Este blog mostrará as deficiências, o sucateamento, o descaso, a indisciplina, a ausência de autoridade, os baixos salários, o bullying, a insegurança e a violência que contaminam o ensino, a educação, a cultura, o civismo, a cidadania, a formação, a profissionalização e o futuro do jovem brasileiro.
EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR
Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.
domingo, 6 de março de 2011
A CULTURA DA CÓPIA
Reportagem publicada esta semana pela Revista Veja aborda um problema crescente e preocupante nos meios educacionais: o plágio. Potencializada pela era digital, caracterizada pelo acesso fácil a todo tipo de informação, esta prática danosa não apenas representa um novo desafio para os educadores, como também mexe com os padrões éticos da sociedade brasileira. Mais do que crime previsto pelo Código Penal, o plágio é uma deformação do aprendizado para a vida e um desestímulo à competição saudável pelo mercado de trabalho.
É exemplar, neste contexto, o recente episódio da demissão do catedrático da Universidade de São Paulo que publicou numa revista estrangeira um trabalho com gráficos copiados de outra obra científica. Doutor em bioquímica, autor de mais de uma centena de artigos científicos, orientador de mestrado e doutorado, ele acabou com o currículo maculado por ter incorrido na chamada cultura da cópia, que consiste em utilizar ideias alheias sem dar o devido crédito a seus autores.
Infelizmente, esta prática tornou-se tão comum nas escolas e universidades brasileiras que se criou até mesmo uma próspera indústria de produção de trabalhos escolares. Sob o pretexto de não dispor de tempo para pesquisar, estudantes de todos os níveis encomendam a especialistas, mediante pagamento, até mesmo trabalhos de conclusão de curso. Os escritores de aluguel, por sua vez, nem sempre se preocupam com a originalidade e o ineditismo. O resultado é que alguns estudantes acabam apresentando trabalhos que não produziram e ainda plagiados de outros autores. Fazem isso, às vezes, por ignorância, outras devido à pressão familiar por resultados e, em alguns casos, por deformação moral. Além de não se preparar adequadamente para a futura profissão, o aluno que se utiliza de tais expedientes está sendo desonesto com a escola e com os colegas que se esforçaram para alcançar os mesmos objetivos.
Alertados pelo crescimento alarmante de tais práticas, escolas e professores vêm intensificando a vigilância, mas nem sempre estão preparados para detectar fraudes digitais. Há, inclusive, os educadores que preferem ignorar o problema, sob o pretexto de que o estudante plagiador está prejudicando a si mesmo.
Não é bem assim. Universidades conceituadas da Europa e dos Estados Unidos já desenvolvem sistemas eficientes de fiscalização, além de submeter os estudantes a regras claras e a punições rigorosas para o plágio. Parece ser o caminho mais adequado: cabe às escolas e universidades brasileiras priorizar esta questão, não apenas aumentando a vigilância sobre potenciais fraudadores, mas também ensinando aos alunos como fazer pesquisas com proveito, ética e transparência. Em complemento, as instituições devem desenvolver códigos disciplinares e fazer uso frequente de sistemas verificadores de plágio para que a lisura seja efetivamente mantida.
EDITORIAL ZERO HORA, 6/03/2011
OPINIÃO DOS LEITORES
A escola faz ciência e educa com vista à cidadania. Não há educação de qualidade, tampouco ciência séria, sem relações éticas. Plágio, copiar sem citar fonte e referenciar os créditos, é ação antiética. É preciso trabalhar as questões éticas na escola. Isso também é educar. Não ocorre educação se a escola não consegue ensinar e o estudante aprender essas questões fundamentais de respeito ao outro, às ideias e compreensões do outro. Estudar também envolve esforço pessoal e dedicação construtiva. Construir o conhecimento, produzir conhecimento, pesquisar, investigar, ter curiosidade e dar asas a ela, construindo ciência e formando pensamento próprio. É primordial que a escola ensine e os estudantes aprendam que a ciência deve estar pautada em relações éticas. O plágio é uma questão evidente que precisa ser debatida e superada para que haja ciência e educação. Claudionei Vicente Cassol - Cerro Grande - RS
Concordo. Apesar de acreditar que os estudantes devem, sim, aprender a estudar, interpretar e assimilar opiniões de terceiros, é muito importante que possam discutir e encontrar as próprias opiniões e teorias sobre os conteúdos que recebem. Esse processo permite que o estudante aprenda a desenvolver uma visão crítica e possibilita a formação de um cidadão respeitoso com o outro e com a sociedade onde está inserido, sem deixar que o comodismo impeça a transformação dos conceitos e ideias já existentes. Caroline Richter - Novo Hamburgo - RS
Depende do ponto de vista. Do ponto de vista do aluno, sua única vontade é de se livrar do trabalho. Se é crime ou não, nem passa pela sua cabeça. Nenhum aluno gosta de fazer trabalho. Então geralmente deixa para a última hora, acaba faltando tempo e, pressionado pelo prazo de entrega dos professores, acaba plagiando algumas partes. Pedro H. Stoll - Bom Retiro do Sul - RS
Existem níveis de plágio. Uma criança, um aluno de até 12 anos, não possui conhecimento para resolver tudo sozinho. É mais lucrativo tanto para ele quanto para os colegas de classe plagiar, ou seja, apresentar um trabalho sobre algum tema já preestabelecido por alguém é mais instrutivo do que simplesmente falar que existe sol, nuvem e lua. (Uma criança copia tudo o que seus o pais falam e fazem até chegar à teimosa adolescência). Já um aluno de 13, 14 anos de idade, deve compreender o espírito de produzir sua opinião a partir de um assunto, a leitura propicia isso. É nesta idade que começamos a ler revistas, jornais assuntos informativos, e não mais somente narrativas. Por fim, no nível superior é inadmissível, é um crime, deixa de ser algo produtivo (ensino fundamental) e passa a ser algo conhecido como “malandragem, empurrada com a barriga”. Daniel Sechi - Ijuí - RS
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