EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

quarta-feira, 23 de março de 2011

TROTE - BRINCADEIRA PERIGOSA

Brincadeira perigosa. Internação hospitalar de um bixo da UFRGS reacende a polêmica em torno dos limites do trote - LÍVIA MEIMES, zero hora 23/03/2011

Um episódio recente envolvendo um jovem calouro da UFRGS, que entrou em coma depois de beber álcool durante um trote universitário, reacendeu a polêmica em torno da prática.

Se por um lado existem recepções com cuidado e criatividade, como os chamados trotes solidários, outras ainda insistem em passar dos limites e causar danos físicos e psicológicos a quem está iniciando a vida acadêmica.

O professor Fernando Becker, de Psicologia da Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), acredita que trotes abusivos representam um atraso nos processos civilizatórios da humanidade. Conforme ele, essa espécie de jogo que envolve integração entre calouros e veteranos é perverso.

– Se pegarmos o ritual de iniciação dos jovens índios, veremos que ele funciona para prepará-los para a dura vida da caça. Já um um ritual de iniciação como o trote, em que a pessoa é obrigada a beber, por exemplo, não leva a nada, só gera violência pela violência – compara o professor, ressaltando que este atraso está ligado a uma série de fatores, como a vontade de extravasar, ao modelo repressivo de educação, a pedagogias arcaicas e à família, que não exerce seu papel de educadora.

O que, então, leva jovens recém-chegados à universidade a se submeterem a esse legado que passa de geração para geração e não raro envolve situações humilhantes? O aluno que ingressa em um curso superior, geralmente, deseja fazer parte do grupo e faz de tudo para ser aceito, permitindo, inclusive, que a situação extrapole e o acidente aconteça.

– É um momento que reúne euforia, celebração. Mas, se o jovem tem uma autoestima baixa, ele pode acabar deixando de lado o senso crítico e ficar mais suscetível a riscos – justifica o psicólogo clínico Jones A. dos Santos.

Furg contatou bares próximos ao campus - GUILHERME MAZUI | RIO GRANDE/CASA ZERO HORA

No sul do Estado, a Universidade Federal do Rio Grande (Furg) intensifica as ações de combate ao trote. Vetou a prática dentro e fora da instituição, além de ofertar prêmios para os cursos que recepcionarem seus calouros com atividades de caráter social, como doação de alimentos e sangue.

Em 2010, a Furg teve problemas no trote do curso de Engenharia de Computação. Em um bar próximo ao Campus Carreiros, os bixos competiam para ver quem bebia mais. O ritual terminou com dois alunos em coma alcoólico. Os inquéritos administrativos abertos continuam tramitando, conforme a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Prae).

Com os trotes proibidos dentro do campus desde 2004, por meio de uma resolução interna, a Furg aumentou o rigor da norma. No final de 2010, instituiu o Programa de Acolhida Cidadã Solidária (Pacs). A medida vetou também fora da universidade práticas como cortes de cabelo de calouros, pinturas de roupas, cobranças de pedágios. No recente retorno às aulas, a Furg dialogou com bares do seu entorno, a fim de coibir a venda de bebidas alcoólicas.

O Pacs também fez diretores de unidades acadêmicas, coordenadores de cursos e veteranos criarem cronogramas de acolhida, com atividades sociais. O plano é aprovado pela Prae, que oferta premiações. A turma com a melhor iniciativa receberá R$ 2 mil em uma viagem coletiva. A segunda leva R$ 1 mil em outra viagem, e a terceira ganhará R$ 500 em livros. O resultado sai em abril, durante palestra do jornalista Marcos Rolim, que tratará sobre trote e violência.

– Precisamos mudar a cultura do trote. É um trabalho de educação para coibir excessos e mudar a forma do ritual – frisa a pró-reitora de Assuntos Estudantis, Darlene Pereira.

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