ZERO HORA 10 de janeiro de 2014 | N° 17669
PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRA
Na semana passada, em uma entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, o secretário de Obras, Luiz Carlos Busato, falou das 1.815 obras de recuperação realizadas em escolas públicas e das outras previstas para este ano. Garantiu que não havia nenhuma obra emergencial pendente, escola de lata ou abandonada. Enquanto falava, começaram a pipocar reclamações de pais, alunos e professores, relatando problemas em seus colégios. A Rádio Gaúcha deu voz a alguns deles e selecionou outros relatos para investigação futura.
Uma das reclamações veio da Escola Daltro Filho – e faz todo sentido à luz das irregularidades descobertas na Operação Kilowatt. A vice-diretora Jeanine Peterson relatou que a instituição aguardava havia dois anos por uma reforma geral, que incluiu substituição do telhado, pintura, parte elétrica e hidráulica. O serviço foi feito na metade do ano passado e custou R$ 500 mil, mas as obras, segundo ela, foram malfeitas. Logo apareceram rachaduras onde antes não existiam, infiltrações em dias de chuva e problemas nos banheiros.
Confrontada com a informação, a Secretaria de Obras emitiu nota citando as melhorias feitas na escola e contestando a afirmação de que foram malfeitas. De acordo com a nota, os problemas não têm relação com as obras executadas, mas representam “o surgimento de uma nova demanda”.
Diante do que se viu nas escolas investigadas na Operação Kilowatt, seria conveniente a Polícia Civil ou os órgãos de fiscalização fazerem um pente-fino nas obras executadas na Daltro Filho e prestar atenção às reclamações de outros diretores.
O Estado gastou mais de R$ 300 milhões na reforma das escolas. Se a Operação Kilowatt flagrou um esquema em que fiscais atestavam a conclusão de obras incompletas, é preciso que a investigação seja ampliada e aprofundada. Será que todas as melhorias pagas foram mesmo executadas? O material usado é o que estava previsto nos contratos?
O inquérito a ser concluído em um mês deve apontar não apenas os corruptos, mas também os corruptores. Se alguém recebeu propina para atestar a conclusão de projetos inacabados, é porque alguém pagou.
Possível sucessor é investigado
Para evitar “problemas de continuidade” na Secretaria de Obras, a intenção de Luiz Carlos Busato era deixar em seu lugar o secretário adjunto Germano Dalla Valentina, mas esse plano terá de ser revisto, já que ele é um dos investigados na Operação Kilowatt. Até a conclusão do inquérito, não há hipótese de Tarso Genro transformá-lo em secretário.
O ano começa mal para o PTB, partido que comanda a Secretaria de Obras e que, em 2013, perdeu a Smov e a presidência da Procempa, em Porto Alegre, por conta da descoberta de fraudes.
ALIÁS
Em contato constante com o governador Tarso Genro, que passa férias no Uruguai, o chefe da Casa Civil, Carlos Pestana, tomou a frente do governo para tratar das consequências administrativas e políticas da Operação Kilowatt. Tarso e o restante da cúpula do governo já sabiam da ação da Polícia Civil desde a noite de quarta-feira, avisados pelo secretário da Segurança em exercício, Juarez Pinheiro.
Ontem, em entrevista coletiva, Pestana atribuiu a investigação aos mecanismos internos do governo. Segundo ele, o trabalho da polícia é “a prova de que há foco em combater a corrupção”. O secretário disse que não há fogo amigo contra o PTB e garantiu que a relação com o partido, que comanda a pasta de Obras, não foi abalada. A secretaria, inclusive, continuará com a sigla mesmo após a reforma do secretariado, prevista para março. Antecipar a saída de Luiz Carlos Busato da titularidade não está nos planos.
– Até agora, nada do que está sendo investigado envolvia o Busato. Não temos motivos para mudar. A secretaria vai continuar, sim, com o PTB.
Com as saídas do PSB e do PDT do governo, o PTB tornou-se o principal aliado do PT para 2014 e deverá indicar o candidato a vice-governador na chapa encabeçada por Tarso Genro.
Banheiro de R$ 23 mil
Dá para acreditar que um banheiro como esse, com louça branca e azulejos dos mais simples tenha custado R$ 23 mil aos cofres públicos? Pois foi o que o Estado pagou pelo banheiro adaptado para pessoas com deficiência na Escola Oscar Pereira, uma das obras em que a Operação Kilowatt encontrou fartos indícios de irregularidades. Outro banheiro apresentou vazamentos logo depois da reforma.
Em outra escola, o governo pagou por telhas de barro, mais caras, e a empresa trocou o telhado por chapas de fibrocimento, mais conhecidas pela marca Brasilit.
PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRA
Na semana passada, em uma entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, o secretário de Obras, Luiz Carlos Busato, falou das 1.815 obras de recuperação realizadas em escolas públicas e das outras previstas para este ano. Garantiu que não havia nenhuma obra emergencial pendente, escola de lata ou abandonada. Enquanto falava, começaram a pipocar reclamações de pais, alunos e professores, relatando problemas em seus colégios. A Rádio Gaúcha deu voz a alguns deles e selecionou outros relatos para investigação futura.
Uma das reclamações veio da Escola Daltro Filho – e faz todo sentido à luz das irregularidades descobertas na Operação Kilowatt. A vice-diretora Jeanine Peterson relatou que a instituição aguardava havia dois anos por uma reforma geral, que incluiu substituição do telhado, pintura, parte elétrica e hidráulica. O serviço foi feito na metade do ano passado e custou R$ 500 mil, mas as obras, segundo ela, foram malfeitas. Logo apareceram rachaduras onde antes não existiam, infiltrações em dias de chuva e problemas nos banheiros.
Confrontada com a informação, a Secretaria de Obras emitiu nota citando as melhorias feitas na escola e contestando a afirmação de que foram malfeitas. De acordo com a nota, os problemas não têm relação com as obras executadas, mas representam “o surgimento de uma nova demanda”.
Diante do que se viu nas escolas investigadas na Operação Kilowatt, seria conveniente a Polícia Civil ou os órgãos de fiscalização fazerem um pente-fino nas obras executadas na Daltro Filho e prestar atenção às reclamações de outros diretores.
O Estado gastou mais de R$ 300 milhões na reforma das escolas. Se a Operação Kilowatt flagrou um esquema em que fiscais atestavam a conclusão de obras incompletas, é preciso que a investigação seja ampliada e aprofundada. Será que todas as melhorias pagas foram mesmo executadas? O material usado é o que estava previsto nos contratos?
O inquérito a ser concluído em um mês deve apontar não apenas os corruptos, mas também os corruptores. Se alguém recebeu propina para atestar a conclusão de projetos inacabados, é porque alguém pagou.
Possível sucessor é investigado
Para evitar “problemas de continuidade” na Secretaria de Obras, a intenção de Luiz Carlos Busato era deixar em seu lugar o secretário adjunto Germano Dalla Valentina, mas esse plano terá de ser revisto, já que ele é um dos investigados na Operação Kilowatt. Até a conclusão do inquérito, não há hipótese de Tarso Genro transformá-lo em secretário.
O ano começa mal para o PTB, partido que comanda a Secretaria de Obras e que, em 2013, perdeu a Smov e a presidência da Procempa, em Porto Alegre, por conta da descoberta de fraudes.
ALIÁS
PESTANA ASSUME GESTÃO DA CRISE
Em contato constante com o governador Tarso Genro, que passa férias no Uruguai, o chefe da Casa Civil, Carlos Pestana, tomou a frente do governo para tratar das consequências administrativas e políticas da Operação Kilowatt. Tarso e o restante da cúpula do governo já sabiam da ação da Polícia Civil desde a noite de quarta-feira, avisados pelo secretário da Segurança em exercício, Juarez Pinheiro.
Ontem, em entrevista coletiva, Pestana atribuiu a investigação aos mecanismos internos do governo. Segundo ele, o trabalho da polícia é “a prova de que há foco em combater a corrupção”. O secretário disse que não há fogo amigo contra o PTB e garantiu que a relação com o partido, que comanda a pasta de Obras, não foi abalada. A secretaria, inclusive, continuará com a sigla mesmo após a reforma do secretariado, prevista para março. Antecipar a saída de Luiz Carlos Busato da titularidade não está nos planos.
– Até agora, nada do que está sendo investigado envolvia o Busato. Não temos motivos para mudar. A secretaria vai continuar, sim, com o PTB.
Com as saídas do PSB e do PDT do governo, o PTB tornou-se o principal aliado do PT para 2014 e deverá indicar o candidato a vice-governador na chapa encabeçada por Tarso Genro.
Banheiro de R$ 23 mil
Dá para acreditar que um banheiro como esse, com louça branca e azulejos dos mais simples tenha custado R$ 23 mil aos cofres públicos? Pois foi o que o Estado pagou pelo banheiro adaptado para pessoas com deficiência na Escola Oscar Pereira, uma das obras em que a Operação Kilowatt encontrou fartos indícios de irregularidades. Outro banheiro apresentou vazamentos logo depois da reforma.
Em outra escola, o governo pagou por telhas de barro, mais caras, e a empresa trocou o telhado por chapas de fibrocimento, mais conhecidas pela marca Brasilit.
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