Magno de Aguiar Maranhão, educador - diário catarinense, 28/06/2011
A universalização da educação é fenômeno relativamente recente, que veio ganhando espaço no mundo. Isso, porém, não cabe como justificativa para que o Brasil comporte, hoje, em plena era da informação, mais de 15 milhões de analfabetos absolutos. Embora a erradicação do analfabetismo até o ano 2000 tenha sido prevista na Constituição de 1988, a diminuição da parcela de brasileiros que não sabem ler ou escrever tem sido de tal forma lenta que contemplamos, dentro do nosso, um outro país que sequer sabe assinar o seu nome.
A situação é ainda mais inaceitável num tempo em que os avanços tecnológicos, superando todas as expectativas, conectam o planeta numa grande rede de comunicação e expansão do conhecimento. Sequer podemos prever o quanto a tecnologia terá evoluído e transformado nossas vidas daqui a duas décadas, mas já sabemos que o Brasil analfabeto chegará até lá, caso a democratização do acesso ao ensino fundamental não seja acompanhada por um amplo projeto de educação para adultos e jovens que, com mais de 15 anos, nunca entraram em sala de aula.
O analfabetismo é contagioso. Quem vive numa comunidade de analfabetos tende a se acomodar com a ignorância; filhos de famílias analfabetas, ou com baixa escolaridade, costumam abandonar cedo os estudos e engordar a lista de outro tipo de analfabetos, os funcionais, como são chamados os que não passaram da quarta série do ensino fundamental. Nessa categoria, estão alguns milhões de brasileiros que, ou terminarão a vida desempregados ou ganhando não mais do que um “mísero” salário mínimo.
Impossível calcular o prejuízo ao crescimento de um país quando milhões têm seu crescimento individual prejudicado. Neste bolo incluem-se os analfabetos funcionais, que, embora capazes de ler, não conseguem apreender o sentido de um texto, o que os torna inaptos até para trabalhos simples na indústria, pois dificilmente entendem um manual. Mais cruel, porém, é o fato de tantos passarem a vida sem acesso a informações, sem meios de defender seus direitos, já que a pior consequência do analfabetismo é a imobilidade.
Este blog mostrará as deficiências, o sucateamento, o descaso, a indisciplina, a ausência de autoridade, os baixos salários, o bullying, a insegurança e a violência que contaminam o ensino, a educação, a cultura, o civismo, a cidadania, a formação, a profissionalização e o futuro do jovem brasileiro.
EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR
Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.
terça-feira, 28 de junho de 2011
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