EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

sábado, 4 de junho de 2011

UMA LIÇÃO DE FELIZ PARA O BRASIL

DESTAQUE EM EDUCAÇÃO - Município gaúcho tem menor índice de analfabetismo conforme Censo, que mostra ainda bom desempenho de cidades do RS - JULIANA BUBLITZ, ZERO HORA 04/06/2011

Protagonista de uma tendência que se desenha há pelo menos duas décadas, o Rio Grande do Sul avança no século 21 como um exemplo na luta pela alfabetização. Dados do Censo 2010, compilados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que, dos 10 municípios brasileiros com os menores índices de analfabetismo, seis são gaúchos – incluindo o primeiro colocado no ranking, a cidade de Feliz.

Localizado a 65 quilômetros de Porto Alegre, Feliz, com 12 mil habitantes, é o símbolo dessa hegemonia. Lá, apenas 0,95% da população adulta não sabe ler nem escrever. Esmiuçada em números absolutos, a taxa surpreende: são somente 97 pessoas com 15 anos ou mais vivendo nessa situação (veja ao lado como a cidade do Vale do Caí investe na área da educação).

Em segundo lugar, aparece o município de Morro Reuter, no Vale do Sinos, com apenas 1,04% de iletrados. Para se ter uma ideia do que isso representa, Alagoinha do Piauí (PI), que amarga a última colocação, tem nada menos do que 44% de analfabetos.

Os bons indicadores do Rio Grande do Sul, avalia a professora Clarice Salete Traversini, da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), têm explicação em um conjunto de fatores, históricos e culturais. Como a educadora Carla Chamorro, da Unisinos, Clarice destaca algumas características no grupo das campeãs em alfabetização.

Duas delas, em particular, chamam a atenção das especialistas. Primeiro, a constatação de que a maior parte dos núcleos em destaque são de pequeno porte. Em segundo lugar, a existência de uma trajetória comum, baseada na colonização europeia, alemã e italiana.

– Nessas comunidades, historicamente, há uma valorização muito grande da educação, especialmente da leitura e da escrita, o que sem dúvida contribuiu para esses índices. Além disso, por se tratar de cidades pequenas, moradores e poder público estão mais próximos. Isso facilita as coisas – argumenta Clarice.

Embora concorde, o economista Gustavo Ioschpe, especializado em Economia da Educação, avalia com cautela o êxito nas estatísticas. Apesar de positivos, os números podem levar, segundo ele, a uma falsa sensação de que vai tudo bem no ensino gaúcho. Ainda que a quantidade de analfabetos seja menor no Sul e que isso seja motivo de comemoração, a qualidade da educação atual, ressalta Ioschpe, merece atenção.

– O Rio Grande do Sul tem uma educação relativamente boa, mas já foi melhor. É preciso olhar para frente.

Conheça a receita para estar no topo da lista

No município com o menor índice de analfabetismo do Brasil, os investimentos em educação são prioridade. Ao todo, segundo o prefeito Cesar Luiz Assmann, o aporte de recursos na área ultrapassa 25% do orçamento de Feliz, no Vale do Caí.

A notícia de que a cidade alcançou o topo do ranking pegou de surpresa o líder do Executivo e seus subordinados. Com 33 anos de magistério, a secretária municipal da Educação, Beatriz Edelweis Steiner Assmann, desatou a chorar ao telefone, quando era entrevistada por ZH, ontem.

– É uma vitória muito grande. Mostra que estamos no caminho certo. Isso vai nos dar mais força ainda – comemorou.

As ações adotadas em Feliz começam pela Educação Infantil, onde as antigas “tias” deram lugar a professoras formadas, passam pelo Ensino Fundamental, com escolas equipadas com computadores, e seguem até a Educação de Jovens e Adultos (EJA). Com mais de 600 alunos, a EJA é um sucesso no município. Para estimular as matrículas e evitar a evasão, o modelo é não-presencial. Os alunos estudam em casa e têm professores à disposição todas as noites para que possam tirar dúvidas. Ao final de cada curso, as cerimônias de formatura são uma tradição – e um motivo de orgulho e de estímulo. Não raro, unem netos e avôs.

Outro mérito de Feliz é que os educadores também são valorizados, e a formação continuada é uma preocupação constante. Pelo menos uma vez por mês, sempre aos sábados, os professores da Educação Infantil se reúnem para assistir a palestras, participar de oficinas e discutir temas de interesse. Para os mestres do Ensino Fundamental, os meses de julho e fevereiro são destinados ao mesmo fim.

– Entendemos que a capacitação é muito importante e não pode ser deixada de lado. Faz toda a diferença da educação oferecida as nossas crianças. Também é importante destacar a qualidade da nossa rede estadual e privada – ressalta o prefeito.

O RANKING NO BRASIL - Os municípios com os menores índices (%) de analfabetismo entre a população adulta:

1º) Feliz (RS) 0,95
2º) Morro Reuter (RS) 1,04 e São João do Oeste (SC) 1,04
3º) São Vendelino (RS) 1,17
4º) Quatro Pontes (PR) 1,24
5º) Imigrante (RS) 1,32
6º) São José do Hortêncio (RS) 1,37
7º) Águas de São Pedro (SP) 1,45
8º) Balneário Camboriú (SC) 1,5
9º) São Caetano do Sul (SP) 1,55
10º) Pareci Novo (RS) 1,66
11º) Pomerode (SC) 1,68
12º) Bom Princípio (RS) 1,71
13º) Blumenau (SC) 1,77
14º) Jaraguá do Sul (SC) 1,78
15º) Tupandi (RS) 1,8
16º) Timbó (SC) 1,82
17º) Bom Sucesso do Sul (PR) 1,86
18º) Salvador das Missões (RS) 1,87 e Arroio do Meio (RS) 1,87
19º) Chuí (RS) 1,88, Ivoti (RS) 1,88 e Boa Vista do Buricá (RS) 1,88
20º) Santa Maria do Herval (RS) 1,91

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