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quinta-feira, 28 de março de 2013

CASO FELIPE: ESCOLA NEGLIGENCIOU AO LIBERAR MENINO


Especialista diz que houve negligência de escola em liberação de menino em Barra do Piraí. João Felipe, de 6 anos, deixou colégio depois de telefonema, supostamente da mãe, afirmando que uma madrinha o pegaria para levá-lo a uma consulta médica. Criança foi morta no mesmo dia por manicure
CARLA ROCHA 
O GLOBO
Atualizado:26/03/13 - 23h18


A manicure Suzana de Oliveira que matou o menino João Eiras de Santana, de 6 anos
Montagem de fotos de arquivo pessoal


RIO — A advogada do Instituto de Educação Franciscana Nossa Senhora Medianeira, Tânia Maria Ferreira, admitiu que “houve uma certa negligência” na liberação do menino João Felipe Eiras Santana Bichara, de 6 anos, em Barra do Piraí, no Sul Fluminense, embora a escola acreditasse se tratar da madrinha do menino. A criança saiu mais cedo da escola na última segunda-feira. Ele deixou a escola religiosa de classe média da cidade depois de um telefonema, supostamente da mãe, afirmando que uma madrinha o pegaria para levá-lo a uma consulta médica. Logo depois, ele seria dado como desaparecido e, horas mais tarde, achado morto dentro de uma mala. João foi vítima de uma farsa cujo objetivo era atingir uma família tradicional da cidade. Manicure, Suzana do Carmo de Oliveira Figueiredo, de 22 anos, que confessou o crime, estaria inconformada com o fim de um romance que tivera com o pai do garoto, um empresário da cidade, e queria vingança.

— Como vários pais têm o hábito de mandar pegar seus filhos de táxi e ela deu informações muito precisas, parecendo ser da família, a criança foi entregue — afirmou a advogada. — A pessoa que entregou o menino trabalha há dez anos no colégio e está em choque.

A repercussão do episódio reacendeu a discussão sobre a segurança na entrada e na saída de alunos em escolas do Rio. Entre os colégios que adotam medidas mais rigorosas, está o Marista São José, na Tijuca, Zona Norte do Rio. O diretor, Édson Antônio de Souza Leite, explicou que os pais não têm acesso à área da escola. Eles aguardam do lado de fora e sempre devem apresentar identidade. Logo no início do ano, as famílias são convocadas a listar por escrito as pessoas, com os respectivos documentos de identificação, que estão autorizadas a ir buscar os alunos. Só depois do 8º ano, com a autorização dos pais, os alunos podem voltar sozinhos para casa.

— E, mesmo em casos excepcionais, quando a mãe liga dizendo que uma pessoa que não está cadastrada vem buscar a criança, temos um Núcleo de Apoio ao Estudante que telefona em seguida para fazer todas as confirmações, antes de liberar a saída do aluno — diz Édson.

Na Gávea, o Colégio São Vicente de Paulo também adota medidas para garantir a segurança. O coordenador pedagógico, Élcio Alvim, que cuida de alunos do 6º ao 8º ano, explica que inspetores estão sempre na porta fazendo o controle:

— Pode ser parente, mas, se não estiver autorizado, não pega a criança. Os imprevistos têm que ser informados por escrito, escaneados e enviados à escola. Se houver necessidade, o caso poderá suscitar um novo debate com os pais.

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