EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

segunda-feira, 25 de março de 2013

O DEBATE DO ENEM

ZERO HORA 24 de março de 2013 | N° 17381

EDITORIAIS


A complexidade do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a maior prova escolar do país e segunda maior do mundo, que avalia cerca de 6 milhões de estudantes, explica a polêmica nacional em torno de irregularidades que surgem a cada edição. A bola da vez são as redações com erros grosseiros de português ou com desvio de foco, como nos casos dos estudantes que se valeram de receita culinária ou letra de hino de clube de futebol para preencher o número de linhas solicitado pelos examinadores. Mesmo fugindo do tema, os autores receberam nota satisfatória porque a orientação passada aos profissionais encarregados de avaliar as dissertações era para “não pegar pesado” na correção, como revelam professores contratados para o trabalho. Por isso, passaram com notas satisfatórias uma redação com receita de macarrão instantâneo e outra com letra do hino do Palmeiras, quando o tema solicitado era imigração.

Causa compreensível revolta esta deformação, principalmente por parte dos estudantes que se prepararam adequadamente e se esforçaram para escrever sobre o assunto solicitado. Também é estarrecedor para o cidadão constatar que verdadeiros absurdos são tolerados pelos organizadores de uma prova que define o futuro de milhões de jovens, uma vez que habilita para o ingresso no Ensino Superior. Ainda assim, é essencial considerar tais deformações no contexto de um avanço histórico do ensino brasileiro, que é a instituição de uma prova capaz de ser, ao mesmo tempo, parâmetro para o Ensino Médio e porta de entrada para a universidade. Não é pouca coisa. Só a perspectiva de eliminar gradativamente a tortura do vestibular já garante ao Enem um crédito de esperança.

Cabe ao Ministério da Educação, como já fez em outras oportunidades, quando surgiram denúncias de vazamento de questões, esclarecer com agilidade e transparência as dúvidas sobre o episódio. Não se pode deixar que o Enem caia em descrédito exatamente no momento em que centenas de instituições do Ensino Superior passam a adotá-lo como única forma de acesso para jovens egressos do Ensino Médio.

O sensato é pensar que cada irregularidade constatada significa uma oportunidade para o aperfeiçoamento do sistema. Assim como o vazamento de questões resultou em punição para os responsáveis e reforço nos mecanismos de proteção e sigilo, também essas anomalias na correção das redações podem ser transformadas em ensinamentos para as futuras avaliações. Mas não dá para recuar. O Enem já está aprovado pelo país porque desafia estruturas desgastadas e torna mais justa e democrática a transição do Ensino Médio para a universidade.

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- O editorial acima foi publicado antecipadamente no site e no Facebook de Zero Hora, na sexta-feira. Os comentários selecionados para a edição impressa mantêm a proporcionalidade de aprovações e discordâncias entre as 136 manifestações recebidas até as 18h de sexta. A questão proposta aos leitores foi a seguinte: Editorial diz que, apesar das falhas, Enem deve ser preservado. Você concorda?

O leitor concorda

Concordo. Apesar de todos os “poréns” que o Enem nos traz ano a ano, acredito que o modelo de vestibular a que se almeja chegar é o ideal: com a mesma prova para o Brasil inteiro, cujos concorrentes disputam vagas em todo o território nacional, sendo aprovados os que obtiverem melhores resultados. Vejo-o como um modelo mais igualitário, mas que ainda tem toda uma estrutura administrativa a melhorar antes de as universidades utilizarem somente esse critério de avaliação. Paulla Paim, Porto Alegre (RS)

O Enem deve continuar, sim, tudo na vida tem seus problemas e defeitos. Nada melhor do que o tempo e a experiência para tudo ir para o lugar certo. Eu adoto o Enem e apoio, deve continuar. Ana Julia Batistella Liberato Salzano (RS)

Eu acho que o exame deve ser preservado, sim, é uma forma democrática de acesso ao ensino. O que deve mudar, e urgente, é o modo de correção. Profissionais sérios e responsáveis que não sofram nenhum tipo de recomendação. Correção igual ao vestibular. Ser observado o número de linhas, não deixar passar palavras escritas erradas e de nenhuma maneira aceitar “receita de miojo” e “hino de time de futebol”. Isso é inadmissível! Cristiane Klamt Kuhn. Ijuí (RS)

O Enem é um processo democrático, que tem uma proposta muito positiva. Acontece que, assim como existem corretores de redação sérios e competentes, há outros sem seriedade e sem experiência. O maior problema do exame está justamente na questão da redação, por ser muito subjetiva: não existe exatamente um certo ou errado. Andreas Weber, Lavras (MG)

Deve ser conservado com o objetivo original de avaliar a qualidade do Ensino Médio e propor as mudanças necessárias. Desvirtuado como prova seletiva, permite que, mesmo deficientes, participantes ingressem no nível superior sem a competência exigida. Orientar os avaliadores para que sejam lenientes com os erros é, penso, um crime de lesa-pátria. Décio A. Damin, Porto Alegre (RS)

Carla Vicari Deve ser mantido, os seus parâmetros de realização, correção e controle é que precisam mudar!



O leitor discorda

Discordo. O Enem não valoriza os conteúdos estudados no Ensino Médio, tenta esconder a falta de bibliotecas no país e a falta da cultura da leitura, não cobrando literatura diretamente relacionada a livros, é uma prova que desmotiva. Além disso, o Enem é cercado por fraudes. É uma tentativa de mostrar para o mundo qualidade na educação nacional, só que a realidade é outra...Fernanda Angst Vogt, Santo Cristo (RS)

Discordo que o Enem deva ser preservado, pela falta de ética na hora da correção das provas, pois acho uma falta de respeito colocarem receita de miojo na redação, e mesmo assim a pessoa que fez ganhar uma boa nota, não levando em consideração quem estava lá com dificuldades para redigir sobre o tema, mas mesmo assim levando a sério a prova. Luciane Machado, Gramado (RS)

Filipe De Ferreira Ribeiro Esse “novo” Enem deu problemas desde 2009. Não dá pra continuar assim.

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