu disse? A entrega é somente na sexta-feira!”

Lembrei da crônica de Moacyr Scliar, na qual um menino, de quatro anos, desafia os pais constantemente com o mantra: “Eu vou fugir de casa!”

Crianças não percebem claramente o que isso significa. Mas imaginem se os pais dissessem o mesmo para o filho. Qual seria sua reação? Talvez a mesma de uma criança de 12 anos quando um professor lhe diz: “Tu não prestaste atenção no que eu disse!”

O exemplo ilustra como alguns modelos mentais acabam superando a principal atividade e função que deveríamos exercer enquanto educadores.

Por que penalizar alguém por antecipar um trabalho? Uma resposta poderia ser: utilizamos nossos modelos mentais, independente da situação, percebendo na relação entre professores e alunos uma única dimensão – a relação de poder.

Precisamos mudar esse contexto. Lembrem da poesia de nosso saudoso Mario Quintana, que traduzia o ambiente escolar: “De cada lado da sala de aula, pelas janelas altas, o azul convida os meninos, as nuvens desenrolam-se, lentas, como quem vai inventando preguiçosamente uma história sem fim... Sem fim é a aula: e nada acontece, nada...

Bocejos e moscas. Se ao menos, pensa Lili, se ao menos um avião entrasse por uma janela e saísse pela outra!”

Na Coreia do Sul, um dos líderes em educação no mundo, os professores são chamados de nation builders, construtores da nação. Nos Estados Unidos, o presidente Barack Obama convocou os jovens que querem fazer algo pelo país a se tornarem professores. Já aqui, as políticas públicas para a formação docente, a desvalorização da atividade e os baixos salários fazem com que nossos jovens não apenas se afastem da carreira, mas também percam o interesse pelo estudo e pelo desenvolvimento.

No momento em que vivemos, de elevada autoestima do país, de crescimento econômico e também de nossa infraestrutura, precisamos valorizar aqueles que têm o poder de transformar o Brasil. Os nossos professores.

GUSTAVO BORBA, DIRETOR DE GRADUAÇÃO DA UNISINOS, DOUTOR EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PELA UFRGS - ZERO HORA 22/03/2011

segunda-feira, 21 de março de 2011

TEMA PREFERENCIAL - EDUCAÇÃO

Consultados por pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, os 90 integrantes do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), que voltarão a se reunir em maio, definiram a educação como o tema mais emergencial para o futuro imediato do Estado. Uma maioria expressiva de 57,3% dos integrantes do CDES manifestou o interesse em contribuir por um pacto pela educação. O diagnóstico é apropriado, particularmente no momento em que, preocupado em evitar atritos com o magistério, o governo estadual praticamente endossou a pauta do Cpers, concordando com 16 de um total de 17 itens.

A reconquista de uma educação de qualidade, como a que já fez do Estado um modelo para o país nessa área, exige uma discussão muito mais ampla do que a normalmente travada entre a corporação do magistério e representantes do poder público. Obviamente, aspectos como o Piso Salarial Nacional se prestam para menos debate, pois dependem basicamente de disponibilidade de caixa. Questões como as relativas à meritocracia e ao plano de carreira, porém, não podem simplesmente ser encerradas sem um debate mais amplo por parte da sociedade. Por sua importância e por sua representatividade, o chamado Conselhão é um fórum oportuno para encarar essa missão.

Uma educação de qualidade, como a que o Estado precisa, não pode prescindir de profissionais bem formados, atualizados e remunerados adequadamente. Mas a garantia de qualidade vai além disso, exigindo um comprometimento também de pais e alunos e de toda a sociedade, incluindo seus representantes políticos.

O fato de a educação ter sido eleita como prioridade absoluta por um fórum com propostas tão ousadas, portanto, só pode ser visto como positivo para o Estado. É importante, por isso, que seus integrantes se empenhem em transformar em realidade os aspectos consensuais.

EDITORIAL ZERO HORA 21/07/2011

NOVA EDUCAÇÃO ( VALE-EDUCAÇÃO?)

NOVA EDUCAÇÃO - SERGIO LEWIN, ADVOGADO, VICE-PRESIDENTE E COORDENADOR DA DIVISÃO DE ECONOMIA DA FEDERASUL, ZERO HORA 21/03/2011

As sociedades democráticas se caracterizam pela busca do consenso. O problema é que algumas questões não podem ser resolvidas segundo a opinião média, mas ao contrário, justamente afrontando está mesma opinião. O tema ‘educação’ vem merecendo grandes debates, contudo as soluções propostas, por espelharem o lugar comum, quase nunca atacam o problema de frente. O sistema de ensino público brasileiro, como acontece com todo o ambiente que não é regido pela meritocracia e pela competição, acabou se deteriorando.

A estabilidade, associada à falta de indicadores e de um sistema de incentivos mínimo, conduz o professor, na maior parte dos casos, a um grau de acomodação incompatível com a busca de aprimoramento. Ao invés da criação de novas vagas na rede pública de ensino, os governos devem fornecer vales-educação para os alunos, para que estes optem pela instituição de ensino em que querem estudar, sejam públicas ou privadas. Logo, as melhores instituições passarão a ter a maior procura e também a atrair os melhores alunos e professores, exatamente o contrário do que ocorrerá com aquelas de pior desempenho. É possível que, após alguns anos de competição com as instituições privadas, as públicas se vejam obrigadas a adotar indicadores de qualidade e possam melhorar seus próprios indicadores de desempenho.

A contratação de vagas na rede privada, ademais, constitui um alívio para os cofres públicos, pois evita a contratação de novos professores em regime de estabilidade e aposentadoria vitalícia. Vale lembrar que o governo federal, através do ProUni, durante a gestão do então ministro da Educação Tarso Genro, já vinha comprando vagas em instituições privadas de ensino superior para estudantes de baixa renda oriundos da rede pública, o que demonstra que as barreiras ideológicas não são um entrave à solução aqui proposta. O sistema do ‘vale-educação’ é um modo de operar a democracia na prática, permitindo aos alunos com menores condições financeiras a escolha do estabelecimento de ensino em que estudarão, tirando esta decisão do governo. Atualmente, somente os alunos com mais recursos desfrutam desta liberdade de escolha. A adoção deste modelo na educação deve ser apenas o prenúncio da contratação que o Estado deve fazer da iniciativa privada também em outros setores.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Eu discordo que tenha que envolver aporte financeiro sem contrapartidas para motivar alguém, pois este recurso entra no orçamento familiar e raramente vai atender as necessidades da pessoa que se quer assistir. Além disto, parece que os cofres públicos são ilimitados para um assistencialismo sem contrapartidas, e limitados e parcos para os servidores públicos que prestam serviços de educação. São estes mestres que merecem ser motivados financeiramente e não aqueles que precisam dos mestres para se orientar, formar, conhecer o potencial e identificar habilidades. Chega de propostas demagógicas e do assistencialismo falacioso e improdutivo que só visam interesse politiqueiro e desperdício de dinheiro público. O furo é mais técnico do que financeiro.

Defendo uma "nova educação" multidisciplinar onde o aluno é motivado pelo objetivo de vida, pela prática de suas habilidades, pela valorização do potencial, pelas relações dentro da comunidade escolar e pelo conhecimento científico, técnico, artístico e desportivo que poderão ampliar a sua visão de futuro e oportunidades no mercado de trabalho para a sua autonomia financeira.

domingo, 20 de março de 2011

EDUCAÇÃO DESCENDO A LADEIRA

Descendo a ladeira - ROSANE DE OLIVEIRA, 20/03/2011

É assustador comparar a evolução histórica dos gastos do Estado com educação e previdência. Pesquisa feita pelo economista Darcy Carvalho dos Santos mostra que, ano a ano, a educação perde espaço.

Considerando-se a despesa total, a educação representava 26,5% entre 1975 e 1978, e a previdência, 13,1%. As duas curvas do gráfico se encontraram entre 1987 e 1990, quando a previdência representou 21,8% da despesa, e a educação, 21,3%.

Com o crescimento dos inativos, de 2007 a 2009, os gastos com educação caíram para 10,5% da despesa, e o pagamento de aposentadorias e pensões consumiu 30%.

quinta-feira, 17 de março de 2011

SALÁRIOS - PROPOSTA MODESTA NO RS

PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRA - Proposta modesta - ZERO HORA 17/03/2011

Como havia sido antecipado pela repórter Vivian Eichler, ficou mesmo abaixo de 10% sobre o salário básico a proposta de reajuste do magistério, apresentada ontem à noite à direção do Cpers pelos interlocutores do governador Tarso Genro.

A novidade é o pagamento de um abono para que ninguém receba menos do que o piso nacional. Isso significa que, se a proposta for aprovada, nenhum professor receberá menos de R$ 772,29 por 20 horas de trabalho, considerando-se o básico (R$ 386,93), o abono (R$ 207,05 no nível 1, classe A) e a gratificação de unidocência (R$ 178,31), paga a todos os 2.755 professores dos níveis 1 e 2.

Na interpretação do governo, com essa proposta todos os professores do Rio Grande do Sul terão assegurado no contracheque o piso de R$ 1.187 por 40 horas, definido pelo MEC como o mínimo dos professores para este ano. O Cpers não considera essa oferta como o cumprimento do pagamento do piso. O sindicato trabalha com o conceito de que piso deve ser o básico sobre o qual incidem as gratificações e não a soma das parcelas que o professor recebe.

Na proposta apresentada ao Cpers, o governo se compromete a não implantar a meritocracia e a não mexer no plano de carreira, considerado por analistas de finanças públicas e por membros do próprio governo como um impeditivo da concessão de aumentos maiores no salário inicial, pelo excessivo número de níveis e classes. O efeito multiplicador do aumento do básico nos salários dos professores que estão nos níveis 5 e 6, e que somam 80% da categoria, entre ativos e inativos, dificulta a elevação da remuneração inicial.

Ontem, na Federasul, antes de apresentar a proposta aos professores, o governador Tarso Genro reconheceu que a oferta era modesta, mas disse que devia ser entendida como um sinal de de que o governo começa a se mover em direção ao piso.

quarta-feira, 16 de março de 2011

ALUNO ATIRA CARTEIRA CONTRA PROFESSORA

Em dia de fúria, aluno atira carteira contra professora em escola estadual de SP - 16/03/2011 às 08h22m; Bom Dia São Paulo, TV TEM


SÃO PAULO - Mais um episódio de violência foi registrado numa escola estadual de São Paulo. Num dia de fúria, um aluno arremessou uma carteira escolar contra uma professora em Guaimbé, município da região de Marília, a 435 quilômetros de São Paulo, nesta terça-feira.

A professora, Sandra Inês Bontempo, contou que tudo começou quando ela pediu para um aluno parar de conversar durante a aula de matemática. Foi aí que outro estudante começou a ofendê-la com palavrões. E as agressões não pararam.

Sandra diz que estava abrindo a porta da sala para chamar a diretora quando o jovem, de 16 anos, a atacou com uma carteira. A professora prestou queixa na polícia, fez exame de corpo de delito e foi atendida no hospital para fazer um curativo.

- Ele veio para acertar minha cabeça - disse a professora.

Depois da confusão, o aluno ainda teria ameaçado as conselheiras tutelares, que também registraram um boletim de ocorrência.

Segundo a Polícia Militar, o adolescente já causou problemas em casa e na escola. A cidade tem apenas três escolas públicas.

- Praticamente todos os dias recebemos chamados de agressão a professores - diz o policial militar Clóvis Noronha.

A Polícia Civil vai ouvir os envolvidos e avaliar se instaura inquérito. A escola vai reunir o Conselho de Pais e professores e decidir qual punição o aluno vai sofrer.

A última pesquisa feita pela Apeoesp na região de Marília ouviu quase 300 professores da rede estadual e 38% deles disseram que já viram aluno ameaçando aluno dentro de escola. E quase a metade, 44%, já presenciou estudantes ofendendo professores.

CONSELHÃO APONTA A EDUCAÇÃO COMO A PRIMEIRA MAIOR DEFICIÊNCIA NO RS

RUMOS DO CONSELHÃO - Educação é o tema preferencial. Ouvido pela FGV, grupo de 90 conselheiros apontou deficiências do ensino, segurança e saúde como maiores desafios do Estado - JULIANA BUBLITZ, ZERO HORA, 16/03/2011

Uma cena inusitada para um Estado conhecido pela polarização política e radicalidade de ideias pôde ser testemunhada ontem à tarde, no Palácio Piratini. Sob os afrescos do Salão Negrinho do Pastoreio, gaúchos acostumados a duelar em lados opostos decidiram se unir em torno de uma causa comum: o sucesso do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).

Em sua primeira reunião, o Conselhão, como foi apelidado, não chegou a apresentar propostas concretas e muito menos discussões acaloradas, mas deu mostras do que há por vir. Quando os 90 convocados se acomodaram nas cadeiras dispostas no salão, Tarso tratou de deixar claro o que espera de cada um:

– Não precisa usar o vocativo, não é uma reunião de solenidades. Não precisa elogiar o governador. Pode criticar, não tem problema. O conselheiro tem de chegar aqui e ser direto. Trata-se de uma consultoria superior. E ninguém aqui precisa abdicar de sua ideologia.

A ideia é que o órgão, integrado por voluntários e tido como a vitrine do governo petista, funcione como uma espécie de oráculo democrático – a voz da sociedade, interferindo diretamente nas decisões políticas. Tarso admitiu, por exemplo, que ainda não sabe qual é o melhor modelo de pedágio para o Estado e disse que espera contar com os consultores para se definir.

– Os conselheiros podem fazer exigências para que haja uma dinâmica permanentemente de crítica – reforçou, dando carta branca ao grupo.

No salão, a reação foi imediata – sorrisos, trocas de olhares, burburinho. Confiante, Tarso já conhecia o resultado de uma pesquisa feita pela Fundação Getulio Vargas (FGV) com os membros do Conselhão: nada menos do que 75% afirmaram ter alta expectativa sobre o órgão. Apresentado em um telão, o levantamento também adiantou quais devem ser os temas mais debatidos. Entre 29 opções, o campeão foi a educação. Ao fim da tarde, a reunião terminou com seis câmaras temáticas definidas e comitê gestor escolhido. Por um momento, divergências pareciam coisa do passado.

– Tive a sensação de que há um completo desarmamento em favor do Rio Grande. Coisa que eu ainda não tinha visto, uma novidade no Estado – disse o cardiologista Fernando Lucchese, um dos mais otimistas.

A próxima reunião do Conselhão está prevista para maio, quando será discutido o Plano Plurianual.

PESQUISA - Pesquisa da Fundação Getulio Vargas aplicada aos 90 integrantes do Conselhão mostra o que pensam os novos consultores do governador Tarso Genro.

A EXPECTATIVA EM RELAÇÃO AO CONSELHÃO

- Alta....75%
- Média....23,68%
- Baixa....1,32%

GRAU DE URGÊNCIA DOS TEMAS

1º Educação
2º Segurança Pública
3º Saúde
4º Capacidade de investimentos
5º Infraestrutura/logística
6º Combate à miséria
7º Modernização do Estado
8º Inclusão social
9º Equilíbrio fiscal
10º Ética e combate à corrupção

ÁREAS EM QUE DESEJA CONTRIBUIR

- Pacto pela educação.... 57,3%
- Desenvolvimento metropolitano.... 40,4%
- Desenvolvimento da Serra.... 34,8%
- Pedágios.... 30,3%
- Previdência.... 23,6%
- Piso Regional.... 19,1%

segunda-feira, 14 de março de 2011

REAJUSTE - MENOS DE 10% PARA O MAGISTÉRIO DO RS

NA PONTA DO LÁPIS. Reajuste ao magistério não deve chegar a 10%. Governo já descartou pagar de imediato o piso nacional aos professores, como reivindica o Cpers - VIVIAN EICHLER, Zero Hora 14/03/2011

Às vésperas de dar início a uma série de negociações com o magistério, o Piratini dificilmente encontrará meios para oferecer este ano um percentual de reajuste aos professores superior a um dígito. Se fosse atender hoje a reivindicação do Cpers de adoção do piso nacional para a categoria, o aumento giraria na casa dos 48,5% para o nível inicial da carreira e mais do que dobraria nas faixas finais.

Escolhido como prioridade do governo Tarso, o reajuste aos professores tornou-se uma encruzilhada para o Executivo. Tarso se comprometeu com o piso nacional de R$ 1.187 para 40 horas ao fim de seu governo.

O primeiro escalão se recusa a adiantar percentuais e a detalhar o formato da proposta, que será apresentada ao Cpers na quarta-feira. Uma das possibilidades é sugerir um cronograma de reajustes ou comprometer-se com a negociação anual do básico.

Nas reuniões para tratar do tema, chegou a se cogitar, também, um aumento restrito à parcela autônoma, que hoje é de R$ 85,80 (para 40 horas). Esse benefício é fixo e não está atrelado ao básico, que varia conforme classe e nível da carreira.

Essa ideia, no entanto, contraria a reivindicação do Cpers de elevar o salário básico para gerar um efeito cascata em todas as 131,9 mil matrículas de ativos e inativos. Também não é o que o governo quer porque não contribuiria para a meta de alcançar o piso, argumenta o secretário da Educação, José Clovis de Azevedo.

– O passo dado neste ano será modesto. Não somos milagreiros nem demagogos – diz Azevedo, ressaltando não haver consenso sobre qual o tamanho do avanço possível.

Sindicato não abre mão de reajuste para todos os níveis

Chefe da Casa Civil, Carlos Pestana afirma que o governo neste momento calcula o valor máximo que poderia absorver – elevando ainda mais a projeção de déficit de R$ 550 milhões para 2011 – para só depois trabalhar em cima de propostas concretas.

Preparado para o embate, o conselho do Cpers traçou na sexta-feira diretrizes para a negociação. O sindicato partirá da condição de que não aceitará projetos que não reajustem o básico e não contemplem o conjunto da categoria. Traduzindo: rejeitarão melhorias exclusivas para os níveis iniciais, como propôs a ex-governadora Yeda Crusius. Tampouco aceitarão propostas que excluam aposentados.

Presidente do sindicato, Rejane de Oliveira diz que a categoria sempre entendeu que o piso nacional seria implantado no Estado já:

– O governador nunca nos disse que o piso não seria para agora. Que fique bem claro isso. Agora, se o governo não vai atender isso, que faça uma contraproposta.

EFEITO CASCATA

- Para cumprir o piso nacional de R$ 1.187, o governo teria de incrementar em R$ 387,96 (40 horas) o básico dos professores de nível mais baixo. Hoje, o governo paga R$ 799,04 o piso para 40h, considerando o abono.

- Se em 2011 concedesse um aumento de R$ 100 no básico dos níveis iniciais, esse valor poderia dobrar nos níveis 5 e 6 de todas as classes – faixas que representam 82% da folha.

- Se o piso nacional fosse aplicado neste momento no básico dos professores estaduais, o impacto na folha da Educação, que hoje é de R$ 4,2 bilhões, chegaria a R$ 2 bilhões. A estimativa inicial era de R$ 1,5 bilhão, mas o cálculo foi revisto.

Quanto ganha um professor (20h)

- Menor nível (A1) - 2.507 vínculos - R$ 356,62 (Salário básico) + R$ 42,90 (parcela autônoma). Total R$ 399,52;

- Maior nível (F6) - 2.089 vínculos - R$ 1.069,86 (salário básico) + R$ 42,90 (parcela autônoma). Total R$ 1.112,76

Níveis com o maior número de professores

- A5 (15.366 vínculos)- R$ 659,74 (salário básico) + R$ 42,90 (parcela autônoma). Total R$ 702,64;

- A6 (20.107 vínculos)- R$ 713,24 (salário básico) + R$ 42,90 (parcela autônoma). Total R$ 756,14 .

Em cima desses valores, o professor pode ter adicionais de: unidocência(R$ 356,62), triênios (com 20 anos de serviço, significaria 30% a mais), gratificação de difícil acesso (há 52 mil professores que ganham e pode chegar a R$ 713,24), além das promoções.

sábado, 12 de março de 2011

ADOLESCENTE É MORTO AO LADO DE ESCOLA

ALVO ERRADO. Adolescente é morto ao lado de escola - LETÍCIA BARBIERI | VALE DO SINOS/CASA ZERO HORA, 11/03/2011

Segundo testemunhas, tiro seria endereçado a amigo do garoto de 17 anos
Um desentendimento entre adolescentes terminou em morte na saída de uma escola, ontem, em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos. Faltava pouco para o meio-dia, e os alunos deixavam a Escola Estadual Ayrton Senna do Brasil, no bairro Industrial, quando um tiro foi disparado. A bala atingiu Leandro de Paula, 17 anos, no peito. Ele não resistiu e morreu no local.

Testemunhas relataram à Polícia Civil que um garoto de 16 anos, aluno da 7ª série, seria o autor do disparo. A vítima não estudava na escola, abandonou os estudos e não trabalhava. Leandro estaria acompanhando um amigo que buscaria a namorada no colégio.

Ainda é um mistério para a Polícia Civil o que teria motivado o crime. Duas trouxinhas de maconha e R$ 203 foram encontrados com o adolescente morto, mas o envolvimento com drogas não é a principal versão para o crime. Segundo amigos, o tiro não seria endereçado a Leandro. Haveria uma desavença entre seu amigo e o outro garoto pela namorada.

– Ele nunca ia lá, o amigo que insistiu que fosse. Não entendo como um aluno vai para a escola com uma arma – disse Elizete de Paula, 45 anos, mãe de Leandro.

Atirador parecia não acreditar no que fizera

O tiro provocou corre-corre e fez com que muitos estudantes voltassem para dentro do pátio. Cercada por muros altos e com câmeras de vigilância, interfone e até mesmo um policial militar residente, a escola transmitia segurança.

– Não sabíamos de arma nenhuma, senão teríamos tomado uma atitude – afirmou a diretora Sheila Kieling.

O crime aconteceu na rua lateral do colégio. Os amigos relatam que, antes de cair, Leandro ainda chegou a questionar o atirador.

– Testemunhas contam que o garoto ficou paralisado. Depois de atirar ele ficou olhando para a vítima incrédulo, parecia não acreditar no que tinha feito – relatou a escrivã Teresinha Girardi, chefe de investigações da 4ª Delegacia da Polícia Civil de Novo Hamburgo.

Policiais civis e militares foram até a casa do garoto de 16 anos – apontado como autor do disparo –, onde encontraram os pais.

– Não consigo entender o que aconteceu. Um guri que estudava e trabalhava, nunca vi arma nenhuma – disse o pai do garoto, de 53 anos.

NO RS, GOVERNO E PROFESSORES SEPARADOS POR UM FOSSO

PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRA - Separados por um fosso - ZERO HORA 11/03/2011

É abissal a distância que separa as reivindicações do Cpers do que o governo considera possível pagar neste primeiro ano. A reunião do conselho geral da entidade, ontem, aprovou uma resolução que dá ideia da dificuldade de entendimento em relação ao piso salarial nacional. Por conta do discurso do PT nos últimos anos e das declarações de Tarso Genro na campanha, criou-se entre os professores a expectativa de que sua chegada ao poder significaria o pagamento do piso nacional.

Pelo conceito do sindicato, reafirmado ontem na reunião, piso é o salário básico do plano de carreira, sobre o qual incidem os adicionais de tempo de serviço e outras gratificações. Hoje, o Estado paga um básico de R$ 356,62 para 20 horas de trabalho, quando o piso nacional definido em portaria do MEC é de R$ 593,54 (por 40 horas, chega a R$ 1.187). A incidência das vantagens sobre o básico teria um impacto superior a R$ 2 bilhões por ano na folha de pagamento do magistério.

No governo, chegou a ser discutida a possibilidade de pagamento de um abono, mas a tese perdeu força porque seria uma proposta menos palatável do que a apresentada pelo governo Yeda Crusius e bombardeada pelo Cpers. Tarso vem dizendo que seu compromisso é pagar o piso nacional até o final do mandato.

A presidente do Cpers, Rejane de Oliveira, tem outra interpretação para a promessa feita pelo então candidato.

– O governador nunca nos disse que o piso não seria para agora. Que fique bem claro isso. Agora, se o governo não vai atender isso, que faça uma contraproposta – disse Rejane, à repórter Vivian Eichler.

Essa contraproposta, que será apresentada ao Cpers no final da tarde de quarta-feira, será avaliada na assembleia geral marcada para o dia 8 de abril. A direção do Cpers já avisou ao governo de que não aceita qualquer iniciativa que retire direitos dos trabalhadores. Essa restrição inclui a reforma da previdência e alteração da lei das RPVs. O governo pretende reduzir o valor que se enquadra como RPV, hoje de 40 salários mínimos, para não ter de desembolsar R$ 800 milhões até o final do ano.

sexta-feira, 11 de março de 2011

UNIVERSIDADES - BRASIL FORA DA LISTA DAS 200 MELHORES DO MUNDO

RANKING. Brasil não tem universidades entre as 100 melhores do mundo. 10/03/2011 às 11h28m. O Globo


RIO - O Brasil não tem nenhuma instituição entre as 100 melhores universidades em reputação do mundo, segundo o ranking elaborado pela organização Times Higher Education. A Universidade de São Paulo (USP) só apareceu na 232ª posição, e acabou representando todas as instituições da América do Sul. A universidade de Harvard é a líder do ranking com pontuação máxima em todos os critérios.O ranking foi montado a partir de uma pesquisa somente para convidados de mais de 13 mil professores de 131 países do mundo e reforça a posição dominante das instituições dos EUA e consagra boa reputação de universidades do Reino Unido e do Japão. O índice faz parte do ranking das melhores universidades do mundo divulgado pela THE em setembro do ano passado.

Rússia (Universidade Lomonosov de Moscou), China (universidades Tsinghua, Pequim e Hong Kong) e Cingapura e Hong Kong aparece com instituições entre as 50 melhores do ranking. No grupo entre as posições 51º e 100º aparecem universidades de países emergentes como a Universidade de Seul, na Coreia do Sul; Universidade de Taiwan e o Instituto de Ciência da Índia. O Brasil é o único dos BRICs a não ter nenhuma instituição de ensino superior entre as melhores.

A pesquisa pediu aos acadêmicos experientes para destacar o que eles acreditavam ser o mais forte das universidades para o ensino e a pesquisa em seus próprios campos. Harvard obteve 100 pontos. As outras cinco melhores classificadas foram Instituto de Tecnologia de Massachusetts; Universidade de Cambridge (Reino Unido); Universidade da Califórnia, em Berkeley; Universidade de Stanford University e Universidade de Oxford (Reino Unido).

LISTA COMPLETA:

http://www.timeshighereducation.co.uk/world-university-rankings/2010-2011/reputation-rankings.html

terça-feira, 8 de março de 2011

REPERCUSSÕES DO PISO DO MAGISTÉRIO

O Ministério da Educação divulgou o valor do piso nacional do magistério de R$ 1.187,97 para 40 horas semanais em 2011, mais 15,8% sobre o valor de 2010. Para a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), esse valor deve ser R$ 1.597,87.

Qualquer um desses valores como vencimento inicial da carreira não seria excessivo. Pelo contrário, são valores reduzidos, considerando a responsabilidade da função de professor.

Entretanto, o atual quadro do magistério estadual contém multiplicadores que, aliados a outras vantagens, podem elevar em cinco vezes esses valores. E a situação se agrava, pois mais de 87% dos professores encontram-se nos níveis da carreira correspondentes à licenciatura plena e pós-graduação.

A repercussão financeira desses valores só pode ser verificada com o cálculo geral da folha de pagamento. Mas se pode fazer uma estimativa. Pelo valor do MEC, o acréscimo da folha anual seria em torno 60% (R$ 1,9 bilhão) com pagamento a partir de janeiro, ou 42% (R$ 1,3 bilhão), se a partir de maio. Isto porque tramita no Congresso Nacional projeto de lei alterando a data para reajuste do valor do piso do magistério. Já quanto aos valores da CNTE, os acréscimos seriam de 115% e 80%, com valores de R$ 3,6 bilhões ou R$ 2,5 bilhões, respectivamente.

Em qualquer hipótese, estouraria a capacidade de pagamento do Estado. Por isso é que a lei que instituiu o piso salarial determinou a adequação dos planos de carreira para seu cumprimento, dispositivo não aceito pelo sindicato da classe no RS.

A ajuda federal para pagamento do piso do magistério é devida aos Estados que recebem contemplação da União no Fundeb, que não é o caso do Rio Grande do Sul.

Outro problema da educação está na legislação concessiva para as aposentadorias. Comprova isso o fato de a despesa com inativos ter passado de 33% em 1999 para 41% em 2009 do total estadual nesse item de despesa. Para cada R$ 100 despendidos com professor em atividade são despendidos R$ 150 com professores aposentados. A forma como gratificações e ampliação da jornada de trabalho são incorporadas aos proventos das aposentadorias gera desequilíbrio entre contribuições e benefícios previdenciários.

Sem alterar o plano de carreira e reformar a Previdência, com mudanças na legislação estadual e também em nível federal, não há como pagar salário justo ao professor nem em 2011, nem nos próximos anos. Quem afirmar o contrário, está vendendo ilusões.

Darcy Francisco Carvalho dos Santos, economista - Zero Hora 08/03/2011

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Engraçado?!?! Pagar salários dignos aos professores que desempenham uma atividade essencial à vida e formação das pessoas repercute tanto no erário que os governantes se negam a aplicar. Agora, pagar salários abusivos pagos aos parlamentares e magistrados não faz nem "cócegas" aos cofres públicos, pois os índices são reajustados em reuniões rápidas e sem contraditório.

Sem desmerecimento das categorias, pergunto qual a diferença salarial entre um magistrado e um graduado diretor de uma grande escola pública, e a de um professor de ensino médio e um servidor auxiliar de serviços gerais no Legislativo e no Judiciário? A diferença é gritante, especialmente a justificativa for a finalidade de suas profissões.

Se vigora no Brasil um regime democrático, esta discriminação deveria ser revista cumprindo o texto original do inciso XII do artigo 37 da constituição federal. Há de se nivelar cargos em todos os níveis e poderes de acordo com a finalidade e a essência na prestação do serviço público.

Não podem os servidores do Poder Executivo continuarem amarrados pelo argumento falacioso de que são maioria para receberem salários miseráveis em relação aos servidores do Judiciário e do Legislativo. É claro que a transformação das leis em direito exige do Poder Executivo um grande número de servidores para atender as demandas por saúde, educação, segurança e demais áreas do sua responsabilidade no Estado. Além disto, o cofre é o mesmo para os três Poderes e a origem do dinheiro público são os impostos pagos por todos.

Portanto, é bom deixar a hipocrisia de lado e mudar a oratória.

domingo, 6 de março de 2011

A CULTURA DA CÓPIA


Reportagem publicada esta semana pela Revista Veja aborda um problema crescente e preocupante nos meios educacionais: o plágio. Potencializada pela era digital, caracterizada pelo acesso fácil a todo tipo de informação, esta prática danosa não apenas representa um novo desafio para os educadores, como também mexe com os padrões éticos da sociedade brasileira. Mais do que crime previsto pelo Código Penal, o plágio é uma deformação do aprendizado para a vida e um desestímulo à competição saudável pelo mercado de trabalho.

É exemplar, neste contexto, o recente episódio da demissão do catedrático da Universidade de São Paulo que publicou numa revista estrangeira um trabalho com gráficos copiados de outra obra científica. Doutor em bioquímica, autor de mais de uma centena de artigos científicos, orientador de mestrado e doutorado, ele acabou com o currículo maculado por ter incorrido na chamada cultura da cópia, que consiste em utilizar ideias alheias sem dar o devido crédito a seus autores.

Infelizmente, esta prática tornou-se tão comum nas escolas e universidades brasileiras que se criou até mesmo uma próspera indústria de produção de trabalhos escolares. Sob o pretexto de não dispor de tempo para pesquisar, estudantes de todos os níveis encomendam a especialistas, mediante pagamento, até mesmo trabalhos de conclusão de curso. Os escritores de aluguel, por sua vez, nem sempre se preocupam com a originalidade e o ineditismo. O resultado é que alguns estudantes acabam apresentando trabalhos que não produziram e ainda plagiados de outros autores. Fazem isso, às vezes, por ignorância, outras devido à pressão familiar por resultados e, em alguns casos, por deformação moral. Além de não se preparar adequadamente para a futura profissão, o aluno que se utiliza de tais expedientes está sendo desonesto com a escola e com os colegas que se esforçaram para alcançar os mesmos objetivos.

Alertados pelo crescimento alarmante de tais práticas, escolas e professores vêm intensificando a vigilância, mas nem sempre estão preparados para detectar fraudes digitais. Há, inclusive, os educadores que preferem ignorar o problema, sob o pretexto de que o estudante plagiador está prejudicando a si mesmo.

Não é bem assim. Universidades conceituadas da Europa e dos Estados Unidos já desenvolvem sistemas eficientes de fiscalização, além de submeter os estudantes a regras claras e a punições rigorosas para o plágio. Parece ser o caminho mais adequado: cabe às escolas e universidades brasileiras priorizar esta questão, não apenas aumentando a vigilância sobre potenciais fraudadores, mas também ensinando aos alunos como fazer pesquisas com proveito, ética e transparência. Em complemento, as instituições devem desenvolver códigos disciplinares e fazer uso frequente de sistemas verificadores de plágio para que a lisura seja efetivamente mantida.

EDITORIAL ZERO HORA, 6/03/2011

OPINIÃO DOS LEITORES

A escola faz ciência e educa com vista à cidadania. Não há educação de qualidade, tampouco ciência séria, sem relações éticas. Plágio, copiar sem citar fonte e referenciar os créditos, é ação antiética. É preciso trabalhar as questões éticas na escola. Isso também é educar. Não ocorre educação se a escola não consegue ensinar e o estudante aprender essas questões fundamentais de respeito ao outro, às ideias e compreensões do outro. Estudar também envolve esforço pessoal e dedicação construtiva. Construir o conhecimento, produzir conhecimento, pesquisar, investigar, ter curiosidade e dar asas a ela, construindo ciência e formando pensamento próprio. É primordial que a escola ensine e os estudantes aprendam que a ciência deve estar pautada em relações éticas. O plágio é uma questão evidente que precisa ser debatida e superada para que haja ciência e educação. Claudionei Vicente Cassol - Cerro Grande - RS

Concordo. Apesar de acreditar que os estudantes devem, sim, aprender a estudar, interpretar e assimilar opiniões de terceiros, é muito importante que possam discutir e encontrar as próprias opiniões e teorias sobre os conteúdos que recebem. Esse processo permite que o estudante aprenda a desenvolver uma visão crítica e possibilita a formação de um cidadão respeitoso com o outro e com a sociedade onde está inserido, sem deixar que o comodismo impeça a transformação dos conceitos e ideias já existentes. Caroline Richter - Novo Hamburgo - RS

Depende do ponto de vista. Do ponto de vista do aluno, sua única vontade é de se livrar do trabalho. Se é crime ou não, nem passa pela sua cabeça. Nenhum aluno gosta de fazer trabalho. Então geralmente deixa para a última hora, acaba faltando tempo e, pressionado pelo prazo de entrega dos professores, acaba plagiando algumas partes. Pedro H. Stoll - Bom Retiro do Sul - RS

Existem níveis de plágio. Uma criança, um aluno de até 12 anos, não possui conhecimento para resolver tudo sozinho. É mais lucrativo tanto para ele quanto para os colegas de classe plagiar, ou seja, apresentar um trabalho sobre algum tema já preestabelecido por alguém é mais instrutivo do que simplesmente falar que existe sol, nuvem e lua. (Uma criança copia tudo o que seus o pais falam e fazem até chegar à teimosa adolescência). Já um aluno de 13, 14 anos de idade, deve compreender o espírito de produzir sua opinião a partir de um assunto, a leitura propicia isso. É nesta idade que começamos a ler revistas, jornais assuntos informativos, e não mais somente narrativas. Por fim, no nível superior é inadmissível, é um crime, deixa de ser algo produtivo (ensino fundamental) e passa a ser algo conhecido como “malandragem, empurrada com a barriga”. Daniel Sechi - Ijuí - RS

sexta-feira, 4 de março de 2011

AS PRESSÕES POLÍTICAS NO ENSINO


- OPINIÃO, O Estado de S.Paulo - 04/03/2011



A indicação política continua sendo um dos principais critérios para a nomeação de diretores das escolas públicas no Brasil. Cerca de 42% da rede escolar municipal e estadual de ensino fundamental e ensino médio é hoje dirigida por quem tem apoio de vereadores, deputados estaduais e federais e senadores - e não necessariamente por quem fez curso de gestão e tem experiência administrativa na área.

Essa é uma das conclusões de uma pesquisa realizada em 24 Estados pela Fundação Victor Civita, em parceria com a educadora paranaense Heloísa Lück, sobre seleção e capacitação de diretores de escolas das redes estaduais e municipais de ensino. Segundo o estudo, a indicação política - que não atende aos interesses das comunidades e dá margem a pressões e ao clientelismo - é o único critério de escolha prevalecente em Rondônia, Maranhão, Santa Catarina e Sergipe. Já Mato Grosso, Goiás, Paraná, Rio Grande do Sul e Rio Grande do Norte utilizam a eleição pela comunidade como única forma de seleção. E Estados como Rio de Janeiro, Pará, Amazonas, Paraíba, Espírito Santo e Tocantins combinam indicação política com eleição pela comunidade e critérios técnicos, como provas e concursos.

A pesquisa da Fundação Victor Civita revela que São Paulo é o único Estado que realiza concurso para selecionar os diretores de escolas. "Diretor é cargo técnico, não cargo político", diz o secretário adjunto de Educação, João Cardoso de Palma Filho. Na capital, a Prefeitura também preenche os cargos por meio de concurso aberto aos integrantes da rede escolar que têm licenciatura plena em pedagogia e experiência de pelo menos três anos no magistério. A pesquisa apurou ainda que 20% das Secretarias estaduais de Educação não têm unidade responsável por políticas de seleção de gestores escolares.

Um diretor de escola pública não pode ser apenas um professor competente em sua especialidade acadêmica. A crescente complexidade da administração pública obriga-o a conhecer também finanças e contabilidade, saber gerir recursos humanos e demonstrar liderança. Segundo os especialistas, as escolas públicas que mais se destacam nas avaliações do ensino básico - como o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) - são dirigidas por gestores que têm todas essas qualidades. Além disso, esses profissionais tendem a permanecer mais tempo no cargo, o que assegura uma gestão estável e eficiente, enquanto as unidades onde prevalecem as indicações políticas são marcadas por frequentes trocas de comando, conforme as correlações de força entre os partidos - o que acaba prejudicando a qualidade do ensino.

A pesquisa mostra que as indicações políticas para a direção de escolas públicas costumam resultar em gestões irregulares, burocráticas e medíocres. Como a maioria dos escolhidos não tem formação e experiência em administração escolar, as Secretarias estaduais e municipais da Educação são obrigadas a gastar com capacitação e treinamento desses gestores recursos que deveriam ser aplicados no financiamento de projetos pedagógicos e de reforma curricular.

A exigência de concurso e de conhecimento e experiência em matéria de administração pública e gestão escolar deveria ser o critério fundamental para a escolha dos diretores das redes municipais e estaduais de ensino fundamental e médio. Os especialistas também recomendam que esse processo seja combinado com algum tipo de consulta às comunidades, a fim de conferir legitimidade aos diretores de escolas públicas. "Esse modelo envolve mais a escola e os candidatos, selecionando melhor o gestor", afirma a diretora executiva da Fundação Victor Civita, Angela Dannemann.

Essa pesquisa deve servir de estímulo para que as autoridades reformulem a legislação educacional, introduzindo critérios mais sérios para a escolha dos diretores de escolas públicas. A educação básica é fundamental para o futuro do País e não deve ficar à mercê de interesses menores dos políticos.

terça-feira, 1 de março de 2011

COM TIRIRICA NA COMISSÃO DE EDUCAÇÃO, CONGRESSO DEBOCHA DOS EDUCADORES


Educadores lamentam escolha de Tiririca para comissão na Câmara. Indicado para Educação, palhaço teve de provar à Justiça não ser analfabeto; ele pediu a seu partido, o PR, para ser indicado ao posto - 25 de fevereiro de 2011, Eduardo Bresciani, do Estadão.com.br e Gabriel Manzano, de O Estado de S. Paulo

Depois de submetido a um teste para provar à Justiça Eleitoral que não era analfabeto, o deputado, cantor, compositor e humorista Francisco Everardo Oliveira Silva - o Tiririca - foi indicado, nesta sexta-feira, titular da Comissão de Educação e Cultura da Câmara.

A escolha foi anunciada pelo líder do PR, Lincoln Portela (MG), e atende a um pedido pessoal do deputado. Um ofício confirmando a indicação - antecipada pelo estadão.com.br às 15h38 desta sexta - será protocolado pelo PR na terça-feira. Segundo a assessoria de Tiririca, ele queria muito fazer parte da comissão porque pretende atuar, como deputado, na área artística. É até filiado, em São Paulo, ao sindicato da categoria.

A notícia espalhou surpresa e desconsolo entre educadores."É um retrato da sociedade que temos", reagiu o professor Mozart Neves Ramos, da ONG Todos pela Educação. "Acho lamentável", acrescenta a titular de Pedagogia da Faculdade de Educação da Unicamp, Maria Márcia Malavasi. "Não por ele, mas porque há tantas outras pessoas com carreira, seriedade e currículo para essa missão."

Tiririca vai discutir e votar políticas educacionais depois de chegar ao Congresso envolvido numa aura de analfabetismo. Eleito com mais de 1,3 milhão de votos - a segunda maior votação da história da Câmara -, só conseguiu tomar posse depois de provar, perante um juiz eleitoral, que sabia ler e escrever. O argumento do juiz Aloisio Silveira, que o aprovou no TRE paulista, foi que "a Justiça Eleitoral tem considerado inelegíveis apenas os analfabetos absolutos e não os funcionais". O educador Mozart Ramos fez uma comparação: "Imagino se, na hora de formar uma seleção brasileira de futebol, houvesse vagas e cotas para os clubes, como para os partidos". O mais grave, observou, é que este é um ano importante para as causas educacionais. "Temos um Plano Nacional de Educação a ser definido. Com ele, a Lei de Responsabilidade Educacional. A reforma do ensino superior, a questão das cotas." Uma agenda "em grande parte técnica, que exige gente de preparo no setor".

Lembrando que o Brasil tem "14 milhões de analfabetos com mais de 15 anos e muitos milhões mais de analfabetos funcionais", ponderou que Tiririca não está preparado para atender "à dramática necessidade de se organizar a educação para uma sociedade moderna e preparada".

Marcia Malavasi, da Unicamp, esclareceu que não tem nada pessoal contra o deputado. "Não se trata de desmerecer as qualidades que ele possa ter. Mas é evidente que há uma inadequação entre o que ele representa e o tamanho dos desafios da educação brasileira."

Completando sua tarde de celebridades, a Câmara emplacou também o ex-jogador de futebol Romário (PSB-RJ) como vice-presidente da Comissão de Turismo e Desporto. Nesse time jogarão também Danrley de Deus (PTB-RS), ex-goleiro do Grêmio, e o ex-boxeador Acelino de Freitas, o Popó. Romário já avisou que pretende trabalhar com os grupos encarregados de organizar a Copa do Mundo , em 2014, e a Olimpíada do Rio, em 2016. A Comissão de Finanças terá o ex-participante do programa Big Brother Brasil Jean Wyllys (PSOL-RJ).

PROFESSORA É EXECUTADA EM FRENTE À ESCOLA



Professora é assassinada em frente à escola municipal em Embu. Docente chegava ao local na manhã desta segunda-feira quando foi atingida por três disparos - 28/02/2011 - Marília Lopes - Central de Notícias

SÃO PAULO - Uma professora foi morta em frente a uma escola municipal em Embu, na Região Metropolitana de São Paulo, na manhã desta segunda-feira, 28, segundo a Polícia Militar.

A docente foi atingida por três tiros quando chegava para dar aula, por volta das 7 horas da manhã, na Escola Municipal Paulo Freire, na Estrada de Itapecerica.

De acordo com a PM, a professora chegou a ser socorrida e encaminhada ao pronto-socorro de Embu, mas não resistiu aos ferimentos causados pelos tiros. Até o momento ninguém foi preso.