EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

domingo, 17 de abril de 2011

ALERTA NA ESCOLAS - A PERDA DA AUTORIDADE

ALERTA NA ESCOLAS

Dá-se o nome de conflito de gerações ao descompasso entre uma geração e outra no convívio cotidiano. Acostumamo-nos a relacionar tal desencontro com as relações familiares, já que tão somente a intimidade sacrossanta da família permitia-se a esses esbarrões de convivialidade. Hoje, no entanto, faz-se necessária uma importante reflexão sobre a extensão do conflito em questão, uma vez que as gerações mais jovens – fruto de uma miscelânea pedagógica conceitual – não restringem os arroubos naturais da tenra idade à família, infringindo à escola, na figura do professor, a delicada e ao mesmo tempo pesada tarefa de gerenciar esses conflitos.

Fato recentemente noticiado pela mídia impressa e televisiva – com fartura de imagens e áudio: um professor já experimentado, porém afastado por algum tempo do ambiente escolar, depara com uma situação comum em sala de aula. No caso, uma estudante do Ensino Fundamental, que se insurge contra alguma demanda pedagógica e, sem vislumbrar o limite entre sua vontade e a tarefa proposta, promove a desestruturação do mestre. Alçado à posição desequilibrante do fato em si, não consegue encontrar outra alternativa, frente ao restante da turma, a não ser obrigar a aluna, de modo truculento, a escutá-lo e fazer o que era pedido.

Teria esse professor outras estratégias para lidar com o problema? De que maneira o restabelecimento da harmonia no lugar da aprendizagem poderia acontecer? Não faltarão concepções teórico-práticas para ilustrar as melhores atitudes a serem tomadas pelo professor, adulto, com experiência, afinal, os pensadores da educação estão infiltrados no cotidiano do pedagogo. As faculdades de Educação recheiam as apostilas com ideias pós-modernas sobre o tema, e também haverá muitos a dizerem que a reciclagem é fundamental. Mas e na prática?

O dia a dia do quadro-e-giz, do professor-psicólogo-pai-e-mãe, do mestre que deseja trazer seu conhecimento para os alunos, tem muito a dizer. Cabem nesta caminhada as teorias, mas estas, infelizmente, contemplam quase sempre situações-moldura, idealizações do fazer pedagógico. Esse professor se destemperou porque a distância – talvez não da idade, mas do chão da sala de aula, não permitiu que ele se colocasse no ponto de vista do observador e se posicionasse de outra forma. Clarifique-se aqui que a agressão nunca é bem-vinda, mas é um sintoma claro e evidente de que algo muito grave está acontecendo com e entre os envolvidos. Quando ele teve outros alunos, em outros tempos, conseguia “dar” sua aula sem dificuldades, porque a tênue linha que separa o respeito pelo educador da indiferença pela sua figura ainda existia. Há alguns, não muitos anos, a orientação da família era de respeito pelo professor. Será que hoje os responsáveis pelo educando – pais e mães – estão dando as mesmas diretrizes?

Seguindo nessa mesma direção, faz-se outro questionamento: será que os jovens educadores – ou trabalhadores da educação – que hoje habitam as escolas, muitos apaixonados pelo ensinar, desenvolveram técnicas para evitar e, mais precisamente, lidar com estas formas de enfrentamento? Não estarão muitos deles fazendo de conta que nada acontece porque não se pode fazer nada? Não estarão simplesmente relevando a desordem, a falta de respeito, a deseducação em nome de um ensinar mais liberal, ou “pós-moderno”? Ou, mesmo, não estão preparados, saturados de muita teoria e pouca prática?

Sinto muito pelo que aconteceu ao professor, pela infelicidade de seu descontrole diante do evento da sala de aula, mas sinto também pelo que estamos deixando de fazer como educadores, seja a idade que tivermos, seja a teoria pedagógica que nos guie, no sentido de tentar melhorar nossa dignidade como professor na sala de aula, resgatando nossa importância junto à família e, consequentemente, junto à sociedade. A família, independentemente de como seja constituída, precisa ser chamada à escola para compreender o quanto é difícil ensinar, hoje, especialmente àqueles cujos pais e mães abdicaram da tarefa de educar, legando à escola duplo papel.

Marcia Eliza Guglielmi Leite - professora da Rede pública do RS - Zero hora 17/04/2011

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Este caso revela algo similar do que ocorre no meio policial, onde o estresse diante do esforço inútil sem continuidade que desvaloriza, desmoraliza e inutiliza a autoridade pode levar um profissional ao nível extremo que é a intolerância e daí resta apenas um passo para a violência se não tratada. Esta observação, fruto da experiência, pode ser tratada por médicos e especialistas com muito mais propriedade.

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