EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

CONTRARIADO ALUNO AGRIDE PROFESSORA


EM DOSE DUPLA. Contrariado, aluno agride professora - LETÍCIA BARBIERI - ZERO HORA 21/04/2011

Um olho roxo e uma fratura no punho da professora Maria Helena Albernaz, 50 anos, são as marcas visíveis da agressão sofrida terça-feira dentro da escola, por um aluno de 13 anos contrariado com uma atividade. O que não se pode ver é a sensação de impotência e a humilhação que restaram junto com a professora.

Coordenadora pedagógica da Escola Municipal Teresinha Ivone Homem, de Parobé, ela havia sido chamada para controlar uma situação na sala do 5° ano. A professora já não dera conta e a psicopedagoga que acompanha o adolescente também não. Avisado que seus pais seriam chamados novamente à escola, o garoto explodiu em um ato de violência empurrando Maria Helena para longe de seu caminho.

Arremessada da porta, ela foi jogada contra um pilar de concreto, batendo a cabeça e caindo sobre o braço e fraturando o punho. A dor, conta ela, era forte, mas a sensação de estar jogada ao chão, sob o olhar de dezenas de crianças indefesas é o que ela não esquece. Diante da fragilidade da professora, foi o filho dela, Felipe Albernaz, 28 anos, quem reage:

– É só mais um exemplo de descaso com os professores, mas não posso deixar passar em branco. Dói muito, e dói mais ainda saber que nada será feito. Terá de haver uma verdadeira tragédia para que algo seja feito?

Com histórico de agressões, o aluno faz parte de um Programa de Inclusão. Diagnosticado como portador de um transtorno psíquico que interfere no seu comportamento, ele apresenta momentos de extrema agressividade. Conforme registrado na Secretaria Municipal de Educação, é um aluno com fragilidade psíquica que entra em confronto com limites, normas e leis em que tenha um mediador.

Diante do diagnóstico, ele conta com acompanhamento especial. Ele passará agora por nova avaliação. Foi transferido para o Centro de Atendimento Educacional Especializado, para onde são encaminhadas crianças com deficiências físicas e psicológicas.

– Nova avaliação indicará se ele tem condições de retornar à escola ou não, mas com a certeza de buscar alternativas para que ele possa estar inserido na sociedade – destaca a secretária de Educação, Máris Assis.

Um boletim de ocorrência foi registrado na delegacia como lesão corporal.

Com seis filhos, o pai do adolescente, um entregador de 52 anos, diz que não se surpreende com o que ocorreu:

– Ele é o patinho feio como aquele do Rio de Janeiro. Tudo que acontece é ele, é ele. Sabemos que ele tem o temperamento forte, tudo acontece com ele, se sente acuado e revida, mas a gente não incentiva a violência, jamais. Quero resolver isso, não quero ver meu filho depois matando meia dúzia e se matando.


“Ele se descontrolou totalmente” - ENTREVISTA Maria Helena Albernaz, 50 anos, professora

Maria Helena Albernaz tem 22 anos dedicados ao magistério. Nunca imaginou passar por uma agressão física e apela para que esse tipo de atitude não fique sem resposta. Confira a entrevista:

Zero Hora – O que aconteceu?

Maria Helena Albernaz – Nossa escola tem um trabalho voltado para a inclusão e esse menino era um caso de agressividade bastante grave. Ele se descontrolou totalmente. Quando eu estava na porta ele veio e me jogou contra o pilar.

ZH – Que medidas haviam sido tomadas com esse aluno?

Maria Helena – Há sempre uma psicopedagoga ao lado dele, um horário adaptado, tudo por conta dessa agressividade. Eu sempre fui a favor dele, sei que ele não tem culpa de ser assim, mas não há o que o controle.

ZH – Esse tipo de agressão então já era previsível?

Maria Helena – Sim, mas o que magoa é que a nossa classe está sendo humilhada. Nós estudamos, nos preparamos para entrar em sala de aula, e agora passamos por essas situações. As crianças estão mais violentas. Elas têm muitos direitos, mas não têm deveres.

ZH – Há uma saída?

Maria Helena – Não sei como será solucionado, mas sei que precisa mudar. Antes se o pai era chamado na escola ele perguntava o que a criança fez. Agora ele pergunta o que foi que o professor fez. A família se perdeu.

ZH – Com que sensação a senhora voltará para a escola?

Maria Helena – É um sofrimento porque eu amo o que eu faço, não vou desistir jamais.

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