EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

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segunda-feira, 19 de março de 2012

LUTO SIMBÓLICO E SOLITÁRIO


Luto simbólico. Em frente ao Palácio Piratini, professora aposentada protesta contra a desvalorização do magistério. Vestida de preto, segurando uma sineta e um cartaz, Carmen Engel realiza uma manifestação solitária - Eduardo Nunes, zero hora, 19/03/2012 | 14h06

Uma manifestação solitária chamou a atenção de quem passava pela Praça da Matriz, em frente ao Palácio Piratini, na Capital, na manhã desta segunda feira. Sentada em uma cadeira de praia, vestida de preto, segurando uma sineta e um cartaz com a palavra "Luto", a professora aposentada Carmen Terezinha Gonçalves Engel protestava contra a desvalorização dos profissionais do magistério do Estado.

A aposentada de 78 anos, que passou mais de três décadas lecionando Português e Inglês para alunos da rede estadual, se diz indignada com o modo como os professores vêm sendo tratados por sucessivos governos.

— O governador que nos deu mais atenção foi o Brizola [eleito em 1959]. Depois disso, a gente só vem apanhando. Tem gente inteligente no governo e eu não sei se eles não têm voz ou se não têm vontade — lamenta.

Nascida em Cachoeira do Sul, Carmen lecionou em Cacequi e depois em Porto Alegre, cidade onde se instalou em 1979. Ela diz ter participado, durante décadas, da militância sindical, e ressalta a importância da mobilização dos professores para valorização da categoria.

— Tudo aquilo que a gente conseguiu foi na base da greve — ela afirma, lembrando da ocasião em que, na mesma Praça da Matriz, durante o governo militar, cantou com outros professores o Hino Nacional, diante de uma fila de soldados portando fuzis com baionetas caladas.

O protesto solitário de Carmen parece não ter chamado a atenção do Piratini e da Assembleia Legislativa, mas desperta a curiosidade de transeuntes. A aposentada diz que a todo momento é interpelada por pedestres que param para lhe perguntar a razão do cartaz que diz "Luto" — e afirma que a reação de quase todos, ao ouvir o motivo do protesto, é a mesma:

— Eles dizem que é uma pouca vergonha o que fazem com os professores — ela conta.

Carmen pretende voltar para casa, no bairro Jardim Botânico, apenas no fim da tarde. E promete voltar à praça nesta terça-feira, dia em que deve ser votada na Assembleia a proposta do Piratini para o reajuste do magistério. Dependendo do resultado da votação, diz a aposentada, o seu luto simbólico pode durar muito mais.

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