EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

terça-feira, 3 de julho de 2012

MIGRAÇÃO PREOCUPANTE

EDITORIAL ZERO HORA 03/07/2012


Merece atenção das autoridades educacionais a verdadeira migração de adolescentes dos cursos seriados para a modalidade EJA (Educação de Jovens e Adultos), criada para possibilitar a retomada de estudos por pessoas que não puderam concluir o ensino regular. No Rio Grande do Sul, especialmente, esta tendência vem se acentuando, conforme reportagem publicada ontem por este jornal. De acordo com levantamento recente, 23,4% dos estudantes do EJA no Estado são adolescentes, contra uma média nacional de 14,7%. E a maior incidência ocorre no ensino fundamental, que permite o ingresso de jovens acima de 15 anos, facilitando aos repetentes concluir o curso mais rapidamente do que se continuassem numa turma seriada.

Mas o desejo de abreviar o tempo de permanência no Ensino Básico não é a única causa deste fenômeno. A principal delas é a dificuldade da rede regular de ensino para combater a evasão e a repetência. Alunos obrigados a abandonar a escola para auxiliar na renda familiar ou reprovados em uma ou mais séries sentem-se deslocados na companhia de estudantes mais jovens. A necessidade de trabalhar durante o dia também empurra adolescentes para o supletivo, especialmente no horário noturno.

Embora os profissionais do EJA assegurem que os cursos têm qualificação suficiente para proporcionar aos jovens seguir adiante nos estudos, dificilmente a concentração de conteúdos substitui uma boa formação seriada. O que ocorre, na verdade, é que a escola brasileira não se modernizou nem se qualificou para atrair adolescentes que têm pressa de conquistar espaço no mercado de trabalho. Resta saber se essas gerações de estudantes formados na superficialidade serão profissionais suficientemente capacitados para atender às crescentes demandas de um país carente de mão de obra e de desenvolvimento.

COMENTÁRIO DO  BENGOCHEA - Esta migação revela o nível de importância que é dado por políticos, pais e alunos ao sistema educacional brasileiro: quase zero. O interesse dos políticos é fazer de conta que investem em educação, as dos pais é fazer de conta que os filhos estudaram e terminaram o ensino médio, e a dos filhos é o canudo que possibilita um emprego ou entrar numa faculdade mais rápido. As políticas educacionais aplicadas no Brasil estão voltadas ao burocrata formalismo científico sem a preocupação com o talento, a vocação, as deficiências, as necessidades, a autonomia do jovem no futuro. A educação brasileira está robotizada e por isto os jovens buscam o canudo ao invés do conhecimento necessário às relações futuras e à sobrevivência no mercado de trabalho. E isto tem causado nos jovens estresse, conflito familiares, desvio de rumos, escolhas universitárias erradas, desgosto profissional  e dependência de drogas.

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