EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

terça-feira, 27 de março de 2012

EDUCAÇÃO É PRAZER DE QUEM?


Maria Inez F. Pedroso, professora e mestre em educação - ZERO HORA 27/03/2012


O artigo “Sala de aula sem professor” (ZH de 25 de março) é indelicado e frio, mais um desrespeito em meio a tantos que temos vivido. Segundo a autora, Esther Pillar Grossi, os professores ensinam pouco, usam metodologias que “embrutecem”, são irresponsáveis.

Sou profissional da educação, com duas matrículas, em uma, 21 anos de serviço, em outra, 30 anos. Em minha grade de efetividade, há o registro de apenas três faltas justificadas. Inúmeras, incontáveis vezes, fiz e faço hora extra e nunca recebi nenhum pagamento. Sempre que possível, faço cursos de atualização, desenvolvo projetos pedagógicos, estudo. Amo a minha profissão, embora pense que deveria ser mais valorizada, pois ainda estou na classe A em uma matrícula e, em outra, na B; o que recebo nas duas não atinge R$ 2 mil. Muitos são os preocupados, interessados em melhorar a educação; sei que existem os relapsos, como em outras profissões. A autora não pode julgar a todos de igual forma, é preciso lembrar-se daqueles que fazem a diferença. Aliás, vivemos em um sistema que reforça o negativo e raramente destaca o positivo, assim, muitas coisas boas realizadas pelos profissionais comprometidos com suas escolas não são ressaltadas.

Por que professores faltam tanto? Por irresponsabilidade, como diz a autora, mas há que se lembrar daqueles que faltam por problemas de saúde. Sim, professor também fica doente!

Por que ensinam pouco? Não podemos generalizar, há muitos profissionais que sentem prazer em ensinar e fazem da profissão extensão de sua própria vida. O “ensinar” deve ser analisado considerando-se, neste processo, o papel da família e o do próprio governo. Ensinar supõe, também, que fora dos muros da escola os responsáveis pelo aluno façam isso por meio da cobrança da responsabilidade e pelo ensino de valores essenciais como respeito e ética. Há anos que temos tido mudança de políticas para educação, entra governo e sai governo e cada um quer implantar o “seu” modelo, além disso, continuamos a mendigar por melhores salários.

Pelo cotidiano que vivo na escola, poderia argumentar mais. Por ora, encerro dizendo que o prazer pela educação deve ser sentido não apenas pelos professores, mas pela sociedade como um todo, e a “força prodigiosa do desejo”, citada pela autora, deve ser incluída na formação e no cotidiano não apenas dos professores; a educação é uma teia de muitos fios.

Um comentário:

  1. Muito bem. Para Esther Grossi o professor não educa. Vamos à fórmula.
    Se deve educar e não educa, ou não é educador ou não consegue educar. Se o sujeito não é educador NÃO ADIANTA TREINAR, pois terá títulos que não servem para nada. Se o sujeito não consegue estudar, quando terá estrutura para isso?
    É muito fácil dizer que os professores devem se esforçar para atender a demanda dos estudantes, como se, uma vez professor o sujeito não pode ser outra coisa a não ser um milagreiro.
    Chega! A educação, como foi bem colocado, deve ser um anseio popular, exatamente o que contradiz nossa postura social individualista e consumista. Fazer o que, né? Meter pau não adianta Sra. Grossi. Educar é um projeto nacional e não discurso de bancada.

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