EDITORIAL ZERO HORA 27/08/2011
O Brasil da prosperidade econômica está em conflito com o país da educação básica. O descompasso foi medido pela Prova ABC, com dados alarmantes sobre o nível de aprendizado de crianças de escolas públicas e privadas do 3º ano do Fundamental. Num estágio em que deveriam ingressar na 4ª série sabendo ler e escrever, 44% delas não dominam a leitura e a escrita. Em matemática, a situação é ainda mais dramática: 57% não conseguem fazer operações básicas de adição e subtração.
O estudo foi realizado pela ONG Todos pela Educação, em parceria com outras instituições, e tem o mérito de oferecer em detalhes um diagnóstico que não surpreende no que tem de elementar. Governos, escolas, educadores e pais de estudantes sabem que o ensino básico apresenta há muito tempo um quadro desolador no país. O estudo denuncia especialmente a precarização do ensino público, que registra os piores desempenhos, e oferece aos Estados do Sul o consolo de que aqui as performances são, na média, um pouco melhores do que as de outras regiões. No geral, o que o levantamento mostra é que o Brasil regride e desperdiça as potencialidades de gerações com a negligência do setor público à formação de crianças e adolescentes.
Mesmo que a pesquisa se restrinja a estudantes da 3ª série, sabe-se que as mesmas deficiências punem estudantes do Ensino Médio. Estágios decisivos para o aprendizado, sob a responsabilidade de municípios e Estados, sucumbem às carências na formação dos professores, à precária estrutura das escolas, à baixa remuneração do magistério e a tantos outros fatores que formam um conjunto perverso de omissões.
O governo federal, orientador das grandes linhas da política para a educação, em parceria com governadores e prefeitos, tem a sua cota de responsabilidade. Mesmo que as atribuições pelos ensinos Fundamental e Médio sejam municipais e estaduais, seria cômodo demais para a União se eximir diante das conclusões do estudo. A União deve participar, através do Conselho Federal de Educação e de outros órgãos, de rigorosa avaliação da pesquisa e das ações que subvertam o que ali foi demonstrado. Resgatar o ensino básico da situação de penúria em que se encontra é uma tarefa a ser compartilhada. A educação pública deficiente deflagra, nas primeiras séries, uma das mais cruéis formas de exclusão social.
Este blog mostrará as deficiências, o sucateamento, o descaso, a indisciplina, a ausência de autoridade, os baixos salários, o bullying, a insegurança e a violência que contaminam o ensino, a educação, a cultura, o civismo, a cidadania, a formação, a profissionalização e o futuro do jovem brasileiro.
EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR
Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.
sábado, 27 de agosto de 2011
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