EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

sexta-feira, 24 de junho de 2016

DESORDEIROS PRECOCES OU MILITANTE JUVENIL




ZERO HORA 24 de junho de 2016 | N° 18564. 
ARTIGOS


POR LUIZ CARLOS DA CUNHA*


DESORDEIROS PRECOCES OU AUTORIDADES INFANTIS


Assistimos nestes tempos tumultuados à irracionalidade avassaladora estrangular o bom senso. Escolas são invadidas por garotos, bloqueando colegas dispostos a frequentar as salas de aprendizado, desassistidos por seus pais, responsáveis legais por seus filhos, sob a inépcia das autoridades. Tanto as autoridades adstritas a educação e ensino, como as jurídicas focadas na infância. A tibieza das autoridades vem de longe, passo a passo, palmilhando a rota descensional da tolerância ao erro e ao crime. O secretário da Educação, ao invés de chamar os rebelados para debaterem pleitos em seu gabinete – o átrio legal de sua autoridade –, vai ao encontro dos invasores, parolar na escola violentada, dilapidada, agredida na postura acovardada de um refém. Consolida assim sua fragilidade perante a lei, ao mesmo tempo que alimenta os jovens na crença do desrespeito à ordem, à disciplina, aos princípios formadores da democracia. Constroem na atmosfera delinquente a inversão tolerada e estimulada dos valores legais e democráticos no rumo catastrófico da falta de limites.

Cabe aos adultos instruir as crianças, igual a outras espécies, na prática educativa e protetora dos limites necessariamente impostos aos filhotes em defesa da vida e integridade física; o Homo sapiens inclui os limites de ação prejudicial ao semelhante, à coletividade, na expressão peculiar e humana da moral. A consciência social. Impõe-se ao poder público e educacional a convocação dos pais e responsáveis pelos menores invasores da propriedade comunitária, esteada no juizado da infância e da juventude e no dever administrativo imposto pela Constituição.

Ou incute-se o império da lei, ou destrambelha-se o país pela dissolução social. Não há meios-termos a decidir. Flagramos um paradoxo irreprimível: uma infância precocemente revigorada no desrespeito à convivência social, por aqueles adultos, pais ou eleitos para o exercício da autoridade, anestesiados pelo infantilismo, irmanados na construção do desastre nacional.

*Escritor



POR FERNANDO FONTOURA*


OUSAR LUTAR, OUSAR VENCER

O movimento estudantil protagonizou páginas heroicas ao longo da história de nosso povo. Inclusive, pode-se afirmar que a história do movimento estudantil confunde-se com a própria história das lutas populares no Brasil. E, obviamente, neste cenário de crise econômica e política, em tempo de golpe contra o Brasil, a estudantada se levanta, principalmente porque o golpe é também contra a educação.

E, no Rio Grande do Sul, a galera não fez feio! Ocupamos nossas escolas, fizemos diversas aulas e atividades, consertamos os problemas de nossos colégios abandonados, pintamos, arrumamos tudo, e ainda tivemos que resistir contra a voracidade reacionária daqueles estúpidos que quiseram nos expulsar à força, curiosamente os mesmos que querem uma escola que não tenha aula de história, geografia e demais ciências sociais, pois é isso mesmo que querem os que defendem o fascista projeto da “escola sem partido” (PL 190), que também são os mesmos que defendem a privatização da educação e demais serviços públicos (PL 44).

Porém, para choro deles, a gente venceu a surdez do governo Sartori quando tivemos a coragem de ocupar a Assembleia Legislativa do RS. E essa ocupação histórica garantiu R$ 40 milhões em repasse às escolas (antes o governo dizia não ter dinheiro), uma comissão estudantil fiscalizadora, a suspensão da tramitação do PL 44 neste ano e a configuração da vitória sobre o fascista PL 190, já que o mesmo está ridicularizado entre os deputados estaduais. Agora, é retomar as grandes mobilizações nas ruas para garantir o cumprimento da negociação feita com o governo Sartori, pois ele não costuma honrar o fio de seu volumoso bigode.

O comandante Carlos Marighella nos ensinou que é preciso ousar lutar, que é preciso ousar vencer. Hoje, a gurizada de luta aprendeu que, além da ousadia tão necessária, é preciso saber lutar e saber vencer também. Afinal, a guerra é feita de batalhas. E vencemos uma importante batalha contra o “sartorão”, agora precisamos avançar nas ruas pela vitória final. Porque ainda acreditamos que um dia a educação será realmente uma educação necessária ao Brasil e seu povo, será realmente uma educação popular.

*Estudante que ocupou sua escola (Escola Técnica Estadual Irmão Pedro), diretor da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes)