EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

MEC - "OS LIVRO" E "OS PEIXE"

A LÍNGUA EM DEBATE. O certo e o errado em discussão - KAMILA ALMEIDA, ZERO HORA 19/05/2011

Ao apresentar e defender construções como “os livro” e “os peixe” em um livro didático como “variedades de fala popular”, o Ministério da Educação (MEC) causou polêmica entre educadores e especialistas. Após o repúdio inicial, porém, aparecem defensores da escolha do MEC.

Como a obra Por uma vida melhor, integrante da coleção Viver, Aprender, é destinada aos alunos do Ensino de Jovens e Adultos (EJA), há quem defenda a abordagem como uma forma de atrair esse nicho lidando com mecanismos de autoestima e valorizando o modo como eles se comunicam. Em outra ponta, alguns professores da Gramática se ofendem em ver um objeto de estudo dos alunos com erros de concordância.

Ontem, a Ação Educativa, organização responsável pela elaboração do material, defendeu que o livro não ensina erros, nem deixa de ensinar a norma culta, apenas indica que existem “outras variedades diferentes dessa”. Vera Masagão Ribeiro, coordenadora-geral da entidade, diz que jamais imaginou tanto rebuliço com a obra que a equipe dela produziu e foi distribuída a mais de 4 mil escolas brasileiras. No Rio Grande do Sul, a obra foi aprovada em setembro pelos responsáveis pelo EJA, mas a secretaria da Educação não sabe precisar quantas unidades utilizam o material.

Vera afirma que os exemplares foram mandados para dezenas de doutores em Educação do país antes de serem encaminhados ao MEC, unânimes na avaliação positiva. Vera admite, entretanto, que uma frase que outra pode mesmo ter sido colocada indevidamente:

– Existem algumas frases que até pode ser que venhamos a nos arrepender daqui a três anos, como aquele trecho: “mas eu posso falar ‘os livro’? É claro que pode”. De todo o jeito, é apenas uma passagem pinçada dentro de uma obra que está toda correta e que não foge à norma culta – destaca Vera.

A questão de explicitar que há diferenças entre a forma escrita e a falada deve ser estimulada, de acordo com especialistas.

Uso na Educação Básica é questionado

Para o professor Luiz Carlos Schwindt, doutor em Linguística e membro do projeto de Variação Linguística Urbana no sul do país (Varsul), o maior defeito é tê-la publicado em um livro didático.

– Não vejo qualquer incorreção nas informações do capítulo em questão. Só acho que é mais adequado deixar essas questões para serem tratadas pelo professor de português do que para estar em um livro de Educação Básica. O livro deve conter apenas a norma culta e o docente deve estar preparado e consciente para lidar com as diversidades linguísticas – aponta Schwindt.

Em meio ao debate, se levantou o temor de que a escrita fosse adaptada à fala das ruas. Com isso, manifestações como “os pé” e “os carro amarelo” poderiam ser incorporados à norma culta. Exemplos na história existem aos montes. A palavra “você” mesmo já foi “vossa mercê” no passado. E se daqui a algumas décadas elas tomarem conta?

O professor de Literatura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e escritor Luís Augusto Fischer explica que realmente há transformações ao longo dos tempos, mas que da maneira como a sociedade está composta agora, isso não seria muito fácil de ocorrer:

– Originalmente, o português era a forma inculta de falar latim. Depois virou a língua do estado nacional. Com o passar dos anos se tornou uma língua decente. O acúmulo de material escrito maior do que jamais houve impede, entretanto, que modificações tão radicais sejam adotadas. Uma coisa é criar uma língua em 1540, outra é fazer isso em 2020.

2 comentários:

  1. "Não vejo qualquer incorreção nas informações do capítulo em questão". Concordo com Schwindt. E talvez seja melhor, mesmo, como ele disse, deixar essas questões para serem tratadas pelo professor em sala de aula.
    Mas... aos desavisados: uma coisa é língua FALADA e outra é a ESCRITA. Quem não estudou linguística, por favor, mantenha-se no seu canto, fechadinho.

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  2. Acho erronia a posição do MEC em publicar este livro didático, se é que pode ser chamado de didático

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