O PROFESSOR É ESSENCIAL

A REVOLUÇÃO DE KHAN. Bilal Musharraf, Chefe de traduções da Khan Academy - ÂNGELA RAVAZZOLO | EDITORA DE EDUCAÇÃO, ZERO HORA 11/03/2012

Uma das principais estratégias da Khan Academy é permitir que o estudante siga um ritmo próprio de aprendizado, com a ajuda dos vídeos que encontra na web. Responsável por implementar a expansão da Khan Academy em outros idiomas, Bilal Musharraf concedeu uma entrevista por telefone a Zero Hora na qual ele conta como a tecnologia pode ajudar alunos e professores a vencer etapas respeitando características individuais.

Zero Hora – Entre os princípios da Khan Academy, está premiar e valorizar o estudante dedicado. Por que isso é tão importante?

Bilal Musharraf – Acreditamos que o sistema tradicional de ensino está ignorando muitos talentos ao restringir e limitar os alunos a um tempo fixo e limitado de aprendizado, avaliando-o apenas com exames. Nossa cultura é de que estudantes diferentes vão levar um tempo diferente para aprender e vencer um determinado assunto. Eles precisam vencer um primeiro tópico antes de seguir adiante.

ZH – O Brasil é considerado um país importante para o projeto?

Musharraf – Quando olhamos para o cenário mundial, o português é uma das 10 línguas mais faladas no mundo, e o Brasil é um país popular. É uma prioridade transformar a Khan Academy em algo acessível e popular no país.

ZH – No site, crianças e jovens podem acessar aulas sem a ajuda de um professor. Como o senhor avalia isso?

Musharraf – A ideia não é substituir o professor, ele é absolutamente essencial. O professor pode apresentar as primeiras noções de um conteúdo e propor que os alunos assistam, para a próxima aula, a um determinado vídeo e façam os exercícios. Então, quando os estudantes voltam à escola, eles já aprenderam o conteúdo, no seu próprio tempo e velocidade, e podem trabalhar com os problemas que encontraram. Com a tecnologia, os professores podem oferecer esse aprendizado individualizado.

ZH – O que os professores podem aprender com a Khan Academy?

Musharraf – Experimentar e considerar novas estratégias e formas de ensinar. Com a tecnologia, em vez de termos o ensino apenas a partir de um lado, podemos ter outras possibilidades, mais individualizadas.

ZH – Não lhe parece que as escolas precisam passar por uma transformação para implantar essa metodologia? No Brasil, não é incomum uma turma ter mais de 30 alunos.

Musharraf – Essas experiências precisam ser feitas onde há possibilidade. Talvez seja difícil oferecer um ensino individualizado, usando essa plataforma, com um professor para 35 estudantes, mas talvez seja possível para dois professores, conjuntamente, com um grupo de 70 estudantes. O engajamento cria uma grande circulação de informações.