EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

O ENSINO TÉCNICO PODE FAZER A DIFERENÇA


ENSINO TÉCNICO. Porta aberta para o mercado de trabalho - JULIA ANTUNES LOURENCO. Colaborou Adrina Fernandes - DIÁRIO CATARINENSE, C12/10/2011

Realidade em países desenvolvidos, a oferta do ensino médio com o técnico começa a ganhar mais força no Brasil e no Estado. A necessidade de mão de obra qualificada em setores chaves para a economia é cada vez mais evidente. Além disso, o país provou no WorldSkills, em Londres, que consegue oferecer formação ténica e de qualidade. O Brasil voltou com a segunda colocação, ficando atrás da Coreia. O joinvilense Natã Barbosa, técnico em informática pelo Senai, ajudou o país nessa disputa. Ele ganhou medalha de ouro na categoria webdesign, deixando para trás 26 estudantes de diferentes países.

Dois dos setores que alavancaram a economia em Santa Catarina nos últimos anos – a tecnologia e a construção civil – enfrentam um cenário parecido: sobra vaga e falta gente com conhecimento técnico. Além disso, a formação técnica é um atrativo para o jovem concluir o ensino médio, porque ele sai da educação básica com uma profissão. Para o próximo ano, serão oferecidas 7,5 mil novas vagas em institutos federais, colégios estaduais e no sistema S (Senai, Sesc e Senac).

De acordo com o presidente da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate), Rui Luiz Gonçalves, a capacidade de formação de mão de obra qualificada não acompanhou o crescimento destes segmentos.

Só na Capital, pelo menos 560 vagas ficaram em aberto em empresas de tecnologia no ano passado. Para reverter a situação, os dois setores estão de olho em convênios com os celeiros de formação destes profissionais.

A chance de empregabilidade é tão expressiva que as escolas técnicas já estão se adequando às demandas de mercado, com cursos cada vez mais específicos. Conforme Gonçalves, de seis contratações na área de tecnologia, cinco são de pessoas com curso técnico e apenas um de superior.

Para não ter que continuar “importando” profissionais de estados ou países vizinhos, a construção civil também passou a investir em capacitação, no canteiro de obras ou em parcerias estratégicas.

Nos últimos anos, a expansão do setor obrigou o mercado a absorver toda a mão de obra disponível, com ou sem qualificação. De acordo com Hélio Bairros, presidente do Sinduscon, o apagão de emprego chegou a inviabilizar o crescimento de algumas empresas, que precisavam de servente a mestre a obras.

Pronatec quer expansão do ensino técnico

Por ser garantia de emprego, o jovem acaba se sentido atraído por essa modalidade de ensino. Para segurar o adolescente no ensino médio, a Secretaria de Estado da Educação vai oferecer, a partir do próximo ano, 7 mil vagas no ensino técnico integrado com o médio.

Ainda em tramitação no senado, o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Empregos (Pronatec), se aprovado, pode quase dobrar a oferta de cursos técnicos no Senai, em SC, para o próximo ano. A instituição oferece 6 mil vagas. Com o Pronatec, o número pode chegar a 11 mil. Para o diretor geral do Senai, Rafael Lucchesi, o programa pode ajudar a corrigir distorções da educação brasileira.

– Temos 6 milhões de universitários e 9 milhões no ensino técnico, destes, só 1 milhão está na educação profissional. Formamos os meninos para uma lógica bacharelesca. O Brasil deve ser um dos poucos países no mundo em que o estudante passa 12 anos dentro da escola sem ter uma hora de educação profissional. Aqueles que não vão para a universidade chegam ao mercado de trabalho sem a escola ter ajudado em nada.

A rede federal também expandirá o ensino técnico. Para o primeiro semestre de 2012, o Instituto Federal de Educação Tecnológica (IF-SC) vai oferecer 12 cursos novos em seis campi, que abrirão 472 vagas. No total, são 2.761 vagas e as inscrições para concorrer a alguma delas vão até 16 de novembro.

– A procura é muito grande, pela inserção rápida do jovem no mercado de trabalho. Não digo que a procura aumentou, mas tem-se falado muito nisso, por causa da economia aquecida – diz Fábio Alexandre de Souza, diretor de Desenvolvimento do Ensino do IF-SC

No Instituto Federal Catarinense (IFC) serão mais 80 ofertas, em dois novos cursos – em informática e segurança do trabalho no campus Fraiburgo, totalizando 1.945 vagas.

Uma escola do futuro em SC

Aproveitando a ida a Londres para acompanhar os estudantes catarinenses no WorldSkills 2011 no início de outubro, representantes do Senai e o presidente da Federação das Indústrias de SC, Glauco José Côrte, estiveram na empresa de tecnologia Cisco e em Portugal, buscando exemplos e parcerias para viabilizar um projeto inédito no Brasil e que poderá servir de modelo para outros estados: a Escola Profissional do Futuro.

O projeto está sendo feito pelo Senai de SC e deve estar pronto em março de 2012, quando será apresentado ao Senai nacional. Depois disso, começa a execução, em uma escola da instituição no Estado, que ainda não foi definida. Mais do que discutir o uso de tecnologia em sala de aula, o trabalho pretender mudar aspectos pedagógicos do ambiente escolar.

– Ele é baseado na pedagogia moderna, focada no estudante. Faz com que o estudante seja o agente do aprendizado, orientado pelo professor. Hoje, muitas escolas proíbem o uso de celular em sala de aula. Queremos usar essa tecnologia para a educação – explica o diretor regional do Senai SC, Sérgio Arruda.

Em Portugal, eles conheceram um projeto que oferece um computador para todo aluno matriculado no ensino fundamental do país.

– Todos têm um computador em sala de aula – alunos e professores – além da lousa digital. Vimos crianças de seis anos aprendendo no computador. O resultado disso começa a aparecer no Pisa (uma avaliação para medir sistemas de ensino de 65 países), onde Portugal teve grandes avanços no ranking – observou.

Já na Cisco, eles foram atrás de maneiras para viabilizar o projeto. Arruda conta que os empresários gostaram do que foi apresentado e afirmaram ser possível uma parceria.

– Eles estão vendo uma grande oportunidade de construir um case mundial – finalizou.

Já o presidente da Fiesc viu na competição uma maneira de verificar quais são as novas técnicas e recursos disponíveis para o setor industrial. Ele disse estar convencido de que é preciso intensificar o apoio aos jovens catarinenses no ensino médio profissionalizante.

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