EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

quinta-feira, 15 de março de 2012

ESCURIDÃO VERBAL

Romério Gaspar Schrammel, professor. Zero Hora 15/03/2012

Os alunos de Sócrates certa vez perguntaram quem é o melhor líder. Se os alunos de Sócrates estivessem entre nós, poderiam, talvez, responder Ricardo Teixeira. Só ele, e outros que têm seu perfil, conseguem convencer pessoas a apoiá-los, ainda que seja para algo incompreensível. Ele conseguia. Outros conseguem também. Mas Sócrates respondeu sem hesitar: o homem que dá um passo à frente quando se faz necessário – motivado não pelo ego ou ganhos financeiros, mas por uma noção de dever para beneficiar a sociedade a qual pertence –, depois, terminada a tarefa, ele volta para a sua vida de antes, não mais rico do que quando começou.

Quantos hoje dariam um passo à frente num momento de crise para servir à sua empresa ou à nação e depois, terminado o trabalho, partiriam não mais ricos materialmente do que começaram? As pessoas de espírito público que serviram na administração de Franklin Delano Roosevelt recebendo um salário simbólico para ajudar o país a sobreviver durante a II Guerra Mundial são raras na nossa sociedade.

Xenofontes, um jovem estudioso com uns 20 anos e aluno de Sócrates, foi esse tipo de líder altruísta. Ele se apresentou numa época de crise para assumir o comando de um exército desanimado de gregos mercenários presos no meio de um Império Persa hostil e resignados a morrer. A boa liderança requer mais do que desejo altruísta de ajudar defendido por Sócrates. Bons líderes são sensíveis às constantes flutuações que ocorrem quando se tenta fazer as coisas funcionarem.

Ricardo Teixeira, acredito, está mais para Alexandre, o Grande. Tem convicção de que um homem competente e determinado pode inspirar e dirigir outras pessoas para realizar qualquer coisa que invente. Paga o preço que for necessário para alcançar a sua meta.

A verdadeira história de Alexandre, assim como os Ricardos Teixeiras, é um trágico exemplo do que acontece quando um poder excessivo concentra-se em mãos sem força suficiente para usá-lo de forma construtiva ou com sabedoria. Ele não só destruiu a si como levou consigo toda uma legião que acreditava que o sucesso dele era a confirmação da sua superioridade cultural sobre o resto da humanidade.

Alexandre, assim como os Ricardos Teixeiras, é uma advertência para os líderes de hoje. O sucesso, não só no mundo corporativo, mas no da política, do entretenimento e dos esportes profissionais, pode com frequência terminar em tragédia pessoal e fracasso. O sucesso pode minar as melhores realizações dos líderes mais brilhantes se a eles faltarem o autocontrole e a disciplina para permanecerem focados no que é importante e conservando o seu sucesso em perspectiva.

Líderes muitas vezes tendem a confiar em seus instintos e habilidades, em vez de se basearem em informações e análises objetivas para conduzir os negócios. Seduzidos pelo seu sucesso e os constantes elogios daqueles que os cercam, passam a acreditar que só eles sabem o que é melhor. Eles param de procurar, ouvir, aprender. Tornam-se rígidos, autoritários e não estão mais receptivos ao feedback de subordinados em suas próprias organizações. Quando isso acontece, uma versão corporativa do enrijecimento das artérias manifesta-se, o fluxo de ideias novas até o topo corre mais lento, e o fim em geral está próximo.

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