EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

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terça-feira, 13 de agosto de 2013

VANDALISMO E CRISE DE VALORES

ZERO HORA 13 de agosto de 2013 | N° 17521

VANDALISMO NA ESCOLA. Especialistas alertam para crise de valores



Mais do que um ato isolado de vandalismo, o incêndio provocado por jovens traz à tona uma crise social ainda pouco entendida por pais, filhos e professores. Conforme o sociólogo e diretor do Instituto Latino-americano de Estudos Avançados da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), José Vicente Tavares dos Santos, este tipo de violência pode ser visto como um protesto de um grupo de jovens que não tem condições de verbalizar suas insatisfações, e utilizam a depredação e a agressão como um pedido de ajuda:

– Embora seja condenável, é preciso escutar estes jovens, que expressam uma crise da juventude.

Uma série de fatores sociais faz com que os estudantes não reconheçam mais na escola um lugar de socialização e aprendizado, mas sim um ambiente que não responde aos seus anseios e expectativas, complementa a socióloga, doutora em educação e coordenadora da Área de Juventude e Políticas Públicas da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, no Rio, Miriam Abramovay.

Este descontentamento, apesar de refletir na escola, é muito mais do que uma revolta contra a instituição de ensino, diz a psicóloga, doutora em educação e professora da faculdade de Educação da UFRGS, Marisa Eizirik. Para a especialista, a insatisfação manifesta uma crise de valores, que é consequência, entre outras coisas, de uma deficiência em outras instituições – a família e a sociedade – de exercer os papeis estruturantes na formação dos jovens.

– Com as carências nos demais agentes civilizatórios, a escola se tornou o depositário desta expectativa de formar o cidadão, e ela não está dando conta disso – detalha.

O enfraquecimento das figuras de autoridade, em especial da paterna, pode suscitar este tipo de atitude, que é mais violenta e menos reflexiva, comenta José Vicente. Os jovens, que muitas vezes crescem sem a noção de limites, não encontram espaço para significar o que sentem, pensam e observam, e acabam expressando suas angústias em atos violentos. Para Santos, a escola é o local onde explodem os conflitos sociais, e esta acaba sendo prejudicada em uma sociedade na qual a violência tem sido parte dominante da cultura.

JAQUELINE SORDI

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