EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

domingo, 9 de setembro de 2012

IDEIAS PARA EDUCAR COM EXCELÊNCIA

 
ZERO HORA 09 de setembro de 2012 | N° 17187

INSPIRAÇÃO

MARCELO GONZATTO

Dois países com dimensões, culturas e sistemas escolares bastante diferentes vêm conseguindo resultados parecidos, nas últimas décadas, na missão de educar crianças e adolescentes com excelência.

A Coreia do Sul e a Finlândia costumam ocupar posições de destaque nos rankings do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), exame que mede o quanto alunos de mais de seis dezenas de países – incluindo o Brasil – aprendem em leitura, matemática e ciências. O destaque na comparação internacional, na qual os brasileiros não conseguem ficar entre os 50 melhores, é conquistado apesar de contrastes entre os modelos. Ambos, porém, oferecem lições capazes de catapultar o desempenho do Brasil.

Enquanto os coreanos aplicam um sistema baseado na disciplina, com muitas horas diárias de estudo e investimentos pesados do governo, os finlandeses são mais informais e aplicam comparativamente menos dinheiro na estrutura educacional. O pilar que sustenta os dois modelos, porém, é o mesmo: seleção e formação de professores de ponta, com reconhecimento e boas condições de trabalho.

– Na Coreia, a prioridade é a educação básica. Todas as escolas têm dois turnos, e os melhores professores estão lá, não no Ensino Superior – comenta o doutor em Educação e diretor regional do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) no Estado, José Paulo da Rosa, que visitou o país oriental em 2009.

Na Finlândia, a disputa pelo posto de professor da rede pública é tão grande que apenas 10% dos candidatos conseguem vaga nos cursos de formação. Veja nestas páginas outros segredos que fazem destes países exemplos de excelência educacional e que lições podem ser adaptadas para o Brasil.


Pais envolvidos na gestão da escola

A receita de sucesso implantada pela Coreia do Sul combina um dos mais elevados investimentos governamentais do mundo – com 7,6% do PIB destinado à educação – com a determinação das famílias do país de garantir um aprendizado de alto nível para crianças e adolescentes. Para isso, os pais costumam se envolver na gestão dos colégios.

Os educadores, que são bem pagos e trabalham em escolas com excelente infraestrutura, são auxiliados e monitorados pelos pais dos alunos, em um dos maiores diferenciais do modelo coreano. Lá, as famílias ajudam a organizar as escolas.

– Encontrei pais dentro da sala de aula, acompanhando o professor – surpreende-se José Paulo da Rosa.

Os pais podem fazer parte do chamado Conselho da Escola com um grau de autonomia que permite interferir na seleção e na promoção de professores, organizar eventos de reciclagem profissional e outras atividades cruciais para o funcionamento de uma instituição de ensino.

– Faz parte de um programa do governo que dá aos pais acesso direto ao processo educativo dos filhos – observa o professor Soleiman Dias, brasileiro que atua no país oriental.

Além disso, o foco, público e privado, é na Educação Básica. Assim, boa parte dos investimentos e dos melhores educadores estão no equivalente aos ensinos Fundamental e Médio, enquanto no Brasil a excelência se concentra no Superior.


Combate imediato às dificuldades


Em cada escola finlandesa, os professores estão permanentemente atentos ao aproveitamento dos alunos. Ao primeiro sinal de dificuldade em aprender qualquer conteúdo, soa um alerta que mobiliza toda a comunidade escolar. O professor pede ajuda a um professor especial, dedicado a derrubar barreiras à aprendizagem. Além disso, todos os casos são discutidos por um “comitê de socorro” que pode incluir o diretor, psicólogo, outros professores e até pais.

Esse tipo de estratégia desperta tanta confiança no sucesso dos colégios que o governo finlandês não impõe qualquer tipo de avaliação externa – para surpresa dos milhares de estrangeiros que costumam visitar a Finlândia em busca de receitas para seus próprios sistemas educacionais. Isso só é possível graças a outro fator: a extrema qualificação dos educadores.

Esse nível de autonomia, que permite ainda a cada professor ajustar o currículo básico nacional à sua realidade local, conta com uma força de trabalho habilitada com diploma de mestrado e selecionada entre a elite dos estudantes do país. E os finlandeses conseguem selecionar os melhores alunos mesmo sem pagar salários acima da média entre os países europeus – o que atrai os jovens é o respeito social, a autonomia e as boas condições de trabalho encontradas nos colégios.








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