EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

quinta-feira, 7 de março de 2013

MILHARES DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES FORA DA ESCOLA



ZERO HORA 07 de março de 2013 | N° 17364

A EDUCAÇÃO PRECISA DE RESPOSTAS

Estado tem 226 mil crianças e adolescentes fora da escola. Relatório do movimento Todos Pela Educação mostra uma série de deficiências no ensino brasileiro e serve de alerta para os gaúchos


Faltam vagas na Educação Infantil, crianças não aprendem a ler e escrever no período destinado à alfabetização e adolescentes concluem os ensinos Fundamental e Médio sem saber o que deveriam.

Esse é o quadro preocupante que emerge do relatório De Olho nas Metas 2012, divulgado ontem pelo movimento Todos Pela Educação. O documento evidencia que o ensino brasileiro em geral – e o do Rio Grande do Sul em particular – apresenta deficiências de alto a baixo.

O Todos Pela Educação surgiu em 2006, a partir de uma mobilização da sociedade, e traçou cinco grandes metas para melhorar a qualidade do ensino até 2022, ano do bicentenário da Independência. O relatório aponta que esses objetivos estão em risco.

– No ritmo atual, dificilmente atingiremos as metas até 2022. Nas séries iniciais do Ensino Fundamental estamos avançando, mas precisamos de políticas específicas urgentes para os anos finais e de uma reforma do Ensino Médio, que não consegue reter os alunos – afirma Andrea Bergamaschi, gerente de projetos estratégicos do Todos Pela Educação.

O aprendizado é um dos pontos preocupantes. Com base no desempenho em avaliações oficiais, o estudo indica que a maioria dos alunos não aprende o que se espera. No 3º ano do Ensino Médio, por exemplo, só um em cada 10 brasileiros tinha em 2011 conhecimentos considerados adequados – a meta para o ano era de 19,6%. O Estado teve resultado melhor, mas ainda alarmante: 14,1% aprenderam o indicado em Matemática, para uma meta de 29,5%. A situação da rede pública revela-se especialmente delicada: no Estado, só 8,4% aprenderam a Matemática que deveriam ao término do Ensino Médio.

Outro quesito em que o Rio Grande do Sul apresenta dados comprometedores é o acesso à escola. Os gaúchos de quatro a 17 anos sem matrícula somaram 226 mil em 2011. O mau resultado se explica pela baixa oferta de Educação Infantil – a segunda pior do país – e pela já proverbial deficiência do Ensino Médio, que colabora para 20% dos adolescentes de 15 a 17 anos estarem fora da escola.

A presidente estadual da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Marcia Adriana de Carvalho, afirma que a oferta insuficiente de vagas na escola infantil decorre da escassez de recursos:

– Só em 2010 o financiamento do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica) passou a cobrir 100% das matrículas. Em 2009, cada aluno custava R$ 7 mil ao ano. O repasse do Fundeb, no entanto, foi de apenas R$ 3,5 mil no ano passado. Precisamos de mais recursos, ou será difícil atingir as metas.

Investimento foi abaixo do previsto

Ao meio-dia de ontem, ZH encaminhou a íntegra do relatório De Olho nas Metas à Secretaria Estadual da Educação e solicitou que um representante do órgão comentasse os dados gaúchos. Às 14h30min, a secretaria informou que não se manifestaria – por não ter recebido o estudo oficialmente.

O Ministério da Educação manifestou-se por intermédio do presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Luiz Cláudio Costa. Ele comentou a meta de investir 5% do PIB em Educação Básica. Segundo o relatório, o investimento foi de apenas 4,3% em 2010.

– Em 2012, chegamos a 6,1% de investimento em todo o ensino, o que significa que já atingimos os 5% na Educação Básica. Com certeza, vamos suplantar essa meta, porque é preciso investir mais do que isso. Mas é preciso saber de onde vem o dinheiro. Nossa luta é para garantir a destinação dos royalties do petróleo – disse.

ITAMAR MELO


OPINIÃO | ÂNGELA RAVAZZOLO*

200 anos: o tempo corre


Em 1822, Dom Pedro I gritou pela liberdade e o Brasil deu início a uma nova fase, emancipado de Portugal definitivamente. Cem anos depois, em 1922, o país novamente vivia um ano efervescente e celebrava um século de liberdade. Agora, o que esperar para 2022, quando o país vai celebrar 200 anos do brado do Ipiranga? Independência ou morte?

Para boa parte dos cenários e dos fatos, há uma explicação histórica. E é muito comum escutar de especialistas ou do senso comum que estudamos história para aprender com os erros do passado e assim evitá-los em direção ao futuro.

Mas o futuro do Brasil desenhado pelo movimento Todos pela Educação para 2022 tem um tempo curto para acontecer: menos de uma década. O relatório sobre as cinco metas assusta porque, mais uma vez, repete problemas.

Afinal, queremos a independência que a boa educação pode nos trazer ou vamos nos contentar com uma morte simbólica, com milhões de crianças e jovens fora da escola e outros tantos milhões seguindo por um caminho torto, em que o aprendizado se mantém incompleto? O tempo corre mais rápido do que a capacidade dos líderes e da sociedade de se mobilizarem para alterar a realidade da sala de aula.

A história pode até ensinar lições importantes, mas, como todo bom professor sabe, é preciso que o aluno esteja motivado antes de descobrir o prazer (e as vantagens) de realmente aprender com qualidade.

*Editora de Educação

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