EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

EXAME REPROVA ENSINO NO BRASIL

REVELAÇÕES PREOCUPANTES. Exame reprova ensino no país. Avaliação com alunos que concluíram o 3° ano do Fundamental expõe as dificuldades dos primeiros anos nas escolas do Brasil - MARCELO GONZATTO, zero hora 26/08/2011

Um levantamento realizado com crianças de todo o país mostrou que a baixa qualidade da educação brasileira tem origem nos primeiros três anos da escola. O resultado da chamada Prova ABC, divulgado ontem, mostrou que 44% dos estudantes do 3° ano do Ensino Fundamental não conseguem ler adequadamente, e 57% não sabem fazer operações matemáticas básicas como adição e subtração.

Aavaliação inédita foi realizada pela ONG Todos Pela Educação, em parceria com Ibope, Fundação Cesgranrio e Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), vinculado ao Ministério da Educação. O desempenho da amostragem de 6 mil alunos de escolas públicas e particulares que responderam a testes foi considerado “preocupante” pela diretora executiva do Todos Pela Educação, Priscila Cruz.

– O resultado foi abaixo do esperado. É preocupante porque 100% das crianças deveriam aprender esses conteúdos nessa etapa – observa Priscila.

O impacto disso é que um início ruim na escola tende a dificultar todo o aprendizado futuro.

– Tem de calibrar as políticas públicas para garantir uma largada mais eficiente, em outro patamar. Se isso for feito, todas as demais etapas também vão partir de patamares mais elevados – analisa a especialista em educação.

Outro problema identificado pelas provas de 20 questões aplicadas a estudantes de 250 escolas brasileiras foi a grande desigualdade entre regiões do país e entre estabelecimentos públicos e privados. O nível de leitura e matemática foi considerado adequado quando os alunos alcançaram nota 175 de acordo com a escala do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb).

Região Sul teve o melhor desempenho em leitura

Enquanto a Região Sul teve o melhor desempenho em leitura, por exemplo, com nota 197, o Nordeste alcançou apenas 167. Os sulistas também foram os melhores em matemática. A disparidade também foi verificada entre diferentes sistemas de ensino (veja quadro ao lado). Enquanto mais da metade da rede pública fracassou no teste de leitura, apenas 21% dos matriculados em colégios privados teve mau resultado. Em matemática, a disparidade foi de 67% para 25,7%, respectivamente.

– Se queremos reduzir a desigualdade na educação, precisamos diminuir a diferença no começo da escola. Esse entendimento deveria forçar políticas mais eficientes logo nos primeiros anos – orienta a diretora do Todos pela Educação.

Um terceiro item avaliado pelo estudo, de habilidades de escrita, também registrou resultados pouco satisfatórios em uma escala de 0 a 100 (em que a nota mínima adequada é 75). Em todo o país, 46,6% dos estudantes avaliados apresentaram dificuldades para escrever textos segundo critérios de adequação ao tema, regras gramaticais e coerência.

Escolas privilegiam a alfabetização, diz MEC

Para a secretária de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), Maria do Pilar Lacerda, nos últimos anos os governos municipais, estaduais e federal, além das próprias escolas, focaram mais na alfabetização nos primeiros anos do Ensino Fundamental, o que pode explicar o resultado inferior em matemática.

– O diagnóstico tem de ser olhado com muito cuidado, e tem de servir para iluminar as nossas políticas. Em relação à matemática, é como se ele fosse um sinal laranja – disse Maria do Pilar.

O Ministério da Educação só avalia os estudantes a partir do 5° ano do Ensino Fundamental. Antes desta fase, o único instrumento que existe para aferir o nível de aprendizado dos alunos é a Provinha Brasil, exame que é aplicado pelo próprio professor e serve para que ele possa saber como está o desenvolvimento dos seus alunos. Os resultados não são divulgados. Até o ano passado, a Provinha Brasil avaliava apenas os conteúdos de português e, desde este ano, a matemática foi inserida.

Para melhorar os indicadores de aprendizagem, a secretária avalia que agora é necessário aprofundar as ações em relação à matemática, especialmente a formação dos professores que lecionam a disciplina.

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