EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

sábado, 15 de outubro de 2011

UTOPIA EDUCATIVA

JUREMIR MACHADO DA SILVA - CORREIO DO POVO, 15/10/2011


Eu acredito no Dia do Professor. É todo dia. Eu acredito em heróis. Só que eles não usam roupas especiais nem uniforme. Muito menos a cueca por fora da calça como o Super-Homem. São os professores. Heroicos professores. Especialmente aqueles que trabalham no ensino fundamental e médio. Dizem que o tempo das utopias passou. Utopia é o impossível que até pode ser tornado possível. Em certos casos, deve. Inventar o impossível é a nossa tarefa. Nada mais importante nestes tempos de pragmatismo cínico do que sonhar o improvável. Sonho que a presidente brasileira reúne todos os governadores e os cem maiores empresários e apresenta um projeto para o magistério. Nenhum professor ganhará menos de R$ 10 mil mensais. A educação é colocada como a prioridade das prioridades. Jogadores de futebol com salários acima de R$ 100 mil doam 10% todo mês para a educação. O dinheiro é recebido, contabilizado e aplicado. Tudo com transparência total.

Eu acredito em utopias. Quando era criança, ouvia falar em telefone com imagem. Dizia-se que um dia poderíamos falar e ver o interlocutor à distância. Não tínhamos sequer o telefone comum. Mas se dizia que um dia todos o teriam. Escrevi parte deste texto enquanto falava por Skype com meu velho amigo francês Olivier Cathus, que vive em Montpellier. Num canto da tela, a imagem dele. No outro, minha página em construção. Há 20 anos, quando cheguei na França, esperava cartas pelo correio. O mundo mudou graças a visionários, como o recém-falecido Steve Jobs, que começaram a realizar suas utopias na garagem de casa. Em tecnologia, o inconcebível de hoje é a realidade de amanhã. Tudo aquilo que Jules Verne descreveu como ficção científica se tornou ciência real. O processo continua. Por que o mesmo não pode acontecer com a educação no Brasil? A tecnologia é um produto da ciência, que é um fruto da educação. Qualquer um sabe que a principal via da ascensão social e da melhoria da vida está no ensino. A escola continua sendo a grande porta.

O professor, em qualquer nível, é o mestre que abre frestas, vãos ou grandes vias. Mas, infelizmente, no Brasil a educação só é prioridade em discurso. Deve-se cobrar mais dos professores. O mérito é importante. A avaliação também. Eu, como sonhador de utopias, imagino um momento em que antes da cobrança haverá uma revolução nas condições estruturais da atividade educacional. Sorrio quando dizem que o salário não é tudo. Aposto que um professor que salte de menos de mil reais para 10 mil se tornará, salvo exceções, muito melhor, pois terá, enfim, acesso à cultura, que custa caro e é mais do que informação ou navegação na Internet, é experiência de vida e de imersão na efervescência da atualidade. Acordo num mundo em que não há Dia dos Professores. Um menino me informa que foi abolido por ser redundante. Explica que os professores são admirados e aplaudidos diariamente. Ele me conta que está trabalhando na criação de um telefone capaz de transmitir aromas. Tudo é possível, me diz, quando a escola é o centro do mundo sem centro.

Um comentário:

  1. É por isso que o Juremir é o meu guru!
    Parabens pelo teu blog.
    Vou segui-lo.
    Quiteria Franco

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