EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

domingo, 11 de março de 2012

A REVOLUÇÃO DE KHAN

Lições dentro e fora do vídeo. O sucesso dos vídeos do americano Sal Khan, agora em português, mostra o poder da tecnologia na educação se aliada ao principal: um bom professor - MARCELO GONZATTO, ZERO HORA 11/03/2012

Ao utilizar a internet para dar aulas de disciplinas tão variadas como biologia ou o sistema financeiro, um matemático americano vem arrebanhando milhões de alunos virtuais e colocando em debate o futuro do sistema de ensino em todo o planeta.

Agora, por meio de parceria com uma ONG brasileira, os célebres vídeos de Salman Khan também podem ser assistidos gratuitamente com dublagem em português. Além disso, até o final do mês, três escolas paulistas vão participar de um projeto-piloto em que terão acesso aos recursos da academia virtual criada pelo educador de 35 anos.

Khan não é o único nem o primeiro professor a oferecer lições virtuais por meio da internet, mas algumas características o diferenciam da maioria. Ele não aparece diante da câmera, apenas fala e utiliza a tela do computador como um quadro-negro, rabiscando números e formas que ilustram o conteúdo. Além disso, impressiona pelo fôlego: sua academia virtual já conta com mais de 3 mil vídeos – quase todos gravados por ele.

Outro dos trunfos do americano é, simplesmente, talento. Conforme o professor de matemática e bacharel em Ciências da Computação Gustavo Reis, que também costuma gravar lições para a internet, o colega não utiliza tecnologias sofisticadas para cativar os alunos à distância – já são mais de 128 milhões de visualizações em todo o mundo. Em vez disso, aposta em velhas receitas de qualquer bom educador: traduz conceitos complexos em linguagem simples, abusa de exemplos práticos e demonstra se divertir com o que ensina.

– Não há inovação tecnológica. Mas, pela forma como ele faz os vídeos, dá a impressão a quem assiste de uma aula particular – avalia Reis.

Ao oferecer uma experiência mais individualizada de ensino, permitindo que cada aluno escolha a quais vídeos vai assistir, onde e em que momento, a iniciativa desperta debates sobre os rumos da educação. Nos Estados Unidos, por exemplo, um projeto-piloto faz com que os alunos estudem com base nos vídeos e em exercícios práticos com dificuldade crescente. Os professores monitoram a atividade dos alunos, dão auxílio àqueles que demonstram maior dificuldade e propõem exercícios mais complexos para quem se sai melhor.

– No futuro, os alunos poderão estudar mais em casa e ir à escola para tirar dúvidas, fazer exercícios. Pretendo implantar um modelo semelhante aqui inspirado nisso – afirma Reis.

Na opinião da mestre em Psicologia Social Marta Voelcker, da ONG Fundação Pensamento Digital, que pesquisa temas envolvendo educação e tecnologia, o modelo proposto por Kahn é eficiente para aprimorar os conhecimentos de alunos previamente motivados e interessados. Para ela, porém, o sistema não oferece muito para alunos desmotivados ou para revolucionar de fato o modo como a tecnologia é utilizada na educação.

– No Brasil, temos uma linha mais construtivista, queremos colocar a informática como um instrumento para o aluno realizar atividades, experimentar, errar, tentar de novo. É um uso diferente. A Khan Academy é fantástica para quem quer se preparar para uma prova ou complementar estudos – pondera a especialista.

Ela aponta, ainda, que esse tipo de recurso não é capaz de desenvolver habilidades cada vez mais valorizadas, como criatividade, iniciativa e capacidade de comunicação. Por isso, acredita que as ferramentas digitais não serão capazes de substituir o bom e velho professor.

Brasileiros em projeto-piloto

A influência da academia virtual americana no Brasil também deve aumentar à medida que mais vídeos são traduzidos pela ONG Fundação Lemann. Até o meio da semana passada, haviam sido dublados 94 gravações de até 10 minutos de duração cada – as primeiras matérias são biologia, física, química e aritmética.

Já foram assistidos mais de 228 mil vezes. Além disso, a fundação está começando um projeto-piloto que oferecerá ainda este mês os recursos do site da Khan Academy para três escolas de São Paulo. O objetivo é melhorar o desempenho dos alunos em aritmética e experimentar as novas metodologias em parceria com os professores.

A ferramenta conta com vídeos, exercícios e uma interface que permite aos professores acompanharem o desenvolvimento de cada um de seus alunos, uma vez que o site da Khan Academy registra todos os vídeos assistidos e os exercícios concluídos. Este recurso é importante, segundo a Lemann, porque aumenta o potencial de individualizar o ensino. O projeto piloto começará com seis turmas do 5º ano do Ensino Fundamental, em uma parceria da Lemann com o Instituto Natura e o Instituto Península.

Como oferece seus conteúdos de graça, a Khan Academy conta com contribuições de parceiros. Entre eles, há nomes de peso como Bill Gates.

DETALHE ZH - UMA PREVISÃO QUE SE CONFIRMA: Em uma entrevista concedida em 1988, o escritor de ficção científica Isaac Asimov descreveu como imaginava a educação na era do computador – e acertou em cheio. Confira trechos do que ele disse ao programa World of Ideas:

“Uma vez que tenhamos computadores em cada casa, cada um deles ligado a ‘bibliotecas’ enormes, onde qualquer pessoa pode fazer perguntas e obter respostas, materiais de referência a respeito de qualquer assunto que lhe interesse desde a sua infância (...). Você pode fazer isso em sua casa, ao seu ritmo, na direção que quiser e a seu tempo (...). Ele (o aluno) ainda irá a escola devido a algumas coisas que precisa saber, e também pela interação com os outros alunos e os professores. Ele não pode fugir disso, mas tem de procurar a diversão da vida, que é seguir sua própria vocação.


O BOM PROFESSOR - Seja pessoalmente ou via internet, as qualidades de um bom educador não diferem muito. Veja quais são as principais:

l. Consegue traduzir conceitos aparentemente complexos, de difícil compreensão, em uma linguagem simples e acessível;

2. Oferece uma vasta riqueza de exemplos práticos, contextualizados, que demonstram como um determinado conceito físico, matemático ou de qualquer outra disciplina ocorre na prática;

3. Transmite emoções pela entonação da voz, demonstrando alegria ou empolgação, por exemplo, com o assunto que está abordando em um determinado momento;

4. Consegue utilizar o humor como uma ferramenta para manter o interesse do aluno no conteúdo;

5. Transmite uma sensação de intimidade com o aluno, como se estivesse dando uma
aula particular.

SITE: http://www.fundacaolemann.org.br/khanportugues/

Nenhum comentário:

Postar um comentário