EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

PROFESSORES DEDICADOS PARA MELHORAR A EDUCAÇÃO

EDITORIAL JORNAL DO COMERCIO, 18/10/2011


Dia 15 de outubro é data dedicada pela Igreja Católica a João Baptista de La Salle padroeiro dos professores. Foi um sacerdote e pedagogo francês inovador, que consagrou sua vida a formar professores dedicados ao ensino de crianças pobres. Fundou a congregação Irmãos das Escolas Cristãs, ou Irmãos Lassalistas. Pois mesmo não ouvindo com muita simpatia a frase de ordem de que “nada temos para comemorar” dita por alguns sindicalistas com um viés ideológico-partidário, desta feita ela soa verdadeira. Não é assim agora, em 2011, mas há muitos anos. É que em algum lugar do passado ficaram as melhores aulas. Responsáveis por 88% das matrículas do Ensino Médio do País, as escolas públicas são maioria entre as que ficaram com nota abaixo da média nacional do Enem. Talvez a competição com o computador, os jogos eletrônicos e tudo o que hoje distrai a atenção dos jovens para um estudo mais sério nos faça refletir se não está na hora de combater o presente e o futuro tecnológico com uma volta ao passado. Pode parecer paradoxal, mas em que lugar do passado ficaram as aulas de leitura, ditado, redação, desenho, canto orfeônico, trabalhos manuais, secretariado, economia doméstica e os tradicionais cursos Clássico e Científico? Muitos afirmarão que isso é saudosismo piegas e que não se pode voltar a um ensino cujo modelo tem 40 ou 50 anos.

No entanto, as escolas públicas eram as melhores ou, pelo menos, se igualavam às particulares. “Não tenho filhos, mas se tivesse faria de tudo para não deixar que se tornassem professores. É o que farei com meus sobrinhos”. Desta forma o educador Oscar Eduardo Magnusson resume o sentimento que acompanha os profissionais da categoria. Com salários desvalorizados, carga horária intensa em sala de aula e trabalho constante em casa, os professores estão cansados. Resultado: cada vez menos gente procura uma formação na área. O panorama é desalentador e não há perspectiva de melhora em um curto espaço de tempo. Contudo, alguns especialistas analisam a situação por outro ângulo. Com a baixa procura pela profissão, a demanda por docentes seguirá alta. Uma perspectiva positiva em um horizonte obscuro.

Paradoxalmente ao abandono de currículos tradicionais onde até o temido Latim nos ensinava a etimologia da maioria das palavras da língua portuguesa, hoje a publicidade de alguns colégios fala que ensinar é, antes de tudo, questionar, discutir e ter uma visão do mundo muito além da escola. Mas quando isso não foi feito nos colégios públicos e privados até os anos de 1970? Mas havia muita disciplina e a hierarquia, talvez até com uma dose de repressão, mas que não traumatizou ninguém. Uma volta ao velho e bom ensino humanístico, sem abandonar as ciências exatas, cursos profissionalizantes e descurar da informática, da internet e da tevê a cabo talvez dê mais e melhores resultados. Não é preciso inovar em métodos no ensino: basta ensinar, dialogar e manter o interesse das turmas. Nada substitui um professor que encante com frases, pensamentos, debates e a análise do que se passa, cotidianamente, na cidade, no Estado, no Brasil e no mundo, com pinceladas que façam seus alunos pensarem. A educação é, sim, a base de tudo mas a educação passa pela família.

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