Renan Plotzki, ZERO HORA 30/10/2011
O processo seletivo nacional que a maioria das universidades federais do Brasil utiliza para escolher os seus novos alunos é constrangedor. A falta de ética do brasileiro não permite que seja realizado um vestibular da grandeza do Enem. Embora a ideia desse modelo de seleção seja um avanço para a nação, a efetivação do projeto é ridiculamente desastrosa. Tal incompetência prejudica milhares de alunos que se preparam ao longo de todo o ano para realizar a prova.
O primeiro erro do Enem ocorreu logo na primeira tentativa de unificação dos vestibulares, em 2009. Mau sinal. O furto de uma cópia da prova em uma das gráficas responsáveis pela impressão do caderno de questões fez com que a data de realização do concurso fosse adiada por quase 60 dias. Entretanto, essa falha vergonhosa não foi suficiente para abalar o “prestígio” do exame, o qual ainda foi considerado “um grande sucesso” pelo ministro da Educação, Fernando Haddad. O despreparo dos organizadores e dos aplicadores do Enem é, anualmente, exposto devido a falhas sucessivas na efetivação desse processo seletivo. O mais novo erro desse modelo de vestibular é um desrespeito ao estudante: enquanto mais de 4 milhões de pessoas preparam-se para encarar uma prova com questões inéditas, uma minoria é beneficiada por ter acesso a exercícios idênticos – dias antes da data de realização do concurso – aos que foram aplicados no teste.
Após tantos erros, fica evidente que há falhas na efetivação do projeto. Entretanto, a pergunta a ser respondida é: onde está o equívoco? Será que o problema é mesmo o vazamento de questões, ou tudo isso é uma fraude mal elaborada visando beneficiar determinados alunos? As evidências fazem surgir suspeitas sobre a veracidade do concurso. A falta de explicações convincentes abre espaços para se levantar hipóteses sobre o caso; não se pode descartar a versão de que o vazamento de questões da prova seja proposital e que a falha do projeto encontra-se em tornar público esse fato. A resposta para essa pergunta, contudo, dificilmente será conhecida pelos brasileiros. Assim como ocorre em outros escândalos do governo, o caso – provavelmente – será arquivado e fugirá da memória dos brasileiros até que, no próximo ano, novas falhas venham à tona e, por mais uma vez, milhares de estudantes sejam desrespeitados por esse sistema.
O Brasil, definitivamente, não está preparado para usufruir as vantagens proporcionadas pelo Enem. Na teoria, o exame é um grande avanço; na prática, é vergonhoso! As sucessivas falhas na realização das provas e as suspeitas de fraude tornam esse modelo unificado de vestibular um desastre no país. Enquanto não houver seriedade e comprometimento dos gestores da educação nacional, o sistema de ensino brasileiro permanecerá inerte e, por consequência, estará adiando o desenvolvimento da nação.
Este blog mostrará as deficiências, o sucateamento, o descaso, a indisciplina, a ausência de autoridade, os baixos salários, o bullying, a insegurança e a violência que contaminam o ensino, a educação, a cultura, o civismo, a cidadania, a formação, a profissionalização e o futuro do jovem brasileiro.
EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR
Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.
domingo, 30 de outubro de 2011
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