A língua é organismo vivo, com trajetória que atravessa os tempos, em que assimila transformações, dá lugar a neologismos e aposenta arcaísmos. Isto significa, em outros termos, que palavras novas entram no léxico, conquistam espaço, enquanto outras, cansadas, vão ganhando aposentadoria. É mais ou menos assim que funciona.
Todos aprendemos uma língua em casa, com maior ou menor grau de cultura, mas é nível linguístico através do qual nos comunicamos. Como se trata de oralidade, a flexibilidade é evidentemente muito maior, e não poucas vezes nos permitimos liberalidades de acordo com a ocasião.
Dependendo do ambiente em que estamos, mesmo na oralidade, adequamos – se para tanto tivermos condições linguísticas – o nível da linguagem. É como vestimenta que usamos: esporte ou algo mais refinado de acordo com a ocasião, não é mesmo?
Quando se trata, porém, da língua escrita, a conversa é outra. Automaticamente se está na frequência de regramento mínimo, em que não se permitem vulgaridades que comprometem a correção da linguagem, ou seja: conjugação correta de verbos, concordância, pontuação, enfim, a gramática que nos leva ao padrão dito culto da linguagem.
Dito isto, podemos fazer conexão com a matéria veiculada no Jornal Nacional sobre livro didático distribuído pelo Ministério da Educação, com construções que se contrapõem ao uso correto, que se ensina na escola.
E aí a polêmica sobre certo ou errado, como se as crianças, em respeito a sua origem humilde, devessem aprender construções erradas para depois corrigi-las. Como se já não bastasse o descaso com a língua materna, vamos dar-lhe o golpe final, com a degradação ao nível da vulgaridade.
A escola tem compromisso com o padrão culto, minimamente correto, que possa ascender ao refinamento mediante estudo e principalmente leitura e exercício de escrita. Em qualquer parte do mundo, aprende-se a língua escrita à base das regras gramaticais, com uso do dicionário, sim, para aprender variantes linguísticas e riqueza de vocabulário.
Faz-se, pois, necessário contraponto à tese da autora do livro do MEC, para que se dê às crianças e jovens o direito de acesso ao padrão gramatical que não admite as concordâncias toleradas na publicação.
OSVINO TOILLIER, PROFESSOR DE PORTUGUÊS E PRESIDENTE DO SINEPE/RS - ZERO HORA 18/05/2011
Este blog mostrará as deficiências, o sucateamento, o descaso, a indisciplina, a ausência de autoridade, os baixos salários, o bullying, a insegurança e a violência que contaminam o ensino, a educação, a cultura, o civismo, a cidadania, a formação, a profissionalização e o futuro do jovem brasileiro.
EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR
Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.
quarta-feira, 18 de maio de 2011
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conteudo muito bem exemplificado,e esclarecedor.
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