A manutenção da prática do trote, que associa violência à comemoração, é uma aberração do meio universitário, mas sua compreensão vai muito além do reduto acadêmico. O que aconteceu com um calouro do curso de Ciência da Computação da UFRGS, encontrado em estado de coma no Parque da Redenção, na semana passada, em Porto Alegre, repete-se todos os anos, em outras circunstâncias e com outras feições, tendo sempre a mesma marca da perversidade. O que agrava esse caso em especial é o fato de que o rapaz de 18 anos participou do que teria sido um evento de recepção a novos universitários, com colegas e veteranos, e depois foi abandonado no parque. A ação dos autores do trote não se limitou, ao que tudo indica, ao consumo exagerado de bebidas. O trote só foi considerado completo com o abandono da vítima, socorrido por familiares e levado a um hospital.
Faz bem a direção da universidade, ao anunciar que irá investigar o incidente, mesmo que o fato tenha ocorrido fora da instituição. Mas uma sindicância mais ampla deveria incluir também outros aspectos, não necessariamente ligados ao meio universitário. Acadêmicos e futuros frequentadores de um curso superior, que se envolvem em práticas como essa, devem ter a vigilância da escola que os acolheu e principalmente dos familiares. O trote é revelador de algo bem mais grave do que a adesão eventual a comemorações exageradas. É uma manifestação primitiva, condenável sob todos os aspectos, que certamente tem relação com o comportamento de seus praticantes no convívio cotidiano em sociedade.
Não há desculpas para a sobrevivência de tais atitudes, quando se sabe que muitas instituições, em alguns casos por iniciativa dos próprios estudantes, estimulam formas de recepção a calouros que privilegiam ações em favor da comunidade. Também não há argumento que sustente até hoje o trote como forma consagrada de receber calouros. O trote contumaz caracteriza desvio de conduta, e seus patrocinadores exigem acompanhamento, não só nos períodos que antecedem o início do ano letivo.
EDITORIAL ZERO HORA 22/03/2011
Este blog mostrará as deficiências, o sucateamento, o descaso, a indisciplina, a ausência de autoridade, os baixos salários, o bullying, a insegurança e a violência que contaminam o ensino, a educação, a cultura, o civismo, a cidadania, a formação, a profissionalização e o futuro do jovem brasileiro.
EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR
Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.
terça-feira, 22 de março de 2011
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