EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

O TROPEÇO NO IDEB

ZERO HORA 16 de agosto de 2012 | N° 17163

EDITORIAL

Por qualquer ângulo que se examine o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) divulgado esta semana pelo Ministério da Educação, os resultados são decepcionantes. Ressalvadas exceções pontuais, o Brasil avançou pouco nos primeiros anos do Ensino Fundamental, ficou praticamente estagnado nos anos finais e empacou no Ensino Médio – o que sentencia milhares de estudantes à interrupção dos estudos ou a dificuldades no Ensino Superior. Neste contexto, o Rio Grande do Sul ocupa uma posição extremamente constrangedora para um Estado que já foi modelo em educação: é o pior da Região Sul, ficou abaixo da meta nos anos finais do Ensino Fundamental e, no Ensino Médio, regrediu ao patamar de seis anos atrás.

Antes de uma análise das causas desse fracasso gaúcho, é preciso que se diga que o Ideb se constitui em importante avanço para a educação nacional, pois possibilita a aferição da realidade. Num país em que a maioria dos pais manifesta satisfação pelo simples fato de os filhos estarem na escola, é importante que um levantamento bienal mostre o efetivo desempenho das escolas e dos alunos. Não podemos nos enganar: o país universalizou o ensino, mas continua oferecendo formação de péssima qualidade para nossos estudantes, como apontam seguidamente, também, as avaliações internacionais.

Outro ponto essencial que merece ser evidenciado neste momento de comoção pelo péssimo resultado do Estado é o de que não se trata de crítica ou condenação ao atual governo, nem a qualquer administração específica. O Ideb não é um instrumento político. É uma avaliação técnica, que tem que ser usada como indicador de políticas públicas e como alerta para a sociedade, com vistas à correção de estratégias e comportamentos relacionados a este indispensável fator de desenvolvimento que é a educação.

Superadas essas preliminares, cabe examinar as possíveis causas do retrocesso, com base na análise de vários especialistas. Nenhuma pode ser desconsiderada: faltam investimentos, os currículos estão defasados, os programas educacionais são interrompidos a cada mudança de governo, os professores estão desmotivados devido aos baixos salários e existe no Estado um clima de confrontação permanente entre magistério e governo. Todas as alternativas estão corretas.

Mas há uma razão importante que talvez supere todas as demais e que tem sido pouco mencionada por ferir suscetibilidades: os professores, em sua maioria, estão mal preparados para ensinar. Recebem formação deficiente, têm poucas oportunidades para complementá-la e seus vencimentos precários não lhes permitem investir no próprio aperfeiçoa- mento profissional. Talvez aí esteja a origem do círculo vicioso da má qualidade da educação no Estado e no país.

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