EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

A PARTE DE CADA UM

ZERO HORA 16 de julho de 2012 | N° 17132



 
EDITORIAL

Uma escola de cerca de 200 alunos fornece um contraponto ao pessimismo que ronda certas abordagens da situação da educação. No intervalo de um ano, a referida instituição teve a fachada restaurada, construiu um muro de 2m50cm de altura, serve quatro refeições por dia, organizou uma biblioteca lúdica e – detalhe que parece saído do sonho impossível de algum pedagogo visionário – garantiu, com recursos do Tesouro, mais de um netbook para cada estudante matriculado. Não se está narrando a história de um estabelecimento de ensino do Hemisfério Norte, e sim da Escola Estadual de Ensino Fundamental Aurélio Reis, no bairro Jardim Floresta, zona norte de Porto Alegre.

O segredo da Aurélio Reis não é uma receita mágica de gestão, nem recursos excedentes doados por beneméritos. O fator que permitiu à escola dar um salto em sua infraestrutura em tão curto espaço de tempo foram seus professores, pais e alunos. Foram essas mulheres, homens e crianças comuns, que em nada diferem da imensa maioria da comunidade escolar brasileira, que possibilitaram o salto de qualidade verificado desde 2011. A mobilização permitiu que a diretora da escola, Nássara Scheck, ela própria profundamente imbuída da possibilidade de promover mudanças, lutasse por recursos e soluções para a instituição.

Um dos diferenciais do projeto da escola é o funcionamento em turno integral. Ao longo do dia, os estudantes têm acesso a oficinas de judô, capoeira, dança, letramento, ciências e informática. O refeitório serve quatro refeições diárias. As portas da Aurélio Reis permanecem abertas aos sábados e domingos. Nas dependências da escola, não há sinais de vandalismo. O próximo passo, para o qual a comunidade escolar já se prepara, é a informatização. Tudo começou há cerca de seis anos, quando pais, alunos e professores se reuniram em mutirão e deram início a uma reforma do local, com a ajuda da comunidade.

Os computadores colocados à disposição dos alunos da Aurélio Reis foram comprados com recursos públicos, o que mostra que é possível, sim, fazer mais com os recursos existentes e colocar ao alcance dos jovens ferramentas indispensáveis para seu ingresso na contemporaneidade. Escolas de Aceguá e Bagé já contam com equipamentos semelhantes, e outros chegarão a Santana do Livramento, Quaraí, Jaguarão e Uruguaiana. Mais importante do que os netbooks, porém, é o bem intangível que a Aurélio Reis tem de sobra: a capacidade de se aglutinar em torno de um projeto comum e lutar por ele até conquistá-lo. A experiência da escola porto-alegrense pode servir de estímulo para que, em outras partes do país, sejam buscados resultados semelhantes por meio dos mesmos instrumentos. Quando dotada de projetos adequados, a união dos cidadãos comuns é poderosa e pode produzir melhorias surpreendentes, sem que para isso seja preciso aguardar a intervenção benfazeja de algum ente poderoso num futuro distante. A mudança da face da educação no Brasil pode começar aqui e agora.


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