EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

HONRA AO MÉRITO

Marcelo L. dos Santos, professor de História - Zero Hora 02/05/2011

Meritocracia na educação! Ouve-se sempre. Alguém sempre tem uma fórmula mágica que resolverá todos os problemas. Nota-se que o problema da educação são os professores. São eles os responsáveis pela incompetência dos alunos. Eles que não dão conta das 15, 20 turmas com as quais trabalham. Eles que não conseguem corrigir 150 provas no final dos trimestres, avaliando aluno por aluno, anotando alguns erros, arriscando, de certa forma, uma pseudotentativa de corrigi-los. São eles, também, que não preenchem os cadernos de chamada com todos os pontinhos, anotações e observações sobre os mais de 400 alunos.

Sim! Os professores são os culpados. Eles devem tentar outra carreira, psicologia talvez. Psicologia é um bom caminho, já que de vez em quando precisam ponderar alguns comportamentos mais fugazes, através de uma “arte do diálogo” de dar inveja a qualquer discípulo de Freud, diga-se de passagem. São os professores que se esforçam para ensinar sobre desenvolvimento sustentável, por exemplo, e admitir que nada podem fazer a respeito da aprovação do novo Código Florestal. Ou então, que o Brasil é uma República democrática, mesmo sabendo que o seu voto agora defende interesses de um pequeno grupo.

Como ensinar isso aos alunos? O conteúdo pedagógico não estimula. O sistema em si não permite, sufoca o pensamento crítico, pois a burocracia se preocupa em fazer com que os professores tentem em tempo recorde: passar todo o conteúdo, fechar todas as notas, anotar todos os maus comportamentos, conversar sobre os alunos em todos os conselhos de classe etc.

Sobra tempo para o pensamento crítico? Mas, agora, temos uma luz no fim do túnel, a lei será cumprida: em quatro anos (!) teremos nossos contracheques “iguais” à maioria dos professores do país. Nosso mérito está aí, ninguém vê! Somos beneficiados pela lei, coisa rara hoje em dia. E com pouca barganha! Só tivemos que negociar durante algum (longo) tempo para que o governo faça valer o nosso direito.

Há de se relevar que o governo venceu-nos pelo cansaço, qualquer professor já prefere os 10,91% de aumento do que qualquer outro negócio, apesar de a paciência ser uma característica intrínseca do docente e o cansaço uma palavra típica. Se pudesse, destacaria mais algumas justificativas ao mérito do educador, mas preciso corrigir algumas provas, terminou o trimestre e não deu tempo.

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