CAIO CIGANA E MARCELO GONZATTO
ESCOLAS PÚBLICAS
À luz das revelações da Operação Kilowatt – deflagrada pela Polícia Civil a partir de investigações sobre fraudes em contratos públicos, incluindo obras em duas escolas, em Porto Alegre e São Leopoldo –, começam a surgir queixas sobre possíveis irregularidades e serviço malfeito em projetos de reforma em instituições estaduais de ensino.
Na semana passada, em entrevista a ZH, o secretário da Educação, José Clovis de Azevedo, qualificou como “muito sérias” as irregularidades e confirmou haver pelo menos 20 escolas com algum tipo de problema. ZH teve acesso aos nomes de 11 colégios nos quais a execução dos contratos teria provocado dúvidas. Quatro aceitaram mostrar as falhas deixadas pelos prestadores de serviços contratados pela Secretaria de Obras.
Entre as escolas restantes, duas se recusaram a receber ZH, três disseram que o resultado ficou satisfatório mesmo após uma série de transtornos (e apesar de não terem a informação sobre a parte financeira), uma alegou que o trabalho está em andamento e a última – referida pelo próprio secretário como um local que passou a chover mais dentro após a reforma – afirmou ter recebido a promessa de que os problemas serão corrigidos.
Nos colégios em que os diretores confirmaram um resultado final das obras aquém do esperado e concordaram em mostrar os problemas, há reclamações sobre desleixo na execução, material de baixa qualidade e até falhas que levaram à construção de obras desnecessárias, como uma central de gás em um local que já contava com o equipamento.
– O documento que temos diz: “Todos os materiais deverão ser de primeira qualidade”. Mas aí a realidade é bem diferente. Dá uma tristeza na gente – lamenta a diretora Patrícia Costa Emerim, referindo-se ao piso colocado na reforma do colégio Dr. Heróphilo.
Além do dano ao erário, o descontrole se reflete na qualidade da aprendizagem oferecida aos alunos, como no caso da Escola Técnica Estadual Parobé, na Capital, onde laboratórios tiveram de ser interditados. A direção do colégio preparou um dossiê e promete enviá-lo às secretarias de Obras e Educação para analisar a possibilidade de o prejuízo ser cobrado da empresa.
A Seduc está fazendo um levantamento nos colégios com problemas. Já a pasta de Obras afirma que espera as conclusões de uma comissão de sindicância para se pronunciar. O trabalho deve ser finalizado em breve.
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