EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

sábado, 16 de abril de 2011

À MARGEM DA ELITE

Recentemente, participei de conferência na área da estratégia, com professores de todo o mundo. Em paralelo ao relevante avanço para administração, surge uma notícia que se propagou pelo país: dos emergentes, nosso país é o único a não figurar na lista das cem melhores universidades. Rússia, Índia e China (dos emergentes Bric) conseguiram representação. Mais uma vez, ficamos de fora.

Qual será o problema? Nossos acadêmicos não têm qualidade, ou os professores são na totalidade medíocres? Certamente, não é o caso, apesar de nossa perspectiva subdesenvolvida de ensino. Quem são os responsáveis pelo problema? Creio não ser questão unidimensional, e envolve, além das pessoas, a cultura do ensino brasileiro, uma por vezes incompetente gestão governamental na educação, e muito deriva de nossas universidades, públicas e privadas. Antes mesmo, na educação fundamental e média, alunos são ensinados a decorar, fornecer respostas prontas para questões absolutas (pacto pela mediocridade). O mundo real não é compatível com livros-textos, especialmente quando estes já estão defasados.

Das universidades públicas, se observa por vezes o corporativismo velado, a disputa irresponsável das “cinderelas acadêmicas” para saber qual é mais bela, enquanto candidatos ávidos por crescimento amargam na espera por uma vaga de mestrado ou doutorado. Não se pode generalizar, pois grandes educadores estão nestas instituições, assim como nas privadas a existência da incompetência também é evidente. Como docente e pesquisador, meu maior incômodo é a falta de foco em pesquisa. A educação em muitos ambientes, inclusive nas universidades, insiste no modelo do giz, onde o computador portátil é uma pseudoameaça, como se antes problemas não ocorressem. O modelo tradicional é melhor? Não é, porque não são ferramentas, mas a maneira de utilizar suas potencialidades que determinam sucesso ou fracasso, foco ou displicência. Surpreen- do-me ao ver colegas que proíbem os computadores em sala de aula, que focam o professor na condição de depositário dos saberes e o aluno como mero receptor.

Gestão escolar míope, que acredita ser o produzir inferior ao reproduzir, infelizmente ainda é o modelo dominante, o estilo “colegião” em sala de aula. Quando na universidade há colegas de curriculum vazio, o problema se agrava, em especial quando a fragilidade está nos comandantes. Muitas coordenações de curso e seus fiéis e incompetentes escudeiros corroboram com a extinção dos professores pesquisadores, reais desenvolvedores de ciência (lembrando que incompetentes jamais andam solitários, como destacado na coluna de Paulo Sant’Ana em ZH de 25 de fevereiro). O perigo dessas culturas de ensino é que o aluno acaba por se apaixonar pelos atores, aqueles que fazem de conta na docência superior, vistos como referências apesar do blá-blá-blá vazio. Pode o docente que não cocria valor com outros acadêmicos “ensinar” alguém, se já não aprende mais? A resposta pode não ser tão simples, mas certamente o professor que pesquisa e envolve seus alunos contribui mais com o país do que aquele que apenas paga o churrasco.

Flávio Régio Brambilla, Doutor em Administração (Marketing) e pesquisador, professor titular do curso de Administração da Ulbra - À margem da elite educacional - ZERO HORA 16/04/2011

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