EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

EDUCAÇÃO HI-TECH


Uma escola pública que parece de cinema - DAISY TROMBETTA | PIRATUBA - DIÁRIO CATARINENSE, 25/08/2011

Em Piratuba, no Meio-Oeste catarinense, estudantes ganharam um “reforço” nas aulas com a utilização de interfaces tecnológicas que complementam os velhos livros e cadernos.

A educação pública está seguindo os passos da tecnologia. E as inovações estão chegando ao interior. Em uma escola de Piratuba, no Meio-Oeste, nas salas de aula, os equipamentos modernos estão aliados aos livros. A novidade desperta o interesse dos estudantes, contribui para o aumento das notas e também para a erradicação do analfabetismo digital.

Isso sem contar que o contato direto com as novas mídias garante maiores chances de sucesso na hora de encarar o mercado de trabalho. A Escola Municipal Professora Amélia Poletto Hepp está servindo de modelo para o ensino de Santa Catarina.

A unidade, inaugurada em agosto do ano passado, tem lousas digitais nas 17 salas de aula, que permite aos alunos interagir com o conteúdo exposto. Para os 407 alunos do colégio, de 1a a 8a séries, a novidade foi um incentivo para o aprendizado. Conforme a Secretaria de Estado da Educação, nenhuma escola estadual trabalha, atualmente, com um projeto desta proporção.

No âmbito municipal, uma escola de Treze Tílias, também no Meio-Oeste, instalou sete lousas digitais na unidade, beneficiando cerca de 300 crianças.

Na escola de Piratuba, todas as lousas têm internet, ligada a um servidor próprio da escola. Permitem que o professor escreva e apague como nos antigos quadros-negros, mas os alunos gostam mesmo é da possibilidade de interação. Basta um toque na tela para preencher exercícios de uma forma divertida.

Todos querem ficar perto da “televisão gigante”. A professora Joice Fontanella garante que as lousas prendem a atenção dos alunos na telona.

– O livro continua na carteira do aluno, mas podemos integrar outras atividades e tornar o aprendizado mais atrativo – diz.

E parece que a técnica funciona. No ano passado, a escola não registrou nenhuma reprovação. Quase todos os alunos turbinaram as notas e a alfabetização das séries iniciais foi acelerada. Orildo Diogo Siqueira, aluno da 7a série, afirma que a tecnologia substituiu também as conversas paralelas durante a aula. Segundo ele, é impossível tirar os olhos da lousa.

– Todo mundo presta mais atenção na aula. O que mais gosto na escola são as lousas, porque é uma atividade muito diferente – afirma.

Além da inovação, as salas também têm câmeras de monitoramento e, em algumas salas, mesas pedagógicas. Essas aliam tecnologia e brinquedos. Os alunos da 1a série, por exemplo, têm uma dessas para ajudar na alfabetização.

O reforço pedagógico é formado por conjuntos de letras e a mesa solicita a formação de palavras. Além disso, a escola também conta com 25 netbooks, utilizados em um projeto-piloto com a turma de 5a série.

A escola foi inaugurada em agosto do ano passado. O investimento total na construção do prédio e na compra dos equipamentos supera os R$ 2 milhões. No local, também funciona uma ilha digital com cerca de 30 computadores disponíveis à comunidade. Qualquer morador de Piratuba pode procurar o local para utilizar a internet, de forma gratuita.

Tecnologia não substitui livros

Uma maneira mais moderna de ensinar, com foco no interesse dos alunos. Um mundo cada vez mais conectado é realidade, principalmente para os mais novos mas livros, leitura e cadernos continuarão sendo itens essenciais durante a vida letiva.

Para o professor carioca, pedagogo, escritor e doutorando em Educação nos Estados Unidos Hamilton Werneck, equipamentos modernos em sala de aula aceleram a pesquisa e tornam mais atrativo o aprendizado. Só que, segundo ele, os docentes precisam estar preparados para lidar com a inovação:

– Se colocar a lousa digital e o professor não estiver preparado, os alunos vão saber.

Werneck reitera que o contato da criança desde cedo com a tecnologia pode ajudar também nas decisões profissionais no futuro. Isso porque a sala de aula também serve para erradicar o analfabetismo digital, o que ajuda na disputa no mercado de trabalho. Nesse sentido, o treinamento oferecido aos professores da escola de Piratuba é fundamental para o funcionamento do projeto. Graças a isso, o docente torna-se um mediador entre a pedagogia e a tecnologia.

Segundo a coordenadora do curso de Pedagogia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Mônica Fantin, o grande desafio é utilizar as novas mídias para um modelo pedagógico diferente. Para ela, não adianta investir em tecnologia e continuar lecionando aulas do mesmo modo:

– É preciso explorar as ferramentas. A grande sacada é transformar a educação e formar também criadores de tecnologia.

Conforme Mônica, a tecnologia auxilia nas atividades escolares, mas precisa ser tratada com reflexão. Deve se tornar, além de um recurso, uma cultura diária.

Avanço se estende ao campo

Não é só na escola que moram as novidades do município. Elas se estendem também ao campo. Os agricultores podem ter internet em casa graças ao projeto Piratuba Digital, que já levou a rede mundial de computadores e o telefone fixo para mais de 200 famílias do interior, que pagam R$ 50 para ter internet e telefone. Quem optou só pelo telefone, a taxa é de R$ 25.

O projeto interligou os órgãos públicos, que deixaram de pagar ligações entre si, gerando economia para os cofres do município. Algumas áreas do perímetro urbano, como praças e parque termal, têm acesso gratuito à internet. O sistema também permite o uso de câmeras de monitoramento, instaladas em cinco pontos de acesso ao município. A Polícia Militar monitora as imagens.

O projeto Patrulha Agrícola dividiu as comunidades do interior em quatro microbacias. Cada uma tem dois tratores, com todos os implementos, e os próprios agricultores agendam e realizam os serviços, a preço de custo.

A ideia é fazer com que as pessoas permaneçam no campo para que a cidade continue pequena e aconchegante para os piratubenses e também para os turistas. Graças às águas termais, o município recebe pelo menos 300 mil visitantes a cada ano.


Incentivo que vem da receita

Diante de tanta modernidade, a grande pergunta é como um município tão pequeno consegue fazer tamanha revolução. Uma das justificativas está na receita. Piratuba tem cerca de 5 mil habitantes e arrecada, em média, R$ 22 milhões por ano. É quase o dobro da cidade de Joaçaba, também no Meio-Oeste, que tem cerca de 25 mil habitantes e arrecadou, em 2010, R$ 12 milhões. O valor alto se deve aos royalties repassados ao Executivo pela Usina Hidrelétrica de Machadinho, instalada na divisa da cidade com o Rio Grande do Sul.

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