EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

terça-feira, 19 de março de 2013

AVALIAÇÃO HIPÓCRITA

ZERO HORA 19 de março de 2013 | N° 17376

EDITORIAIS


Os absurdos constatados em provas de redação que receberam pontuação máxima no Exame Nacional de Ensino Médio 2012 (Enem) chamam a atenção para a dificuldade de os estudantes se expressarem em língua portuguesa e colocam em xeque os critérios de correção utilizados pelo Ministério de Educação (MEC). É inadmissível que alunos próximos da transição para um curso superior possam cometer tantos erros grosseiros de ortografia e concordância, tais como “rasoável” por razoável, “enchergar” por enxergar e “trousse” por trouxe, além de conjugar no plural o verbo haver no sentido de existir, por exemplo. Mas é igualmente inaceitável que os responsáveis pela correção tenham atribuído nota 1.000 a esses textos. E não dá para aceitar que o MEC se recuse a dar explicações, sob a alegação de não querer expor os alunos, impondo dessa forma a hipocrisia favorável para avaliação de uma educação deficiente.

Quem acompanha a trajetória dos estudantes brasileiros de maneira geral não chega a se surpreender com os absurdos cometidos em muitos casos. Um em cada cinco alunos, por exemplo, conclui o Ensino Fundamental sem ter alcançado as condições básicas de compreensão de um texto. Um contingente igualmente expressivo chega ao final do Ensino Médio sem conseguir fazer relações entre diferentes ideias de um excerto qualquer. Em consequência, tem dificuldade de desenvolver um tema observando normas linguísticas elementares.

Ainda assim, o que preocupa é o fato de, além de o ensino ser deficitário, a ponto de expor falhas como as constatadas por reportagem do jornal O Globo, os responsáveis pela correção das provas simplesmente ignorem as deficiências. Como imaginar que alunos com tal grau de despreparo possam se mostrar aptos a redigir trabalhos de conclusão, artigos, formulários e outras tantas modalidades de texto do cotidiano de quem conclui curso superior?

Só consegue dominar a norma padrão da língua escrita quem se propõe a estudar e a dedicar um tempo de seu dia à leitura. Ignorar essa exigência, passando por cima dos erros, é contribuir para justificar e reforçar problemas generalizados do ensino e, em particular, do uso da língua portuguesa.


ZERO HORA 19 de março de 2013 | N° 17376

EXAME DO ENEM

Nada “rasoavel” não “enchergar” erros. Ministério da Educação deu nota máxima a textos com palavras incorretas


Redações que receberam a nota máxima (1.000) no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2012 apresentaram erros de grafia e concordância, constatou o jornal O Globo. A publicação analisou textos enviados por estudantes que tiveram a pontuação comprovada pelo Ministério da Educação (MEC). Em alguns deles, há palavras como “rasoavel”, “enchergar” e “trousse”.

Para atingir os mil pontos, segundo o Guia do Participante, o estudante precisava de 200 pontos em cinco competências selecionadas pelo MEC. A primeira delas consta em “demonstrar domínio da norma padrão da língua escrita”. De acordo com o manual, erros de grafia, acentuação e pontuação estão entre os erros mais graves.

No mesmo texto em que O Globo constatou “rasoavel”, as palavras “indivíduos”, “saúde”, “geográfica” e “necessário” aparecem sem acento. Entre as redações, que tinham como tema a imigração no Brasil no século 21, um dos candidatos com nota 1.000 escreve: “Essas providências, no entanto, não deve (sic) ser expulsão” e “os movimentos imigratórios para o Brasil no século XXI é (sic)”.

O jornal verificou também problemas de concordância nominal, como na frase “o movimento migratório para o Brasil advém de necessidades básicas de alguns cidadãos, e, portanto, deve ser compreendida (sic)”. Por fim, outro texto mostra o uso incorreto da forma “porque”: “Porém, porque (sic) essa população escolheu o Brasil?”.

Questionado sobre os métodos de correção das redações, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anysio Teixeira (Inep) não comentou as notas “por respeito aos participantes, a vista pedagógica é dada especificamente a quem prestou o exame”.


Cinco competências - O candidato deveria cumprir as seguintes exigências:

- 1ª – Demonstrar domínio da norma padrão da língua escrita.

- 2ª – Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo.

- 3ª – Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.

- 4ª – Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos à construção da argumentação.

- 5ª – Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário