EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

CAMINHOS DA EDUCAÇÃO

PAULO NATHANAEL PEREIRA DE SOUZA, DOUTOR EM EDUCAÇÃO E EX-PRESIDENTE DO CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO - DIÁRIO CATARINENSE, 06/10/2011

A educação do povo é fenômeno recente no Brasil, abordado pelas constituições democráticas do país, visto que, nos tempos coloniais, imperiais e republicanos (neste caso, até o fim da 2ª Guerra Mundial), voltou-se a educação apenas para o atendimento das elites econômicas e sociais: o povo mesmo permaneceu à margem do processo. Foi preciso haver urbanização, industrialização e inserção do Brasil no concerto internacional para que a escolaridade do povo se impusesse como preocupação inadiável.

Os caminhos tratam da natureza da educação moderna, seu potencial em relação ao preparo das novas gerações para viverem na era do conhecimento, e, com isso, assegurar a inclusão das massas na prática ativa da cidadania. Quanto aos descaminhos, procura-se demonstrar quais as dificuldades que, ao longo do tempo, se vêm antepondo ao sucesso do ato de educar o povo: obsolescência dos modelos pedagógicos, insuficiência da formação dos docentes, ausência de modernidade e pertinência nos processos didáticos, limitação de recursos financeiros, planos educacionais que são mais declarações de intenções do que outra cousa qualquer.

Ainda recentemente, a mídia publicou e comentou os resultados de duas avaliações sucessivas: a Prova Brasil, que verificou o grau de aproveitamento das crianças matriculadas no terço inicial do curso fundamental, e o Enem, que mediu o desempenho de jovens matriculados nos cursos médios. Em ambos os casos, o resultado mostrou-se bastante precário. Na Prova Brasil constatou-se que a metade dos alunos de oito anos não aprende o mínimo necessário para justificar a sua presença na escola. E no caso do Enem, a maioria dos concluintes do ensino médio tem nota abaixo do índice desejável. Nas avaliações internacionais da Unesco e da OCDE, o fiasco não é menor.

Costumo dizer que a educação brasileira obedece, hoje, a duas leis concomitantemente: à LDB, que traduz o que de melhor se deva fazer nos diversos graus de ensino, e não tem sido aplicada no seu potencial mais avançado; e à lei dos comboios, segundo a qual a velocidade de uma frota naval é determinada pela velocidade da unidade mais lenta. Infelizmente, esta última tem presidido o regime de funcionamento de nossas redes escolares. A grande reforma a fazer-se está em engavetar, definitivamente, a segunda dessas leis e assegurar ampla utilização dos aspectos mais progressistas (claro que pedagogicamente falando) da primeira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário