EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

CIDADANIA NA INTERNET

ZERO HORA 29 de agosto de 2012 | N° 17176

Aluna critica escola e vira febre na web. Adolescente de 13 anos criou página para expor problemas de instituição
ROBERTA KREMER 

Com despretensão, Isadora Faber, 13 anos, começou a postar no Facebook os problemas pedagógicos e de infraestrutura da Escola Municipal Maria Tomázia Coelho, onde estuda, na Praia do Santinho, em Florianópolis (SC). Esperava ganhar a atenção de uns cem colegas, mas até as 22h de ontem havia alcançado 127 mil curtidores.

Com comentários feitos até da França, a página de Isadora virou febre, com posts chamando a garota de revolucionária, saudando a ação e vibrando com a atitude avaliada como corajosa. A fanpage Diário de Classe: a verdade, criada em 11 de julho, passou de espaço de desabafo da adolescente – que pedia para fazer as provas de matemática na biblioteca para fugir do barulho –, a um espaço de debate sobre a educação que ultrapassaram os limites de Florianópolis.

O assunto ganhou as páginas de jornais, revistas e os sites. Ontem, no fim do dia, após atender jornalistas de todo o país, confessou estar satisfeita com a repercussão gerada pelas fotos e pelos vídeos tirados de seu celular cor de rosa e postados no facebook.

– Estudo naquela escola desde a primeira série (Ensino Fundamental). Não aguentava mais ver tudo quebrado e assistir às aulas de matemática que não rendiam. Minha irmã mais velha foi quem deu a ideia de postar os problemas da escola. Ela me disse que tinha uma garota da Europa que fotografava as refeições do colégio e colocava na internet. Como as dificuldades aqui são maiores, resolvi mostrar o péssimo estado da quadra de esportes, os fios desencapados, as fechaduras quebradas e fiz um o vídeo da bagunça em sala de aula – conta a garota magra, tímida e de poucas palavras.

Com a atitude inesperada, já que sempre foi quieta na escola, teve de enfrentar a desaprovação da direção, de professores e até de colegas. Os pais foram chamados a comparecer à instituição. O pedido: tirar a página do ar.

– Não aceitei, disse que não iria fazer minha filha andar para trás. Cheguei em casa e perguntei se ela aguentaria a pressão. Aceitou. Achei melhor deixar exercer a cidadania – lembra a mãe, Mel Faber, produtora de vídeos.

Garota diz ter sofrido represálias na escola

Se Isadora demonstrou coragem, alguns colegas e pais de alunos nem tanto. A menina conta que, na internet, muitos a apoiavam, mas quando chegavam à escola, retraiam-se. A adolescente diz ter sofrido represálias.

– Uma professora deu uma aula inteira sobre internet dizendo o que deveria ou não ser postado no Facebook. Ficou claro que aquilo era para mim. Sei que era para me humilhar. Teve uma outra que me chamou de burra no face – relata.

Secretária de Educação elogia estudante

Depois do “choque”, como a diretora da escola, Liziane Diaz Farias, referiu-se à repercussão que o diário de Isadora Faber alcançou nas redes sociais e nos principais jornais, portais e blogs do país, uma força-tarefa foi organizada na Secretaria Municipal de Educação de Florianópolis para tratar do assunto. Mais de duas horas depois da reunião, ontem à tarde, uma equipe de oito profissionais da pasta atendeu a imprensa no prédio da órgão.

– Não podemos ficar contra uma aluna que usa tecnologia do século 21 e que a escola oferece nas aulas de informática. Ela (Isadora) foi bastante inteligente, inovadora e está fazendo crítica com meio que a escola viabiliza – disse a secretária de Educação, Sidneya Gaspar de Oliveira.

– Conseguimos formar um ser crítico. É válida a atitude dela. Liberdade de expressão é um direito que se tem – afirmou a diretora da Escola Básica Maria Tomázia Coelho, onde Isadora frequenta a 7ª série.

Liziane negou que tenha havido pressão ou humilhação por parte dos funcionários contra a estudante. A diretora disse ter pedido para a garota retirar o vídeo de uma aula do ar para não expor o professor cujo desempenho está passando por avaliação.

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